O Anjo da Porta do Lado me Mima Demais Japonesa

Tradução: DelValle

Revisão: Jeff


Blue-Rays

Sonhando Com um Futuro Prometido Com o Anjo

Este capítulo se passa durante o volume 4.

 

   Quando se trata de casamentos, o termo “June Bride” pode fazer as pessoas pensarem em junho, mas devido ao clima do Japão, eles costumam ser realizados no outono.

   Atualmente, em meio às folhas esvoaçantes do outono, os casamentos aconteciam a esquerda e a direita, e Amane estava experimentando em primeira mão por que esta temporada poderia ser descrita como uma correria de casamentos.

[Del: “June Bride” seria como o nome de uma tradição, pois June (Juno) é o nome de uma deusa romana dos casamentos.]

 

 

✧ ₊ ✦ ₊ ✧

 

 

“Mahiru, odeio dizer isso, mas não estarei em casa a partir de domingo de manhã... bem, na verdade irei embora no sábado à noite. Mas acho que devo voltar para o jantar de domingo”. Escolhendo o momento depois de terminarem o jantar habitual e se acomodarem no sofá, Amane tocou no assunto.

"Oh? Você tem algum negócio para tratar?” Mahiru perguntou em resposta.

"Sim. Eu meio que esqueci de te contar antes, mas... há um casamento.”

"O que?"

   Mahiru congelou ao ouvir a palavra ‘casamento’, com seus grandes olhos redondos se voltando para ele.

   É natural ficar confuso se alguém lhe contar de repente sobre um casamento, pensou Amane, refletindo sobre o fato de ele ter abordado o assunto tão repentinamente. Ele então mostrou para Mahiru a mensagem que recebeu de seus pais.

   Na tela, junto com a foto do convite, estavam escritas a data e o horário da cerimônia, e a conversa sobre se Amane também compareceria ou não. Isso aconteceu há cerca de um mês e Amane confirmou seus planos de comparecer, mas se esqueceu de contar a Mahiru.

“Meu primo vai se casar. Nós costumávamos brincar muito juntos quando eu era pequeno e ele cuidava muito bem de mim, então pretendo comparecer à cerimônia dele.”

"Eu vejo." Mahiru parecia visivelmente convencida pela menção da palavra ‘primo’. Amane tinha vários primos, todos mais velhos que ele, mas o primo que dessa vez ia se casar era um que brincava muito com ele quando era pequeno. Por ser muito mais velho do que Amane, ele adorava Amane como um irmão mais novo.

   A noiva de seu primo, agora sua futura esposa, ocasionalmente também vinha brincar com Amane e, como eles se conheciam desde pequenos, Amane planejou participar da celebração.

“Mas temos aula no dia seguinte, então não terei muito tempo de sobra”, Amane começou a explicar. “Provavelmente irei para casa imediatamente após a cerimônia, sem comparecer à pós-festa. Minha mãe e meu pai irão ficar, apesar. É provável que eu volte para casa sozinho.”

"Eu entendo. … Gostaria que você tivesse me contado antes, no entanto.”

“Sinto muito por isso. Eu deveria ter te contado quando mamãe mencionou isso.” Respondendo à resposta de Mahiru, que mais parecia uma provocação do que uma crítica, Amane pediu desculpas sinceramente.

   Na verdade, ele se arrependeu de não ter contado a Mahiru antes, e como foi repentino, não há nada que ele possa dizer em resposta aos comentários dela. A própria Mahiru, no entanto, parecia mais repreendedora do que zangada, e quando Amane se desculpou, ela respondeu com uma leve risada, dizendo: “Suponho que não possa ser evitado”.

“Então presumo que você não precisará jantar no sábado, certo? Você voltará para ficar na casa dos seus pais no dia anterior, eu presumo?”

“Sim, esse é o plano. É menos um ‘retorno’… e mais uma visita temporária a casa. Só vou ficar uma noite.”

   Mahiru deu uma risadinha. “Mas ainda é uma espécie de retorno, então é uma boa chance para você interagir com seus pais depois de muito tempo. Não é verdade?”

"Você poderia dizer isso. Já posso ver mamãe perguntando ‘Onde está Mahiru-chan?’ enquanto faz beicinho.”

   Desnecessário dizer que ele retornaria apenas brevemente para os preparativos do casamento – não havia necessidade de Amane trazer Mahiru junto. De fato, seus pais já a tratavam como se ela fosse sua filha verdadeira e, na verdade, Amane suspeitava que eles a adoravam ainda mais do que ele, seu filho verdadeiro. Então ele esperava que sua mãe ficasse decepcionada com a ausência de Mahiru.

   Também ciente disso, Mahiru baixou as sobrancelhas de uma forma um pouco perturbada. No entanto, por baixo daquele olhar perturbado, um toque de constrangimento apareceu. “Por favor, dê meus cumprimentos a Shihoko-san e Shuuto-san.”

“Eu farei exatamente isso… Embora eu tenha certeza que eles vão pedir uma foto sua ou algo assim.”

“Amane-kun, você tem fotos minhas?”

“… Eu tenho aquela foto sua com espuma na boca.”

"E-eu vou ficar com raiva se você mostrar isso a eles, okay?"

“Eu não vou. Aquela é só para mim.” A foto em questão foi tirada no café de gatos (neko café), mas Amane não tinha intenção de mostrá-la a mais ninguém. Amane havia tirado aquela foto dela – uma Mahiru que só ele conhecia.

[Jeff: Pensava que ele tinha aquela dela de pijama segurando o ursinho também. | Del: E tem.]

   Se solicitado, o máximo que ele mostraria seria uma foto casual de Mahiru saindo com Chitose, sua amiga íntima. Shihoko provavelmente ficaria tranquila ao ver Mahiru se divertindo com uma amiga, então seria uma escolha perfeita. Enquanto Amane simulava mentalmente a reação de Shihoko, ele percebeu que Mahiru estava olhando para ele atentamente, com um leve rubor em suas pálidas bochechas.

“… Quer você tenha fé em mim ou não, só vou mostrar fotos normais, sabe?”

“N-não é sobre isso, mas… deixa pra lá. Apenas, por favor, guarde essa foto para você, okay?”

“Eu faria isso mesmo se você não tivesse pedido.”

   Mais ou menos tendo obtido sua permissão, Amane tomou cuidado para não excluir acidentalmente aquela foto em particular. Ele o guardou cuidadosamente dentro de uma pasta para mantê-la longe de olhares indiscretos, como seu amigo Itsuki. Depois de ouvir a explicação dele, Mahiru baixou os olhos, parecendo um pouco tímida.

 

 

✧ ₊ ✦ ₊ ✧

 

 

   O dia do casamento foi uma ocasião agitada para Amane.

   Ele havia voltado para casa no dia anterior para se preparar, mas na manhã da cerimônia a meticulosidade de seus pais transpareceu e eles o embonecaram perfeitamente. Verdade seja dita, ele pensou que usar uniforme escolar seria aceitável, mas eles prepararam um terno formal para ele, dizendo: “Pode chegar um momento em que você o usará no futuro, de qualquer maneira.”

   Amane ficou um pouco assustado com o quão perfeito lhe cabia, como se eles tivessem combinado isso de antemão, mas... Com suas aguçadas perspicácias, suponho que não seja tão surpreendente assim... Amane se resignou a isso, sabendo que seus pais, Shihoko e Shuuto, não teriam problemas em dimensioná-lo corretamente.

   Seu cabelo estava bem colocado em uma parte central, removendo qualquer indício de pegajosidade e criando uma aura suave.

   Tinha sido estilizado corretamente, mas talvez combinado com o terno, a combinação o fazia parecer mais maduro do que o normal.

“Oh meu Deus— olhe só para você! Você se tornou um jovem muito bonito. Eu gostaria muito que Mahiru-chan pudesse ver isso também!”

“Mostrar a ela para quê…?”

“Para surpreendê-la, é claro.”

“Por que essa é a primeira coisa que você pensa…? De qualquer forma, estou voltando direto do local para casa, então ela verá de qualquer maneira.”

“Oh — agora que você mencionou isso, é verdade. Sendo esse o caso, evitarei enviar a ela uma foto com antecedência.”

“Em primeiro lugar, não sai do seu caminho para enviar uma.”

   Suas fotos, por algum motivo, continuavam chegando até Mahiru sem sua permissão. Amane desejou que Shuuto repreendesse Shihoko, mas Shuuto apenas olhou com um sorriso gentil. Ele era tolerante com sua esposa e, como parecia ter notado que Amane não se importava muito, era improvável que a impedisse.

“Sério…” Suspirando, Amane tocou cuidadosamente sua testa para não bagunçar seu cabelo penteado. Tanto Shuuto quanto Shihoko olharam para ele, seus lábios curvaram-se em diversão.

 

 

✧ ₊ ✦ ₊ ✧

 

 

   Tendo participado várias vezes de casamentos de parentes, Amane não ficou nervoso com a cerimônia como convidado. Mas desta vez não foram parentes distantes, mas um primo que ele conhecia bem que estava se casando. Ele estava cheio de honesta alegria e podia oferecer sorrisos e saudações sinceros ao primo que não via há algum tempo.

   Durante a conversa, seu primo perguntou sobre isso e aquilo, como estava a vida ou se havia alguém em quem ele estava interessado. Amane respondeu às suas perguntas vagamente, mas o primo pareceu entender rapidamente, dando-lhe um sorriso conhecedor.

"Oh? Então você também tem alguém assim agora, hein?” O primo de Amane comentou.

   Embora tenha sido falado em voz baixa para que seus pais, que estavam conversando com seu tio e sua tia, não pudessem ouvir, a voz vibrante de seu primo e o aceno pensativo de cabeça deixaram Amane com nada além de um sorriso amargo.

“Não provoque muito, okay?” A futura esposa repreendeu levemente o noivo antes de se virar para Amane: "Agora, conte-nos mais."

“Por favor, me poupe. E por favor, definitivamente não conte a mais ninguém”, pediu Amane.

"Entendi, entendi — você quer que isso seja mantido em segredo, certo?"

   Amane olhou para suas expressões faciais e pensou: Será que eles realmente entenderam..., mas ele sentiu que eles não fariam nada que o incomodasse genuinamente. Bem, Amane também percebeu que eles provavelmente estavam imaginando várias possibilidades em suas cabeças.

     Eles não mudaram nada nesse aspecto, hein.

   Era o dia especial deles e, mesmo assim, o casal parecia gostar de discutir sua vida pessoal. Algo nessa ideia intrigou Amane. Ele também se sentiu um pouco envergonhado ao ver o carinho que seu primo e a noiva dele ainda sentiam por ele.

 

 

✧ ₊ ✦ ₊ ✧

 

 

   Chegou a hora da cerimônia. Depois que o casal trocou os votos, a recepção começou. Talvez por efeito da personalidade do casal, o ambiente permaneceu calmo e agradável o tempo todo. Eles namoravam desde os tempos de estudante e havia muitos rostos conhecidos entre os parentes. Os dois eram extrovertidos e sinceros, e parecia que eram queridos até mesmo em seus locais de trabalho, dado o grande número de participantes que os encheram de bênçãos.

   O Mestre de Cerimônias contou a história de como eles se conheceram. Ao ver o casal trocar sorrisos tímidos, Amane não pôde deixar de sentir uma sensação reconfortante, como se um pedaço da felicidade deles estivesse sendo compartilhado com ele. Tendo observado o relacionamento próximo deles desde que ele era jovem, vê-los unidos dessa forma o deixou à vontade. Mas, ao mesmo tempo, uma emoção diferente brotou dentro dele.

     …Que maravilhoso.

   De coração e alma, Amane acreditava nisso.

   Ser abençoado pela família e amigos, para amar e apoiar um ao outro enquanto caminham juntos; um compromisso onde eles só tivessem olhos um para o outro, sem distrações, por toda a vida.

   Amane, que tinha consciência de sua inexperiência em relação a esses assuntos, achou o caminho que o casal percorreu desde os tempos de estudante incrivelmente radiante. Bem diante dele estava a personificação de um ideal que ele desejava. Dados os pesados sentimentos que ele nutria por Mahiru, sentimentos que ele nem tinha certeza se deveria ter por ela, o relacionamento do casal parecia profundamente invejável para Amane.

"Meu Deus, qual é o problema, querido?" Shihoko, que observava alegremente os noivos, de repente se virou para ele.

   Seus olhos claros, como se estivessem vendo através dele, fizeram Amane se sentir estranho, e ele desviou o olhar para os recém-casados, que pareciam existir em seu próprio mundo, apesar da grande reunião de convidados.

"Praticamente nada. Eu estava pensando sobre como eles são próximos há tanto tempo.”

“Isso é verdade,” Shuuto entrou na conversa. “Eles costumavam ficar na nossa casa, sempre juntos. Eles sempre foram um par devotado.”

“Ah, mas é uma coisa boa!” um parente acrescentou. “Seus irmãos também não compartilhavam dessa mentalidade? Deve estar no sangue. É o legado da família Fujimiya.”

   Rindo, Shuuto respondeu: “Bem, não posso comentar sobre os outros também… Mas sim”, então se virou para encarar seu filho. “A família Fujimiya tem sido assim há gerações, Amane.”

   Amane se afastou de Shuuto, suas palavras eram carregadas de implicações ocultas, e suprimiu desesperadamente o calor intenso dentro dele para que não surgisse.

 

 

✧ ₊ ✦ ₊ ✧

 

"Estou em casa."

   Conforme planejado, Amane não compareceu à pós-festa e voltou rapidamente para casa em um trem-bala. Ao abrir a porta de sua casa, ele foi recebido por uma Mahiru de avental.

   Amane havia mandado uma mensagem para ela dizendo que voltaria em breve e, como também era hora do jantar, ver Mahiru de avental não foi uma visão tão estranha. No entanto, como voltou para casa vestindo terno, ele achou a situação estranhamente embaraçosa.

   Embora ele possa ter se acostumado com o acordo, Amane não pôde deixar de se sentir como se fossem um casal recém-casado. Embora, na realidade, eles nem estivessem namorando — estava tudo na imaginação de Amane.

   Ao ver Amane, “Bem-vin...do de volta”, Mahiru começou, parando ao observar sua aparência. Seus olhos cor caramelados olharam para ele de cima a baixo, então seu olhar disparou ao redor, claramente um tanto confusa.

"Huh? Algo errado?"

“N-Não, é só que… você não está usando uniforme.”

“Na verdade, eu teria preferido meu uniforme, mas meus pais insistiram em prepará-lo já que era uma ocasião especial. Bem, experiências como esta são importantes”, argumentou Amane. Eventos como esses exigem um certo nível de experiência e, em poucos anos, Amane será um adulto que precisará se vestir adequadamente para diversas ocasiões. Embora ele não pensasse muito em seu traje atual à luz disso, era sem dúvida desconhecido para Mahiru.

   Dado que seu traje tinha um nível distinto de formalidade em comparação com seu uniforme, talvez parecesse deslocado quando Amane, que geralmente era um pouco desleixado, o usava.

“…Você parece muito maduro quando usa um terno formal como esse, Amane-kun.” Depois de um tempo olhando para ele e depois desviando o olhar, Mahiru murmurou por sua respiração.

“Então você está dizendo que geralmente não sou maduro? Posso interpretar dessa forma?”

“N-Não! Isso não foi o que eu quis dizer! Erm... é como... hum...”

“Tipo de um jeito ‘as roupas fazem o homem’?”

"Porque você pensaria isso!? O-o que eu realmente quero dizer é, erm... você parece... mais sexy, ou mais legal, do que o normal.”

   O elogio dela, pronunciado em voz baixa, quase embargada, pegou-o desprevenido. Amane ficou surpreso. Apelo sexual — era algo que ele nunca considerou possuir. Na verdade, Amane sentia como se lhe faltasse toda e qualquer semblante de apelo sexual. No entanto, parecia que Mahiru pensava de forma diferente.

     Quase certeza, não, sem dúvida que isso deve ser efeito da roupa.

   Sem saber o que fazer, Amane coçou a bochecha. Em vez disso, ele teve que encobrir o fato de que, depois de ser elogiado tão diretamente, estava começando a corar.

“… E-eu vejo. Hum, obrigado…”

"N-não foi nada."

   A maneira como Mahiru recuou um pouco, baixando timidamente o olhar, foi absolutamente adorável. Mas se Amane a abraçasse agora, ele teria acabado de fazer uma loucura total. Ele conteve o desejo de abraçá-la e acariciá-la, em vez disso desviou o olhar desajeitadamente pelo corredor.

“H-hum, posso… uh, tomar um banho primeiro?”

“V-você pode. Já enchi a banheira com água quente para você. O jantar também está pronto, mas se preferir pode tomar banho primeiro.”

"Vou fazer isso. Muito obrigado."

   Vendo Mahiru perfeitamente preparada, ele teve vontade de brincar: “O que você é, uma recém-casada?” mas absteve-se, pois fazer tal observação seria semelhante à auto-sabotagem. Ele então hesitou quando Mahiru, percebendo seus pertences, estendeu a mão para aceitá-los dele.

   Nas mãos dele havia um par de sapatos e uma bolsa contendo apenas o essencial. Ele teria se sentido um pouco culpado se os tivesse entregado a ela, então decidiu carregá-los sozinho. Mahiru olhou brevemente para o conteúdo de cima, percebendo facilmente o que havia dentro, e olhou para Amane com curiosidade.

“…O que é isso?”

“Ah, algum tipo de buquê que recebi. Parece que a esposa do meu primo nos deu.”

“Huh?”

“Desculpe por isso, realmente. Eles meio que entregaram para mim. Não foi repassado no Passe o Buquê; eles pediram especificamente que a equipe do local fizesse um adicional. Eles, uh, parecem ter confundido você com minha namorada ou algo assim... então eles me deram, dizendo: ‘por favor, pegue se quiser’.”

[Del: “Ou algo assim” não ajuda também kkkk. Bem, tentarei ser breve, sabe aquele costume em que a noiva joga um Buquê? Então, a moça que pega significa ser a próxima a casar, o que leva a alguns pensamentos né. Durante minha pesquisa, fiquei sabendo que os homens também criaram seu próprio ritual, jogando uma caixa de whisky (homens...), quem pegasse também levava a garrafa kkkkk.|Jeff: A do buquê eu conhecia, mas essa do whisky… kkkkkkk]

   Às vezes, os planos de casamento incluíam a preparação de buquês para cada participante. O primo de Amane e sua esposa escolheram esse plano, o que resultou em Amane recebendo também um buquê.

   Ao ouvir sobre Mahiru, eles insistiram em dar a ela um, que por algum motivo parecia ter um pouco mais de extravagância do que os dados aos outros convidados (embora ainda fosse menor).

   Embora Amane quisesse elogiar a equipe do casamento por atender a esse pedido de última hora, ele também sentiu que eles cometeram alguns mal-entendidos e foram rápidos em tirar conclusões precipitadas. No entanto, ele não teve a oportunidade de discutir o assunto devido à sua agenda apertada.

     Não posso deixar de sentir que eles estão tentando acertar as coisas sem minha palavra.

   Amane nem havia contado aos pais o quanto gostava de Mahiru, muito menos que estava pensando em construir um futuro com ela. No entanto, Shihoko já parecia disposta a recebê-la como filha, e Shuuto não deu sinais de impedi-la. Como tal, Amane suspeitava que eles já haviam percebido os sentimentos dele por ela. Até o primo de Amane e a sua esposa, embora por enquanto mantivessem a história para si, pareciam decididos a dar-lhe um empurrão.

   O rosto de Mahiru ficou vermelho com a menção de “namorada”, e quando Amane sentiu o calor se concentrando em seu próprio rosto, ele a entregou o buquê que havia recebido.

   O buquê, não muito chamativo e predominantemente branco, parecia complementar perfeitamente a aparência e aura pura de Mahiru. Pode-se até dizer que foi feito para ela.

   Mahiru olhou para o buquê que segurava nas mãos.

“… Hum, isso é um incômodo?” perguntou Amane.

“Oh, de jeito nenhum. Estou feliz em recebê-las… Erm, eu gosto de flores, e… Isso me faz sentir como se tivesse recebido uma parte da felicidade de hoje.”

   Mahiru gentilmente abraçou o buquê contra o peito, sorrindo timidamente. Amane por um momento prendeu a respiração e depois sorriu de volta com a maior naturalidade que pôde, tentando esconder sua surpresa.

“Estou feliz que você não ache isso um incômodo”, respondeu Amane. “…Se você gosta de flores, vou comprar algumas para um de nossos aniversários. Desta vez, será um que eu mesmo prepararei.”

“Ara, Amane-kun – você realmente se lembra dos nossos aniversários?”

“Q-que rude. Eu lembro, na verdade. Como no dia em que nos conhecemos e no dia em que começamos a jantar juntos. Eu me lembro deles.”

   O dia em que Amane conheceu Mahiru na chuva – a primeira vez que ele conversou adequadamente com ela. O dia em que fizeram a primeira refeição juntos. Ambos os dias ficaram profundamente enraizados em sua memória. Embora, sim, Amane fizesse questão de lembrar esses dias porque Mahiru era especial para ele, ele também era do tipo que lembrava aniversários em geral.

[Del: Faz sentido lembrarmos mais das coisas que amamos... né? Não que se você esquecer signifique que você não ame sabe, mas há realmente pesquisas relacionadas sobre a retenção e lembranças positivas.]

   Ele nunca tocou no assunto, temendo que isso pudesse fazê-lo parecer presunçoso. No entanto, os grandes olhos de Mahiru piscaram repetidamente, como se ela estivesse à beira das lágrimas.

"Você não acredita em mim, não é?"

"Não é isso." Mahiru negou, começando a rir. “… É que eu percebi que você considera essas ocasiões especiais.”

“…O que, isso é ruim da minha parte?”

“Não, isso me deixou feliz.” Mostrando uma suave, e comovente expressão, Mahiru sorriu. Amane sentiu sua respiração ficar presa na garganta, mas conseguiu evitar de revelar seus sentimentos quando Mahiru virou as costas, dizendo: “Vou na frente e arrumarei o buquê. Assim irá durar mais.”

   Sem a causa de seu coração acelerado, Amane respirou fundo, exalando lentamente várias vezes para acalmar seu coração acelerado e a antecipação, demorando algum tempo para se fazer.

 

 

✧ ₊ ✦ ₊ ✧

 

 

   Entrando na sala após um banho refrescante, Amane encontrou Mahiru olhando fixamente para ele novamente. Desta vez, ele havia secado adequadamente o cabelo com um secador de cabelo antes de vir, então presumiu que não haveria nada para Mahiru repreendê-lo. No entanto, ela continuou a observá-lo com um olhar inspecionador.

“Tem alguma coisa errada comigo?” perguntou Amane.

“Não… Eu só queria olhar mais um pouco”, Mahiru respondeu. Parecia que ela gostou bastante do penteado que Amane havia feito.

“Você gostou tanto assim?”

“Eu — quero dizer, normalmente você não… penteia seu cabelo de uma forma que mostre claramente seu rosto, não é? E raramente vejo você tão arrumado e elegante.”

"Bem, desculpe por ser tão desleixado então."

“… Nossa. Se — se você me visse com um penteado diferente, você daria uma boa olhada e me elogiaria, certo? Estou simplesmente dizendo que você parece diferente, e diferente pode ser bom. Não estou criticando sua aparência normal.”

[Del: Sobre o penteado diferente da Mahiru, tal evento ocorreu na segunda Short Storie do volume 4, e sim, o Amane elogiou o cabelo estilizado dela.|Jeff: Nem me surpreendo mais, os elogios são essenciais entres esses dois.]

''Tudo bem. Isso faz sentido." Quando ele pensou sobre isso, ele elogiaria Mahiru genuinamente se ela fizesse um esforço com sua moda ou penteado.

   Ele não achava que ela estava tentando ser estilosa porque queria ser elogiada, mas acreditava que reconhecer e valorizar os esforços de alguém era um sinal de respeito. Se Mahiru sentia o mesmo, então ele não tinha motivos para argumentar contra isso.

[Del: Ela não se arruma para ser elogiada, mas as vezes vai para o apartamento do Amane sabendo que irá ser elogiada por ele, como diz a segunda Short Story do volume 2.]

“Estou feliz que você tenha achado bom, Mahiru… Embora, para ser sincero, meus pais que o fizeram por mim.”

“Seus pais são extremamente atenciosos com a aparência, afinal. Eles têm um senso de moda refinado.”

"Verdade. Sou meio indiferente quando se trata dessas coisas, então fico sempre surpreso.”

“Mas Amane-kun, você é do tipo que, se praticado, pode aprender essas coisas de forma rápida e fácil.”

“Bem, talvez até certo ponto se eu assistisse primeiro.”

“Isso é típico de você”, Mahiru encolheu os ombros, “sem perceber o quão habilidoso você realmente é.” Ela suspirou, pareceu momentaneamente perturbada, mas logo voltou à sua expressão habitual e voltou para a cozinha para preparar o jantar.

   A maioria dos pratos já estavam preparados. Só faltou colocá-los sobre a mesa e, com a ajuda de Amane, a preparação do jantar foi rapidamente concluída.

   O almoço de hoje no local foi bastante luxuoso, mas Amane ainda sentia que a culinária de Mahiru era a mais deliciosa e reconfortante. Só de olhar para o fazia se sentir à vontade. É claro que a comida preparada profissionalmente era deliciosa, mas era uma questão de preferência pessoal.

   Amane, após expressar sua gratidão pela refeição, tomou um gole da tigela de sopa. O sabor profundamente saboroso da sopa de missô cuidadosamente preparada com um rico caldo o fez soltar um suspiro de satisfação, e Mahiru sorriu maliciosamente com sua reação.

“Como foi a cerimônia de casamento?” Quando começaram a comer, Mahiru perguntou sobre o casamento.

“Foi ótimo, suponho. É difícil transmitir o sentimento que ele deu em palavras, mas os dois realmente pareciam felizes juntos… Sim, ‘maravilhoso’ resumiria muito bem. Eles realmente foram feitos um para o outro, aqueles dois. Uma combinação perfeita. Fiquei aliviado ao ver que eles ainda estão tão próximos como sempre.”

   Amane conhecia o casal desde a infância. Ele ficou profundamente comovido pelo fato de o relacionamento deles ter durado até agora, sabendo muito bem que nem todos os relacionamentos resistem ao teste do tempo. Os sentimentos e a linha de pensamento de Amane eram pesados, e ele próprio estava, de fato, perfeitamente consciente disso.

“A cerimônia foi realizada para o seu primo, correto? Você já conhecia bem a noiva?”

“Sim, eu conhecia. Afinal, morávamos não muito longe um do outro. Veja, meus pais se davam bem com os pais do meu primo — meu tio e a esposa dele — e toda a família conhecia a namorada do meu primo... bem, agora esposa, ainda por cima. Houve momentos em que meu primo vinha brincar comigo e ela se juntava a ele. Eles me adoravam bastante. Como eu era o mais novo, eles brincavam... se preocupavam... e cuidavam de mim. Como uma espécie de irmão mais novo.”

"Eu vejo. Amane-kun, todos os seus parentes parecem se dar bem.”

"Bastante. Meu primo estava louco por ela. Quase parecia destino. Eles namoraram durante o ensino médio e a universidade e, conforme planejado, se casaram alguns anos depois de começarem a trabalhar. Eles são um casal há muito tempo, planejando tudo juntos. O relacionamento deles permaneceu forte o tempo todo. Alguns parentes da minha mãe até brincaram sobre o quão bizarros os genes da família Fujimiya são.”

“Genes, você diz?”

“Minha família, especialmente do lado paterno, é repleta de pessoas incrivelmente afetuosas. Tem meus pais, sim, mas também tem meu tio e a esposa dele, meus avós, e meu tio-avô e a esposa dele. Eles são todos totalmente devotados aos seus respectivos parceiros. Bem, não tenho muita certeza se é a maneira como foram criados ou apenas a genética, mas seja qual for o caso, uma vez que decidem por alguém, eles só têm olhos para essa pessoa…”

   Até onde Amane sabia, a linhagem da família Fujimiya estava repleta de indivíduos profundamente amorosos. Eles tinham a tendência de amar apenas um parceiro para o resto da vida. A dedicação deles era evidente em seus próprios pais, em seu primo e em sua esposa, e em seu tio e tia. Todos eles nutriam sentimentos que nunca desapareciam à medida que envelheciam. Simplificando, eles estavam comprometidos. Ou, vendo isso de uma forma menos lisonjeira, seus sentimentos eram intensos. Uma vez que decidissem, ‘essa pessoa é a única’, eles continuariam persistentemente a se sentir assim.

   É claro que fazer algo contra a vontade da outra pessoa estava fora de questão. Eles entenderiam e aceitariam uma separação. Mas depois que se tornavam um casal, eles tenderam a correr direto para a linha de chegada: o casamento.

[Del: A, isso explica.|Jeff: Pse, vocês dois serão os próximos, Mahiru Fujimiya…]

   Amane, fazendo parte desta linhagem, tinha consciência desta natureza e aceitava que provavelmente era, ou se tornaria, o mesmo. A maioria dos que se casaram com alguém da família Fujimiya conseguia lidar com esse tipo de amor intenso, então não era uma preocupação esmagadora. Mas sua natureza inabalável também significava que eles não eram o tipo de relacionamento casual, o que os tornava uma família bastante inflexível.

“Tendo namorado por muito tempo, meu primo e sua esposa se casaram sem nunca procurar outro lugar. No mínimo, acho que é seguro dizer que ser devotado é uma característica consistente em minha família… Uh, há algo errado?”

   Enquanto Amane explicava a devoção de sua família, Mahiru olhava para ele atentamente. “Não, eu estava simplesmente me perguntando se você inevitavelmente acabaria da mesma maneira, Amane-kun.”

“… Eu provavelmente irei. Acho que sim, de qualquer maneira. No mínimo, estou confiante de que nunca trairia e valorizaria minha parceira.”

“Você diz isso com grande confiança.”

"Bem, sim. Normalmente falando, você apenas não trai seu parceiro… Como alguém poderia machucar deliberadamente alguém que um dia amou sem pensar duas vezes? Não me lembro de ter me tornado um homem sem moral, obrigação ou bom senso.” Embora possa parecer óbvio, Amane não tinha intenção de ser tão desleal.

   A infidelidade era reconhecida como um ato desprezivelmente baixo que destruía impiedosamente o coração do parceiro. Se alguém tivesse bom senso e integridade moral, não cometeria tal ato em primeiro lugar. Amane não tinha tendência a machucar as pessoas de boa vontade, nem qualquer desejo de se tornar o tipo de indivíduo depravado que enganava, tinha casos e apreciava apenas as partes convenientes dos relacionamentos.

   Mesmo deixando de lado o bom senso, considerando os riscos e benefícios, não se deve praticar adultério. Se a verdade do caso vier à tona, poderão ser processados por danos e, em alguns casos, enfrentar o exílio social, tornando a vida futura incontrolável.

   Além disso, existe a noção de que aqueles que cometem traição uma vez sempre serão traidores, então da próxima vez, o enganador pode ser aquele que está sendo traído.

   Se alguém estivesse disposto a correr tais riscos apenas por um amor passageiro, seria melhor apenas se separar do seu verdadeiro parceiro desde o início. Tentar entregar-se apenas às partes prazerosas de um relacionamento seria, fundamentalmente, irrealista.

   Vendo Amane com uma expressão de nojo e incredulidade por causa de traição, Mahiru deu um sorriso muito aliviado.

“Eu acho que esse seu aspecto é uma virtude, Amane-kun.”

“Bem, obrigado por isso. Quer dizer, acho que essa forma de pensar é o padrão para ser honesto.”

“Se esse fosse realmente o padrão, então não haveria traição nem nasceriam crianças infelizes.”

   Diante do comentário um tanto monótono de Mahiru, Amane percebeu que ele havia falado fora de hora. "Peço desculpas. Isso foi falta de consideração da minha parte.” Considerando a educação de Mahiru, provavelmente não foi sábio para Amane se aprofundar em tais tópicos.

[Del: Ser capaz de reconhecer o próprio erro e se desculpar por isso também é uma virtude (não que nesse caso específico tenha sido um erro, mas, mesmo assim...).]

“Ficarei em uma situação difícil se você pedir desculpas por isso”, respondeu Mahiru. “…Além disso, meus pais nunca me amaram desde o início – não é exatamente esse tipo de problema.”

"……Desculpe."

“N-não, você não precisa ficar tão chateado… Sou eu quem deveria se desculpar. Talvez eu tenha exagerado um pouco.”

“Não, a culpa é minha.”

“Nossa… Estou feliz com a forma como as coisas estão agora, okay? E, em resposta ao mau exemplo dos meus pais, escolherei alguém que pense primeiro em mim e me trate com carinho.”

“… Isso é bom. Espero que você encontre essa pessoa.”

   Seria ótimo se essa pessoa fosse eu, pensou Amane, mas se isso significasse fazê-la verdadeiramente feliz, ele não conseguia deixar de sentir que ficaria bem com isso, mesmo que fosse outra pessoa. Se possível, ele queria ser aquele que a faria feliz, que protegeria seu sorriso. Ainda assim, os sentimentos de Mahiru eram o que mais importava, embora ele torcia para que ela o escolhesse.

   Enquanto esses pensamentos ocupavam sua mente, ele assentiu, apenas para ser cutucado na perna pelo chinelo dela.

“O que?”

“Não, não pense nada sobre isso.” Mahiru desviou o olhar, aparentemente fazendo beicinho. Mas logo ela voltou à sua expressão habitual com um suspiro. “De qualquer forma, não estou de forma alguma insatisfeita com meu estilo de vida atual, e é justamente por causa das ações que meus pais tomaram que consigo passar mais tempo com pessoas com quem me dou bem. Mesmo se eu tivesse a capacidade de alterar o passado, não faria nada para remediar meu relacionamento com meus pais.”

“… Eu vejo.”

“Veja, eu vou perder minha vida atual se refazer tudo agora.”

“Mesmo se vocês pudessem se tornar uma família feliz?”

“Com certeza… Meus pais, para o bem ou para o mal, moldaram quem eu sou agora. Não é como se eu não gostasse de quem sou agora. Embora eu possa não ser a mais cativante… há pessoas que me aceitam como sou agora.”

"… Sim. Há pessoas."

“Amane-kun, você está olhando para mim, certo?”

“… Com certeza estou.”

   Quer ele tenha prometido ou não, Amane sempre esteve de olho em Mahiru e, se permitido, gostaria de continuar observando dela.

[Del: “Então, eu posso pedir algo?” “O que?” “Isso é algo que só você pode fazer, Amane-kun... Por favor, olhe para mim um pouco mais.” “Estou olhando você trabalhando duro. Não sei para onde você vai fugir se eu desviar o olhar, então vou continuar observando você.” – Cap 9 do vol 2.]

   Um pouco sarcástica, mas madura. Não abertamente transparente, mas honesta. Infantil e, ocasionalmente, solitário. Mahiru era apenas uma garota ordinária.

   Ao ouvir a resposta de Amane, um sorriso satisfeito se espalhou pelo rosto de Mahiru e ela balançou a cabeça gentilmente.

“Nesse caso, eu ficarei bem. Continuarei sendo a pessoa que sou agora. Eu prefiro minha eu atual. O que eu desejo é alguém que ame esse eu atual.”

   Com suas palavras finais, ficou evidente que Mahiru aceitou, reconheceu e abraçou sua própria existência.

   A Mahiru do passado negava a si mesma, mas agora afirmou seu jeito de ser. Ela desejava alguém que a aceitasse como ela era, não como um anjo. E ela se sentiu pronta para aceitar esse tipo de amor.

   Agora, tendo ouvido os verdadeiros sentimentos de Mahiru, Amane sentiu um calor crescendo em seu peito.

“Então, voltando ao assunto em questão, você conseguiu conversar com seu primo?”

   Enquanto Amane ouvia a história de Mahiru, tentando garantir que o calor em seu peito não alcançasse seus olhos, Mahiru perguntou como se tivesse se lembrado de algo.

“Eu consegui, sim. Conversamos um pouco antes na sala de espera”, respondeu ele. “… E graças a isso, as coisas ficaram muito barulhentas.”

"'Barulhentas'?"

“Bem, uh, você sabe... ‘A próxima será a sua vez’, coisas assim.”

"Sua vez? Para o que?"

“Sim, bem, uh… Apenas, não se preocupe com isso. Há muito que sei que eu pretendia abrir um caminho semelhante ao dele.”

   Amane não esperava que seu primo seguisse o mesmo caminho que ele. Bem, para ser mais preciso, Amane ainda nem tinha se confessado, então ele nem estava no ponto de partida.

“É-é assim mesmo? Não posso dizer que entendo, mas, por enquanto, estou feliz que vocês dois pareçam estar se dando bem.”

“… Sabe, tenho a sensação de que serei provocado no futuro.”

   Mahiru deu uma risadinha. “Isso não é um sinal de que vocês dois são próximos?”

“Claro, se eu fosse o único a ser provocado.”

“Huh?" Mahiru inclinou a cabeça.

   Se o desejo de Amane se tornasse realidade, Mahiru provavelmente seria provocada ou importunada ao lado dele.

“Não, não é nada. Para começar, meu primo está se precipitando. Nada está em pedra ainda.”

   Se Amane estivesse namorando Mahiru, tudo faria sentido. Mas como eles eram apenas amigos, não havia muito que Amane pudesse dizer. Na verdade, ele preferiria não ser apressado nesse aspecto.

   Honestamente… Amane suspirou exasperado, relembrando o casamento. Uma sugestão de sorriso cruzou seu rosto ao se lembrar do casal alegre, seu primo e sua noiva.

   Vê-los prometer felicidade e amor um ao outro o fez sentir uma mistura de inveja e admiração.

“… A propósito, uh…”

"Sim?"

“As meninas normalmente sonham em ter casamentos e coisas do gênero?”

   Amane se arrependeu da pergunta assim que a fez, mas Mahiru aceitou com calma, parando por um momento para pensar. “Hmm… Embora seja questionável generalizar, acho que se elas tivessem tempo e meios financeiros, muitas poderiam querer ter um.”

“Essa é uma perspectiva realista.”

“Poucas realizariam uma cerimônia se não tivessem espaço financeiro para respirar.”

"Verdade. Afinal, as pessoas não podem viver apenas de sonhos.”

   Por assim dizer, ouvir de seu primo sobre o custo da cerimônia fez o rosto de Amane se contrair, então o pensamento prático de Mahiru provavelmente estava certo. Afinal, você não pode sobreviver confortavelmente sem dinheiro.

“Deixando isso de lado, muitas realmente sonham em usar um vestido ou um quimono de noiva branco. É essencialmente uma declaração diante de todos de que “agora me tornarei sua”, e é realmente um evento único na vida. Definitivamente há um fascínio em trajes de noiva.”

“… Eu vejo.”

“É isso que você quer fazer, Amane-kun? Parece haver mais homens que acham isso incômodo em comparação com as mulheres.”

“Que homem não gostaria de ver sua noiva vestida com esmero…?”

   Embora Amane entendesse que os preparativos para o casamento podem ser demorados e caros, além de bastante cansativos, a maioria das pessoas tem apenas uma chance de ver sua parceira de vida vestida de noiva. O local é o palco mais grandioso e, para muitos, o casamento se torna o dia em que eles brilham mais em suas vidas. Amane não conseguia entender por que alguém deixaria passar tal oportunidade simplesmente porque a achava “incômoda”.

[Del: Eis Otonari começando a mudar minha opinião. Hahh-]

   Vendo sua confusão, Mahiru riu e o agraciou com um sorriso sincero. “Isso é tão típico de você, Amane-kun.”

"Por que você está rindo de mim?"

“Oh, eu estava pensando que a mulher que se tornar sua esposa seria uma moça muito feliz.”

“Mas é claro que eu a faria feliz. Ela seria aquela que eu amo o suficiente para torná-la minha parceira de vida. Você não se casa com alguém com a intenção de tornar essa pessoa infeliz – você se torna uma família unida. Não está certo?”

   Isso deveria ser óbvio... Ou assim Amane pensou, mas quando ele olhou para Mahiru, ela murmurou: "S-Sim, isso é... o certo", com o rosto vermelho e a vacilante voz.

   Amane, sentindo que parecia ter dito essas palavras por ela, sentiu o calor subindo por seu rosto enquanto tentava se corrigir. “E-eu quero dizer, não tenho ninguém em mente agora. É apenas um pensamento para o futuro…”

“Eu sei disso.”

   A refutação imediata de Mahiru deixou Amane um pouco irritado. O rubor nas bochechas dela parecia ter diminuído um pouco, mas suas orelhas permaneceram vermelhas enquanto ela ria para ele. “Hehe, você sabia? Isso também é típico de você, Amane-kun.”

"O que?"

"Tudo."

   Mahiru, mais uma vez sem intenção de dar mais detalhes, cutucou-o de brincadeira e tocou-o com os chinelos, como se estivesse fazendo cócegas nele.

   Desta vez, ela não estava de mau humor. Na verdade, ela parecia estar bastante animada, divertindo-se enquanto continuava a cutucar os pés de Amane, observando suas reações. Amane, é claro, não sabia o que fazer. Enquanto isso, o rosto de Mahiru permaneceu corado, sem mostrar sinais de perceber a confusão dele.

   Com um vermelho tom como o das folhas de outono adornando suas orelhas, Mahiru soltou uma risada genuína e satisfeita depois de observá-lo por um breve momento. Então, com um pulo de energia, ela levou graciosamente os talheres para a cozinha.

Resenha dos Tradutor/Revisores:

-DelValle: Perfeito, eu simplesmente não devo ter palavras para esse capítulo... Se eu comentasse sobre cada calor desse capítulo, ia ficar encharcado de comentário kkk. Devo dizer... foi lendo esse capítulo que eu consegui, depois de meses... dormir em completa paz, só com as chamas dentro do peito e um sorriso relaxado no rosto. E olha, o Amane, que homem! Toda a descrição de afeto, devoção e comprometimento com o parceiro(a), além de todo o peso que foi trazido para o significado de ‘Casamento’ enquanto assimilamos isso ao sonho do futuro prometido com a Mahiru, é inspirador. Mas o que mais me surpreende é que, todas as narrações nesse capítulo ocorreram por causa de um casamento a parte, imaginem então como será quando chegarmos (eu torço) na coisa de verdade... Só sonho.

-Jeff: Eu não botava muita fé nesse capítulo não, mas após começar a ler, devo dizer que estava errado, simplesmente excelente, como o Del falou, todo esse peso trazido para o significado de ‘Casamento’ dá altas expectativas para o futuro desses dois, não vou negar,  algum dia espero ter um relacionamento desse nível.

 



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