Nisōiro Brasileira

Autor(a): Pedro Caetano


Volume I – Arco 1

Capítulo 1: O Amanhecer do Pôr do Sol Pt.2

O dia começava no Reino Aka, com suas florestas avermelhadas, o território podia passar impressão de fúria e desordem pela sua coloração, mas isto não poderia estar mais longe da realidade. 

Pelos terrenos das vilas e cidades, construções de madeira com poucos cômodos era o mais comum na maior parte dos locais, com exceção de sua capital charmosa. Os moradores naquele horário, seguiam suas rotinas, entre carpinteiros, lenhadores, ferreiros, vendedores e outras profissões. 

Todas elas abaixo da ordem do rei, que por sua vez coordenava uma junta militar fortemente hierarquizada por seu exército. Estes eram os intitulados Senshi. Os militares e sua cidadania era influente em todos os cantos do território, e revestia todas as posições de empregador, servo ou dono de terras. 

Distante da capital no interior do reino ao sudeste, em uma vila humilde, um simples camponês rodava um mecanismo a fim de moer os grãos para seu dono.

Ele era um homem alto com cabelo curto castanho, barba falhada nas laterais, com a pele morena e olhos vermelhos. Vestia peças sujas amarronzadas, tinha um capuz que percorria até seus ombros e abaixo vestia uma espécie de macacão preso por uma corda na cintura, que se estendia até uma bota pontuda em seus pés. 

Retornando para seu pequeno dormitório, encontrava um garoto ainda deitado em meio ao piso de madeira. 

— Yanaho! — o cutucou com a vara de uma pá em mãos. 

— Ei pai! Calma aí… — dizia tentando voltar a dormir.

— Melhor se levantar, filho — dizia sentando num banco ao lado suspirando — preciso que vá buscar mercadorias na Chika, vamos precisar almoçar logo logo.

O menino se levantava emburrado e vestia suas botas amarronzadas. Ele tinha uma blusa vermelha imunda com uma gola, sua calça simples carregava a mesma cor de seu calçado. Seu cabelo contava com um mullet passando de seus ombros com um tom um pouco mais escuro que sua pele, casando bem com seus grandes olhos vermelhos. 

— Akemi não vai nos oferecer nenhuma migalha dessa vez? — perguntou o garoto se levantando. 

— Senhor Akemi — corrigiu o pai — a passagem do inverno não foi boa para os negócios dele. Você sabe que nessa época normalmente temos que nos virar — botou a mão no ombro do filho, que tinha uma estatura média. 

— Eu acho que — pegando uma bolsa vazia, seguiu até a porta do dormitório — sempre temos que nos virar. 

Permitida sua saída das terras do fazendeiro. As ruas de barro eram achatadas pelos comércios que tomavam espaço da mata vermelha do local. As vendas das lojas não fugiam do que era necessário para os trabalhadores. 

O garoto era reparado pelas pessoas ao redor. Alguns apontavam, outros cochichavam, os pais tiravam crianças de perto do jovem que continuou seu trajeto. A expressão de Yanaho mudava, tornando um olhar de tristeza. 

“Até quando as coisas vão continuar assim?”, pensou reparando nos olhares de suspeita. “Como posso justificar tudo o que aconteceu? Como posso fazer valer a minha vida?”, via duas crianças brincando entre si, a rusga em seu nariz junto a sua sobrancelha franzida, foi acompanhada pela sua corrida apressada ao seu destino.  

Alguns metros depois, chegava em um balcão de madeira estendido ao ar livre, se aproximando com as mãos no joelho, era reparado por uma das empregadoras do local. 

Era uma mulher da idade de seu pai, com um pano em sua cabeça e roupas comuns, um pouco mais rechonchuda que o normal:

— Ora ora, imaginei que viesse mais cedo Yanaho. Como vai Yoroho?

— Como sempre estressado — entregou uma lista à mulher — também precisa das mesmas mercadorias de sempre.  

Ela analisava enquanto checava seu estoque. Na espera, Yanaho percebia um dono de terras, sendo seguido por seus servos, o que o levou a continuar suas reflexões:

“Os que têm poder são aqueles que são seguidos? Só pelo o que aconteceu, mereço não ser reconhecido? Mãe?”, pensava se distraindo olhando para o céu.

— Ei garoto, está me ouvindo? — chamou sua atenção a comerciante. 

— Opa! Desculpa Chika, pode falar.

— Bem, você veio tarde, o que ele requisitou acabou, tenho apenas algumas frutas. Mas a boa notícia é que vai chegar alguns legumes já já.

— Só espero que não demore muito — disse pegando a lista, e dando passagem para o próximo da fila. 

Próximo dali havia mesas onde os moradores conversavam e faziam refeições do dia dia, porém Yanaho optou por sentar no chão próximo da loja de Chika. Sentado com as pernas cruzadas, e com a face inclinada sob a mão apoiada. Uma presença inusitada tirou o garoto do tédio, militares chegavam na região. 

Se aproximando das mesas as risadas cessaram, as pessoas abriam espaços para os homens da lei. O clima agradável de qualquer dia, se transformou em tensão nos arredores.

Com vestes longas em vermelho que cobriam sua armadura em seu torso. Eles vasculharam a área com semblante de autoridade, até que um deles arremessou um dos homens na mesa ao chão. 

— O que é isso!? — a senhora se espantava com o alto barulho.

O sujeito tenta se reerguer, quando um dos militares pisou em suas costas, enquanto era cercado pelos outros.

— Está tudo sobre controle aqui, somos Cobradores da região! — um deles anunciava ao tempo que outro amarrava o criminoso pelas costas. — Este homem está sendo procurado por furtos de mercadorias e vendas inapropriadas a cambistas da área. 

Yanaho assistiu tudo distante, sem noção do que estava sendo dito. Sua curiosidade, entretanto, o levou a se mover em direção a cena. Percebendo que as pessoas ao redor se assustaram com a conduta dos Senshi’s, o homem rendido se aproveitava:

— Me ajudem, eu sou inocente!! Esses militares, só estão abusando de seu poder mais uma vez! 

— Cale a boca! — advertia um dos militares, socando o sujeito — não está em posição de falar nada.

O pelotão já erguia o infeliz do chão para levá-lo. Yanaho já estava próximo do enquadro, para perceber o olhar de desespero do homem sendo conduzido. Nesse momento, ele tomou as dores da situação:

— Ei! Posso saber o que está acontecendo? — a pergunta do garoto fez todos ficarem perplexos, e arrancou risadas de alguns ao fundo — por que estão levando este cara dessa forma? Ele tava aqui sem arrumar problema e…

— Melhor ficar na sua moleque, quem é você afinal pra pedir informação de algo? É só uma criança — um deles interrompeu.

— Sou Yanaho Aka uma pessoa assim como todos aqui! — dizia irritado com a postura — E você, quem é para ficar nos perturbando dia e noite atrás de impostos? Não vê que mal conseguimos nos sustentar?

— Olha só, se não é o sobrinho de Kenichi, filho do aproveitador barato — os Cobradores comentavam tirando sarro.

— Não falem de quem vocês não conhecem! — dizia encarando o chão. 

— Você se orgulha de não ter sobrenome? Yanaho Aka — riam tirando sarro do garoto que ficou sem palavras. 

As zoações continuaram até que o primeiro a interromper o garoto tomou a frente para responder sua pergunta de antes:

— Sou Yuri Goto, comandante deste pelotão. Estou cumprindo com meu dever, não atrapalhe e nada de pior acontecerá com você.

Percebendo que seus protestos não moveriam os cobradores, Yanaho cerra os punhos, quando sentiu uma mão segurando seu antebraço. Chika aparecia por trás impedindo-o de agir sem pensar. Os dois caminhavam para fora próximo de seu comércio.

— O que estava pensando? Pensei que estivesse com pressa! Se chegasse outra pessoa teria que ceder as mercadorias que separei.

— Desculpa, eu só… me distraí de novo. 

Após o ocorrido, o comandante acenava para um de seus homens que passou a seguir o garoto que voltava para o estabelecimento. Quando menos esperava, a figura maior chegava por trás de Yanaho, sendo alto suficiente para gerar uma sombra sob ele. 

— Olá Senhora, sou cobrador da área gostaria de verificar esta mercadoria dada ao menino — dizia com um sorriso cínico.

— Qual o problema agora? Já não causou confusão suficiente não? — desconfiava o jovem.

— Essa mercadoria não vai para o menino pois me tratou com rebeldia, irei confiscar. 

— Você tá louco!? Não aconteceu nada de errado aqui! — o garoto levantava a voz fazendo os outros notarem ao redor.

— Yanaho, deixe o senhor cumprir seu dever — a comerciante saía da barraca para segurar o garoto.

— Obrigado moça, tenha uma ótima tarde — ele disse sem nem ao menos olhar para o camponês.

“Não posso deixar! Meu pai não pode ficar sem comida em casa por uma injustiça dessas!”, o menino se soltou dos braços de Chika em direção ao militar

— Yanaho! 

O grito desesperado da senhora, chamou atenção dos arredores assim como dos militares que voltavam. A sacola de suprimentos era disputada pelo garoto que tentava arrancar a força do militar. 

— Larga seu moleque, tá afim de ser preso nessa idade? — exclamou o homem.

— Isso é meu! — gritou, Yanaho.

O cobrador perdia a paciência frente às pessoas ao redor, puxando o saco com mais força, trouxe o garoto para perto, lhe dando um soco que o derrubou no chão. 

— Chega, vá pra casa! — ordenou no momento que seus companheiros se aproximavam.

— Algum problema, Naoki? — perguntou o comandante.

— Nada, só aquele “zé ninguém” de novo. 

As palavras do militar ressaltaram sobre a mente do garoto que se levantava, limpando sangue de seu nariz. Yanaho sacou sua espada e correu por trás do cobrador para atacá-lo.

Todos ao redor se assustaram com o feito, o barulho oco da arma se chocando ao torso do Senshi ecoou pelo lugar. O homem virou-se para o garoto e percebeu que foi acertado por uma arma feita de madeira.

— Seu maldito! — os outros o imobilizaram no chão — Leve ele junto ao delinquente!

Com as tarefas realizadas no passar do dia, Yoroho percebeu a demora de seu filho. Tendo extrema preocupação, corria até os comércios para entender o que havia acontecido. Com muita exaustão, encontrou sua velha amiga para se informar:

 — Chika! Onde está Yanaho? 

— Já estava na hora — ela colocava a bolsa de mercadorias em cima do balcão — Yanaho foi conduzido por cobradores. Seu filho anda um pouco fora da linha. 

— Mas como?! Yanaho não é nenhum bandido ou ladrão. O que ele fez? 

— Estavam o testando pra ver se ele iria respeitar as autoridades. Ameaçaram levar as mercadorias, e o resto não foi nada amigável — explicava enquanto os moradores passavam reparando em Yoroho. 

O pai do garoto então percorria o caminho dos presídios da região para resgatar seu filho. Na estrada, ele encontrava uma figura bem conhecida. Escorado numa árvore, o sujeito tinha roupas nobres junto a uma saia de guerra com acabamentos em vermelho. 

Yoroho passava com tanta pressa que não pode perceber a presença do homem com espada na cintura, que chamou sua atenção logo que o homem passava correndo: 

— Olá irmão, algo para me contar?

— Irmão — suspirava reparando no guerreiro que compartilhava do mesmo tom de barba e cabelo — eu preciso de… 

— Já estou ciente — passava por ele com os braços cruzados — vamos!

Após isso, os dois caminhavam até o presídio da região. Aproveitando resto do trajeto, o tio do garoto explicava o contexto:

— Foi condenado por desacato e ameaça de morte a um militar. Com outras passagens que ele teve com essa idade, foi difícil convencer os Senshi’s de que ele não é uma ameaça. Você tem sorte de eu ser um dos Titulares da região. Mas mesmo com isso eu não consegui livrar você dessa vez. Se continuar assim ele poderá ficar uns anos preso, e assim se tornar uma desgraça para o reino de uma vez.

— Como assim me livrar? 

— Você é o responsável direto. Por ser o pai, vai ter que responder pelos erros dele. Como não tem como arcar com as multas, terá que compensar com um acordo de submissão. Vai se colocar à disposição do Reino Aka a qualquer situação em que for solicitado seu serviço, mesmo que seja uma atividade militar. 

— Isso é o de menos, se for para que Yanaho não saia prejudicado, eu faço qualquer coisa. Mesmo assim, agradeço meu irmão. Se não fosse por você, eu não saberia o que fazer.

— Aprenda a educar alguém como forma de agradecimento, é o melhor que pode fazer nessa situação. Como sempre, você não consegue fazer nada concreto sem uma certa falha. A reputação de vocês é ruim por conta disso. Não tente trilhar os caminhos de seu filho, ele já tem as próprias pernas para andar a muito tempo. Pense bem nisso, afinal não quero sujar meu nome.

— Tem razão Kenichi, pode ter certeza que não irá ocorrer novamente. Mas e essa prisão? 

— Provavelmente o levaram para um cárcere para crianças desordeiras. Não costumam ficar muito tempo, é só um corretivo. E sobre não ocorrer novamente, eu vou me certificar disso antes de liberá-lo. 

Chegando ao local, Yanaho se encontrava em um lugar fechado, escuro e frio. A cela foi aberta chamando atenção do garoto. A luz entrou, cegando o garoto por instantes, quando reconheceu seu familiar que estava com duas chaves em mãos. 

— Rapaz, quem você pensa que é? Me responda, de forma sincera! — perguntou, olhando o menino de cima para baixo.

— Um cidadão, tio.

— Cidadão? Cidadão com duas passagens por rebeldia, e até ameaça de morte. Isso pra mim é ser um criminoso. Um mimado que não sabe se conter diante de autoridades! 

— Não é como se eu não quisesse melhorar.

— Veja bem, é melhor que você se submeta à lei. Independente se está se sentindo injustiçado ou não. Não cabe a você ditar o que é justo. Você tem apenas quatorze anos, aproveite esta oportunidade que te dou como a última chance de não ser tratado como um bandido.

— Tio, eu preciso fazer minha vida valer a pena. Minha mãe e meu pai, me encarregaram disso, você sabe. Eu me sinto só como um camponês que não tem possibilidade nenhuma de treino ou de aprimorar minhas habilidades. Não tenho culpa disso! Eu sei que poderia ser só como as outras pessoas, como meu pai, mas… eu sinto que devo fazer a diferença no mundo. Então… eu só queria ter uma oportunidade.

— Hm, por isso a espada de madeira? 

— Sim… não queria usá-la para o mal. Eu juro!

— Entendo. Quando eu tinha sua idade sempre me colocava à disposição de seu avô para o que ele precisava. Não desrespeitava autoridades, pelo contrário, buscava aprender com elas. Então comece pelo básico. Se você é apenas um cidadão, se conforme com essa posição hoje.

— Certo — ele balbucia.

— Mas se o problema é a falta de oportunidade meu sobrinho... você já ouviu falar de uma Cidadela Restrita no território Shiro?

— Do que você está falando?

— Se você se comportar e se submeter às autoridades como o cidadão que diz ser, posso falar mais sobre. Aprenda a lição de nossa hierarquia, e então lhe darei uma chance. — Kenichi abria a cela para o jovem.

Quando todos os procedimentos foram feitos, Yanaho foi liberado e conduzido pelos corredores até a saída, onde reencontrou Yoroho que correu em sua direção. 

— Pai eu… 

— Yanaho! — disse o abraçando com força — me prometa… que nunca mais vai fazer isso.

— Eu… Eu prometo.

No entardecer, eles seguiam em direção a fazenda que trabalhavam, onde ficava sua casa. O silêncio de Yanaho durante toda a viagem acabou por incomodar seu pai que indagou bem abatido:

— Que cara é essa? Estamos indo pra casa, fique tranquilo.

— Eu fui repreendido de todas as formas possíveis. Não tenho problemas com os militares, eu só queria que as coisas fossem mais justas pra mim. Mas mesmo depois de tudo, ainda assim… não consigo ver justiça nisso. Ter que me desculpar com todos, tudo o que aconteceu poderia ser evitado… — de repente notou seu pai desabando ao seu lado e o segurou a tempo — Pai?! O que houve?!

— Não se preocupe… devo estar fraco por todo o susto e, sabe, ainda não comi hoje. A gente precisa de um descanso.

Os dois se aproveitaram de uma colina, que carregava uma boa vista do céu alaranjado.

“Se eu pelo menos pudesse ser melhor… se ao menos eu fosse reconhecido, se eu conseguir fazer a justiça valer. Você não teria que passar por isso”, refletiu olhando para Yoroho que suspirava fundo, limpando o suor. 

— Pai, me desculpe por tudo… eu tenho sido apenas um rebelde que nem ao menos sabe o que é justo para os outros. Mal tenho conseguido ser alguma coisa pra você, quem dirá para o mundo. Então me perdoe por não ser o que minha mãe pretendia que eu fosse — disse se levantando do chão. 

Percebendo a mudança em seu filho, o homem sorriu contemplando a vista, e questionou:

— Meu filho, olhe bem para o horizonte... O que você vê?

— Está anoitecendo. 

— Olhe com atenção.

— O pôr do sol? 

— Exato! A energia iro nos pertence, e envolve cada ser existente, na verdade acredito que está em qualquer coisa criada neste mundo. Em tudo pode se conectar, independente de sua cor. Mas nenhuma cor se sobrepõe à outra. Todas elas tem um momento, de acordo com um equilíbrio.

— Como assim? 

— Simples, quando o céu está azul os Ao de certa forma são privilegiados. Ou até mesmo em um dia chuvoso. Com o sol escaldante, os Kiiro se aproveitam de sua potência. Já à noite, os Kuro têm vantagem. Porém, quando se aproxima a temporada do inverno, é o momento dos Shiro. E então tem o pôr do sol… é o momento de nossa ascensão com a energia celeste! — ele aponta em direção a paisagem — Em todos os casos há uma variável, não é sempre que uma cor está sendo privilegiada, nem prejudicada, o que há sempre são momentos.

O garoto se distraiu com a paisagem em sua frente, obrigando Yoroho a pegá-lo pelo ombro para terminar sua fala:

— Meu filho, dê tempo ao tempo. Você não nasceu para ser um qualquer, veio para esse mundo para obter sua ascensão. Como o pôr do Sol, você será a evidência para as pessoas. Então se quiser ser reconhecido, mude! Mude você, mude as pessoas, mude o mundo! Faça o bem… só assim poderá ditar sua própria justiça. E sempre… sempre acredite em si como eu e sua mãe acreditamos!

Quando terminou de ouvir seu pai, retornou a olhar para o sol se pondo. Então ele esticou sua mão em direção ao horizonte e disse: 

— Eu acredito! — finalizou, fechando seu punho.


Capa Oficial Volume I

Ilustradora: Joy (Instagram).

Revisado por: Matheus Zache e Pedro Caetano.

 



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