Volume 1
Capítulo 13: Desafio…
Nimbus estava ali, encarando aquele senhor idoso. Sem portar nenhuma arma, ele parecia um daqueles velhos que passavam o dia embriagados no bar do pai de Anabele. No entanto, havia algo em sua postura, um ar de superioridade, que o fazia parecer mais imponente do que qualquer homem que o garoto já tivesse visto, até mesmo mais do que Lonios.
— Mas o senhor está com um ramo fininho e sem armadura. Eu vou feri-lo gravemente se eu usar a minha espada — disse Nimbus, claramente assustado com a possibilidade de machucar o velho cavaleiro.
Sãr Lonios, encostado no marco da porta e apenas observando, achava graça na situação. Seu sorriso irônico era visível.
— Não seja bobo, garoto. Eu sou um cavaleiro e você, um escudeiro. Faça o que eu estou mandando — respondeu Ahbran, com um tom firme.
— Não posso, é muito arriscado para o senhor — insistiu Nimbus.
Lonios não conseguiu se conter e soltou uma gargalhada ainda mais alta.
— Tudo bem, vamos deixar as coisas mais interessantes, então. Se você conseguir pegar a bandeira atrás de mim ou me tirar pelo menos uma gota de sangue, amanhã mesmo falarei com o Grande Líder e você será proclamado cavaleiro! Que tal? — Ahbran parecia inquieto, mas ao mesmo tempo divertido.
Lonios ria cada vez mais.
Nimbus ignorou as palavras do mestre e se concentrou. Pensou no que significaria ser cavaleiro e nos anos de treinamento que ainda teria pela frente.
Mas a pergunta que o atormentava era: por que aquele velho, obeso e aparentemente frágil, tinha tanta autoconfiança?
— Então? Eu não tenho a noite toda. Vamos! Você tem três tentativas! — desafiou Ahbran, impaciente.
— Tudo bem, vou tentar, mas não me responsabilizo se o senhor ficar muito ferido — disse Nimbus, a voz tremendo de adrenalina.
Lonios agora estava rindo sem parar. Nimbus vestiu a armadura que o criado havia trazido e se preparou para o combate.
— Vem com tudo, garoto! Dê o seu melhor golpe! — exclamou Ahbran, com os braços cruzados e um tom de desdém.
— LÁ VOU EU! — gritou Nimbus, e com tudo o que tinha, correu em direção ao velho cavaleiro.
No último segundo, antes de atingir o cavaleiro, ele desviou e tentou passar por seu lado. No entanto, percebeu que Ahbran já estava novamente à sua frente, ainda de braços cruzados.
“Como esse velhote se moveu tão rápido?” pensou Nimbus, reavaliando sua estratégia. “Certamente, ele vai esquivar do meu ataque e abrirá uma brecha para eu passar.”
Com essa nova estratégia em mente, Nimbus saltou sobre o cavaleiro e atacou com um golpe diagonal, de cima para baixo. No entanto, quando sua espada desceu com toda a força, Ahbran simplesmente ergueu o ramo seco que empunhava e, sem sair de sua posição, bateu na mão de Nimbus, desarmando-o com facilidade.
Em seguida, Nimbus sentiu um forte impacto em seu abdômen. Seu corpo foi projetado para trás, arrastando-se pelo chão de terra batida. O estômago doía intensamente no local onde Ahbran o havia acertado.
“O que aconteceu? Como ele fez isso?” pensou Nimbus, enquanto tentava se recompor. Ele colocou a mão sobre a barriga, ainda com dor, e ao olhar para frente, viu sua espada cravada no chão, ao lado do velho cavaleiro. Ahbran, por sua vez, estava a cerca de quatro metros de distância.
— O que houve, garoto? Eu não ia me ferir se você me atacasse com a sua espada? — Ahbran disse, contendo o riso, enquanto chutava a espada para Nimbus.
Nimbus agarrou a espada no ar, ignorando a dor que sentia no abdômen, e se levantou com determinação, retomando sua posição de combate.
“Acho que vou ter que pegar pesado com esse velhote. Mas se eu fizer outro ataque de cima para baixo, ele provavelmente vai me desarmar com aquele ramo novamente. Preciso de uma tática diferente”, pensou, antes de lançar-se novamente contra o cavaleiro.
Dessa vez, em vez de desviar, ele se abaixou rapidamente, tentando atingir as pernas do velho cavaleiro. Achava que, ao saltar, ele poderia rolar por baixo e passar até a bandeira. Mas o que aconteceu foi diferente: o cavaleiro saltou em direção ao garoto, chutando seu pulso com precisão. A espada de Nimbus escapou da sua mão e voou para longe, enquanto ele observava sua trajetória. De repente, sentiu um forte impacto no peito e foi lançado para trás, arrastando-se por vários metros no chão.
A risada de Sãr Lonios ecoou pela sala, mas desta vez ele segurava a barriga, visivelmente divertido.
“Droga, como ele faz isso?”, pensou Nimbus, com o peito e o abdômen ardendo de dor.
Sãr Lonios, mal conseguindo segurar o riso, chutou a espada que Nimbus havia deixado cair perto de si.
— Última tentativa, garoto. Vai ou não pegar essa bandeira? Acho que não vou precisar mais disso — disse Ahbran, jogando o ramo seco para longe.
Nimbus percebeu a oportunidade. "Agora eu passo por ele. Quero ver como ele vai me desarmar sem aquele ramo."
Ele pegou a espada chutada e avançou novamente, com toda a velocidade, em direção ao cavaleiro.
— AHHHHHHH — gritou, saltando quase dois metros para cima e três metros para frente. Em um movimento parabólico, ele desceu com a espada em direção à cabeça de Ahbran. O velho, entretanto, jogou uma das pernas para trás, buscando apoio, e, com um movimento rápido, segurou a lâmina entre as duas mãos, como se fosse bater palmas.
Nimbus sentiu outro impacto forte no abdômen e foi lançado para trás, caindo de costas no chão de terra batida. O cavaleiro, mais uma vez, havia dado um chute certeiro na sua barriga.
Ele se sentou, sentindo a dor e olhando para Sãr Ahbran, que ainda segurava sua espada entre as mãos.
— É uma pena, garoto. Você não será armado cavaleiro amanhã — disse Ahbran, rindo enquanto girava a espada no ar e a segurava pelo cabo. Em seguida, ele a jogou para Nimbus, que a pegou mais uma vez no ar.
Nimbus se levantou do chão, todo sujo de terra. O velho cavaleiro já estava entrando no salão, e seu mestre foi em sua direção para ajudá-lo a se levantar.
— Não se sinta envergonhado, Nimbus. Sãr Ahbran é um dos melhores guerreiros do mundo, uma lenda viva. Ele é um dos sete cavaleiros lendários. Tenho certeza de que até eu, nas mesmas circunstâncias, teria levado uma surra daquele velho — disse Lonios entre risos, caminhando com Nimbus até o salão e colocando o braço sobre seus ombros.
— Você se saiu muito bem, Nimbus — comentou Sãr Ahbran, sentado à mesa. — Esse garoto tem futuro, Lonios. Fez até eu me mover. Parabéns!
— Eu sei, ele é especial, mas precisamos nos retirar, Sãr Ahbran. Amanhã partimos antes do sol raiar, como de costume — respondeu Lonios.
— Tem razão, devemos dar uma oportunidade para o garoto se recuperar para a viagem de amanhã — disse Ahbran, rindo.
Nimbus quase mostrou a língua para ele, mas, se desvencilhando da ajuda de Lonios, correu para seus aposentos no segundo andar.
Até pouco antes de deitar, os dois cavaleiros conversavam em voz baixa no salão abaixo. Nimbus pensou em descer para tentar escutar algo, mas desistiu quando seu abdômen começou a doer ainda mais. Assim, ele se deitou, tentando esquecer a dor.
⸸ ⸸ ⸸
Apoie a Novel Mania
Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.
Novas traduções
Novels originais
Experiência sem anúncios