Volume 1: Sangue e Promessas.
Epilogo: O olhar da Lua.
Muito além da superfície de Nexus, acima da tênue camada onde a vida pulsa e o tempo tem significado, sobre a cratera rochosa da lua púrpura, uma figura permanecia em silêncio.
Empera.
Pele bronzeada. Cabelos longos e escuros flutuando suavemente na ausência de vento.
Íris púrpuras em meio ao negro absoluto de seus olhos.
Ali, sobre a superfície de sua própria lua — sua vigília eterna — ele contemplava o mundo abaixo.
O Guardião do Vazio.
Criado junto com Nexus.
Pai de Eiden.
Avô de Harkin.
E naquele momento, apenas... observava.
Lá embaixo, bem abaixo das nuvens e dos reinos, dois homens se encontravam.
Um pai ferido pelo silêncio.
Um filho esculpido pela dor.
Os olhos de Empera permaneceram inabaláveis. Mas o que pulsava dentro dele era antigo demais para ser nomeado.
Atrás dele, uma luz cálida tomou forma.
— Ainda é nele que pensa? —
Ahvren.
Ela caminhou suavemente pela encosta de pedra e poeira estelar, os pés flutuando acima da superfície.
Seus cabelos dourados pareciam feitos de luz em movimento, e os olhos cor-de-rosa carregavam algo que nem tempo, nem divindade podiam curar.
— Você o amou como um filho. — disse ela, a voz sutil, quase um sussurro de lamento. — E agora olha para o neto que nunca pôde abraçar.
Empera não respondeu.
— Você queria estar lá. Mesmo que não admita.
— Mas não pôde.
O silêncio entre os dois era antigo. Familiar.
— A dor molda, irmão. Mas ela também rouba. — disse Ahvren. — E a cada vida que guiamos de longe, perdemos parte do que poderíamos ter amado.
Empera permaneceu imóvel, os olhos fixos no ponto onde Eiden e Harkin dividiam o mesmo espaço — mas não o mesmo tempo.
Atrás deles, a quietude do cosmos se rompeu.
Dez sombras surgiram, cada uma com forma distinta, representando forças muito além da compreensão mortal.
Os outros Guardiões.
As outras Luas.
Todos estavam ali.
E um deles, com a aura de um julgamento antigo, deu um passo à frente.
Maathor.
Na forma de um homem de mantos dourados e cinza, olhos âmbar imutáveis e cabelos escuros com fios perfeitamente desenhados em simetria sagrada.
Sua presença silenciou até o vazio.
— Nos enganamos. — disse ele, a voz como um decreto. — Durante séculos, olhamos para Eiden. Para o equilíbrio que ele carregava. Para o poder que crescia nele.
Maathor caminhou até Empera e olhou para baixo, para Nexus.
— Pensamos que ele fosse o filho das estrelas.
Um momento se passou.
As palavras pareceram reverberar por toda a órbita do mundo.
— Mas não era.
Maathor virou o rosto com gravidade.
— Era o outro.
O nome não foi dito. Mas todos o sentiram.
Então, Empera finalmente falou.
Sua voz era calma.
Antiga.
Inevitável.
— Harkin...
— A mudança está vindo. — disse ele, ainda olhando para baixo. — E desta vez... não poderemos voltar a dormir.
Atrás deles, os Guardiões permaneceram em silêncio.
Mas nenhum deles se moveu.
Nenhum deles partiu.
E todos sabiam:
O tempo do despertar havia começado.
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