Negociar para Não Morrer Brasileira

Autor(a): Lágrima Negra


Volume 3

Capítulo 18 : Apenas Duvidas

Uma dupla saia da delegacia acompanhados por uma raposa. Os ternos se mantinham praticamente impecáveis, mas o rosto dos dois estava destruído. Duas almas cansadas por tantos problemas em um intervalo tão curto de tempo mal aguentavam continuar seu caminho.

— Essa noite foi realmente muito longa...

— Nem me fala... quem estaria acostumado com aleatoriamente encontrar uma pessoa quase imortal e precisarmos ser investigados, só por nós não estarmos mortos quando as autoridades chegaram. É tipo “ Por que você não morreu? Você é algum assassino disfarçado andando por ai? ”

— Vai entender, desde quando seguir os seus instintos poderia ser considerado algo ruim nos dias atuais? Na minha época não era assim.

— Foi mal aí o vovô da pinga.

— Perdoada.

Com um simples sinal das mãos, um carro com janelas pretas se aproximava e um simpático motorista sorria para a dupla com olhos verdes ao abrir as portas.

— Opa! Boa noite, onde deseja ir?

— Pra casa.

— E onde ela fica garotinha?

— Na rua que moramos.

— ... senhor poderia traduzir o local?

— Pode deixar, vamos entrar primeiro.

Fechando as portas, a dupla parava com os sorrisos e uma fina camada verde cercava a parte interna do carro.

— Eu quero muito saber onde aquela vadia foi parar. Eu fiquei sem poder usar meu contato até segunda ordem por conta dela.

— Como conseguiu controlar uma das mulheres de inteligência?

— Ela tem muitos assuntos com homens, só isso eu posso dizer.

— Olha só, para uma mulher que fingiu tão bem lagrimas, ela pelo visto não é realmente uma solteira incapaz de conseguir homens.

— ... desculpa, mas em algum momento eu disse que ela saia com homens?

— ... aaa entendi.

Olhando para o lado, o homem calmamente pegava o papel sendo entregue e começava a ler.

" Como aquela mulher atuava daquela forma? "

— Foi até mais barato, vocês vão realmente pedir apenas isso aqui do papel pela ajuda toda?

— Senhor Valete, atualmente estamos em uma aliança, falsificar um acidente para matar suas identidades não será difícil e levando em conta os problemas dessa noite será muito mais fácil seus nomes desaparecerem naturalmente.

Sorrindo brevemente com as palavras, o homem pega uma bala das suas roupas para comer e depois fala.

— Bom, visto quantas pessoas morreram e como a cidade vai acordar amanhã vai ser surpreendente essa região não virar uma enorme favela.

A garota dava dois tapinhas e apontava para o pacote aberto do doce.

— Nós vamos aproveitar para fazer um plano de imigração e talvez demolir e reconstruir um templo naquela região para o Deus da Lua, o senhor poderia oferecer sua sugestão já que acha tudo tão barato?

Mostrando o dedo do meio para menina, Valete calmamente continuava a falar.

— Agora sim, me sinto melhor. Recomendo o plano do templo, o plano da imigração tem muita vantagem ao longo prazo no sentido econômico, mas o templo vai ser mais rápido para recuperar a região e permitirá fazer " ações sociais " com mais facilidade, mas com o prejuízo do tempo necessário para recuperar o dinheiro investido.

Tendo o dedo agarrado e torcido pela garota, o homem dava um tapa para se soltar da situação.

— Hum... entendo aproveitando a manifestação dum Deus e transformando aqui em uma cidade santa e expulsar as outras crenças?

Pegando do bolso da camisa uma segunda bala, entregava para menina.

— A parte das crenças é melhor deixar na mão da própria religião já diz, ser autêntico com os mandamentos é muito mais importante, até recomendo manter apenas a metade do poder do templo ao seu controle.

Sorrindo vitoriosa, ela satisfeita cuidava do pelo da raposa com um pente.

— Escondendo as coisas no meio das pessoas sinceras... vai ser meio complicado, mas com as duas famílias trabalhando junto não será tão difícil, podemos até controlar de fora com os investimentos e manter uma minoria apenas para relatórios.

— Mas um grande problema surge, existe algum santo ou animal divino para vocês usarem? Não empresto a Zazai da pirralha mesmo se implorarem.

— Temos algo alternativo, um animal extinto a anos atrás. " Deus mandou este como seu representante naquela fatídica noite, eis aqui a prova do nosso poder. "

— Perfeito.

Fechando lentamente os olhos e parando de pentear o familiar, Mirai falava.

— Valete, tenho uma teoria maluca na minha cabeça sobre as últimas coisas.

— Diga.

— Aquela maluca queria o controle dessa cidade, talvez os amantes dos dois lados tenham sido mandados por ela e lá era uma espécie de ponto de encontro onde eles se reuniriam para trocar informações eventualmente.

— Pouco provável os dois serem, mas um eu não duvidaria se realmente fosse.

— Como pode ter tanta certeza?

— Porque conhecendo a chefe dela, a maior parte das pessoas no comando são fracas e descartáveis e a elite dela nem é tão alta assim.

Um silencio mortal surgiu. Aproximando o próprio rosto ao do chefe, ela olha com muita atenção cada detalhe do rosto.

— ... uma imortal, com mana infinita, feridas incuráveis e com habilidade de imunidade a maldições, não é uma elite alta para os seus padrões?

— A saída da mana era baixa, lutas focadas no atrito sempre são a piores lutas nesse ramo e você não conseguiu notar algo nela? A maluca é instável, em outras palavras, não compensa muito ter ela como aliada nesse ramo, lembre-se, acima de ser criminosos ela deveria ser uma assassina, uma profissional em ser discreta e em manter as aparências.

— Se vamos colocar a mentalidade da pessoa na sua utilidade fica muito difícil aparecer alguém do seu agrado.

— Olha não sei como você acredita que eu estou definindo as coisas, mas aquela mulher era bem algo do tipo " olha feio para a chefe e nunca mais vai ver na vida. "

— Se esse é o caso faz sentido, uma pessoa disposta a matar até aliados...

Finalmente satisfeita com a resposta voltava para o banco de traz.

— Por isso eu considerei ruim a mentalidade dela, matar aliados por si só não é ruim quando você lida com traidores, o problema é quando um traidor na sua cabeça for alguém reclamando com muito trabalho nas costas.

— Ela matou muitas pessoas em seu nome no passado?

— Nunca deixei ela como minha atendente, mas se eu tivesse feito isso quem sabe se com muita paciência eu não poderia polir e ajeitar esses problemas.

— Certo...

Olhando apenas com o canto do olho o motorista se intromete.

— Perdão, mas por qual motivo ela poderia estar lá naquela hora? Querendo ou não foi um verdadeiro genocídio no final, digo da noite para o dia pelo menos uma média por cima é 10% das pessoas daqui morreram silenciosamente em uma única noite e sinceramente... para as pessoas desejarem algo como o controle das coisas, isso seria uma facada na própria barriga, visto o caos amanha de manha quando todos notarem.

— Só sobra uma guerra como opção.

Dizendo em sintonia, a dupla se observa pelo retrovisor brevemente com um pequeno sorriso no rosto. Valete alegremente continua.

— Precisaria confirmar as possíveis pessoas mortas na área, mas normalmente as pessoas só fazem aquele tipo de ataque quando não existem perdas em fazer como notou garota.

— Mesmo ela sendo imortal e maluca, ela não atrapalharia os planos da própria chefe, correto?

— Exato, por isso é muito pouco provável eles desejarem algo como controle na cidade, levando em conta a região havia uma família por lá, talvez eles desejavam escalar aos poucos brigas entre nossos novos amigos e agora teríamos um terreno livre.

— Matando aos poucos poderia conseguir matar até mais pessoas do que agora.

— Levaria um certo tempo, mas as revoltas trariam sim um número maior com o tempo. Agora como as coisas foram feitas temos um pensamento na mente da população: “aqui é perigoso, vamos ter cautela e ir embora.”

— Isso sem dúvidas impede mais mortes no final ou adianta planos.

— Se bem administrado vai ser bom ou isso pode ser a causa do fim, mas não se preocupe... como somos meio que aliados agora, vou dar uma mãozinha, vou pensar no acordo e mandar um rascunho em breve, ok? Pode usar sua telepatia para avisar o seu chefe agora mesmo, digo, ele já tá na linha do seu pensamento, né?

— ... foi durante a troca de olhares no retrovisor?

— Desde quando um motorista tem autoridade para conversar com os passageiros? Só perguntar, para onde ir e no máximo se desejamos fazer algum desvio é o suficiente, todo o resto é além do seu trabalho.

— Você pode ser bom motorista, mas falta saber sua posição e ser discreto tanto nas ações como na magia.

— ... bom isso... no fim sou realmente apenas o garoto dos recados...

A viagem continuo com apenas trocas amigáveis entre Valete e Mirai, enquanto o motorista pensava sobre o salário dele sendo reduzido depois daquela noite.

 

 

Caindo do céu, uma pequena esfera quase transparente preta chegava na floresta. Batendo entre o chão e as arvores entrava cada vez mais e mais na escuridão. Quando enfim parou seus movimentos, um líquido negro saiu e moldou um corpo feminino.

— ... viva...

O corpo pálido se apoiava numa árvore próxima. Levemente um suspiro pesado saia dos lábios. O cabelo negro não estava mais liso, ele estava completamente irregular com partes parando no ombro e outras descendo até a cintura.

— Ficar naquele estado quase morta para fugir só me custou o meu cabelo e mana pelo visto. Agora, por quanto tempo aquilo ficou voando? Não consigo estimar minha posição.

Lentamente o rosto voltava para o céu. Naquele momento não haviam estrelas, somente algumas poucas nuvens e duas luas cheias. Uma vermelha e outra branca, ambas brilhavam como a única luz do mundo na noite.

— Paz e Guerra... os idiotas sempre dizem que quando essas duas luas aparecem teremos um equilíbrio no mundo... e pensar que um Deus interferia diretamente no mundo humano, esse é o equilíbrio? Uma força infinita contra mortais?

O vento da noite corria entre as folhas como vozes. Passos quebravam os galhos no chão passando próximo sem mostrar sua forma das sombras, apenas seus olhos vermelhos quase negros eram visíveis e olhavam a mulher enquanto giravam em sentido horário lentamente.

— ... Intervenção divina não me parece realmente algo equilibrado, principalmente vindo de um Deus muitas vezes conhecido por ser mal, então... era algum outro Deus diferente do Lucaias?

O olhar se fechou lentamente. O som dos passos diminuiu cada vez mais. O vento parava sua correria e o silêncio permaneceu sem atrapalha seu monólogo.

— Pelo menos tive sorte. Aqui é o território duma besta mágica inteligente, mas me pergunto, aquele quase demônio vai me proteger para tentar conseguir o meu agrado ou simplesmente vai mudar o território?

— Ele ia tentar a primeira opção contra você.

Uma voz vinda por cima soava alegremente. Algo sempre esteve naquele lugar e só agora foi notado, mas diferente da alegria e calma, cada parte do corpo da mulher estava arrepiada.

— ... isso...

— Sua primeira vez sentido o poder de uma maldição garota? É como estar embaixo da água, respirar a água, sentir os pulmões encherem por ela e afogar, mas permanecer vivo, não é mesmo?

— Impossível...

— Fala da sua imunidade a maldições? Isso é um equívoco seu, sua benção traz imunidade a maldições fracas. É como uma linha, daqui pra lá nada te afeta, mas daqui em diante sente e passa pelas mesmas coisas das pessoas normais, entendeu?

— Pelo visto eu encontrei uma pessoa que adora falar.

— Pessoa? Eu sou um corvo, mas essa aparência humana é só para facilitar o diálogo. Aliás, não vai olhar pra cima? Eu gosto de ter minha aparência elogiada, me preparo toda para isso, sabia? É incomodo mudar o próprio corpo, estrutura óssea, órgãos e outra, é rude não olhar na direção da pessoa falando com você. Ai, ai, pobre Caryne... realmente sua mãe Abgail estava certa ao descartar sua filha por ser uma " Traiaxi ", realmente você é incapaz de aprender básico da educação pelo que vejo.

— ... como sabe dessas coisas? Ninguém deveria saber dela me chamando de Traixi, nem mesmo meus superiores sabem.

Não havia nenhuma sensação de existir algo naquela floresta além das plantas, mas havia aquela voz se divertindo com a situação chegando como se fosse parte do vento.

— O pirralha, ainda não vai olhar para mim? E desiste dessa coisa estúpida de tentar me encontrar através da magia, pois, só é possível me ver quem me olhar diretamente. Até mesmo entre aqueles no meu nível, me perceber só na magia é quase impossível se for a minha vontade.

O rosto levantou, mas era como abaixar e olhar para o fundo do oceano e tentar ver o fundo. Aquilo poderia afogar tudo e se fosse dia, aquela coisa poderia cobrir toda a luz do Sol sem qualquer dificuldade.

— ... uma adolescente?

Sentada balançando as pernas aquilo não era um, mas parecia com um humano. Vestia roupas simples, um cabelo longo sem nenhum brilho e sem refletir qualquer luz. Uma pele branca como a lua da Paz e olhos como o sangue derramado durante a lua da Guerra. Era algo vivo, sem nenhum sentimento da vida, apenas tinha alegria e curiosidade pelo mundo todo.

 

 

 

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