Negociar para Não Morrer Brasileira

Autor(a): Lágrima Negra


Volume 3

Capítulo 16 : A Cantora (4)

Uma escuridão sem fim para todos os lados, somente o som perturbador do eco das almas era ouvido, todo o local era pesado e um desconforto crescente sem fim trazia a sensação de estar preso em areia movediça. Cada movimento aumentava o peso, o medo, a pressa e machucava os corpos.

— Vamos ver, por onde começo? — balançando o braço no escuro, uma onda negra voa em direção ao pescoço do policial — Esquivou? Incrível, apenas os sons e mesmo assim saiu vivo ou deveria dizer, o esperado? A entendi... eu nunca pensei nessa possibilidade. Isso justifica porque 4 pessoas estão sustentando uma única telepatia. Usando os dois elementos, vocês conseguem compartilhar os pensamentos e sentidos das pessoas, mas não deveriam compartilhar com o resto? Ou é muito difícil compartilhar com alguém novo? É preciso uma condição a mais?

“Eu tenho uma ideia do estado atual pelo ar, quer atacar Valete? ”

“ Por que eu ajudaria policiais? Ok, eles nos salvaram, mas eu prefiro interferir apenas quando necessário para não morrer e outra eu consigo ver com um truque. ”

— Isso não é divertido? Ninguém parece cego, então qual o sentido deu fazer tudo isso para cegar todas as pessoas ou mata-las na mera presença da minha mana e  mesmo assim, ninguém aqui é afetado por isso?

— Confirmando! A identidade dela é Caryne Eisel!

Com um sorriso debochado, Caryne se virou o rosto para o rapaz calmamente.

— Nossa... descobriram meu nome e agora? Vai sair vivo por isso por acaso?

— Agora todo mundo sabe o nome da puta.

— Valete eu realmente te odeio.

A voz grave e olhar do canto do olho quase visível a todos.

— É por favor, uma puta é bonita pelo menos.

— Ok, alguém realmente está com pressa para ir pro inferno.

Uma veia estalando na testa, dentes cerrados e um giro do corpo para direção da garota. O espadão foi apontado para a dupla. Uma parede dourada surgia para bloquear o a arma a centímetros do rosto.

“ Você pode me explicar como essa velocidade dos dois é alcançada? Não tem como isso ser só anos praticando. ”

“ Em resumo, isso é uma explosão no gasto da mana para ações simples ou extremamente limitadas e no instante seguinte foco total em reforço para não morrer. ”

Quatro linhas brancas e dois olhos dourados se aproximaram. O som da carne rasgada foi ouvido. Não era possível dizer o tamanho do ferimento, nem se realmente havia sangue.

— Isso é—

Um lança atravessava sua cabeça e a leva até o chão. Um gancho se prendia nas pernas do homem o puxando para longe. Outras 4 linhas brancas eram traçadas, mas nenhum som além do próprio movimento foi ouvido.

“ Onde ela foi? Ela virou parte do ar? ”

“ Algo do tipo, mas você não estava vendo ela? ”

Fechando seus olhos dourados, o animal procurava a presa. As vozes dos mortos não a incomodavam, mas não era possível encontrar pelo som ainda.

— Agora meus caros ouvintes, vamos para a próxima música? Um Réquiem para todos! Requiem Aeternam!

Toda a mana no chão se transformava em espinhos. Pisando em cima deles sem se ferir, o familiar corria até sua mestra com olhos arregalados. O vento impulsionava seus movimentos quase a ferindo. No mundo escuro, linhas surgiam sem fim.

— Repouso eterno seu, sua puta! Eu vou é viver!

Estendendo o braço para o lado, Valete teve o braço mordido com força pelo familiar. Enquanto era arrastado pelo braço parede a cima, agarrava com força a sua esperança de viver enquanto perdia a concentração junto ao sangue.

— Finis advenit.

Os espinhos eram levantados por toda a rua em segundos. Todos corriam para longe tomando uma direção diferente com toda sua velocidade, mas não importava para onde fossem, um tapete negro já estava na frente.

— Finis est aeternus.

A voz alegre continuava enquanto as outras ruas tinham o mesmo destino. Em meio a escuridão da noite qualquer corpo desmaiado no chão já não tinha mais sua forma original. Os conscientes, mal se mantinham em pé e sentiam cada vez mais dificuldade e desespero ao perceberem seu estado atual.

— Finis omnibus.

Chegando no topo do prédio, a raposa os jogou em sua barriga e se enrolou nos dois.  Do chão todos os espinhos eram disparados para cima. Concreto era perfurado sem nenhuma dificuldade. Ninguém viveu o suficiente para gritar.

— HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ! NÃO ADIANTA! AGORA TUDO VAI ACABAR!

Como tinta derramada numa tela, a escuridão cobria o mundo e linhas ignorando a gravidade rasgavam o mundo. O vermelho foi misturado ao preto céu. As vozes mortas preenchiam os espações em branco. Apenas a raposa negra cobrindo os dois sobraria inteira naquele local.

— FINIS OMNIBUS!

Rapidamente daquela rua, toda a cidade seria destruída. A área evacuada a muito tempo já foi ultrapassada. Os primeiros oficiais estavam sendo alcançados. Eles não poderiam cumprir seus objetivos. Todos viam os civis morrendo enquanto fugiam.

— Hum?

Uma única linha no céu abriu levemente e tudo parou. As pessoas e a magia. No meio da escuridão, incontáveis projeteis pararam. Apenas um único movimento foi possível por todos. Era a piedade de morrer sabendo a causa, todos podiam e olharam para cima. Nem mesmo metade do olho vermelho se abriu no céu.

— ... um Deus acabou de interferir nessa luta?

Durando apenas um breve segundo e fechando logo no próximo. Toda a escuridão foi dissipada. Toda a mana liquida desapareceu do chão. O céu estrelado era visível novamente naquela noite. Nenhum prédio foi derrubado apesar do caos. Ao chão na rua uma única mulher sem roupas era a única pessoa viva em quilômetros e somente o silencio existia além dela.

— ... é faz sentido. Toda aquela magia mataria e destruiria muita coisa, um Deus intervindo num caso tão grande não seria estranho, principalmente quando falamos do território dele estar sendo ameaçado garota.

Sem roupas no meio da rua, a mulher encarava o céu noturno. Os lábios e olhos abertos recusavam a realidade. O corpo impecável sem qualquer mancha, corte ou sujeira negava toda a luta daquela noite.

— ... desde quando um Deus fez daqui seu território?

O primeiro a quebrar o silencio, estava ajoelhado no topo do prédio com os braços abertos. Com a mais profunda alegria o homem comemorava.

— GLÓRIA A DEUS LUCAISAS!

Uma única voz soava na cidade, quebrando todo o silêncio do local.

— ... pessoal, na próxima folga nós vamos visitar o templo do Deus da lua.

— ... sim senhor.

Apesar dos oficiais não ouvirem a voz baixa do chefe, todos entenderam as ordens e concordaram. Todos balançavam a cabeça em alivio por viverem por mais um dia naquele momento.

— ATENÇÃO! VOLTEM ATÉ A CRIMINOSA! A MAGIA DELA SE DESFEZ! VAMOS MATAR ESSA TERRORISTA LOGO!

— SIM SENHOR!

Os gritos confiantes soaram na cidade. Eles voltavam para a rua da mulher o mais rápido possível. Confiança e calma finalmente voltaram aos seus rostos. Alguns sorriram com a cena e outros suspiraram aliviados, mas todos compartilhavam o mesmo pensamento de que a morte não viria hoje.

Parada olhando para cima, a mulher não fazia nada enquanto todos os homens se aproximavam. Valete apenas colocou levemente a mão no ombro da Mirai. Eles esperavam calmamente a batalha ser resolvida como espectadores duma arena.

— Agora podemos ver corretamente sua mana, isso não é mais uma batalha impossível contra um imortal com mana infinita — Valete sorria ao falar. — Isso vai acabar logo.

Liderando seus companheiros da elite, o chefe falava tranquilamente uma vez no local com todos os homens reunidos.

— Caryne Eisel, pelos diversos crimes já cometidos mais os desta noite, você não possui mais direitos humanos, sofra sem resistência, verme desprezível. Ataquem.

— Sim senhor!

Um saltou do prédio com uma lança, um espadachim vinha pelas costas e uma flecha foi disparada envolvida em chamas azuis na sua lateral, mas a única reação foi fechar os olhos negros e reclamar.

— Até um Deus contra mim...

Ela segurava flecha com a mão direta, gira o corpo, arremessa a flecha no espadachim e com a esquerda segurou a lança logo abaixo da lâmina. Sombras correram da mão até o lanceiro, mas ele abandonou a arma e saltou para longe.

“ Ela finalmente se parece com o passado agora. ”

Girando o pé esquerdo, uma onda negra surgiu do chão e bloqueou os grossos espinhos de pedra crescendo do chão. A mão queimada levantou dois dedos e um linha negra bateu na corrente dourada.

“ Aquele ataque suicida não conta como séria? ”

Com a esquerda lançou a lança no prédio próximo, o demolindo no processo. Enquanto ele caia, ela se abaixou para esquivar massa de ferro vindo na sua cabeça e levantou as duas pernas do chão para evitar o disparo da água pressurizada.

“ Antes? Ela ficou irritada, mas no fim, só se aproveitou da imortalidade e mana infinita para brincar, conheça agora uma falsa 10 de espadas. ”

A demolição do primeiro prédio terminou quebrando o prédio ao lado. Duas bolas de luz se formaram, uma no começo e outra no final da rua. A rua brilhava tão intensamente quanto durante o dia.

“ É impressionante, como pessoas fortes sempre perdem no final, por não levarem a sério uma luta no início. ”

Um segundo Sol falso foi utilizado. A luz no local era intensa o suficiente para queimar as pálpebras das pessoas, mas todos estavam com olhos protegidos por uma lente bloqueando o excesso da luz.

“ Darei uma colher de chá pela imortalidade até agora a pouco, mas só isso. ”

Com as mãos arrancou seu cabelo negro e o juntou como um bastão. Bolas de fogo eram disparadas na sua direção em ondas sem fim. Cada uma foi destruída pelo bastão improvisado.

— Acha mesmo que essas sombras juntando seu cabelo vai durar muito? Cabelo é inflamável.

— Se eu enfrentasse pessoas seria o suficiente, mas infelizmente estou enfrentando covardes que precisam lutar em times contra um.

Ignorando as provocações, as ondas continuavam. A cada segundo os movimentos estavam ficando mais lentos e as ondas mantinham a velocidade. A mana era cada vez menor e mais fraca. 

— Homens, ela não pode mais curar pelo visto.

As queimaduras acumulavam no corpo sem sinal para sumirem. O bastão já estava queimando e logo seria apenas pó.

— Droga, droga, DROGA! MALDITO VALETE! TUDO ISSO É CULPA SUA! ESSA SITUAÇÃO FOI VOCÊ QUEM CHAMOU ELES! MALDITO TRAIDOR!

“ Sua ex-namorada? ”

“ É só maluca mesmo. ”

Ouvindo tranquilamente as reclamações, o homem mantinha um rosto fingindo estar assustado no alto do prédio e a garota tremia falsamente ainda agarrada nas costas.

— Valete...? A! Isso explicaria algumas coisas, mas como podemos provar seu ponto? Um criminoso nunca seria honesto sem motivos.

Todos observavam as queimaduras acumularem naquele corpo, enquanto as chamas permaneciam chegando sem fim. A mulher usava um único braço para se proteger e com o outro perfurou o próprio estomago.

“ É melhor não seguirmos ela durante sua fuga. ”

Removendo a mão coberta por sangue e mana liquida do estomago, ela vira seu corpo em direção a floresta mais próxima, coloca um pé na frente e esvazia todo o ar dos pulmões. O fogo queimava livremente seu corpo não a incomodava.

“ ... suas ordens foram ouvidas, compreendidas e atendidas Valete. ”

A mulher abre seus olhos mais uma vez e a luz das três esferas desaparecem momentaneamente. Apenas o preto era visível para qualquer direção e todos os sentidos ficaram confusos.

“ Queria ver a morte dessa maluca? ”

Sem ninguém ver a direção, uma esfera semitransparente levemente preta era jogada em direção a floresta nas montanhas. O núcleo magico não poderia ser encontrado ou percebido por ninguém.

“ Sim, muito, muito mesmo..., mas com olhos tão poderosos por que ela não os manteve aberto na maior parte do tempo da luta? ”

Toda a luz retornou mesmo com os olhos abertos da mulher. Não havia magia naquele corpo. Queimaduras negras cobriam quase toda a pele. Ninguém a atacou.

“ Nem toda magia custa o mana ou só a mana das pessoas, algumas usam o seu tempo de vida e mesmo que ela roube tempo de vida das pessoas de alguma forma, o consumo e o ganho são desproporcionais. ”

O corpo caia de joelhos no chão. Sem luz nos olhos. Sem energia. Todos apenas mantiveram os olhos naquela forma decadente e destruída de vida.

“ Gastar a própria vida para ganhar mais tempo de vida, é irônico, mas se você tem um recurso é deve saber quando usá-lo. ”

Todos sentiram a morte do monstro. Alguns colocaram as mãos no peito suspirando por viverem mais uma noite.

“ Bom, não adianta nada uma coisa ser boa se nunca ser usada. ”

 

 

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