Volume 3

Capítulo 1 : Mais uma Manhã

Dia 15 do mês 1 de 187, Reino de Magnik

Duas garotas estavam conversando num quarto sentadas na cama. Uma estava arrumada e bem vestida com camisa simples e calça jeans, seu cabelo rosa estava liso e solto sem nenhum acessório. A outra vestia um pijama meio amaçado, o cabelo azul bagunçado e toda a sua participação na conversa era sorrir e acenar com a cabeça lentamente com esforço para não voltar a dormir.

— E é isso, estou odiando a escola por conta dela.

— Yuty...

— Diga irmã.

— Me ajuda a me arrumar?

— Você sequer me ouviu?

— Eu ouvi a sua reclamação de meia hora com a tal da Ana, mas eu mal acordei e sua voz irritada não era para mim, então ela foi tipo uma canção de ninar estranha.

— Uma canção de ninar... eu só consigo te parabenizar.

— Obrigado por reconhecer meus esforços em não dormir nessa situação, onde alguém invadiu meu quarto pela manhã, no dia livre que deram para todos descansarem e se prepararem para os amistosos amanhã, sendo que sou da turma noturna e fui dormir agora a pouco. O pente está ali na segunda gaveta de cima para baixo.

Ao apontar para penteadeira com a direta, preparava uma bolha com água com a outra mão para lavar o rosto. Vendo sua irmã se levantando para ajudá-la, Mirai sorria como se acordasse em sua própria casa naquela manhã.

“ Parabéns Yuty, você foi a primeira pessoa a entrar nesse prédio sem ser da turma noturna e sem hora marcada, vou ganhar minha aposta he he he. ”

— Nesse momento sinto o Karen reclamando comigo por estar fazendo isso por algum motivo.

— Impressão sua irmã, ou ele sabe da sua vinda aqui?

— Ele sabe.

— Então esqueça, ele está reclamando disso nesse exato momento.

Após tirar o pijama jogou a água no próprio rosto, passou a bolha pelo cabelo e se secou com vento. Seu rosto estava enfim despertado.

— Por que sempre me pede para arrumar seu cabelo quando consegue fazer isso?

— Porque eu gosto quando cuida do meu cabelo — balançava levemente o corpo para um lado e para o outro enquanto puxava roupas para se vestir com magia. — Sabe estou feliz em ver minha irmã enfim entendendo como é ruim essas coisas.

— Irmã, eu odeio precisar conviver com pessoas irritantes como a Ana, você odeia estudar por si só, nós não somos iguais.

— É quase a mesma coisa praticamente.

Ouvindo sua irmã responder, Yutyssia suspirava desistindo duma luta sem sentido. Apontando para uma das roupas levitadas, voltava para o tópico principal da conversa do dia.

— Então, não tenho muitas expectativas, mas tem alguma ideia ou conselho?

— Hum... nada?

Pegando casualmente a roupa apontada começava a se vestir.

— Nada?

— Só consigo pensar em duas coisas, uma delas tem a ver com as fofocas por aí sobre a Ana, a outra coisa é simples, aproveite sua rodada dos amistosos contra ela e a humilhe com todas as forças possíveis. As pessoas aprendem assim as vezes.

— Ignorando a segunda ideia, qual fofoca existe dela exatamente?

— Talvez a família Topázio seja destruída, então meu conselho seria algo do tipo: “ Só ignora mais um pouco, ela vai parar embaixo duma ponte em breve”, mas no caso dela, talvez role guilhotina?

— Desde quando a família topázio seria destruída? E que tipo de fofoca é essa numa escola? Isso era para ser fofoca de escola?

Agora com a irmã vestida, começava a pentear seu cabelo.

— Irmã, me defina fofoca.

— Falar mal das pessoas.

— E não necessariamente a verdade.

— Entendi seu ponto, alguém começou algo assim na escola, mas se isso não tiver nenhuma base não serve para nada e vai acabar logo.

— Errado, serve para irrita-la.

— E?

— Irrite-a com isso durante a luta e vença.

— Sério?

Parando o pente por um momento, colocou uma mão na testa.

— Yuty, eu te amo e não gosto duma pessoa tratar mal minha família — se virando para segurar as mãos da irmã e a olhava nos olhos antes de continuar. — Então eu quero ver sua vitória sobre ela, se não quiser fazer isso eu mesmo faço algo, mas me recuso ver ela saindo impune por me ofender indiretamente.

— Quando ela te ofendeu indiretamente?

— Por odiar alguém da minha família, eu odiarei essa pessoa da mesma forma.

— É muito simples irritar alguém com tão pouca coisa na cabeça, não deveria existir muito espaço aí para ser paciente?

— Ei, eu sou paciente se for comigo.

— Mas se for a família não.

— Exatamente, pois é como irritar duas pessoas e não uma.

— Sua lógica me impressiona.

— Seja como for, já resolveu seus problemas né? Vamos dar uma volta só nos duas hoje.

— A Iris não vai gostar quando souber.

— Eu deixo esse problema meu para o meu eu do futuro, agora vamos.

“ Ela me vê todos os dias. ”

— Ok, vamos deixar de lado eu arrumar o seu já arrumado cabelo.

— Onde iremos então?

Saindo pela porta, um homem loiro esperava com sorriso no rosto na porta.

— Opa, olá senhorita e bom dia Mirai.

— Bom dia Sr.

— ... bom dia monitor, eu fiz alguma coisa?

Balançando a mão em negação o homem respondia.

— Não vim por esse tipo de coisa, senhorita Mirai, precisamos conversar sobre um outro assunto, temo não ser possível passa o dia com...

— Sou Yutyssia Safira.

Vendo a saudação formal da garota o homem acena positivamente.

— A sua adorável irmã, quem diria, mas infelizmente preciso da sua irmã a representante da turma noturna.

— Coitada de você irmã, forçada a isso.

— Yuty, o estranho não seria o Karen por ter se candidatado para isso?

— Ele faz por vontade e não por imposição. Seja como for, te vejo amanhã.

— Sinto interromper as duas, mas talvez amanhã ela não participe.

— Aconteceu alguma briga feia sem eu saber?

— Sim.

— Vejo, sinto muito Yuty. Por favor ganhe na sua luta, ok?

— Certo, até.

— Tchau, tchau.

— Tenha um bom dia Yutyssia, Mirai me acompanhe.

Seguindo por outro caminho, a dupla calmamente caminhava com sorrisos no rosto e uma leve brisa os rodeava barrando o som.

— Então qual o problema?

— Primeiro, não conte rumores sobre a queda duma família. Uma forma para vazar planos é justamente começar rumores, mas não nego algumas pessoas fazendo essas coisas apenas para ferir reputações.

— Minha irmã não contaria fofoca — a garota balançava as mãos em negação. — E o assunto?

— Vai ter uma reunião em segredo para definir o destino da família Topázio, ironicamente no dia da luta dela com sua irmã.

— Certo, mas se fosse só isso não precisava falar comigo né?

— A reunião vai tentar poupar a família, tirando apenas alguns poucos “podres” e tirando riquezas aqui e ali.

— Não gostei disso.

— Somos dois.

— Algum plano?

— Infelizmente, não por conta do pouco tempo, mas se considerar alguma jogada mais suicida como plano então eu até poderia tentar algo.

 

 

Enquanto a dupla caminhava para o lado oposto, Yutyssia observava sua irmã sair com o monitor.

“ Ela acabou como representante... me surpreende não ter pedido para eu resolver os problemas da sala dela. Espero poder ver ela na minha partida amanhã. Agora, eu devo ir até a Iris? Ou eu paro para tentar pegar algo no refeitório daqui? ”

Chegando no refeitório, as mesas estavam cheias com lanches para as pessoas pegarem e grupos conversando amontoados em volta das garrafas.

“ Uau, as pessoas aqui fecharam grupos bem firmes. Hum? Por que tem uma mesa inteira vazia ali? Deixaram para convidados? ”

— Quem é você pirralha?

— Pirralha?

— Sim pirralha, não ouviu direito? — A voz feminina vinha por traz, era uma mulher dragão negro em forma humana. — E se veio da onde? Nunca te vi aqui.

— A, meu nome é Yutyssia Safira.

Sua voz calma e sobrenome, diminuíram o tom da mulher.

— Sério? As duas irmãs são muito diferentes, está comendo direito? Me parece meio fraca comparada com a outra, já comeu hoje?

— Não, eu estava pensando em comer com a minha irmã e se aquela mesa é para convidados ou algo do tipo.

— Aquela lá? Mais ou menos, vem comigo.

Sentando na mesa, a mulher começa a jogar um saco de pão inteiro na direção da boca, um pote de manteiga e uma jarra com leite quente. Sua boca expandiu para caber toda a comida e devorar duma só vez. Ainda sem se sentar na mesa, a garota olha para mulher com olhos arregalados.

“ ... ela comeu o saco de papel e os cacos de vidro? ”

— Algo contra meu café da manhã?

— Não vai tomar o café em si?

— Não gosto muito do amargo e incrivelmente gosto menos ainda do açúcar — Puxando uma tela azul, a mulher procurava alguma informação. — Achei, sua partida é contra uma usuária de fogo e luz? Uau, manipularam descaradamente sua partida.

— Um professor falando sobre manipulações, está tudo bem?

Enfim sentando na mesa, cria mãos sombrias para organizar seu próprio café da manhã delicadamente.

— E te parece natural?

— Sinceramente, não, mas não deveria ser correto comentar isso.

Suas mãos serviam seu café da manhã arrumado e ao lado colocavam uma cópia exata dele para uma outra pessoa.

“ Esqueci que ela não vai vir. ”

— Se fez alguma coisa para essa garota? — Pegando o segundo café da manhã e comendo como uma pessoa humana veloz, perguntava. — Tipo, sei lá, mato um parente dela? Roubou o casamento dela com alguém?

— Nada disso, nem a conhecia até vir para cá.

— Deve ser péssimo ter a sua vida.

— Nem me fale, vou precisar lutar com ela ainda no Sol e a magia dela tem vantagem para dificultar minha partida.

— Não é tão difícil no seu caso.

Terminando sua segunda refeição, deixou apenas o copo com café intacto. Copiando as mãos da garota colocou o copo ao lado do dela.

— Não é difícil a luta no meu caso?

— Sua mana é muito maior comparando com a pirralha mimada e sem treino físico, puxando para o soco a sua vantagem é gritante.

— Hum... tem mais alguma ideia para me ajudar?

— Hum... pula nela quebra alguns dentes da boca, puxa o cabelo e tira as roupas dela em público.

Abaixando calmamente o copo, Yutyssia respirou fundo e calmamente perguntou monotonamente.

— Tem um plano mais normal? Um sem nenhum crime obsceno no meio?

— Não é normal o corpo humano nu? E outra, numa luta, suas únicas roupas deveriam ser armaduras e se por acaso ficasse sem, é obrigatório manter a compostura. Ou na sua cabeça um assassino iria parar seu assassinato ao ver uma mulher sem roupa?

— Estamos falando de amistosos, existem regras e plateia, mas acima disso tudo, nós temos problemas políticos se eu fizer essas coisas.

— O efeito humilhação pública apenas aumentaria, mas eu não vejo nenhum problema nisso.

— Como alguém assim vira um professor aqui? Melhor, não existe nenhuma política entre dragões?

— Qual o problema, a ideia dos amistosos é mostrar seu poder, use e abuse, no fim o forte será respeitado, seja por sua honra ou por medo.

— Eu não quero ser reconhecida como uma louca.

— Então faça um jogo mental sozinha para lutar melhor, satisfeita?

— Como assim?

— Quando estiver para lutar com ela pensa assim: “ Essa pessoa matou meus pais, ela matou meus irmãos, ela acabou com a minha vida. ” Pronto, isso vai bastar.

— ... não sei se seria bom usar esse método.

— Qual seu medo? — Se aproximando da garota coloca os lábios perto da sua orelha. — Por acaso, na sua cabeça, existe uma preocupação do tipo “ Eu poderia acabar mantando alguém assim... ”? Se esse for o caso, me diga, qual o sentido dum dragão existir aqui nessa escola?

— ... se qualquer coisa der errado, alguém pode morrer.

— Há, uma criança humana realmente acredita nessa possibilidade. Gostei da sua ingenuidade, um dia desses vou ter uma rodada com você numa arena.

— Eu posso recusar?

— Ué, mas a criança aí não tem poder suficiente para matar alguém mesmo com um dragão no caminho? Qual o motivo do seu medo? Lavar ou costurar a roupa após a partida por acaso?

— Acho melhor eu ir andando.

— Sua irmã, dando tudo dela, só conseguiu me ferir e nem chegou perto dum ferimento fatal.

— Mais um moti—

— Ela lutou para me matar e não conseguiu fazer isso, com outras pessoas a ajudando — o tom travesso a impediu de sair. — Yutyssia, a diferença duma humana para um dragão é muito, MUITO grande. Não esqueça do mais importante, seja lá qual for seu treino, lembre-se apenas do seu tempo vivo e do meu tempo vivo. Enfrentar múltiplos monstros contra enfrentar muitas crianças sem educação completa, qual a diferença dessas situações?

— ... vou lembrar disso.

— Certo, tenha um bom dia Yutyssia.

Se levantando, a mulher fez um último aceno e deixo a garota sozinha na mesa. Sua resposta foi um único aceno de volta silencioso. Observando até passar pela porta, o dragão sorria tristemente enquanto pensava nos fatos.

“ Essa garota seria interessante ensinar, pena ela não ser desse lado... talvez ela poderia ser chamada como filha ilegítima de dragão. ”

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