Negociar para Não Morrer Brasileira

Autor(a): Lágrima Negra


Volume 2

Capítulo 23 : Futuro Ambíguo

Quando finalmente ouviu a porta fechar, se jogou em cima da cama.

“ Era um dragão e só com um grito e cheia de restrições me derrotou... aquele fumante louco chamando dragões como lagartixas ficou preso numa prisão cheia deles. ”

Saindo de baixo da cama, Zazai pula em cima da cama e coloca a cabeça em cima da sua barriga, apenas para voltar a dormir.

— ...obrigado por deixar a cama só para mim enquanto eu estava desacordada e por ter me protegido.

Sua mão passava suavemente pela cabeça da raposa.

“ É muito bom isso, ficaria melhor se não fossem as partes sem pelo. ”

— Vou precisar da sua ajuda e da Brian no futuro.

Como se fosse chamada, da sua sombra o corvo saiu. Calmamente pouso ao lado do copo com chá e tomou alguns goles.

— Pode acabar se quiser.

“ Desde quando esse pássaro pode absorver elementos? ”

Fechando seus olhos tenta dormir.

“ Se esse pássaro tivesse uma afinidade maior eu conseguiria sentir com mais precisão a vontade dela, isso pode fazer falta numa luta. ”

 

 

Enquanto ia dormir, dentro duma floresta uma garota acompanhava uma mulher. A dupla era quase o oposto uma da outra, a mulher ria sem nenhuma preocupação ao caminhar e atravessar as arvores como se fossem nada.

— Zazai, vai continuar rindo por muito tempo?

— Eu juro, eu juro eu vou parar... Pff! HÁ HÁ HÁ HÁ! A SUA VERSÃO APRENDEU MAGIA RAPIDAMENTE SÓ PARA FUGIR DE VOCÊ! HÁ HÁ HÁ HÁ!

A garota tinha uma mão no rosto e massageava a cabeça.

— Pensei estar trabalhando ao lado duma raposa, não duma hiena.

— HÁ HÁ HÁ HÁ! ISSO VALE OURO! HÁ HÁ HÁ HÁ! NEM VOCÊ MESMA TE AGUENTA! HÁ HÁ HÁ HÁ!

A mulher com suas 3 caudas brincava com elas imitando um pássaro fugindo de outro pássaro idêntico.

— Ela só está em uma fase rebelde.

— HÁ HÁ HÁ HÁ! Ai, ai, está bem. Ri o suficiente.

Enfim parando com a risada histérica a mulher ajeita uma parte do cabelo bagunçada por tanto rir.

— Precisava realmente rir tanto?

— Sim, foi uma necessidade importantíssima e vital.

— Seja como for, não gosto muito da forma da Mirai lutar.

— Bom, toda a experiência dela foi enfrentando duas crianças, um cara distraído e uma mãe perdida em raiva sem nenhuma concentração gastando magia atoa para tudo quanto é lado e forma.

— Essa mãe ainda era a segunda mulher mais forte do reino dela.

— Por favor, luz e sombras são mais a manifestação das emoções dos usuários do que realmente elementos físicos. Com todo aquele sangue na cabeça me surpreende ainda ter durado tanto tempo a luta delas.

— Ela ainda precisa melhorar, talvez com alimentação melhor ela conseguisse mais força...

A mulher parou na frente da garota. As duas se encaravam imperturbáveis.

— O vossa senhoria, a pessoa em minha frente literalmente classificou a carne humana como a 4 mais saborosa do mundo e uma das mais nutritivas, sabia? E canibalismo não muito bem visto.

— Ó cara hiena, entenda uma coisa, uma coisa é uma luta ganha e divertida, a outra uma desesperada e sem garantias... além do mais, se ela morrer é extremamente ruim para nós. Quanto mais os nomes “ Zazai ” e “ Brian ” forem conhecidos junto das nossas versões, mais influência direta teremos.

— Devia ter imaginado.

Dando um passo para o lado continuou a andar.

— Alias, lembra como foi depois da morte da mãe com a garota?

— Fala do consolo da professora dela? Achei muito bom.

— Foi péssimo.

— Só por que teríamos uma psicopata a mais no mundo?

— Porque ela deseja cruzar a linha sem problemas.

Sua voz carrega um tom absoluto e preciso.

— Hum... “ cruza a linha sem problemas ”, faz sentido, mas quanto as provas?

— Intuição pura.

— Por favor, sua intuição pura é tudo?

— Quantos trilênios são necessários para entrar algo na sua cabeça raposa idiota?

Com olhos sem animo, olhava como se falasse com uma criança fazendo perguntas idiotas.

— Se não for algo idiota, não precisa esperar nem mesmo um milênio.

— Certo, vamos então com perguntas simples. Como fazemos alguém matar com mais facilidade? Detalhe a vontade.

— Aplique crimes nessa pessoa, tire sua humanidade, não saiba sobre quem será morto, crie alguém com sensos distorcidos, coloque alguém com passado ruim como alvo da morte e como estou com preguiça, meu último conselho é simplesmente destrua tudo em uma grande área, tipo demolir um prédio.

— Demolir prédios nesse mundo não seria muito eficaz dado a arquitetura, mas sim são ótimas respostas, mas faltou a mais simples e importante do mundo. Vou dar uma dica hiena, isso é independente do mundo ou nação.

— Primeiro pare com a hiena, segundo deixa eu pensar.

Coçando o queixo e as têmporas com as caudas, tentava alcançar a resposta.

— ... é por isso que digo, você é apenas uma espécie de cachorro estupido ainda não domesticada corretamente — a garota cobria o rosto com a mão. — Seja reincidente no crime. A primeira vez cometendo qualquer crime, qualquer coisa para ser preciso, é a mais difícil, mas basta repetir a ação e será mais fácil, embora quando tentamos inovar na repetição talvez não seja tão simples.

— Entendi seu ponto. Seja como for o futuro, só desejo uma coisa.

— Minha versão daqui não pegar gosto por carne humana?

— Exatamente.

Com os braços cruzados olhava com seriedade.

— Mas ela fica boa quando frita, é tipo bacon.

— Definitivamente não.

— Vamos lá eu até comparei ela frita, você se recusa a comer quando ofereço crua, é chato isso sabia?

— Se eu quisesse comer algo cru eu comia é sushi.

— Evoluir para uma forma meio-humana te fez muito humana, sabia?

— Toma no cu sua cabeça de penas.

— Ai, ai, esse povo com toda a eternidade e mesmo assim não comendo carne crua, mas é cada uma para aturar nessa existência.

— Vai ser afastada da sua própria versão desse mundo, vai, vai.

— É só uma faze rebelde.

— Ficar longe da sua existência é apenas bom senso e atualmente ela é sua versão favorita minha por ter esse bom senso.

— Bora 5 anos sem perder a aliança?

— É melhor 5 dias, vai ter show na favela a noite, preciso preparar a pipoca.

— Agora mesmo estava reclamando da minha intuição e agora é um show, mas 5 dias seriam o suficiente para conseguirmos tanta influência no mundo?

— Hum... provavelmente não, mas quando der para mexer com esse mundo eu realmente quero comer pipoca enquanto assisto aos shows dela.

— Usar magia para criar a pipoca e comer pipoca realmente plantada são duas coisas muito diferentes, né?

— E como é diferente. Parece ter algo errado e faltando na comida.

— É tipo comer ela sem manteiga.

— Quis dizer sem sal?

— Manteiga com sal.

— Agora eu concordo completamente, sem dúvidas é praticamente a melhor coisa do mundo para comer durante a apresentação.

 

 

Manhã, segundo dia da escola. Mirai se levanta após uma cansativa noite em recuperação, sua nova rotina começava. Sua cabeça ainda doía um pouco com o grito do combate. Primeiro verificava algum problema com a tinta no cabelo e depois as feridas no corpo. Tudo estava em ordem sem nenhuma irregularidade, mas enquanto andava para sair sentiu fraqueza no corpo e se apoiou na parede.

“ Aí... parece ser uma leve anemia. ”

Zazai bocejava cansada olhando para a cena. Brian acabava de acordar de cima das costas da raposa e olhava para os lados procurando algo.

— Procurando alguma coisa pássaro idiota?

Acenou positivamente para pergunta.

— Seja como for vamos comer, depois duma pausa...

Voltando para cama, apoia as costas na parede para se recuperar. Fechando os olhos por um breve momento, respirava fundo. Um estranho arrepio passou pelo seu corpo, não estava no mesmo lugar, estava sozinha e havia outra versão sua, tudo estava parado reflexivamente por sua vontade.

“ Uau... até parece que controlo quando essas coisas aparecem assim. ”

Era uma sala antiga, semelhante a uma masmorra utilizada para torturar e aprisionar pessoas no lugar. Não estava disfarçada, no seu pulso podia ver as cores do relógio indicando a data 22 do 2. Ao seu lado havia uma garota mulher gato vermelho desconhecida e as duas observavam algo atrás dela. Girando lentamente sua mente por pouco não parou.

“ ... nessa visão ele está morto? Fiz algo diferente? ”

O pelo dourado foi quase todo arrancado, sangue seco cobria sua pele, faltava um olho, uma parte da cauda faltava e estava pendurado pelo braço e perna direita.

“ E por que eu estou aqui sem disfarce? Vamos ver se consigo aprender algo útil daqui para evitar isso. ”

— ...

— ...

As duas observavam o corpo em silêncio quase imóveis.

— ...

— ...

Uma leve brisa batia nas correntes para lembrar a passagem do tempo.

— ...

— ...

“ ... estranho, por alguma razão, o cheiro do sangue não me incomoda. ”

— ...

— ... Mirai.

— ... estou ouvindo.

— ... é normal conseguir ouvir os mortos? Posso jurar que esse idiota estava falando meu nome.

— ... é por conta do leve sorriso naquele rosto?

— ... ele estava consciente quando chegamos?

— ... quer que eu confirme?

— Pode fazer isso?

Sem responder sua versão se aproximou do corpo. As luvas negras das suas mãos apertavam e reviravam várias partes do corpo, sem nenhuma pressa ou hesitação.

— Estava morto, mas a pouco tampo.

— ... ele ficou sabendo da nossa chegada?

— Sim.

— ...

— ...

Se afastando do corpo, voltou para o lado da mulher.

— ...

— ... eu nunca senti amor por ele, mas...

— ..., mas?

— ..., mas não odiava ver aquilo, o sentimento sim, mas ver alguém amando outra pessoa tão sinceramente era complicado. Como você reagiria?

— ... não sei. Nunca gostei de alguém para saber disso, sempre estive pensando em outras coisas, problemas para ser precisa e como evita-los.

— ... não somos tão diferentes nesse ponto.

— Somos em um ponto.

— Qual?

— Nesse momento, eu choraria pela morte dele, se eu fosse quem ele amava e eu nunca recusei por tanto tempo.

— Entendo... é um ponto justo, mas não cresci para ficar chorando a morte de alguém que nunca amei, assim como não está chorando ao ver o estado atual dele.

— Já vi cenas piores e como eu mesma disse, “ se eu fosse quem ele amava e eu nunca recusei por tanto tempo. ”

— Certo, faltou essa parte — com um chicote de chamas cortou as correntes como papel e segurou o corpo. — Queria queimar todos os responsáveis, mas seria contra a escolha dos chefes... não, eu queria ter vindo um pouco antes quem sabe agora essa coisa irritante me incomodaria e eu não estaria tão irritada.

— Quer fingir sua morte?

— ... como assim?

— Aquele homem nos revelando esse lugar, não trabalha na minha família.

— Como ele conseguiu a informação?

— Simples, ele é um criminoso procurado, muito competente e é alguém sempre tentando crescer com novos acordos e contratos. Provavelmente ele vai pedir para fingir sua morte ou não, mas negociar com ele, pode trazer ao seu objetivo, certo? Valete, pode conversar agora?

Sim! Boa noite minha cara gata, tem algum desejo para negociar comigo? Uma mão lava a outra, pareço interessante?

Havia uma pequena pedra amarela na base da luva negra, a voz do homem vinha daquele local.

— Mirai, me leve a ele.

— Lembra da Zazai? Ela é minha.

— Vamos ver como as coisas vão ser.

Uma raposa com duas caudas se aproximava, meio branca e preta, com duas caudas, sem nenhuma falha no pelo e olhos dourados.

— Zazai, pode levar ela?  

Concordando com a resposta, deu meia volta e esperava na porta a partida. Enquanto isso um enorme tigre vermelho passou por ela.

— Seu familiar parece... irritado.

— Bom, para um gato era mais um cachorro no final, mas não vem ao caso. Farei um altar para enterra-lo mais tarde, pode cuidar de destruir absolutamente tudo daqui?

— Claro, não cobrarei nada por isso.

— Obrigado.

A visão parou, chegando no seu limite.

“ ... não tenho certeza como as coisas chegaram aqui, mas provavelmente acabei me tornando amiga dela, né?  Vou pensar outra hora no assunto, isso não foi nem um pouco a agradável. ”

 

 

Voltando da visão. Só teve tempo para abrir os olhos na realidade e outra visão começava sem nenhuma pausa. Foi uma visão no mesmo lugar, no mesmo dia 22 do 2 sua aparência novamente estava sem disfarce, mas dessa vez as duas pessoas estavam em locais trocados e toda a sala estava cheia de cinzas.

“ ... ok, estou aposto numa terceira visão depois disso, até lá vamos ver quais são as diferenças... opa, aquele familiar está sendo usado como tapete aqui. Mistério das cinzas parcialmente resolvido. ”

Dando alguns passos para o lado, saiu do tapete vermelho exótico e começou a segunda visão.

— ...

— ... Shou... sho?

Ele se aproximou do corpo pendurado com movimentos trêmulos. Sua mão tocava a pele destruída coberta por sangue fresco. Sua mão passava suavemente pelo o rosto desfigurado.

— Desculpe, cheguei meio tarde...

— ...

— ... sabe, tínhamos um plano, digo meio plano, para vir aqui salvar você e voltarmos como se nada tivesse acontecido...

— ...

— ... bom, parece que sou ruim em bolar planos... boa noite, vou leva-la para casa pelo menos.

— ... consegue quebrar as correntes?

— Não, poderia me ajudar?

— Com o que primeiro?

Quando colocou as mãos no ombro dele, havia um sorriso sem graça e o rosto estava ficando vermelho.

— Hoje pode ser primeiro os cavaleiros e não as damas?

— Idiota... vem cá.

A poiando a cabeça nos ombros dela, suas lagrimas começaram a sair.



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