Volume 1

Capítulo 1 : O Começo de Tudo

Dia 53 do mês 2 de 176 Rei Rubi, casa dos Safira, Reino de Janfor.

Uma garota nasceu com os cabelos azuis como a própria Safira, seus olhos eram verdes. A menina gordinha e saudável, era como um tufo de algodão. Seu choro soava na sala, onde um médico, uma enfermeira e seus pais estavam.

A mãe tinha um olhar cansado no rosto do esforço do parto. Seu cabelo azul longo e seus olhos tão vermelhos quanto o sangue. Muitos a conheceriam de monstro em forma feminina, mas neste momento, era apenas uma mulher no parto. Enquanto olhava sua filha, seus olhos tinham um brilho único e distante.

— Uma magnífica garota, dama Safira — suspirou o médico. — Ela possui afinidade com os elementos vento e água, dá para ver nessa íris verde como a jade, sem dúvidas, ela será belíssima senhora.

— Por favor somos conhecidos desde a época da escola, para com isso de “dama” White... — a mãe ria dessas formalidades — eu acabei de ter uma filha não tenho força para suas brincadeiras.

A mãe conversava com um médico vestido inteiro de branco do cabelo, as roupas, os olhos, a camisa, a calça e os sapatos, enquanto a criança chorava mais alto.

— Meu bebe calma, calma, veja, veja, aqui é a mamãe.

— Aqui é o papai, ele te protegerá dos perigos, ok? — com um sorriso confiante batendo a mão no peito, o homem loiro continuo: — bom... sua mamãe é mais forte que o papai..., mas papai ainda fara seu melhor!

A criança com os olhos arregalados, alternava o olhar entre as duas pessoas, sem chorar por um momento. Era a deixa do pai tocar em suas mãozinhas. Ele foi tão delicado com a própria filha como se fosse feita do vidro delicado das taças, ele tremia um pouco enquanto com o dedo tentava tocar a palma da sua mão.

— BUÁÁÁ!

A cor saiu do olho do pai, ele estava parado completamente imóvel, o choro fazia eco infinitamente em sua mente.

— Calma, calma — a voz era gentil, mas quando a mulher olhou para o marido, era como retrato da própria morte. — ...papai, o que você fez? Quer levar um tapa?

— M-mas, eu não fiz nada... s-só tentei tocar as mãozinhas...

O médico bateu levemente nas costas do homem consolando ele. Ao ver aquele homem encolhido pela bronca da mulher, ele riu sem qualquer simpatia pelo pai.

— Parece que sem a barba você realmente não passa confiança hein, hahaha.

— White! Eu já falei, eu fiz a barba para poder esfregar o rostinho da minha filha no meu para não machucar ela... não cutuca na ferida, por favor....

— Ta bom, ta bom, só não esqueça, aqui é a sala do parto não do velório.

— Doutor, temos uma visita na casa dos Rubis ainda hoje, por favor não enrole.

A enfermeira tinha interrompido a conversa, como uma profissional, dizia todo o necessário sem acrescentar e ou remover uma única palavra. Ela não tinha nenhum sorriso no seu rosto, seu longo cabelo negro ocultava uma parte do rosto. Sua voz era seca, não tinha nenhuma entonação, era o suficiente para ouvir sem ter que repetir. Seus olhos pareciam ter só pupila, sem seus movimentos, talvez era possível chama-la: “cadáver”.

— Eu sei, eu sei Clara, a família Rubi realmente está tendo problemas na gestação... — a voz calma do médico parecia trazer vida ao local. — Então, Sara, Recardo, meus parabéns pela sua segunda filha. Esperem até os 5 anos para os exames, não esqueçam de entrar em contato caso algo aconteça, e definitivamente, não abaixem a guarda só porque é segunda vez ouviu?

O casal assentiu com um sorriso em perfeita harmonia.

— Sim, pode deixar.

— Então... podem não enrolar e me dizerem o nome dela?

— Mirai.

— Mirai Safira.

 

Mirai Safira a jovem da família Safira, uma das casas reais. Nos dias atuais a realeza e as casas reais são meramente ilustrativas, principalmente no reino de Janfor. Como qualquer outra família real no mundo, a família Safira possui 3 diferenciais em relação com qualquer família não real.

  • Seus membros de sangue, sempre possuirão uma cor específica do cabelo atrelada ao nome da família;
  • Seus membros de sangue, sempre poderão usar um elemento magico especifico da magia, podendo ter dois dependendo da cor do olho, indo contra a natureza normal dos humanos;
  • Seus membros de sangue, nunca poderão ter filhos com quaisquer outras famílias de sangue real.

No caso da família Safira, o cabelo sempre será azul Safira, sempre o elemento da água, e dependendo dos olhos poderão ter uma segunda aptidão mágica. Mirai a mais jovem garota da família era alguém capaz da magia dos elementos água, ar e gelo.

Tendo 5 anos da sua vida tranquilos, seu dia do exame da quantidade mágica chegou, embora seja dito que o teste estava sendo feito somente aos 5 anos, já era possível dizer seu nível como normal.

Nunca demonstro uso anormal da magia e o teste apenas provou isso. Registrada como uma maga da categoria M, o caso do nascimento normal. A única diferença era de tempos em tempos, Mirai sofreria uma queda da sua magia. Era uma doença magica conhecida como “Queda de Mana”, onde o corpo do usuário expulsa a mana considerada pelo corpo como impura para manter o bom funcionamento, uma doença sem cura capaz de deixar o usuário desprovido da própria magia.

Como um membro da família real, seus brinquedos sempre foram especiais para incentivar o desenvolvimento pratico do uso da magia, por essa razão foi fácil notar essa deficiência magica. Após o termino do teste, ela enfim seria dirigida aos seus dois professores diferentes, mas apenas um professor apareceu no dia, Frederico Raspin. Seu nome era conhecido, era um mago poderoso, contratado pela Sara, por recomendação do próprio White pessoalmente.

Era um homem simples. Cabelos e olhos verdes, não era memorável, mas não era esquecível facilmente. Não parecia gentil e nem cruel. Era de uma família comum, com uma pele meio bronzeada pelo trabalho no sol e suas mãos eram levemente calejadas. Quando andava, parecia meio fora do ambiente, embora não tivesse nada para chamar atenção na aparência, compensava em feitos.

Este era o professor da magia de vento para a Mirai. Estranhamente quando a garota olhou seu tutor, ela parecia aliviada. Não havia exatamente uma explicação, mas ele era sem dúvidas uma boa pessoa aos seus olhos. Era uma certeza estranha fora do sentido da razão, como conhecidos, embora seja a primeira vez.

Ela sorria para ele como se carregasse saudade, como se a muito tempo não se viam. Ela não dormiu muito na última noite em esperando encontra-lo, como se soubesse do parente voltando da viagem.

Quando viu aquele olhar verde da garota, Frederico apenas deu uma simples tosse. Falava num tom calmo, sem nenhuma pressa com a pequena garota vestida num simples vestido azul.

— Certo, senhorita Mirai, eu sou seu professor para vento e a maioria das suas outras matérias. Sou Frederico Raspin, muito prazer. Quanto ao outro professor... bom você conhece outro dia... eu acho.

— Outras matérias?

— Sim, eu e você vamos ficar muito tempo juntos, então como primeira aula você quer— 

— MAGIA!

Os olhos da garota brilhavam, ela pulava e pulava para falar mais alta. Com apenas um curto suspiro ele recuperou sua compostura, voltou a falar com seu tom calmo.

— Muito bem, vamos começar com teoria da magia.

— Que? Teoria?

Os pulos da criança pararam, como se fosse uma boneca com as cordas cortadas seus braços caíram, sua boca estava aberta e seus olhos arregalados.

— POR QUÊ???

— Sem teoria, sem pratica.

Enquanto o professor respondia como se lesse um roteiro do teatro pela milésima vez, sem nenhum entusiasmo. A garota balançava seus braços batendo no peito do professor enquanto uma lagrima se formava em seus olhos.

— DEMONIO! EU QUERO USAR MAGIA! EU QUERO VOAR COMO O MORDOMO! EU QUERO CRIAR CHÁ COMO A MARIA!

— Primeiro, voar não é uma magia simples... — como se virasse a página do roteiro tedioso, ele respondia — E eu não quero ser demitido em menos de 5 minutos de contrato. Segundo, criar chá é ainda mais difícil do que voar e por fim, terceiro motivo. Você sabe no mínimo usar magia por mais de 1 hora sem perder a concentração?

— ...talvez.

Uma garotinha estava com beicinho.

— Se você se esforçar direitinho pode aprender a voar.

— Promete?

— Sim, eu prometo, mas não garanto o chá, isso vai ser com o professor de água.

— Quer dizer que eu não vou poder fazer chá?

Uma garotinha estava a um passo das lagrimas.

— Você pode aprender algo melhor do que fazer chá sabia?

— Fazer chocolate?

Uma garotinha estava em dúvida, mas suas lagrimas sumiram.

— Quase.... sabe quando o dia está quente? E então começa a suar, e a ficar cansado? Você pode aprender a nunca mais sentir calor, pois você pode fazer gelo.

— Tipo raspadinha?

— Bom, se realmente aprender a fazer chá, treinando um pouco mais, então sim, você pode fazer quanta raspadinha quiser à vontade.

— IEEEEE!!! VAMOS APRENDER LOGO A FAZER RASPADINHA!

— Primeiro, vai aprender teoria da magia.

— Sim, professor!

A garotinha sorria com um olhar extremamente focado no rosto do seu professor, sua atenção parecia poder perfurar uma pedra com os olhos.

— Depois, formalmente magia de ar.

— Certo.

Sua determinação era inabalável.

— Então você vai aprender magia de água.

— Certo.

Sua voz não soava tão empolgada.

— Para então começar magia de gelo, onde você vai aprender sozinha como usar e desenvolver.

— Certo...

Uma garotinha estava meio desanimada com a sequência dos passos para seus desejos simples.

— Só então se preocupar em aprender a magia do chá.

— ...me preocupar?

O olho não tinha mais aquele brilho da empolgação, seus gestos eram lentos.

— Quando souber tudo isso, aí você pode tentar fazer magia da raspadinha.

— É muita coisa...

Uma garotinha estava meio triste novamente ela parecia começar a chorar em qualquer momento.

— Boa sorte, sou pago para te ensinar direito, não para te motivar.

Uma garotinha estava com uma lagrima escorrendo do olho. Ela se sentiu traída, mal sabendo ela o que poderia ser a palavra traída, enquanto o professor fala sem mudar em nenhum momento o tom da sua voz.

— Bom, você quer ter sua aula aonde?

— ...pode ser perto da arvore?

— Qual arvore?

— Eu te guio...

— Obrigado.

Embaixo da macieira, Frederico começou sua primeira aula da teoria da magia para a criança. Embora ela olhava para o horizonte distante, sem nenhuma expressão no rosto. Enquanto observava a menina com uma simples tosse decidiu apenas ignorar completamente seu estado.

— Bom primeiro de tudo, hoje não precisaremos das anotações é por isso que estamos aqui, mas outros dias você terá, então esteja preparada.

— Certo...

A garota deu dois tapinhas em seu próprio rosto, ela respirou fundo e começou a olhar seu professor, se esforçando para manter o foco nele.

— Então Mirai, por que as pessoas podem usar magia?

— Porque sim?

— Temos uma coisa chamada núcleo mágico, sem ele você não pode usar nenhuma magia. Mirai sabe quais os elementos da magia?

— AR E ÁGUA! A e tem o fogo da mamãe, tem a sombra do tio cozinheiro e a luz do papai.

— Faltou a terra, literalmente você está pisando nela agora.

— É!

— Bom, além dos 6 elementos da magia, existem 3 categorias da magia, sabia? A Elemental que você disse e conhece como meramente magia; a composta exclusiva das famílias reais, no seu caso seria o gelo.

— A magia da raspadinha! Pera, a magia do chá entra como a cumpusta?

— É composta o correto, e não ela é magia da água. É apenas difícil usar.

— Certo.

— Voltando, temos também a magia não Elemental, ela pode ser usada por todas as pessoas, sabe da onde sai o bule do chá das empregadas, antes delas te servirem?

— Da saia?

— É da magia não Elemental. Chamada de magia espacial nesse caso. Aproximadamente o mesmo peso da pessoa pode ser carregado em forma de magia, algo muito prático e que gera empregos para quem tem problemas de alto peso.

— Problemas de pesu?

— PE SO. As pessoas mais parecidas com um círculo.

— Tipo o tio cozinheiro?

— Eu não vi o tio cozinheiro, mas acho que você entendeu. Por fim, apenas para complementar existem os chamados dons mágicos.

— Dom?

— São habilidades únicas magicas. Sem nenhuma relação com o sangue das pessoas, mas todos eles apenas fazem algo para ajudar a pessoa. Por exemplo, embora possível fazer chá com magia de água, ela custa muito. A senhorita Maria, empregada da sua casa, é bem conhecida por aí por possuir um dom mágico facilitando a transformação da água em outras coisas complexas.

— Hum? Como assim?

— Normalmente as pessoas até conseguem fazer chá, mas existem coisas como por exemplo, álcool. Elas são quase impossíveis para fazerem, mas graças ao dom mágico da Maria, ela pode fazer isso, sem muito esforço.

— Então... Maria é uma super mágica?

Enquanto falava seus olhos começaram a renovar seu brilho e atenção.

— Sim... Maria é uma super mágica.

Pela primeira vez, a voz do professor caiu um tom por um tempo, antes de voltar a ser invariável.

— Então, por que Maria trabalha como empregada? Ela não devia salvar o mundo?

Suprimindo a própria mão de tampar o próprio rosto, o professor respondia com todo o resto da paciência restante.

— Talvez, mas Maria é amiga da sua mamãe sabia? Ela quis servir a Dama Sara como serva, mas não me pergunte o porquê, pois, eu não sei.

— Então, mamãe é Deus? Por mandar em uma super maga?

A voz da criança tremia, enquanto seus lábios sorriam.

— Bom, dizem que dentro da casa, a mulher é como Deus, a lei e o carrasco, mas sua mamãe não é Deus.

— O que é a mamãe então?

Inclinando a cabeça da mesma forma dos cachorros, a garota tinha toda atenção no professor.

— Teoricamente, a mulher que mais te ama nesse mundo e sem dúvidas, ela, estaria disposta a queimar o mundo inteiro para te proteger.

— Mamãe é forte?

— Se ela não for, por você ela se tornará.

A voz do professor soava em um novo tom gentil, certeiro e com uma confiança absoluta das próprias palavras.

— E o papai?

— Ele é quem vai ser o primeiro a fugir da mamãe quando ela estiver irritada — sua voz ainda resoluta. — A e vai te distrair enquanto mamãe acaba com o resto do mundo em fogo e cinzas.

— ...papai é fraco?

— Comparado com a sua mamãe, todos são fracos.

— Então...Papai é forte?

— Sim, mas a mamãe dá medo no seu papai.

— Certo, entendi. Mamãe é mais forte.

— Exato, mais alguma dúvida?

— Tem outros exemplos?

— Tem o dom de ver distante, como o segundo mais comum.

— Só ver?

— O dom não é capaz da interferência da visão, mostrar por si só já é incrível.

— Entendi.

— Mais alguma coisa?

— Hum... não.

— Então deixe-me explicar o ponto chave da magia. As pessoas possuem um núcleo para usar magia e por isso usam um único elemento, mas membros da realeza possuem um segundo núcleo da magia, por isso podem usar dois elementos ou até mesmo três ao combinarem os núcleos.

— Como eles funcionam?

— Em suma, cada núcleo só gera uma energia e você só manipula essa energia, claro como eu disse, algumas pessoas como você, podem teoricamente misturar a energia dos dois núcleos para usar um terceiro elemento. Isso tudo é teoria garota. O ponto é sua magia é tecnicamente duas pessoas no seu corpo, mas se, e somente se, você se restringir a usar apenas gelo, sua magia será igual as pessoas normais.

— É por que eu não tenho um núcleo para o gelo?

— Exatamente.

— Professor.

— Diga.

— Quando a aula fica interessante?

— ...vai ser um longo tempo.

A aula continuou normalmente, suas aulas eram normalmente um pouco durante a manhã sobre magia e um pouco a tarde sobre suas obrigações como nobre. Essas aulas eram principalmente etiqueta. Foi o maior sofrimento da mansão, pois a garota parecia incapaz de se comportar. Enquanto seu irmão mais velho aparecia apenas para piorar tudo e deixar a garota ainda pior. Os criados apenas suspiravam “pelo menos eles são amigos”, na tentativa do consolo dos resultados aparentemente invariáveis da família.



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