Arco 2

Capítulo 35

— É o Bae Jaemin!

— Uau, Bae Jaemin…

— Ei, olha lá!

Logo ficou evidente quem era o protagonista do tumulto: um homem usando um tapa-olho preto subindo pela escada rolante… Não esperava encontrar Bae Jaemin tão de perto novamente, então apenas o observei alcançar o andar, atordoado.

Enquanto Bae Jaemin conversava casualmente com as pessoas ao seu lado — colegas de guilda ou guarda-costas? — a multidão já erguia celulares no ar, capturando cada movimento seu.

As pessoas dos outros andares também correram para as bordas das sacadas, ansiosas para vê-lo de longe. Ele era quase como um ídolo que acabara de chegar no aeroporto.

— Jaemin Hyung, você é tão bacana! — exclamou de repente um homem ao meu lado, sua voz transbordando de admiração genuína pelo Bae Jaemin.

Era apenas um dia após a expedição na <Torre de Espíritos>, então o sentimento dos fãs pelo homem parecia incontrolável.

— Obrigado — respondeu Bae Jaemin com uma voz tão grave e controlada que ressoou pelo espaço.

O mais frustrante foi que Bae Jaemin sorriu naturalmente, tão experiente quanto qualquer outra celebridade, e fez uma reverência ao fã.

E, seguindo o homem, outros se aproximaram, berrando elogios. Logo o ar estava saturado com o som de exclamações e cliques de câmeras. Franzi a testa diante do espetáculo e, ao meu lado, Seo Dawon endireitou-se abruptamente.

— Só vamos… — disse suavemente, chamando ele. Seo Dawon fitava Bae Jaemin como se estivesse sendo arrastado para as profundezas sombrias daquele olhar, e só arrancou os olhos do traidor quando ouviu minha voz.

Fiquei surpreso com o que vi em seus olhos.

O intenso fervor que antes era dirigido a Bae Jaemin agora estava focado em mim. Ao perceber que eu estava paralisado, Seo Dawon soltou um suspiro e rapidamente recompôs seu sorriso habitual.

— Vamos subir de nível rápido, Yikyung-ah.

— …

— Ele está bem ali, debaixo do meu nariz. É tão irritante de ver. — murmurou ele sutilmente. 

Senti pena — de alguma forma, senti que ele estava se esforçando ao máximo para amortecer suas emoções.

Tudo o que eu podia fazer era aumentar meus atributos para que ele pudesse apropriadamente exibir todas as suas habilidades, mas, no momento, não consigo realizar esses desejos… Então, inconscientemente, dei um tapinha em seu braço em um gesto de consolo.

Para os outros, provavelmente pareceria que eu estava batendo no ar… De repente, meu olhar encontrou o de Bae Jaemin, que me observava à distância.

— …Hã?

— O que foi?

Estou enganado?

— Acho que fiz contato visual com Bae Jaemin. — sussurrei, me virando e baixando a cabeça instintivamente, meio sem jeito. — É só coisa da minha cabeça, né?

— Mas eu acho que ele realmente está olhando para você? — Infelizmente, Seo Dawon dissipou minhas esperanças.

— …Sério?

— É. Oxi? — disse Seo Dawon, como se ele também não esperasse esse tipo de desdobramento.

Rapidamente, virei de costas para o traidor. 

— Ele ainda está olhando para mim? — perguntei.

— Ele não está apenas olhando… Está vindo em nossa direção. — respondeu Seo Dawon.

Lackey, sentindo meu coração bater mais forte através da conexão entre seu crânio e meu peito, olhou para mim.

— D-deveríamos correr?

— Agora? Sair correndo daqui… ia parecer um pouco suspeito.

— Então, por que ele está se aproximando de mim? Será que… será que ele percebeu algo?

— Mantenha a calma por enquanto. Talvez ele tenha algo para fazer aqui.

— Ah… talvez? — Eu estava parado em frente à loja DAA, onde acabei de comprar o uniforme. Talvez Bae Jaemin também estivesse procurando algo nessa loja.

Só então que um pouco da tensão se esvaiu de meus ombros. Comecei a me afastar da entrada da loja, caminhando em direção aos corredores.

Para minha decepção, Seo Dawon, que continuava de olho nos movimentos de Bae Jaemin, de repente me avisou: 

— Ei, não é isso não. Ele definitivamente te viu e está te seguindo.

Eu estava prestes a virar a cabeça para olhar, mas parei ao receber mais instruções de Seo Dawon:

— Apenas mantenha os olhos à frente e continue andando.

Meus pés rapidamente obedeceram sua orientação.

— Com licença.

Contudo, parecia que Bae Jaemin não tinha intenção de disfarçar sua perseguição.

A voz clara e agradável, especialmente para um homem, com certeza era de Bae Jaemin. Mesmo sem olhar, eu podia sentir que suas palavras estavam sendo dirigidas a mim. Eu sabia que ele estava me chamando, mas eu fingi não ouvir e continuei seguindo adiante.

O terror causado por sua lanterna, lá na <Torre de Espíritos>, ainda me assombrava… A simples ideia de encontrá-lo novamente era apavorante. Ah, por favor, por que diachos ele está me chamando?

— Por favor, espere um pouco.

Mas parece que eu já era seu alvo; Bae Jaemin me perseguiu obstinadamente,  recusando-se a me perder de vista. De repente, ouvi um *whoosh* e uma rajada de ar excepcionalmente gelado roçou meu braço. Antes que eu pudesse reagir, estava perto o suficiente para que meu nariz quase tocasse o que parecia ser um suéter de malha bege.

Quando levantei o olhar, surpreso, vi que o homem que eu estava tão desesperado para evitar estava olhando diretamente para mim.

Olhos castanhos claros e ligeiramente caídos, acompanhados por um sorriso sutil e amistoso… mesmo assim, escapei rapidamente de seus braços e exclamei: 

— O-o que foi?!

Nossa, esse canalha realmente utilizou suas habilidades para bloquear meu caminho?

— Sinto muito mesmo. Eu te chamei, mas parece que você não me ouviu… — disse Bae Jaemin, olhando diretamente para mim. Apesar das palavras soarem como um pedido de desculpas, seu tom de voz era bem desalmado.

Apesar de seu olhar ser apenas parcialmente revelado, o único olho visível sob o tapa-olho emanava uma intensidade tão intimidadora que, instintivamente, abaixei a cabeça. Bae Jaemin avançou na mesma medida em que eu recuei. 

— Bem, isso pode soar um pouco estranho, mas…

Ele pausou.

Recuei instintivamente, movido pelo medo; no entanto, Seo Dawon me segurou pelos ombros, e seu toque firme me fez recuperar gradualmente um pouco de coragem. Parando de retroceder, encarei Bae Jaemin com uma pequena dose de confiança.

Arrependi-me instantaneamente de ter olhado diretamente em seu olho novamente, pois fiquei paralisado, incapaz de fazer isso ou aquilo – como se tivesse sido petrificado pelo olhar da própria Medusa.¹

A presença firme de Seo Dawon atrás de mim acalmou parte da minha ansiedade; ele, sozinho, foi o único conforto que tranquilizou meu coração, permitindo-me recuperar um pouco da minha expressão habitual.

— Porventura... não nos cruzamos em algum lugar antes? — Bae Jaemin finalmente revelou suas intenções, seu olhar ainda persistentemente analisando o meu semblante.

— Que? Não?

— É mesmo? Então por que tenho a sensação de que já o vi?

Não me diga… ele me reconheceu?

Bae Jaemin definitivamente direcionou a lanterna para mim, mesmo que por um instante, na <Torre de Espíritos>. Por mais que eu revirasse minhas memórias, além daquele momento, nossos caminhos nunca haviam se cruzado antes.

Portanto, a questão era se ele se fixou em mim porque reconheceu meu rosto completamente, ciente das circunstâncias do nosso encontro, ou se sua atenção foi capturada por algo mais vago, intuitivo.

Por isso, decidi me desconectar dessa situação a todo custo. 

— Me desculpe, mas eu realmente não tenho tempo para estar conversando com você assim… Acho sinceramente que você está me confundindo com outra pessoa, pois até agora, eu só o vi na TV.

Então, dei uma olhada furtiva em meu entorno.

Bae Jaemin percebeu meu olhar, não descolando seus olhos dos meus. Eu esperava que ele notasse o número de pessoas que se aglomeravam ao nosso redor.

Como esperado, ele tomou ciência dos fofoqueiros que nos rodearam. As pessoas se perguntavam por que Bae Jaemin estava conversando com um mero plebeu, sussurrando entre si: “O que está acontecendo?”

Se ele continuasse agindo agressivamente nesta situação, eu poderia concluir que ele tinha alguma suspeita razoável sobre nosso encontro na <Torre de Espíritos>. Entretanto, caso ele recuasse, eu certamente escaparia dessa crise momentânea. Mesmo que ele desconfiasse de mim, não havia qualquer evidência para confirmar suas suspeitas e, conforme meus cálculos, ele não sairia do personagem em público.

No entanto, ele reagiu de uma forma completamente diferente do que eu esperava.

— Então, pode me passar o seu número?

— …Quê?

— Agora… É óbvio que você está ocupado e que há muitos olhares curiosos ao nosso redor. Não posso retê-lo aqui… mas, se você pudesse me conceder uma hora do seu tempo…?

Por que ele está falando de forma tão melosa…?

Para aqueles que não sabiam da situação, pareceria que Bae Jaemin… em relação a mim… Ah, esquece. Seria muito nauseante concluir esse raciocínio.

E é claro, sem saber das suas verdadeiras intenções, tentei encerrar a situação em uma única jogada.

— Bem, eu não vejo motivos para concordar com isso…

— Dada a sua hesitação… Como eu suspeitava, você já me conheceu antes, não conheceu? — exclamou Bae Jaemin ao perceber a nuance negativa das minhas palavras.

Ah… Droga…

Que engraçado. Se eu mandasse ele se lascar, seria um sinal de que já nos conhecemos no passado? Não é como se ele estivesse completamente equivocado, também…

Enquanto contemplava sobre a melhor maneira de rejeitá-lo, algumas pessoas passaram com passos confiantes e se aproximaram de Bae Jaemin.

— Usando seu translocar para avançar à frente de nós… O que está fazendo, hein?

— Quem é ele? Vocês se conhecem?

— …Eita? — exclamou a mulher tatuada do grupo que se aproximou, arregalando os olhos ao me reconhecer. Ela havia ido à minha casa ontem para comprar um Barnázio.

Bae Jaemin percebeu a reação dela e, apontando para mim, perguntou: 

— Você o conhece?

— Foi ele que estava vendendo uma porrada de Barnázios ontem. — respondeu ela, de forma elegante, para a minha decepção. Gostaria de tê-la impedido de responder.

Bae Jaemin simplesmente expressou uma exclamação de contemplação.

Ao todo, quatro pares de olhos me observavam com interesse.

 


Nota:

1 – A expressão utilizada aqui é “caught between a rock and a hard place”, que literalmente se traduz para “preso entre uma rocha e um lugar duro (rígido)”. Esta expressão é usada para descrever uma situação difícil em que alguém se encontra entre duas opções igualmente desagradáveis ou desfavoráveis. No caso, eu pensei que seria mais apropriado mudar o significado para enfatizar o estado de “incapacidade” dele.

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