Arco 1
Capítulo 12
Senti algo tocando a sola dos meus pés e meu corpo parou de afundar. Será que eu finalmente alcancei o fundo do lago?
Parabéns! Você passou o primeiro desafio sem arranhões e recebeu a chave para a próxima rodada!
Como se tivesse lido meus pensamentos, uma mensagem dourada do sistema surgiu diante de mim, parabenizando-me por ter completado a fase. Uma pequena chave dourada flutuava à frente da mensagem; assim que a alcancei com a mão, o chão começou a brilhar intensamente… era como se alguém tivesse acionado um interruptor.
Ao olhar ao redor através da luz, percebi que estava sobre um gigantesco túmulo, situado no fundo de um lago infinito e deserto. No final do túmulo, havia a cabeça de um leão esculpida em pedra, cuja boca aberta parecia ser uma entrada. Talvez seja o caminho para seguir em frente…
Sem outras opções de saída visíveis e com nada além de vastidão ao redor, fui forçado a atravessar a mandíbula aberta da estátua. Isso, apesar da apreensão que sentia.
Uma porta de ferro preta bloqueava a passagem pela boca do leão, e o encaixe parecia se ajustar perfeitamente à chave que eu acabara de receber. Ao passar pela porta, uma luz intensa envolveu meu corpo.
Logo, fui transportado para uma caverna desconhecida, ainda totalmente encharcado.
* * *
— [Clack Clack]
— Haaaah…
No momento que pisei na caverna, o espírito de água no meu pescoço desapareceu. Lackey e eu desabamos na entrada, exaustos.
As dungeons que experimentei até hoje são completamente diferentes da <Torre de Espíritos>. Nas dungeons que visitei, os monstros não eram tão ameaçadores — se algum deles tinha um nome, provavelmente era apenas um lobo maior ou um orc de cor diferente…
Poucos minutos atrás, se não fosse pela ajuda do Animista, eu teria me afogado. Não senti alívio por escapar dessa crise; em vez disso, estava completamente exausto, tanto física quanto mentalmente, e deprimido. Acima de tudo, estava ansioso por estar separado do resto da party.
— [O-hoo-hoo-hoo.]
Bem ali, ouvi um som estranho vindo à frente.
Eu tive a impressão que eu estava ouvindo ruídos de fundo por algum tempo, mas… Tá de brincadeira, tem algo se aproximando?
Imediatamente, fiquei de pé, e Lackey seguiu meu exemplo, ficando em alerta. Logo, uma risada arrepiante ecoou pelas paredes da caverna, dessa vez um pouco mais próxima.
— [Hahahaha!]
Ops… você ficou muito tempo parado. O demônio da torre está se aproximando e parece animado para te conhecer!
Minha intuição estava certa.
Diante dos meus olhos, uma mensagem de alerta informava sobre a aparição de um monstro. Fui obrigado a me afastar dos sons cada vez mais frequentes de cacarejos. Posso estar indo em direção a outra armadilha, mas agora a minha maior prioridade era evitar aquele monstro…
Ao virar uma esquina, avistei uma sombra pairando do outro lado.
— [Quem está aí? É você quem vai brincar comigo hoje?] — Ela cantarolou em um tom sombrio.
Não tive outra opção a não ser me virar e fugir na direção oposta.
Dessa vez, encontrei e entrei em outro beco através de uma estrada bifurcada. Ainda sim, mesmo correndo, o canto parecia se aproximar cada vez mais.
Voltei para a bifurcação, costas apoiadas contra a parede. Eu queria ver a aparência do monstro, então virei-me na direção dos cacarejos. Eu quase dei um grito ao ver.
Inicialmente, pensei que ela fosse apenas outro ser humano. No entanto, à medida que o monstro se aproximava e parava sob a luz presa à parede, sua figura grotesca foi revelada.
No lugar de seus olhos haviam órbitas vazias, de onde escorriam lágrimas de sangue. Sua boca estava assustadoramente rasgada e ela vestia um vestido branco repleto de sangue, segurando uma sombrinha aberta.
— [Onde você está? Onde você está?] — Ela cantarolava e soluçava… Eu sabia que, se fosse capturado por esse monstro, minhas chances de sobrevivência eram nulas. Para escapar, enviei Lackey à frente, esperando desviar a atenção dela.
Lackey correu deliberadamente na direção oposta ao meu caminho escolhido. Quando Lackey passou, o monstro virou a cabeça em 180 graus e encontrou o meu esqueleto. Com o pescoço virado daquela maneira, ela começou a correr em direção a Lackey. Um arrepio percorreu minha pele diante daquela visão horrenda. Como eu suspeitava, o monstro sem olhos era sensível aos sons — parece que minha expectativa de vida foi estendida por mais algum tempo…
Esperei silenciosamente o monstro desaparecer de vista antes de correr para o outro lado.
Novo dado de monstro foi adicionado!
.
.
[Torre de Espíritos - Lulu, quer um novo amigo para brincar!]
Lulu, conhecida como o demônio da armadilha do labirinto, é uma criatura em busca de um "amigo" empático que tolere sua natureza infantil.
Ela possui resistência a ataques de atributos de trevas e maldição. Com poder e velocidade impressionantes, a melhor opção ao encontrá-la é fugir rapidamente. Além disso, Lulu vai chorar e chamar a sua babá se as coisas não saírem do jeito dela. Há boatos que essa babá é bem rigorosa com os “amigos” dela.
.
.
Após avistar Lulu, as informações sobre o monstro foram atualizadas, apresentando-se de forma semelhante às informações sobre o Peixe Mão-Mordaz.
A última frase da explicação era especialmente horripilante.
Isso não significa que, assim como a criatura cavalgando a enguia, há um boss intermediário nessa fase? Torcendo para que Lulu não chorasse, continuei pelo labirinto, marcando as paredes com minha adaga.
Mas…
“Lackey” está em perigo!
Um alerta indicando possível perigo para meu servente apareceu. Droga, ele já foi pego? Felizmente, serventes podem ser chamados de volta ao meu lado. Assim, usei a habilidade [Re-invocar] e teletransportei Lackey de volta para a segurança.
— [Clack Clack Clack!!!]
Lackey cambaleou ao ser repentinamente re-invocado, mas ao me ver, correu apressado para abraçar minhas pernas.
Estava me perguntando o que havia de errado com ele, então abri seu menu de status para verificar.
Humor atual: ‘Estou com muito muito muito medo!’
Minha consciência pesou. Afinal, eu também ficaria apavorado se um monstro me perseguisse com a cabeça virada em 180 graus.
— Desculpe… vamos dar o fora daqui o mais rápido possível. — Soltando as minhas pernas dos braços de Lackey, voltei à bifurcação mais próxima, procurando um caminho que ainda não tivesse marcado com minha adaga.
— [Waaaaaaaaaa!!]
Eu ouvi um choro tremendo.
Embora distante, o som era definitivamente de Lulu.
Ah... por que você está chorando se eu nem cheguei a tocar em você? Se continuar assim, a sua "babá’"monstro vai aparecer! Me escondi, assustado, bem a tempo de Lulu fazer outra birra.
— [PARA ONDE O MEU AMIGO FOI?!?!]
Não é possível, ela está procurando pelo meu “Lackey”? Olhei para baixo e vi Lackey agarrado aos meus pés, tremendo e balançando a cabeça em sinal de negação.
Arghh… É pedir muito que uma criança como essa enfrente aquele monstro de novo… Após suspirar, peguei Lackey no colo e segui pela única passagem sem marcação.
Enquanto isso, Lulu continuava com seu escândalo, seus berros altos ecoando por toda a caverna. Ela fez um barulho tão estridente que, se eu fosse a babá daquela criança, não conseguiria ignorá-lo. Seus choros eram mais perturbadores do que um alarme de incêndio, bem mais…
A babá de Lulu, “Marien/Marienne” está à sua procura.
Ela promete à Lulu “Vou trazer um amigo que não fugirá novamente.” Não é evidente por que ela ficou tão mimada?
O sistema anunciou a entrada de outro monstro nomeado, como se estivesse zombando de mim. Do outro lado da caverna, comecei a ouvir passos pesados não ouvidos antes.
Corri em direção ao que acreditava ser o final da caverna com uma velocidade surpreendente. Como Lackey era muito pequeno e provavelmente ficaria para trás, fui obrigado a chamá-lo de volta para o meu subespaço¹.
— [Minha querida e jovem senhorita… você merece estar cercada apenas pelas coisas mais preciosas... mas você está presa num lugar como esse…]
Os murmúrios sinistros da babá ecoaram atrás de mim. Conforme sua voz se aproximava, decidi correr sem olhar para trás. Como diachos ela descobriu minha localização tão rapidamente?
Quando cheguei ao que pensei ser o final do caminho, ele se dividiu em dois. Com uma enorme e grotesca sombra me perseguindo, eu não tinha tempo para pensar com cuidado.
As chances são 50/50 mesmo; acabei optando pela esquerda…
— ...U-um beco sem saída? — Para minha sorte, após poucos passos, uma parede surgiu bloqueando o caminho.
Em pânico, virei para retornar ao ponto onde os caminhos se dividiam. No entanto, na entrada do meu caminho, me deparei com a cabeça de uma mulher cheia de rugas, seus olhos vermelhos de vasos rompidos. Eles encontraram os meus com uma expressão feroz e assustadora.
— Aaaahh!! — Soltei um grito no instante em que nossos olhos se encontraram.
Para piorar, sua cabeça era sustentada por um pescoço incrivelmente longo, coberto por uma pelagem densa…
— [Foi você que fez a minha menininha chorar?]
Sem sombra de dúvidas, aquele monstro era a babá de Lulu.
Nota:
1 – Um espaço alternativo oculto que, nesse contexto, é como um ‘espaço pessoal’ do Usuário. Como um inventário, mas para ‘criaturas’ (serase o lugar onde os pokemons residem? :o)
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