Volume 1
Capítulo 5.3: Os normies querem um Campeonato
— Então, o que nós vamos fazer? — perguntou Lucas se direcionando para nós.
Tínhamos perdido o início da terceira aula, então não podendo entrar na Sala nós descemos as escadas e invadimos a aula de física da turma D, do primeiro ano; era vantajoso para nós, já que a quarta aula seria física para mim e Caio. Já para Lucas a quinta aula para ele seria de educação física, Lucas apenas perderia duas aulas, mas para um gênio como ele, isso não é nada.
Para não sermos pegos pelo professor, atravessamos o pátio e fomos até o lado de fora da quadra em direção ao portão principal. Lá havia alguns bancos que os alunos usavam para descansar enquanto o último sinal de entrada não era tocado. Eu me sentei em um banco em frente uma pequena escada, Lucas e Caio me acompanharam, Caio encostou-se no corrimão da escada e Lucas apenas parou a minha frente.
O sol morno da manhã se chocava contra o meu rosto e o vento leve chacoalhava as folhas dás árvores.
Eu adoro esse clima de início de tarde, apesar do Sol estar muito alaranjado hoje, eu apenas poderia congelar o tempo e ficar aqui para sempre.
— Temos que criar um grande motivo para fazer esse campeonato acontecer, mas eu não consigo pensar em nenhum agora — falou Caio.
— Hm, as garotas que querem participar, quem são? — perguntou Lucas, com uma de suas mãos no queixo.
— Lucy e Anna. — Caio e eu respondemos Lucas ao mesmo tempo, Lucas ficou mudo por um momento como se duvidasse do que tinha acabado de ouvir.
— Lucy Reis e Anna Gabriel? — Lucas perguntou com leve desconfiança.
— Uham. — Caio e eu apenas fizemos um barulho com a boca para concordar.
— ...Então temos que fazer esse campeonato acontecer. — Lucas deu as costas para nós, olhou para o céu e disse como se estivesse determinando algo.
Caio e eu nos olhamos.
Por que de repente você ficou tão sério sobre isso seu desgraçado?
— Por que vocês querem que esse campeonato aconteça?
Eu quero saber o motivo de tanta afobação por uma falsa sensação de vitória.
A cada partida vencida trará uma falsa sensação de vitória e a cada partida perdida trará o que eu chamo de “a verdadeiro sensação”.
A verdadeira sensação e aquela que traz a tristeza a raiva e o rancor, essas sensações são as únicas que não são falsas, porque você não escolhe sentir raiva, você não escolhe sentir tristeza, você não escolhe sentir rancor; você não pode controlar esses sentimentos nem os manipular, essas são as verdadeiras sensações, Imanipulaveis quase imutáveis.
— Porque o cotidiano é extremamente chato. — Lucas e Caio se olharam e falaram simultaneamente.
Eu fiquei surpreso com a resposta.
— Nós queremos nos divertir — falou Caio.
— Nós queremos algo diferente, para variar um pouco... Seguir a correnteza as vesses é extremamente chato.
Eu me espantei com as palavras de Lucas. Meus olhos e sobrancelhas se levantaram, eu fiquei sem palavras.
Como dóis mestres da vida social estão achando a vida que eles levam chata? Como dóis mestres da vida estão querendo reivindicar os seus direitos fora do curso da correnteza? A correnteza que lhes deu todo que eles conhecem.
Se eu me junta-se com esses dois... Se eu virasse amigo desses dois, talvez eu pudesse mostrar o novo mundo para eles, uma forma mais simples de viver.
Ah, droga! Por que é que eu estou imaginando todos nós saindo juntos para curtir? Por que eu estou me imaginando rindo junto com eles?
— Droga...! Seus desgraçados, vocês vão ficar me devendo. — Me apoiei na minha perna esquerda e coloquei minha mão na testa, minha cabeça estava doendo muito com essas imagens.
— Não precisão pensar sobre isso — eu suspirei — eu vou encontrar uma resposta.
— Onde eles estão? — Lucy.
— Ah! Lucy! eles estão ali. — Anna.
Por alguma razão eu comecei a ouvir a voz das garotas se aproximando de longe.
— E você... Por que você quer que o campeonato aconteça? — Lucas me perguntou com seriedade, seus braços estavam cruzados e seu rosto estava sério.
— Na verdade... Eu não me importo se o campeonato vai acontecer ou não, mas se fosse para resumir — suspirei — Eu quero ver garotas em roupas esportivas.
— ...É esse? Esse é o seu motivo? — Lucas me questionou, eu apenas o olhei.
— Pus...! Há, ha-ha-ha-ha...!
— Há-ha-ha-ha...!
Espera... Esses dois estão rindo? Eu realmente fiz eles rirem? Isso é incrível, há...
— Há, ha-ha-ha-ha...! — Levantei minha cabeça para o seu e comecei a rir da situação sem restrições. Naquele momento, eu apenas estava sendo eu mesmo, e se eles gostaram, é apenas ótimo.
Essa sensação, essa alegria, ela é tão... Simpática, será que eu vou voltar a senti-la um dia? Bom, eu não sei. Mas... nesse momento... nesse exato momento... eu apenas vou aproveitá-la ao máximo.
As garotas chegaram aonde nós estávamos.
Anna e Lucy me olhavam com surpresa, elas apenas olhavam para mim. Essa é a primeira vez que elas me vêm sorrindo assim, e por algum motivo, eu sentia que elas também estavam sorrindo.
Quando eu finalmente abrir os meus olhos e olhei para elas, ainda com um sorriso no rosto, Lucy e Anna sorriram de volta; e ao mesmo tempo seus lábios finos e macios falaram simultaneamente: — Nós conseguimos.
Eu me espantei e logo coloquei um sorriso desconfiado em meu rosto.
Anna, Lucy e eu voltamos para a biblioteca, apenas pela privacidade de podermos conversar livre mente sobre nossos pensamentos e ideias para o Campeonato. Lucas voltou para dentro da escola, se ele não fosse pego pelos expectores, Lucas tentaria entrar no início da quarta aula, já Caio ficou onde estávamos anteriormente, a quarta aula já estava se aproximando, era mais vantagem para ele tomar um banho de Sol até que a aula começasse.
— Nós conseguimos, conseguimos convencer as garotas a participar — disse Lucy com animação.
— Apesar de que deu um trabalhão... — Anna falou esticando seus braços sobre a mesa em tom de reclamação.
— Essas mulheres — falou ela, suspirando.
Eu concordo completamente com você Anna, “essas mulheres...”
— E então, o que vocês descobriram — Lucy perguntou.
— Descobrimos que quem espalhou o boato foi um garoto do segundo ano, o nome dele é Jonas, mas ele não é importante, a representante da sala dele que é, ela vai nos ajudar a fazer o Campeonato acontecer. E também, quando chegamos na Sala, ficamos sabendo que Jonas estava em uma reunião com os professores, ou seja, o boato já não vai ser mais um boato até amanhã de manhã e é provável que a essa altura, muito dos professores já estejam sabendo.”
— Hm, isso vai se transformar em uma bola de neve... Quando os alunos descobrirem que os professores sabem da ideia do Campeonato, a ideia vai se transformar em realidade e a realidade vai se transformar em uma opção, e a opção não vai ser apenas pressionar os representantes de classe, mas os professores também — disse Lucy.
— Isso não é bom, a escola vai estar uma bagunça amanhã — falou Anna.
— Exatamente. É por isso que precisamos encontrar uma desculpa rápido, temos que ter pelo menos uma ideia pronta até amanhã.
Certo, com os professores bem informados... Temos que ter uma grande desculpa detalhada e solida até o fim da semana.
— Com as garotas participando agora, eu pensei que poderíamos usar uma desculpa de inclusão feminina em um esporte que é, em sua maioria...
— Não, isso não vai funcionar. As garotas já estão inclusas futebol, elas só não têm tanta visibilidade... Têm que ser outra coisa. — Anna cortou a minha linha de raciocínio para falar, ela estava roendo uma de suas unhas enquanto pensava.
Anna está certa, as garotas jogão futebol a anos e até existem campeonatos femininos. Droga! quando foi que eu fiquei tão burro?
— Na verdade acho que nós podemos manter a desculpa das garotas, mas no geral temos que contar essa história de outro jeito — falou Lucy.
— Talvez... Se dissermos que esse campeonato pode ajudar a unir os alunos. Na situação que nos encontramos agora, os terceiros ficam com os terceiros e os segundos ficam com os segundos e assim por diante. Se dissermos que essa competição ajudaria a quebrar essa barreira geracional que temos nós dias de hoje... — Continuou Lucy, diminuindo o ânimo até o fim.
— Hm, também podemos dizer que esse campeonato incentivaria a união dos alunos para trabalharem juntos e conquistar um objetivo em comum. A desculpa é que isso incentivaria uma competição amistosa entre as gerações, incentivando a comunicação e a melhora quanto de si mesmos, quanto de seus companheiros; infelizmente, uma sociedade não evolui se os indivíduos não trabalharem juntos. — Após terminar minha linha de pensamento, Anna e Lucy ouvindo-me falar sobre a sociedade, se encararam com desconfiança, elas estavam sorrindo.
Lucy suspirou com um sorriso.
— Acho que podemos usar isso, e se colocarmos a troca de ideias entre os sexos opostos, para que o campeonato acontecesse, seria interessante. — Após terminar, Lucy estava estranhamente vermelha.
O que é isso garota? Está voltando a sua época de sétima série onde você não conseguia falar sexo sem dar uma risadinha.
— Hm. — Eu sorri desconfiado.
— Certo, e às meninas, quantas salas vão participar?
— Hm... Vamos ver, nós vamos poder contar com todas as cinco salas do lado direito do segundo ano e com todas as dez salas do piso de baixo, os primeiros anos — disse Anna.
— E as garotas do terceiro ano? — Eu perguntei.
— Me desculpe, mas as garotas do terceiro ano são assustadoras.
— Hm, Hm.
Anna falou com sua cabeça baixa, como um cachorro assustado, enquanto isso, Lucy apenas concordou firmemente com sua cabeça.
Eu entendo, se eu mesmo já acho as garotas do primeiro ano assustadoras, imagine as do terceiro. Provavelmente quando Anna perguntou se elas queriam participar, as garotas devem ter quase acabando com ela.
— Deixa eu ver, acho que elas disseram algo assim: — Ah?! Do que você está falando garota? Não somos mais crianças para ficar brincando de casinha com os primários. Saia logo daqui antes que eu acabe com você.
— Oooohhh, você as imitou muito bem — Falou Anna se lançando para cima da mesa com animação.
— Hm, você fez alguma aula de teatro quando mais novo? Isso ficou estranhamente parecido — disse Lucy com uma das mãos no queixo, ela me olhava seriamente como se estivesse tentando achar algum defeito na minha atuação.
— Mas isso é uma pena... Eu queria ver elas jogarem.
Eu relaxei olhando para o horizonte, eu estava expressando os meus mais sinceros sentimentos.
— ...Hã?! — As garotas me indagaram com um olhar extremamente estranho e assustador, era como se elas dissessem: “O que você está balbuciando aí? Sua escória humana”.
Por favor não me olhei assim, eu apenas estava me expressando.
— Mas ao todo, 25 salas querem participar, hm... Vocês são incríveis. — Após elogiá-las, Lucy e Anna se olharam espantadas.
Eu nunca conseguiria juntar tantas pessoas assim, em troca de algo dão bobo como um Campeonato.
— Eu só espero que tudo dê certo, eu tive que paparicar um monte de gente no processo, Ha-ha-há — disse Anna com uma risada simples.
Nesse momento Anna e Lucy começaram a me encarar de um jeito, devo dizer, preocupante.
— Ehh... Eu posso ajudar em alguma coisa? — Eu perguntei um pouco preocupado.
— Ahh!...
— Ehh...
— Não... Na verdade pôde. — Nesse momento elas se atrapalharam e eu definitivamente não entendi nada até o “pôde”. Anna e Lucy estavam estranhamente coradas.
— Ehh... Hm... Nós podemos cheirar o seu cabelo? — Anna finalmente terminou a sua pergunta, um tanto curiosa.
— Ehhh... Não. — Eu respondi, com o meu mais sincero sorriso gentil no rosto. Eu até mesmo fechei os meus olhos para parecer mais infantil.
BOM!!!
Com os olhos fechados eu escutei um estrondo na mesa e me assustei, quando eu abri os meus olhos Anna estava levantada com suas duas mãos sobre a mesa, seu rosto estava extremamente corado e ela estava puta.