Volume 1

Capítulo 1: Interferência de informações com Arthur William

Bom, o que uma pessoa comum pensar em seu primeiro dia de aula? Se pensarmos com cuidado: “certo, esse é o primeiro dia, eu espero me enturmar com facilidade”, “eu não quero passar o resto do ano sozinho, isso seria triste, então vou dar o meu melhor hoje”. Isso, meu amigo, era a visão ansiosa de um jovem no seu primeiro dia de aula.

Mas, como eu penso estando em meu primeiro dia de aula: “certo esse é o primeiro dia, eu estou em um colégio que atende o ensino fundamental e ensino médio, isso significa que vou me deparar com pessoas do sétimo ano ao terceiro ano escolar, mas não devo me preocupar com o fundamental, estando no primeiro ano temos andares e intervalos separados, com isso estou dizendo que raramente vou ver esses pivetes.

“Minha sala é a “E” e geralmente às escórias do ensino são jogadas na Sala E. Hm! Perceberam que escória começa com E? Eu percebi, mas voltando a linha de pensamento.

“Quantas pessoas cabem em uma sala de aula, se eu pensar seriamente: para o senso comum 18, para o mundo seriam 30 e segundo a legislação do país 35, mas resumindo para o colégio que eu estou — Madrinha — eu posso pensar em 6 fileiras vezes 5, que daria 30 alunos em sala. Pensando que não quero interagir com ninguém o resto do ano, vou limitar o meu espaço para as cadeiras do fundo, vou me sentar na quinta fileira na penúltima carteira”.

Meu raciocínio seria esse. E dentro da sala de aula longe dos olhos curiosos é onde eu estou agora.

Eu me sento aqui desde que eu ingressei no ensino fundamental, sempre aqui longe das pessoas, ouve uma vez que me sentei na frente, perto da Janela e essa foi a última vez que eu me movi para lá. O fundo da sala sempre é mais frio que afrente, mas encontraste, o fundão, como é popular chamá-lo é mais barulhento e caloroso.

Você pode pensar que o barulho é um problema para alguém que não quer interagir, mas quanto mais barulho menos olhares são enviados a você, as pessoas ficaram muito ocupadas olhando para os extrovertidos enquanto você muito provavelmente vai se isolar no seu mundo, profundamente até que o barulho não exista mais.

Mas como a voz do silêncio atrai olhares, pode acontecer pequenas nuances, assim como essa garota que está me olhando agora. Ela é linda, ela tem olhos castanhos penetrantes e cabelos longos, está usando o uniforme da escola — mas no seu próprio estilo — essa dama amarrou a parte de baixo da sua camiseta a deixar um lacinho e sua pele de fora, sua calça jeans estava rasgada nos joelhos. Mesmo eu a elogiando mentalmente, ela estava me olhando com desprezo. Em momentos assim, pode até se pensar que eu deva ter feito algo de errado para ela, mas não, ela apenas está me olhando assim porque sou diferente.

Garotas lindas e modernas te olham com desprezo por você não ser o tipo delas, e o seu silêncio as incomoda profundamente... Se a voz do silêncio atrai olhares, elogios banais atraem muito mais.

— Vadia. — Eu sussurrei, como se estivesse amaldiçoando ela. Estou debruçado sobre a minha mesa, com os braços cruzados e cabeça baixa, olhando para ela como um cão de casa.

— O que ele está resmungando?

— Não faço ideia, vamos logo.

Duas garotas pararam no meu ponto cego e sussurraram. Isso era comum de acontecer, quando estou pensando, deixo escapar algumas palavras.

Estamos em 15 de fevereiro e me repetindo, esse é o primeiro dia de aula. Minha mãe tem uma filosofia que apenas meninos estudiosos vão no primeiro dia, já os valentões pensavam diferente: “só mente os nerds vão ao primeiro dia de aula”. Se me questionassem, qual dos lados eu estou, eu diria que estou do lado — Ir ao colégio no primeiro dia de aula ou receber um presente misterioso da sua mãe. Eu não gosto de coisas misteriosas, então a segunda opção era mais palpável.

No primeiro momento posso tentar fugir das interações, mas não posso fugir da tradicional apresentação da sala, no em tanto, posso dizer que essa foi diferente da tradicional, não tive que caminhar até a frente, nem esperar as primeiras fileiras responderem.

Eu fui o primeiro de uma lista em ordem alfabética, então após o primeiro nome da lista ser chamado eu apenas me levantei e falei o meu: — Arthur William — e naquele momento um silêncio assombrou a sala e eu fui pego na regra dos três segundos, se a sala fica em silêncio por três segundos significa que o pior aconteceu.

Uma garota bonita disse: — Que  — e foi nesse momento que eu me transformei no palhaço da sala, eles não ouviram a minha voz, então começaram a rir pedindo para que eu repetisse, mas apenas me sentei em silêncio.

— Eu pensei que babuínos não podiam habitar escolas, mas pelo visto, minha sala está cheia deles — pensei, quase deixando escapar.

Tentando esquecer esse acontecimento, arrastei minha mão em baixo da minha carteira, procurando algo que me distrai-se; Madrinha tinha três turnos estabelecidos, o período noturno, o período da tarde e o período da manhã, eu estava no período da manhã, então se colocasse minha mão em baixo da carteira, teria algo além de um chiclete para me entreter, como uma folha do capacho estudantil — ou concelho estudantil como todos chamam.

Era uma lista de nomes sem critérios alfabéticos com pontos ao lado deles, aparentemente, uma votação foi feita no período noturno, isso me faz lembrar que teremos que decidir nosso representante de sala, o cara que vai trabalhar no capacho estudantil por nós, amanhã será o dia de escolhe-lo. Bom, eu não me importo quem seja escolhido, dito isso, não irei comparecer.

—— Um dia depois, 17 de fevereiro — 7:50 da manhã ——

— O QUE?! EU ESTOU NO CONSELHO ESTUDANTIL!

Ao entrar na sala, não tive ao menos tempo para colocar o meu material na carteira, a professora acaba de me informar tal tragédia tirânica direcionada a mim.

— Como eu deixei uma coisa dessas acontecer... —  sussurrei, com uma das mãos na boca.

A professora pareceu aflita com minha reação.

Não pode ser... onde foi que eu errei? Eu calculei que faltar no segundo dia de aula me daria tempo para terminar projetos inacabados como light Novels paradas e livros de fantasia que eu nem comecei a ler, ao invés de um problema com o conselho estudantil.

— Certo, recomponha-se e análise a situação. — Eu virei meu polo magnético para meus colegas de classe, todos fingiram que estavam conversando rapidamente; a análise foi feita, e a culpa era deles, totalmente deles.

— Babuínos... foram vocês? — pensei, com uma expressão fechada no rosto.

Eles são como um rebanho de bisões se movimentando aos montes e eu sou o bisão deixado para o sacrifício, para retardar os Lobos famintos. Mas nenhuma cabeça aqui pensa sozinha, não... bisões seguem uma hierarquia dominante, eles precisam de um líder e ele não está aqui, eu sinto isso...

— Ha-ha... — Eu sorri, cinicamente tentando me conter.

Essa era uma atitude eleitoral, não tinha motivo para me estressar, com isso em mente, talvez... eu consiga dar um jeito.

Eu comecei a sorrir inadvertidamente quando uma solução logica veio à minha mente. Uma solução que até mesmo um macaco de fraldas conseguiria entender.

— Professora...

— Sim.

—  A senhora sabe que a votação foi ilegal, não sabe?

— Hm! Por que você está dizendo isso?

— Eu sendo um eleitor legível... — Então comecei a dar uma breve explicação, mas muito precisa sobre o erro evidente na votação.

— Não sendo possível comparecer no dia das eleições, pois não fui enformado que seria no dia 16, após o intervalo dos primários. — Por um breve momento a professora começou a me olhar com incerteza. Mas eu estava convicto da ilegalidade.

— A votação para representante de sala foi clara mente fraudulenta.

— Hm... Não foi fraudulenta. Todos votaram igualmente e a maioria sempre vence! — Por algum motivo ela quis deixar essa parte bem clara:  — A maioria sempre vence.

Oh, essa frase vinda de você uma professora formada na faculdade da vida, dizer que a maioria sempre vence... Hm, então a senhora está admitindo a desconsideração das vozes mais fracas ao seu redor? A senhora confirma e admite que, quem pensa diferente da maioria, está automaticamente sendo refutado pela força da correnteza que chamamos de sociedade?

Fique a senhora sabendo que eu não preciso me adaptar a essa correnteza. Pode ter certeza de que eu sou aquela rocha que atrapalha o fluxo de vocês.

— Todos...  — Eu sorri, involuntariamente. — Eu não votei.  Acho que, sendo a minha pessoa o fogo de aceitação. O meu voto um claro “não”, para minha entrada no conselho também é importante.

Quando terminei minhas explicações, a professora aparentava ter desistido de mim. Então ela me mandou na direção da pessoa que teria dado o último voto de consentimento e concordado com a minha entrada como representante.

— Segundo andar, livraria. — Foi o que ela me disse, então sai da sala e comecei a me guiar pelas paredes de tijolos vermelhos, passei pelo portão de aço que separava os andares, e subi os últimos dois lances de escadas que dariam no último andar; havia dois andares na escola Madrinha e em cada andar tinham 12 salas em ordem alfabética de cima para baixo, a livraria ficava na saída da segunda escada no lado esquerdo do prédio, eu passei novamente por mais um portão de aço e me encontrei de frente com a porta de ferro azul da livraria, mas conhecida por mim como — sala dos desocupados.

A maioria dos estudantes nem se quer entram aqui. Será que eles sabem que essa sala existe? Provavelmente os professores perguntam para eles:

— Vocês sabem o que é literatura? — Então eles respondem: — O que é isso? É de comer?

Penso que imbecis existem em todos os lugares, mas eu sempre tive um pressentimento que, eu acabo atraindo mais imbecis do que o comum e isso acaba me gerando problemas e mau entendidos, porque quando o assunto é responder imbecis, eu não tenho a paciência diplomática de um professor.

Eu coloquei minha mão na maçaneta da porta e engoli minha saliva a seco.

Nesse momento a responsabilidade de sair dessa enrascada tomou conta do meu corpo. Eu precisava me levantar e correr antes que os lobos me alcançassem. E por algum motivo que eu desconheço, estou me sentindo muito confiante... Será que estou tendo uma crise de chuunibyou? Céus! não preciso disso agora.

Ele está aqui... O bisão pensador. Talvez a maior mente que já habitou esse colégio. Talvez? Não... é a maior mente e eu preciso enfrentá-lo.... Agora!! — Eu me incentivei mentalmente com um grito de guerra interno, então finalmente abrir a porta.

O sol quente da manhã se chocou contra os meus olhos, senti o vento soprando pelas janelas abertas da sala e me surpreendi quando as cortinas cobriram o sol, havia uma garota de olhos castanhos claros e cabelos cor de mel sobre o vento, ela estava diante de mim.

Não importava como você a olhasse, ela é linda... espera, isso é definitivamente o desenvolvimento de uma comedia romântica. Então a regra é clara, ela deve se apaixonar por mim agora e devemos ficar juntos no final do mangá no volume 26, depois do autor enrolar o desenvolvimento do nosso romance e encher a burra de grana.

Ela estava com o uniforme social branco da escola, seu corpo era o que as pessoas chamam de atraente, cintura fina e quadril ligeiramente largo.

Eu entrei na sala com a cara de alguém que procurava a apropria mãe, eu estava em trance e nesse momento, tinha encontrado a deusa que iria me levar ao caminho certo, ou seja, eu estava com a cara de um imbecil sem mãe.

— O que você quer? — disse ela suavemente, mas com clareza.

Na medida que a olhos castanhos se aproximava, quando ela quase colou ao meu corpo, meus olhos foram baixando do seu rosto até seus seios.

Não é que eu queria olhar para eles, mas quando uma pessoa de estatura menor que a sua própria se aproxima de você, sua mente tende a baixar seus olhos na medida em que a pessoa se aproxima. Eu só escorreguei um pouco abaixo da linha dos olhos. Mas os seios dela são relativamente grandes, mas perfeitos, nem muito grandes e nem muito pequenos, perfeitos eu diria. Ela tinha no pescoço uma corrente com um pingente com a letra — L — talvez fosse a primeira letra de seu nome.

— ...Ou eu deveria perguntar. Quem é você...? — Ela falou com uma expressão de repudio, quando percebeu para onde eu estava pateticamente olhando.

A garota pressionou a sola do seu sapato contra o dedo do meu pé, fazendo com que eu saísse do trance estreitando os meus dentes de dor.

— Eu, eu sou o Arthur — disse fracamente.

— Ah! Arthur!

Céus ela é uma Tsundere? Como pode ter saído daquela expressão de repudio para essa cara sorridente.

— Tsundere. — Ao pensar nisso, inadvertidamente eu falei.

— Ah? Eu não sou uma Tsundere — falou, dando as costas para mim e caminhando em direção à janela, eu apenas a segui.

Ooh, ponto para você olhos castanhos. Você sabe o que significa? Até mesmo a pronúncia foi correta.

Eu puxei uma cadeira e me sentei à mesa, enquanto ela ficou de pé do outro lado.

— Vou começar te dizendo o básico. Para que você não fique enrolado com suas obrigações escolares. Você poderá se dispor de duas aulas para realizar suas tarefas no concelho, mas terá que decidir quais são e não poderá faltar duas aulas da mesma matéria seguidas... — Enquanto ela falava eu não esbocei nenhuma expressão.

Cara como essa Tsundere fala, estou impressionado com a velocidade que ela fala. Na verdade como ela memorizou todas as regras e condições do conselho estudantil então pouco tempo; esse é só o terceiro dia de aula e eu ainda não consegui memorizar todas as matérias do ensino médio. Eu acho que eram 12 no total e se forem doze mesmo... eu não irei tentar memoriza-las.

— O nosso trabalho e ajudar os professores com as dificuldades da classe e com os projetos de melhorias e viagens do colégio. — Após terminar, ela deu um leve suspiro e recuperou o ar.

— De início, é só isso. Você entendeu? — Um silencio ficou no ar, enquanto eu olhava para ela completamente paralisado.

— Eu quero deixar o concelho estudantil.

— ...O que você disse? — Ela estreitou os olhos com um olhar repulsivo direcionado a mim.

Me desculpe eu sei que sou um ser humano horrível, por ter deixado você falar tudo isso sem te interromper uma única vez. Mas por favor, não precisa me olhar como se eu fosse algo repulsivo em cima de uma cadeira.

— Você não pode sair, nós já estamos aqui.

— Nós? — Eu levantei as sobrancelhas confuso.

Até porque no meu mundo, não existe — nós — Só existe — eu.

— Sim, você e eu estamos no concelho estudantil, o colégio reorganizou o formato.

Ooh, é mesmo eu li isso no quadro de avisos, o colégio decidiu colocar dois membros como representante de sala, o formato novo coloca um dos alunos como representante do conselho e o outro como porta voz da sala a ideia é dividir a carga de trabalho. Mas uma garota e um garoto, o que é isso? Algum tipo de sermão social?

Se ela enfiasse goela abaixo argumentos validos para eu ficar, com certeza eu ficaria, se fosse sozinho é claro, mas agora que sei que essa Tsundere estaria aqui todos os dias, não fico nem morto.

— Os alunos da classe disseram que você queria muito entrar no conselho. Porque você ficou em segundo lugar entre os melhores alunos da sala.

— Primeiro! muito é um exagero e segundo, eu fique em primeiro lugar nós melhores alunos da classe. Esse é único fato do qual posso me gabar, então fale ele corretamente.

Primeiro lugar na primeira prova de conhecimentos gerais da classe é uma conquista e tanto, considerando que essas provas testam os seus conhecimentos gerais do sétimo ano até o nono ano,  e que eu estou oficialmente voltando para esse colégio no primeiro ano, eu estou bem animado com o meu resultado.

— Errado!

— Hã? por que?

— Porque eu serei a primeira agora, então já estou te considerando o segundo. Comesse a assimilar essa ideia.

Mas que Tsundere arrogante, como pode ser tão arrogante? Essa mulher mostrou sua verdadeira face agora. Ela é mais uma daquelas mulheres modernas que acham que são melhores que os outros, só porque foram providas de uma beleza anormal para os padrões sócias. Com certeza uma das minhas inimigas diante dos meus olhos.

— Você se acha melhor que os outros, não é?

— Eu não acho, eu sou melhor. — Ela falou e eu fechei minha cara.

— Cara feia para mim é fome.

Ela ultrapassou a linha. Essa mulherzinha não vale o meu tempo, eu chequei aqui com o propósito de resolver um problema e não criar outro, adeus olhos castanhos.

Eu simplesmente me levantei em silencio a caminho da porta.

— Onde você vai? — Ei!! Estou falando com você, eu não posso ficar no conselho sozinha.

O que deu nela? De repente a confiança foi embora e agora prefere pedir clemencia ao perder o seu único ouvinte? Essa mulher deve odiar ser ignorada.

— Você não está sozinha... seu ego está com você.

— Hã... hm. — Ela pareceu ficar sem jeito depois do que eu disse, seu rosto estava ficando vermelho e ela estava se encolhendo como um gato.

— O-O que eu quero dizer é que... você é o meu braço direito agora, não é?

Não, eu não sou seu braço direito e isso ficou estranhamente sensual, sabia? Espera... ela está falando de outra coisa.

— Você está falando do concelho... certo?

— É claro que estou falando do concelho, idiota.

Olha só o modo Tsundere dela voltou. Essa mulher realmente é perigosa, qualquer principiante em diálogos com garotas já teria se apaixonado por ela e no momento que você se apaixona, você perde.

— ...Então, na prática eu sou seu auxiliar, certo? — Um silêncio ficou no ar.

— Ah! você queria uma resposta? — falou surpresa, eu suspirei escondendo um pequeno sorriso após ela dizer.

— Sendo você a primeira na linha de comando, presumo que fique a frente de todos os assuntos importantes, ou seja eu sendo seu auxiliar, sou responsável por te oferecer somente assessoria, não sou responsável por nada que me faça pensar muito e também estou livre de trabalhos manuais eu sou um indivíduo de funções secundaria na realização de nenhum trabalho ou atividade.

— Espera... você tirou isso da internet e mudou algumas coisas.

— E o que você está querendo dizer é que, você não quer trabalhar, certo? — Ficamos em silencio por alguns segundos, até que ela baixou a cabeça com um suspiro de decepção.

Ela seria mente me mandou falar com a responsável da nossa classe. Eu sou tão insuportável assim ou é ela que não aguenta a verdade? Já é a segunda vez que vou a procura de alguém para resolver o meu problema. Uma das dificuldades de se estar em uma sociedade. Bom, eu só preciso dar mais alguns passos para chegar na sala de artes, espero que a responsável esteja lá, não quero ter de imaginar que discuti à toa com aquela Tsundere.

A porta da sala de artes estava aberta, então eu simplesmente entrei como um fantasma. Uma mulher estava de costas para mim, organizando alguns livros na prateleira.

— Licença... A senhora é a responsável pela sala E? — Ao ouvir minha voz a mulher pareceu ter se assustado.

— Arthur?!

Ela me conhece?

A mulher se virou para mim, seus olhos são castanhos e se completam com seus longos cabelos dourados que se estendiam até sua cintura, ela estava usando um jaleco sem mangas cinza, por baixo dele, usava uma camisa de manga longa branca. Ficamos nos encarando por um tempo, até que um estalo veio a minha mente.

— Eh? É você. — A minha expressão simplesmente mudou para uma indiferente depois que percebi que era minha professora do ensino fundamental. Ela negou os meus profundos sentimentos naquela época, então nos dias de hoje não tenho assuntos a tratar com ela.

Eu caminhei de imediato para a porta de saída.

— Espera! — Ela segurou o meu braço com firmeza.

Eu suspirei: — Então agora você e responsável pela sala E?

— Sim, vou trabalhar com os primeiros anos agora.

— Eu preferia nunca mais ver você, sabia?

— Nossa, não precisa falar assim, sabia? — Sem perceber eu sorri, quando senti a gentileza dela novamente.

No passado essa mulher sempre foi indiferente em relação as pessoas a minha volta, que sempre botavam a culpa na juventude quando cometiam erros e sempre diziam ditados manjados como viva cada dia como se fosse o último, enquanto Beatriz-sensei dizia que se você viver assim, vai cometer erros e a juventude não vai ter nada a ver com isso. Eu a respeito, mesmo que tenha negado o meu amor.

— Eu pensei que nunca mais iria ver você, o que aconteceu?

— Talvez eu tenha mudado de colégio.

— Entendo. Então, como posso te ajudar?

— Eu quero sair do concelho estudantil.

— Espera... você está no concelho estudantil?

O silêncio ficou no ar

— Não! Eu não esto..!

— Sim, você está. — Beatriz me cortou, juntando a ponta dos dedos, enquanto sorria para mim.

Simplesmente esqueci que um dos hobbys dela é me deixar em apuros. No passado essa mulher me sobrecarregava de lições e trabalhos em grupo, que para mim, eram desnecessários porque sempre caio de rendimento quando trabalho com outras pessoas. Uma das piores ações de um professor é colocar um aluno que escolheu ficar sozinho em um grupo. O silencio das pessoas quando eu chequei, era tão desconfortável que eu queria desaparecer.

Talvez ela achasse que estava me ajudando, mas só estava me dando ainda mais forças para seguir sozinho. Algo que ela sempre me dizia era — burro bom, carga nele — ou seja, eu era o burro favorito dela e agora que descobriu que estou no conselho estudantil, Beatriz-sensei não vai perder a oportunidade de me encher de carga.

— Vamos lá, você sabe que eu não vou fazer a diferença estando no concelho estudantil.

— Você já com seguiu amigos?

— Eh? Isso não é da sua conta.

— Você acabou de falar um “não”.

— Com certeza.

— Então vai te fazer bem estar no concelho. Quem sabe você faz alguns.

— Hã? Diz a professora solitária.

— Hã! Eu não estou sozinha porque quero, eles que não entendem. Você sabe muito bem disso Arthur, achei que você me entendesse. Eles que não querem estar comigo. Eles até mesmo negam o café que eu faço, sinceramente eles são professores ou crianças...?

Eu não entendo nada — sussurrei.

Na verdade, você usou muito a palavre — eles —, por favor não repita o pronome, se tem algo a dizer fale nomes. Além disso, a senhorita passou de uma professora formada para uma estudante do colegial que reclama que os colegas de classe a excluíram, motivo, por ela ser extremamente bonita. Eu mesmo não posso negar que isso é um fato! Meus pêsames.

Eu fiz uma reverência em respeito a ela.

— Por que você está fazendo uma reverência?

— Por nada.

— Hm... se eu me lembro bem das atualizações deste ano, agora são duas pessoas no concelho estudantil. Quem sabe, você arruma uma namorada.

Ficamos em silêncio por um momento, então: — H-Ha-ha-ha! Por favor Beatriz para essa piada foi muito engrada, ha-ha-ha...

Eu simplesmente não tinha outra opção a não ser rir dessa mulher, até parece que não me conhece. Garotas são minhas inimigas, fui pisoteado e enganando por elas, então não vou baixar minha guarda como da última vez.

— Isso não foi uma piada.

— Sério? Eu tinha esquecido que você não tem graça — dito isso, rapidamente voltei a minha postura cotidiana.

— Então, vai me dispensar do concelho, certo?

— Não.

— Você já arrumou um namorado? Você parece bem carrancuda hoje. — Eu lancei um pequeno ataque.

Minha intenção era faze-la jogar a toalha nessa discussão desnecessária sobre amigos e namoradas, tudo isso não vai nos levar a lugar nenhum. Então Beatriz como se sente sendo atacada com a mesma arma, não é muito legai, não é?

— Você quer apanhar Arthur? — De repente, seu rosto lindo virou o de uma fera que mostrava os dentes, ela fechou seu punho e o direcionou para mim, fazendo círculos envolta da minha cabeça como se estivesse mirando meu rosto.

Eu estou sentindo um alvo na minha caixa craniana. Essa mulher tem algum tipo de poder? Espera... Uma professora realmente está apontando seu punho para um aluno? Espera um pouco ela realmente pode fazer isso?

— Há sem chance. Eu sou um adolescente, posso correr dez quilômetros e você não me alcançaria — Aii! — Eu me agachei atordoado com as mãos na cabeça, não sabia o que tinha me atingido, até que olhei para trás e vi um livro de física enorme com capa dura lacrado.

— O que é isso? Você nem é professora de física!! — Me exaltei.

Normalmente não tenho o costume de gritar, mas ela poderia ter aberto minha cabeça com essa brincadeira ou me matado. Será que era a intenção?

— Oh! desculpe, escorregou da minha mão. Você poderia trazê-lo aqui.

— Se escorregou por que você está sorrindo como uma boneca de filme de terror? Isso é assustador, por favor pare. — Estava prestes a me aproximar dela quando decidi recuar e colocar o livro de física com capa dura em uma mesa próxima a mim. Não queria ariscar sofre algum tipo de fratura exposta.

— Não se preocupe, seu crânio é mais resistente do que você pensa.

— Eh? Está lendo meus pensamentos agora? Dizem que as mulheres tem esse tipo de habilidade.

— Hmm... Se temos essa habilidade, isso significa que eu posso dizer que... você ainda está apaixonado por mim? Arthur William — Beatriz apontou para mim e inclinou o rosto dizendo meu nome de forma dramática. Meu rosto se avermelhou.

Para ela me perguntar isso descaradamente, significa que está preocupada de ter sido o primeiro amor de um garoto... e ter o rejeitado carinhosamente.

— Se está preocupada que eu tenha ficado com algum trauma do primeiro amor ou até mesmo tenha um sentimento de dó... Deixe que eu esclareça suas ideias, aquilo foi um deslize imprudente de um garoto que na época, se quer sabia o que amor significava... Agora você só faz parte do meu passado.

— Desculpa... eu esqueci que você é diferente.

— Estava preocupada? — Involuntariamente acabei por sorrir ao perguntar.

— Hum, nem um pouco. — Após Beatriz falar, eu sorri e caminhei até a porta de saída.

— Parabéns... por se tornar uma professora de verdade. — O meu rosto estava vermelho ao dizer, mas ela não poderia me ver, através do arco da porta.

Quando eu estava com 12 anos, Beatriz-sensei tinha vinte cinco e estava como uma auxiliar de professor. Agora ela é uma professora do colégio e isso é um grande feito... eu acho.

Hm, obrigada, Arthur. — Ela falou suavemente. Eu deixei a sala com meio sorriso no rosto a passos largos.

Estou realmente satisfeito que ela conseguiu alcançar o seu objetivo.

Então com uma paz de espírito eu retornei à biblioteca, como se tivesse começado o dia novamente. Eu coloquei minha mão na maçaneta e abri a porta.

— Obrigada, então mais tarde eu irei passar aqui.

— Ok!

— Nossa!

— Eh?!!

Minha cara derreteu quando eu entrei e encontrei, não só a Tsundere, que eu havia esquecido de sua existência, mas também uma garota morena de cabelos negros longos e olhos energéticos.

— Arthur?! É você? — A garota falou de uma forma tão alegre e amigável que meu estomago embrulhou.

— São amigos?

Ei! Tsundere, não murmure coisas que eu não consiga ouvir.

A garota começou a se aproximar de mim. Sua estatura é baixa, naturalmente meus olhos começaram a baixar passando um pouco da altura do pescoço até seus seios, que por um conflito do destino, são parecidos com os da olhos castanhos, talvez um pouco maiores. Mas perfeitos, simplesmente perfeitos.

Sem perceber espiei a Tsundere, ela colocou-se em posição defensiva por alguma razão. Então, meus olhos voltaram para a garota em minha frente, ela percebeu para onde eu estava olhando e com um reflexo protegeu sua parte frontal com as mãos.

Então com uma expressão furiosa no rosto, ela gaguejou: — Vo-voo, você...

Ela virou seu rosto, para buscar o apoio da olhos gastalhos, mas a mesma estava se protegendo como ela, então percebendo o conflito a garota voltou seus olhos para mim, sem palavras. Eu a ignorei e comecei a caminhar até aporta.

— O que...! Espera! O que você fez com ela Arthur?  Arthur...?! — Enquanto ela gritava, eu saí pela porta sem responde-la.

Animada é tagarela esse é o tipo dela, não tenho tempo para garotas assim — Não é por me conhecer de vista que somos amigos, não é por causa de um bom dia, que somos conhecidos. Garotas gentis matão solitários em um piscar de olhos, eles se iludem com a gentileza e atenção que a garota dá para eles e começam a achar que o mundo social com elas não é tão ruins assim, então começam a duvidar de si mesmos, se perguntando se o caminho da solidão foi mesmo a escolha certa.

Bom, se há alguma dúvida sobre se isolar, eu estou aqui para sanar ela: Se você por algum momento duvidou dessa escolha amigo, ou melhor “seu covarde fracassado”, esse caminho nunca foi seu, nunca foi para você, eu nem sequer ouso pensar que errei nessa decisão. Meu isolamento foi uma escolha, não um destino; e mais uma coisa covardão, aquela garota é gentil e animada com todos, você não é nem um pouco especial.

Infelizmente estarei acorrentado com aquela garota dos olhos castanhos até o final do ano. Eu poderia muito bem ir até a diretoria e pedir a minha retirada do conselho formalmente, sim, isso era uma opção antes de eu dar com a língua nos dentes com a Beatriz. Se ela soubesse que eu pulei do barco no meio da tempestade, só para salvar mim própria vida, ela me atropelaria com o barco.



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