Murphy Brasileira

Autor(a): Otavio Ramos


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 39: Um Adeus Programado

Andrew avançou pela frente e Thomas por trás, encurralando Rostov e Icrow em uma armadilha mortal.

— Pequenino, se vamos lutar por nossas vidas, teremos que usar todo nosso potencial — declarou Rostov, ativando todo seu armamento militar.

— Eu estou cansado... — gritou Icrow, em meio à transformação. — De ser subjugado por todos!

Uma dor excruciante tomou conta do seu corpo enquanto ele crescia até atingir três metros de altura.

Icrow possuía um potencial enorme, só precisava ser explorado.

Enquanto isso, Rostov retraiu seus dois braços, substituindo-os por lâminas de Rubrannium. Já nas suas costas, as metralhadoras de plasma emergiram novamente.

— Cuide da criatura do Vazio, eu cuidarei do robô — afirmou Andrew, aproximando-se dele com passos firmes e confiantes.

— Tem certeza? Ele derrotou o Quinn... não é um inimigo qualquer.

— Fique tranquilo.

A voz de Andrew era penetrante como uma lâmina amolada. Mas não para Rostov, ele era incapaz de sentir medo.

— Máquinas sabem lutar? Essa é uma curiosidade que sempre tive — provocou Andrew, puxando duas adagas reluzentes do cinto.

— Possuo acesso a dados sobre todas as artes marciais conhecidas. Não consigo replicar com a mesma maestria de um ser humano, mas graças aos meus sensores, dificilmente você conseguirá me acertar.

— É o que vamos ver.

Num piscar de olhos, Andrew teletransportou-se através de uma fenda, surgindo atrás de Rostov e tentando atingir seu pescoço.

Mas como o robô disse, dificilmente ele o acertaria. Rostov desviou com uma precisão cirúrgica e rasgou as costas de Andrew levemente.

Nada grave, mas o suficiente para fazê-lo sangrar.

— Aah... adoro os inimigos que resistem e conseguem me ferir — disse Andrew, rindo. — Sabe, quando você se torna tão forte ao ponto de ninguém conseguir sequer te tocar, a vida acaba perdendo o sentido. Entende o que eu quero dizer?

— Isso pode ser associado àquela frase de Schopenhauer: “A vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir”. Muitos treinam para se tornarem superiores a seus adversários, mas quando alcançam tal feito, sentem-se vazios. Essa é uma das coisas que não compreendo no homem. Não seria mais lógico se sentir realizado ao alcançar seu propósito?

— Que porra você está falando, robô? Cale a boca e me enfrente! Se eu quisesse conselhos, eu pediria para a porra do meu pai morto.

— Entendo. Seu ódio e a sua revolta provavelmente possuem raízes profundas, provenientes ligadas à dor de ter perdido os pais cedo e a uma infância difícil. O que consequentemente trouxe traumas que moldaram sua personalidade para sempre. Você quer espalhar a dor que sentiu nos demais. Você busca um culpado para odiar neste mundo, mas isso não é possível. O mundo é apenas cruel.

Pela primeira vez, alguém conseguiu calar Andrew e seu sarcasmo. Rostov, apesar de não ser um humano, compreendia todos eles.

Ele não sentia ódio por ninguém. Nem amor. Nem ressentimento. Seu julgamento era puro e imparcial.

Andrew permaneceu em silêncio por um instante, encarando as próprias mãos trêmulas. Rostov havia trazido uma memória à tona que ele não gostaria de ter lembrado.

— Você não sabe nada sobre mim! — gritou Andrew, avançando como uma besta insana.

Suas duas adagas faiscavam a cada impacto contra as lâminas reluzentes de Rostov. Ele não atacava seguindo um padrão, muito menos alguma estratégia, aquela era a forma mais pura do seu ódio.

No outro extremo da sala, Thomas e Icrow se enfrentavam.

Não era exatamente um combate. Enquanto Thomas batia, Icrow apanhava. Apesar da sua nova estatura gigante, ele não tinha a mínima experiência de combate.

— Você cresceu, mas sua habilidade continua a mesma, não é? Que patético — zombou Thomas, rindo com desprezo.

Tomado por um surto de fúria, Icrow conseguiu acertar um soco no rosto de Thomas — um único instante de glória. Mas a resposta veio em dobro: dois golpes devastadores que o lançaram ao chão.

Andrew se afastou, juntou as palmas com força e, em seguida bateu no chão. De imediato, uma série de espinhos forjados com a matéria do Vazio irromperam do chão, perfurando o peito metálico de Rostov e erguendo-o no ar.

Rapidamente, Rostov cortou o espinho que o atravessava e caiu de volta ao chão. Mas Andrew não lhe daria trégua — estalou os dedos e dois feixes de espinhos serpentearam por dentro do chão, como vermes famintos, emergindo logo em seguida, perfurando ambos os braços de Rostov.

Suspenso no ar, Rostov estava numa postura semelhante ao método de tortura nórdica conhecida como “Águia de Sangue”.

— Rostov! — bradou Icrow, distraindo-se no meio do combate.

— Pra um robô de combate, você é bem inútil — zombou Andrew, estalando os dedos novamente.

Os espinhos que suspendiam os braços de Rostov vibraram e, num instante, se estenderam como parasitas, atravessando e ocupando cada centímetro do seu corpo metálico.

— Infelizmente, pra você — exclamou Andrew, com prazer. — Sou mais forte.

Cerrando seu punho, o corpo de Rostov começou a tremer, e então, explodiu de dentro para fora numa onda de estilhaços. Somente sua cabeça permaneceu intacta, rolando até parar aos pés de Andrew.

— ROSTOV, NÃÃÃO!!! — gritou Icrow, desesperadamente, lutando para se soltar de Thomas, que o pressionava contra o chão com uma força implacável.

Icrow estava frente a frente com o que havia sobrado de Rostov. Apenas sua cabeça.

— Icrow... olhe para mim.

Com os olhos marejados, ele olhou para Rostov. Apesar de estar à beira da morte, permaneceu inalterado, com sua voz serena como sempre.

— Durante essa batalha decisiva, eu refleti sobre o valor da amizade. E, honestamente, não sei se posso chamar isso de “sentimento”, pois não sou capaz de senti-los. Mas, de alguma forma, estou feliz por ter sido seu amigo. Agradeço por todos esses momentos que passamos juntos. Se existir algum Deus neste mundo, espero que ele te proteja — disse Rostov, esboçando um sorriso no final, como sua última mensagem.

— Foram belas palavras. Emotivas demais para um robô. Mas, sinceramente? Eu prefiro do meu modo.

Sem remorso algum, Andrew esmagou a cabeça de Rostov com seu pé.

— NÃÃÃÃÃO!!! — berrou Icrow, debatendo-se nos braços de Thomas.

— Rostov...? — sussurrou Haldreth, surgindo do precipício.

Thomas e Andrew desconheciam um detalhe crucial: a armadura de Haldreth também possuía propulsores a jato.

É verdadeiramente uma pena que ele não tenha sido rápido o suficiente para salvar seu melhor amigo.

Andando em passos lentos e pesados, Haldreth caminhou até os destroços de Rostov, enquanto Andrew o observava com um sorriso sádico.

— Se tivesse me entregado o dispositivo quando eu pedi, nada disso teria acontecido. Ele morreu por sua culpa — provocou Andrew, com uma voz venenosa.

Aquelas palavras penetraram Haldreth como uma lâmina. Mas ele não deixaria aquilo passar. Ele jamais deixaria.

Deixando a Sepultura cair no chão, Haldreth liberou todo seu ódio com um grito feroz que reverberou por toda a estrutura.

Todos eles sentiram sua Vontade transbordando de forma avassaladora — era impossível não sentir.

Haldreth apertou um botão em seu antebraço e suas manoplas retraíram-se, revelando suas verdadeiras mãos: cobertas por manchas acinzentadas e azuladas, assim como seu rosto.

Suas veias pulsavam em um tom âmbar, sinalizando um forte uso da Vontade da Terra. Seu sangue fervia com um poder colossal.

— Eu... eu vou te matar com minhas próprias mãos — gritou Haldreth, tomado pela ira.

A pior coisa que alguém pode testemunhar é a ira de um homem calmo.

Haldreth cruzou suas mãos, fazendo com que diversas raízes irrompessem da parede ao lado de Thomas, arremessando-o violentamente para longe de Icrow.

As mesmas raízes formaram uma cúpula ao redor de Icrow, protegendo de qualquer ataque que viesse em sua direção.

O som das raízes rastejando pelas paredes e pelo chão preenchia o ambiente — era a primeira vez que os irmãos enfrentavam um portador da Vontade da Terra.

Andrew teletransportou acima de Haldreth, ao mesmo tempo em que Thomas avançou contra ele com a espada em mãos.

O braço direito de Haldreth se transformou em longos e espessos galhos, prendendo Andrew no ar com brutalidade.

Com outro gesto, ele fez com que as raízes do chão agarrassem os pés de Thomas, derrubando-o.

Rapidamente, elas se enrolaram por todo seu corpo, inclusive uma em seu pescoço, sufocando-o brutalmente.

— Aaaaah! — gritou Andrew, fazendo uma força extrema para romper os galhos com suas adagas.

Libertando-se da prisão de galhos, Andrew conjurou uma fenda do Vazio sob seu irmão e, logo após, outra sob o corpo desacordado de Quinn.

— Perfeito, agora não preciso mais me preocupar em não matar ninguém — disse Andrew, rindo e arfando. — Sou só eu e você.

Haldreth avançou, enquanto um tronco colossal erguia sob seus pés, impulsionando-o pelos ares.

Andrew ergueu uma enorme garra de Vazio do chão, dilacerando o tronco, obrigando-o a saltar.

Batendo suas mãos em um pedaço do tronco no ar, Haldreth o fez se ramificar em diversos galhos pesados, que golpearam Andrew em cheio.

Saltando em sua direção, ele aproveitou a brecha, lançando uma sequência de golpes rápidos em Andrew, todos perfeitamente aplicados.

Ele era mais que apenas um cientista, demonstrou ser um mestre em artes marciais.

Mas seu inimigo também não era qualquer um — antes de receber o último soco, Andrew teletransportou-se, surgindo nas costas de Haldreth. Agarrando-o como um lutador de sumô, o lançou com força contra seus próprios troncos.

Sem hesitar, Andrew correu em sua direção com as adagas empunhadas. Haldreth ergueu-se com o vigor de um leão, já desferindo um chute contra Andrew, que conseguiu desviar por pouco.

Haldreth conjurou um muro de madeira ao redor de Andrew, onde conseguiu prendê-lo momentaneamente, conectando um chute em seu abdômen e jogando-o contra a parede. Logo em seguida, um soco no peito e um gancho em seu queixo.

Andrew reagiu com rapidez, batendo a mão direita contra o tronco e fazendo surgir longos espinhos que perfuraram a palma e todos os dedos das mãos de Haldreth.

Com seu inimigo imobilizado, pôde respirar um pouco mais. Estava arfando intensamente.

— Tenho que admitir, você é um inimigo formidável — exclamou Andrew, arfando.

Sem que ele percebesse, Haldreth movia sua mão direita lentamente para o lado. Algo estava em preparação.

— O seu erro é querer enfrentar caçadores. Fomos treinados para matar e sobreviver nos piores cenários imagináveis. Quem você pensa que é? — respondeu Haldreth, com frieza.

— Eu percebi que você apertava alguns botões no seu traje — disse Andrew, aproximando-se dele. — No seu antebraço... tem vários deles, não é?

Andrew apertava os botões do traje de Haldreth, mas nada acontecia. Era como se não funcionassem.

— Você é mais burro do que eu pensava — zombou Haldreth, rindo. — Acha mesmo que eu deixaria os botões expostos para que qualquer um consiga apertar e desativar minha armadura? Existe uma sequência complexa que seu cérebro de chimpanzé jamais acertaria.

— Você se acha o inteligentão, não é? — rebateu Andrew. — Esses espinhos não estão só prendendo sua mão. Estão injetando o próprio Vazio dentro do seu corpo. Você vai morrer de uma forma ou outra.

Quando Andrew menos esperava, Icrow surgiu repentinamente erguendo a Sepultura — o enorme cutelo de Haldreth.

Ele o aterrissou na direção dos espinhos, libertando as mãos de seu parceiro.

— Isso é pela minha casa! — bradou Icrow, levantando o cutelo novamente.

Precisava de uma força colossal para empunhar o cutelo — força essa que nem mesmo Icrow, com seus mais de três metros de altura, possuía totalmente. Seu ataque foi desengonçado, abrindo uma brecha para que Andrew o atingisse com um soco no rosto.

Mas sua raiva era maior. Ele largou o cutelo e revidou o golpe, socando Andrew com brutalidade.

O soco de Icrow estava longe de ser o mais forte que Andrew já havia recebido, mas serviu como distração.

Haldreth aproveitou a brecha e fez um gesto horizontal no ar — duas vinhas enormes surgiram e se enrolaram nas mãos de Andrew como algemas naturais. As vinhas se ramificaram, entrelaçando cada um dos seus dedos e paralisando qualquer tentativa de momento.

 Ao passo em que uma cerca de troncos emergia do chão, formando um anel ao redor deles.

— Pff, covarde. Lutar contra um homem algemado é o auge da desonra — exclamou Andrew, com sarcasmo.

Sem hesitar, Haldreth avançou contra Andrew, descontando toda sua raiva em seu rosto. Um soco que o lançou contra os muros de madeira, seguido por uma sequência de golpes impiedosos.

— Isso é pelo Rostov! — berrou Haldreth, desferindo um soco devastador em seu estômago.

Cambaleando, Andrew caiu de joelhos no chão, gemendo de dor.

Icrow se aproximou e chutou sua barriga com força, derrubando-o por completo.

— E isso é pela minha toca!

— Icrow, traga-me a Sepultura.

— Sepultura? — indagou Icrow, sem saber o que era.

— O cutelo.

— O que você vai fazer? — gritou Andrew, respirando ansiosamente. — Vai me matar? Se fizer isso, juro que vou falar com o próprio Lúcifer para te assombrar por toda a eternidade.

Icrow, com dificuldade, entregou o cutelo nas mãos de Haldreth.

— Te matar? Não, claro que não — exclamou Haldreth, puxando os dedos de Andrew com brutalidade. — Icrow, segure-o. Com esse tamanho todo, você deve dar conta.

Icrow montou nas costas de Andrew, pressionando contra o chão. Em sua forma original, era extremamente leve, mas agora, com mais de três metros, era um peso esmagador.

Haldreth manipulou as vinhas, forçando a mão de Andrew a se abrir, esticando cada dedo contra o chão.

— Um porco sujo como você merece sofrer — gritou ele, erguendo o cutelo com uma mão enquanto segurava a mão de Andrew com a outra.

— Você é um homem morto, Haldreth! — rugiu Andrew.

A Sepultura aterrissou sobre os quatros dedos de Andrew perfeitamente, decepando cada um deles até a base, sobrando somente o polegar.

Sua mão jorrava sangue como um balde furado, sem controle.

— AAAAAAAAAH!! Filho da puta! — Andrew se contorcia de dor. — Eu vou te matar, eu juro que vou te fatiar em pedaços!

— Shhh... ainda falta a outra mão — sussurrou Haldreth, com um sorriso sádico.

Quando Haldreth levantou seu cutelo para cortar os dedos da outra mão de Andrew, Icrow pulou sobre ele, atacando-o com selvageria.

— Icrow?! Que merda você está fazendo? — gritou Haldreth, defendendo-se com a Sepultura.

Uma fúria repentina tomou conta dele. Era como se tivesse perdido sua racionalidade, tornou-se uma besta selvagem, com saliva escorrendo pela sua boca.

— Aaaaaaah! — gritou Andrew, queimando as vinhas com uma esfera de energia do Vazio conjurada com seu polegar.

As vinhas se desfizeram, libertando sua mão. Andrew se levantou lentamente, pressionando os tocos sangrentos com a outra mão, tentando estancar o sangue.

— Você pode ter vencido hoje... mas eu juro, eu vou te matar da forma mais lenta e dolorosa possível — prometeu Andrew, estalando os dedos e se teletransportando.

— Icrow, seu desgraçado! — vociferou Haldreth, colocando a lâmina da Sepultura entre seus dentes, evitando suas mordidas.

Com um gesto, galhos surgiram do teto e agarraram Icrow, suspendendo-o.

Haldreth se ergueu lentamente, arfando, enquanto observava Icrow preso no teto, ainda tentando atacá-lo.

— Eu devia imaginar... todos vocês estão sob influência do Chaos. É uma pena — disse, caminhando até o corpo de Rostov.

— Você está certo. Todos eles estão sob minha influência — declarou uma voz grossa e profunda, vinda do corpo de Icrow. Aquela, indubitavelmente, não era sua voz.

Seus olhos tornaram-se laranjas, idênticos ao de Chaos.

— Andrew não pode morrer, não agora. Ele é uma peça crucial para o meu plano.

— Pensei que você desprezasse os humanos — rebateu Haldreth, encarando-o com firmeza.

— Você não está enganado — respondeu ele, com um sorriso macabro e uma risada penetrante. — Mas tolero aqueles que possuem alguma utilidade para mim.

— Veio apenas para me dizer isso?

— Eu sei quem você é, Executor. Ou melhor... Sergey, Anton, Danila, Nikolai e agora, Haldreth. Você pode forjar suas mortes incontáveis vezes, mas eu sempre saberei quem é você.

O silêncio de Haldreth era pesado.

— Reconheço os humanos pela alma — continuou Chaos. — Não pela aparência. E a sua nunca mudou. Comecei a estranhar quando o Sergey morreu nas mãos de um Emissário e Anton apareceu logo em seguida... algo me soou familiar. Quando Anton morreu e Danila surgiu, a dúvida virou certeza. De alguma forma, você é imortal, Haldreth. E essa imortalidade não passa despercebida aos olhos do Vazio.

— Hmpf, você está certo. — Haldreth soltou um riso baixo. — Eu realmente sou imortal. Eu forjei minhas mortes todo esse tempo para que o governo não descobrisse. Se ele soubesse... certamente me transformariam em um rato de laboratório.

— Você é um espécime raro. Em mais de quatrocentos anos de existência, nunca conheci um humano como você — exclamou Chaos, com admiração. — Por isso, não me obrigue a te matar.

— Eu não vou atrás dos problemas — disse Haldreth, com firmeza. — Eles que veem até mim. Vou lutar até o fim para proteger o que é meu. Goste você ou não

Chaos soltou uma risada gutural, era maléfica e intimidadora. Haldreth tentou manter a postura, mas era difícil esconder o desconforto que sentia ao ouvi-la.

— Eu gosto de você. Nos veremos em breve, Haldreth.

— Eu aposto que sim — retrucou Haldreth, virando as costas para o Imperador do Vazio.

Quando Chaos abandonou o corpo de Icrow, ele desmaiou. Era como se seu corpo tivesse sido temporariamente desligado.

Com as mãos trêmulas, Haldreth vasculhava os destroços do que sobrou do Rostov, buscando pelo seu chip de inteligência.

Ella foi materializada de volta à realidade física, na mesma posição em que havia partido. Ela abriu os olhos e se levantou lentamente, encarando o cenário devastado ao seu redor.

— O que aconteceu aqui? — indagou Ella, com o olhar em choque.

Haldreth achou o chip de inteligência, entre fragmentos metálicos e fios queimados — ou pelo menos, o que sobrou dele.

Ele tremia enquanto segurava os pequenos fragmentos do chip. Não tinha conserto. Não havia mais nada a fazer. Era o fim. O fim de Rostov.

— Haldreth, o que aconteceu aqui?! — gritou ela ao vê-lo ajoelhado, segurando com dificuldade os restos destruídos do chip.

Aquela era a morte do seu melhor amigo, apesar de ser um robô, ele foi o seu companheiro mais leal. O único que permaneceu ao seu lado durante tanto tempo. Uma crise de choro tomou conta dele.

Ella correu até ele, pousando suavemente as mãos em suas costas, tentando consolá-lo.

O fim de uma longa amizade, sem direito a nem mesmo uma despedida.

Uma pergunta o queimava por dentro: e se eu tivesse chegado alguns segundos antes?

A culpa, como uma lâmina afiada, o penetrava impiedosamente.

Mais uma vez, a dor da perda o envolvia como uma névoa.

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