Volume 1

Capítulo 11: Uma Noite Diferente

Um susto. Abri os olhos de repente, não entendendo o que estava acontecendo. Quando senti a cama na qual estava deitado, não se parecia nada com como eu imaginaria aquele colchão ruim que estava no meu quarto.

Olhando para frente, um quarto arrumado, limpo, cheiroso e com pelo menos o dobro de espaço daquele cubículo no qual deveria dormir. Pela decoração, estava bem claro que era o quarto de uma garota.

Por outro lado, o aspecto era bem diferente do de Lyra. Também era bem maior, com algumas esquisitices distribuídas por ele. Por exemplo, além das prateleiras e criados-mudos com gavetas, havia uma enorme câmara instalada em um canto. Era uma espécie de maquinário pesado.

Mas o que mais me chamava atenção era aquela porta em formato esquisito no centro do quarto. Era diferente da que parecia levar para a saída. Tinha um formato de portal e trancas bem fortes. Até um cadeado tinha.

— Esse é o quarto da… 

Antes que pudesse completar meu raciocínio, senti uma movimentação suspeita na cama por baixo das cobertas. Meu sangue gelou. Alguém estava nessa cama junto comigo? Tentei olhar para o lado, mas tudo que vi foi o volume do corpo de alguém totalmente escondido.

A silhueta me parecia familiar, mas era incapaz de acreditar nisso. Engoli à seco e, finalmente, puxei a coberta com toda a força. Infelizmente o que foi revelado, era exatamente o que eu esperava: a Kuroda, totalmente nua, acordando de maneira surpresa.

Ao levantar totalmente o manto que cobria a garota, porém, algo ainda mais assustador foi revelado. Desviei meu olhar para baixo e percebi… Eu também estava totalmente pelado na frente dela.

Aaaaaaah! — Me cobri novamente e recuei alguns metros da pessoa na minha frente. — Que porra… que porra é essa!?

A mulher nua coçou seus olhos dourados por um momento, tentando processar o momento ao acordar e abriu seus braços para se espreguiçar, revelando todo seu corpo sem maiores problemas.

— Francamente… que barulheira é essa logo cedo? Que enxaqueca… — De maneira irritada, colocou uma de suas mãos em cima de sua cabeça.

Dor de cabeça? Isso é o momento para se preocupar com isso? Olha pra nossa situação… Um homem e uma mulher pelados dormindo na mesma cama. Não importa como você olhe, isso é… isso é… INDECENTE!

Cobri a parte de baixo do meu corpo com a coberta, fazendo com que uma grande parte dela se espalhasse pela cama e o chão. Kuroda sentou-se em seu lado da cama, com a cabeça apoiada no seu braço, me fitando diretamente.

— Por que você puxou toda a coberta pra você? Está com tanto frio assim? — Com o dedo na boca, fez uma pergunta inocente. Mas é óbvio que ela sabia qual o problema!

— Eu tô me cobrindo! Por que diabos estávamos deitados na cama juntos sem nenhuma roupa? Você não pode simplesmente me ver desse jeito! — Com meu sangue e corpo quentes, me enfureci.

A mulher de olhos dourados, engatinhou pela cama na minha direção com um sorriso, ao passo que instintivamente me afastava. Por que está chegando tão perto? Sai fora!

Para evitar que eu fugisse, colocou uma de suas mãos ao redor da minha bochecha, apertando de leve. Sua expressão não mudava, parecia estar aproveitando cada momento da minha desgraça.

— Akazawa, não precisa se esconder assim. Eu já te vi pelado a noite toda, se é que me entende… — Ao proferir essas palavras, soltou um risinho.

Tentei gritar, mas, por algum motivo, nenhum som saía da minha boca. Minha mente entrou em um choque completo. A noite toda… Eu e essa desgraçada? Impossível. Não tem como… não tem como isso ser real!

Minha cabeça dói… Não consigo pensar direito, nem lembrar de nada. Disse desde o início que uma filha da puta dessas nunca me seduziria, não importa o quão bonita fosse. E, mesmo assim, simplesmente… rolou? Não consigo acreditar.

Deixei a coberta de lado, nesse ponto não importava mais. Virei meu corpo, tentando ignorar o que havia acabado de acontecer e fiquei em um modo reflexivo. Só tinha uma pergunta que importava agora:

— Como… Como isso aconteceu? — perguntei, em um tom frio.

— Como? Como foi? Bom, você veio para cima de mim como um animal e me beijou como se sua vida dependesse disso. — Levantando seu dedo e gesticulando, começou a explicar. — Aí você me jogou na ca…

Coloquei as duas mãos na minha orelha. Ouvir aquilo estava aumentando ainda mais aquela dor lacerante. Não é possível que eu fiz isso… Não sou esse tipo de cara. Que faria isso com alguém que odeio! Apenas alguém que amo poderia…

Mas ela tá dizendo que rolou. E estávamos dormindo desse jeito… É evidência o suficiente, né? Mas como!? Como diabos fui levado a isso? Não pode ter sido simples assim, pra eu esquecer de tudo e só ir.

— Não é isso que estou perguntando! — Levantei a voz para que ela parasse de falar. — Eu te odeio, sua maldita! Como você conseguiu me levar a isso?

— Isso… eu preciso realmente responder isso? Tipo, não é óbvio? — Deu de ombros com uma expressão séria.

— Como assim, óbvio!? Eu realmente não consigo entender como fiz… — Puxei minhas mãos para perto do meu corpo, envergonhado. — “Isso e aquilo” com você.

— Bom, para começo de conversa, você é um homem. E eu, bom, sou uma mulher bastante bonita. — Olhou para cima, fazendo uma pose de quem estava pensando. — Então bem… foi só eu fingir que estava agindo de forma doce e gentil, que você esqueceu totalmente que me odiava.

Rangi os dentes e apertei os punhos. Apesar de não saber muito do que aconteceu, consigo lembrar aquele momento na festa onde vi seu sorriso. Era tão gentil… reconfortante… quer dizer que tudo aquilo era mentira?

Não tem como, óbvio que ainda odeio ela, mas não tenho dúvidas de que aquilo era genuíno. Não tem como simplesmente fingir uma expressão dessas.

— Quer dizer que você mentiu…? Por quê? O que você tinha a ganhar dormindo comigo?

— Bom, foi divertido. Provei que, no final das contas, você é só um idiota que desiste de todos os seus valores só porque uma mulher bonita fala um pouco mais suave com você. — Um sorriso malicioso surgiu em seu rosto

Suspirei fundo, essa garota me dava tanto nos nervos, mas, no final das contas, talvez seja verdade o que ela diz. Eu nunca soube lidar muito bem com garotas, então esse é um ponto fraco meu que tenho que melhorar.

Apesar de suas provocações serem difíceis de responder, dessa vez serei mais maduro. Vou lidar com isso sem demonstrar nenhuma fraqueza. É isso que devo fazer se quiser ter alguma chance com esse demônio.

— B-b-bom… você… você… foi sua primeira vez também? — Sem hesitar ou gaguejar, questionei a garota.

Nesse momento, vi uma das coisas mais surpreendentes de todas. Com essa simples pergunta, Kuroda se encolheu, mostrando uma postura muito diferente da aura confiante que costuma portar.

A desgraçada estava até mesmo… corada? Espera, isso quer dizer que ela… Não, não teria como isso ser possível. Essa garota? Pela forma como fala… Eu não fazia ideia…

Ver essa cena de alguma forma tirou toda minha raiva. Agora estava realmente preocupado. Ela disse que fui eu que avancei contra ela e fiz… tudo isso? Então isso definitivamente é responsabilidade minha! Apesar de que não consigo me lembrar de nada…

— I-isso é sério? — Tentei confirmar, apenas para ter um tímido aceno de cabeça como resposta. — Poooxa… eu… eu… podia ter me dito antes.

Meio desconfortável por ter causado isso, me aproximei da garota para acalmá-la. No final, é provável que ela só estava zoando com a minha cara para tentar lidar com o fato de que isso é uma experiência muito importante para uma garota.

— Kuroda, você… — Tentei confortá-la, mas gelei completamente quando entramos em contato visual.

— Akazawa… — Com a cara mais vermelha que um pimentão, seu olhar parecia desconfortável.

— S-sim? — Senti minha respiração ficando ofegante e muita energia percorrendo meu corpo.

— N-não sei como dizer isso, mas… — Apesar de gaguejar no começo, de repente sua expressão ficou sorridente como sempre e sua mão apontou para baixo. — Você está bem animado aí embaixo.

Minha pressão aumentou ao ouvir essas palavras. Olhei para meu corpo e percebi que, ao correr até Kuroda, tinha deixado cair totalmente a coberta que cobria meu corpo. Estava totalmente exposto!

Ao mesmo tempo, olhei para uma mulher que não parecia nem um pouco afetada. Só estava brincando de novo? Era a primeira vez dela? Nem sabia mais, mas tinha certeza que a pessoa com quem tinha passado a noite voltou a ser a mesma de sempre.

Suspirei fundo tentando conter qualquer sentimento e fingi uma expressão séria. Apesar de ainda não saber se aquilo era mentira ou não, tinha que esconder minhas emoções, antes que ela brinque comigo de novo.

— O que há com essa cara? — Soltou alguns risinhos em relação ao meu autocontrole. — Não precisa ficar tão nervoso, viu? Como a Lyra disse, você tem uma grande arma aí pelo visto… — Parecia um pouco surpresa. 

— O que diabos você está dizendo? — Fiquei totalmente vermelho.

Espera… Realmente! O que ela acabou de dizer? Essas palavras não fazem o menor sentido com a situação que estamos. São até bem contraditórias. Não posso deixar isso passar, tenho que fazer ela me dizer a verdade.

— Isso que você disse… Se realmente passamos a noite toda fazendo… — Hesitei um pouco, mas continuei. — …aquilo, então você não devia estar nem um pouco surpresa com… “meu negócio”. — Droga! Isso é tão vergonhoso!

Apenas isso foi necessário para que a mentirosa fosse pega com o rabo entre as pernas. Sua reação mudou em um instante, revelando uma certa surpresa em ter deixado isso escapar. Sabia que não tinha como eu fazer isso!

Mas, no final das contas, não demorou muito para que Kuroda retornasse à sua expressão rotineira. Mostrando sua língua para mim, um sorriso sapeca se formou, e sua resposta, sem nenhuma culpa foi:

Awwwww… Fui pega!

Fiquei ofegante por um momento. Aquilo  me fazia sentir como um vulcão prestes a entrar em erupção. E não! Não estou falando disso! Estou falando das minhas emoções mesmo…

Mentir sobre algo assim? Me acusar de agir de maneira indecente com ela? Com ela!? Óbvio, toda essa situação era muito convincente, mas mentir sobre esse tipo de coisa é imperdoável!

Afinal de contas, todo mundo sabe que se você faz esse tipo de coisa, você precisa se casar com a pessoa. É senso comum! Mas eu nunca poderia me casar com uma mulher tão perversa como essa. Por isso, a única coisa que precisava ser esclarecida agora era:

— Está claro que não consigo me lembrar de nada que aconteceu na noite passada. E você se aproveitou disso, sua maldita! — Foquei nela com um olhar ameaçador. — Me diz agora o que aconteceu! 

— Se você não lembra, é problema seu, não? — Assim que a garota deu de ombros, aumentei o poder da minha intimidação, fazendo com que cedesse. — Ok, vou contar. Para de fazer essa cara feia, seu rosto é bonito demais pra isso.

— Pare de falar merda… — Recuei, não esperava esse tipo de resposta.

Estava desesperado, triste, magoado. Não importa o que fizesse, não importa o quanto tentasse… Essa mulher é boa em tudo! Por que diabos nunca consigo bater seu tempo mesmo com todos esses anos de prática?

Queria desistir, mas já estava aqui fazia pelo menos umas quatro horas. Não iria simplesmente dar o braço a torcer e me deixar ser humilhado dessa forma. Essa sádica iria pagar por ser boa demais nesse jogo!

— Akazawa… Já tô começando a ficar meio entediada, podemos passar para outra atividade?

— Não até eu te vencer, maldita! — respondi, com os olhos saltados.

— Francamente… A Lyra já dormiu de tanto comer, e você ainda tá nessa… — Com um sorriso meio contido, era perceptível seu tom de desprezo.

Mas essa garota não entendia… Existia uma questão de honra em impedir que seu maior passatempo na infância seja tomado por uma pessoa que você odeia. Chamam isso de gatekeeping, ou algo assim. Não vou deixar essa filha da puta ser melhor no jogo que eu.

Existia um glitch no jogo que só podia ser executado com um tempo de input perfeito. Kuroda não havia feito nenhuma vez, mesmo sendo boa demais, o que significa que é provável que não saiba como funciona.

Quando o porco pula a terceira cerca do estágio do chefão no mundo quatro, existe a possibilidade de cair em um pixel específico dela onde você não morre, mas te é permitido dar um outro pulo para frente que te impulsiona a passar pelo menos as três próximas.

Se eu conseguir fazer isso, serei capaz de superá-la no tempo, mesmo que ela jogue o resto do jogo inteiro com maior qualidade. Então… Nem que tome umas mil tentativas, farei isso e mostrarei que meu conhecimento supera tudo!

— Inicie o jogo, Akazawa — ordenou Kuroda.

Antes de iniciar o jogo, peguei três latas da coca que estava tomando e coloquei para dentro. Precisava do máximo de açúcar dentro do meu corpo para fazer isso, mesmo que aquela idiota reclame que pode “estragar minha figura”.

Peguei o controle com as mãos leves e comecei a jogar. Foi uma corrida normal pelo tempo, fazendo todos os truques que havia feito desde o começo. Conforme ia chegando mais perto do último estágio, mais nervoso ficava. Não havia espaço para erro.

E então… cheguei lá, naquela maldita terceira cerca. Será que conseguiria realizar esse truque corretamente? Ou falharia pateticamente e teria que aguentar as risadas de Kuroda novamente. A resposta é… 

Jump! 

Oooooh, que louco. Não sabia que dava pra fazer isso. Assim você vai vencer meu tempo antigo.

— PUTA QUE PARIU! EU CONSEGUI! CHUPA ESSA, DESGRAÇADA! EU SOU FODAAAAAAA! — gritei, em êxtase. Não esperava conseguir fazer algo tão difícil logo de primeira.

— Certo… Agora é minha vez. — A cientista estalou os dedos, se preparando para tentar me vencer.

Mas era impossível. Com esse glitch, ganhei tanto tempo na frente dela, que não tem nada que possa ser feito se sua run se manter como sempre. No máximo, ganharia alguns milésimos de segundo.

Foi o que pensei vendo ela jogar por uma hora inteira, mas quando finalmente chegou no estágio final, ouvi a voz dela proferindo palavras que gelaram minha espinha:

— Então, Akazawa… Pra fazer aquilo, você faz… Assim? 

A desgraçada tentou o glitch. Consegui vê-la movimentando o personagem para pousar perfeitamente no frame que havia conseguido antes. Droga, com toda essa habilidade nos dedos, definitivamente conseguiria…

Poo! 

— É, parece que não era. — Vendo seu personagem morrer após falhar em usar o mesmo truque que eu, Kuroda simplesmente deu de ombros e deixou o controle no sofá. — Parabéns. Depois de 5 tentativas, conseguiu me vencer.

Esse tom monótono dela não era o que eu esperava depois de dar minha alma. Mas, no final das contas, era justo, acho que é só meu lado infantil que aflorou e comecei uma briga meio inútil.

— Você está feliz, Akazawa? — A garota olhou fundo nos meus olhos, fazendo um simples questionamento.

— B-bom… Não dá pra negar que estou um pouco animado. Apesar de ser o que é, ainda foi uma oponente formidável. — Tinha até me esquecido que tudo isso foi feito só pra me deixar alegre. — Mas… você está? Disse que tava entediada, te deixei muito tempo aqui comigo só pra cumprir um desejo egoísta.

— Não ligo. Me diverti. — Uma resposta seca e direta foi mandada de volta a mim. 

Parando pra pensar, essa garota é realmente um mistério. Eu me pergunto que tipo de coisa ela gosta de fazer no seu tempo livre. Com toda essa pesquisa que foi feita sobre mim, me sinto um pouco mal de não saber nada sobre a pessoa na minha frente.

Meu olhar novamente foi desviado à enorme prateleira de bebidas que ocupava um belo espaço desta sala. A curiosidade invadiu minha mente, por que será que uma garota dessa idade tinha tanta coisa perigosa?

—  Kuroda, você bebe? — Fiz uma pergunta simples, ainda abismado pela quantidade de álcool presente aqui.

— Não muito. — Após falar casualmente, percebeu a direção do meu olhar. — Gostou da variedade? Todas essas bebidas são produzidas pela KuroDIX. Eu criei todas as receitas.

— Pelo que ouvi, você não havia feito só os refrigerantes? 

— Não… Tudo de bebida que faz parte do nosso conglomerado foi desenvolvido por mim. Incluindo as alcoólicas. 

Ikkitousen Kuroda era conhecida por seu excelente paladar. Como a Presidente havia falado, era bem provável que se tornasse uma das melhores chefs caso se esforçasse na cozinha.

Mas, pelo que parece, o que mais chamou sua atenção foi o negócio de bebidas. Pudera, mesmo se tornando um conglomerado alimentício enorme, a KuroDIX era mais conhecida por produzir refrigerantes. Tudo graças a ela. 

— Quer dizer que você usava seu paladar para a confecção dessas bebidas? — Isso significa que a garota bebia álcool há um bom tempo. 

— Óbvio. Meu pai garantia que eu, pessoalmente, testasse todas as minhas receitas antes de liberá-las para produção. 

— E há quanto tempo bebidas alcoólicas se tornaram parte da produção de vocês? 

Kuroda pareceu viajar um pouco quando fiz essa pergunta. Sua expressão, muito diferente da que estava acostumado. Não sabia como explicar, mas era um rosto triste, melancólico e… talvez até meio assustado?

O problema é que essa expressão persistiu por muito tempo, ao passo que nenhuma resposta saía de sua boca. É como se seu corpo estivesse paralisado. Não entendia direito, mas sentia que precisava fazer alguma coisa.

Pousei minha mão sobre a dela e, como se num passe de mágica, parou de viajar e olhou diretamente para mim, com um olhar confuso.

— Você está bem? — perguntei, tentando acalmá-la.

Com isso, Kuroda voltou para si, me encarando por alguns momentos. Seu olhar, agora já mais calmo, ainda demonstrava uma expressão bastante séria. Me deu até uns calafrios, mas não demorou muito para que voltasse ao normal.

— Akazawa… — Retirou sua mão de debaixo da minha. — Você realmente é um cara esquisito. — Soltou uma pequena risada. — Se quer saber desde quando bebo, comecei com 8 anos de idade.

— Com quanto você…! — Tomando um susto enorme, tentei questioná-la fortemente, mas fui interrompido com um dedo na minha boca.

Aquela situação já parecia esquisita para cacete, mas as palavras que saíram dela me assustaram ainda mais:

— Você… não quer fazer algo mais interessante? — murmurou em um tom calmo.

Engoli à seco com essa proposta. Assustado com toda essa situação, pensei em me afastar, mas, ao invés disso, apenas pude proferir uma resposta envergonhada:

— O que… você tem em mente?



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