One Shot
Capítulo 5
──Vou escrever uma história sobre uma amiga de infância.
O pensamento me atingiu como uma revelação divina.
O encontro predestinado com minha amiga de infância, o dia em que descobri seu nome, o dia em que descobri sua comida favorita, o dia em que descobri do que ela não gostava, o dia em que a vi sorrir pela primeira vez, o dia em que a vi chorar, o dia em que fui à casa dela, o momento em que provei sua comida caseira, o momento em que descobri seu RINE ID, o momento em que senti o calor de sua mão, o momento em que passei meus dedos por seus cabelos, o momento em que senti o calor de seu corpo, a alegria de fazê-la sorrir, o desespero de fazê-la chorar, as emoções que senti no dia em que percebi que estava apaixonado por ela, a ternura que sentia por ela—
Eu despejaria cada um desses sentimentos em minha novel.
Esse pensamento me encheu de convicção.
O protagonista e a heroína da história eram crianças solitárias e sem amigos.
Um dia, por acaso, os dois se conheceram. No início, eles eram parecidos — apenas duas pessoas passando tempo juntos. Mas, com o passar do tempo, começaram a brincar juntos, comer juntos, visitar a casa um do outro. Compartilhavam alegria, raiva, tristeza e diversão. Riam juntos, se empolgavam juntos, se divertiam juntos. Sorriam um para o outro e diziam: “Que divertido”.
Brigavam, levantavam a voz, choravam de tristeza — mas sempre se reconciliavam imediatamente com um “Desculpe” e voltavam a rir juntos.
Com o passar dos dias, chegaram à adolescência, e dias estranhos e frustrantes começaram.
Eles não conseguiam ser honestos com seus sentimentos. Não sabiam o quão perto era perto demais, ou o quão longe era longe demais, e lutavam com a distância entre eles. Mas um pequeno acontecimento os levou a perceber como realmente se sentiam. Quero saber mais sobre você. Quero ir a lugares com você. Quero tocar mais em você. Quero — não, não vou pedir muito.
[Kura: Muito bem, não passa dos limites… Vai ficar em itálico mesmo.]
Só de você ficar ao meu lado, já basta.
Ah, então é isso. A pessoa mais importante da minha vida... é você.
E no momento em que perceberam isso, a distância entre eles se tornou zero—
Uma história doce, doce, tão dolorosamente doce de uma amiga de infância que poderia fazer você vomitar açúcar só de ler.
Não “Amiga de Infância Recebe o Que Merece,” mas “Amiga de Infância Recebe Toda a Doçura!”
Eu quero escrever!! É isso que eu quero escrever!!!!!!
Movido por uma paixão ardente, abri meu laptop assim que cheguei em casa. De lá, segui em frente. Digitei sem parar, martelando furiosamente o teclado. Os três dias em que não consegui escrever pareciam só um sonho. Minha digitação era suave e leve. Meu corpo, meu coração, as pontas dos meus dedos gritavam para continuar — para escrever mais. Uma emoção que eu nunca havia sentido antes. Eu estava animado. Isso é divertido. Isso é muito divertido!
Tremendo com aquela energia, continuei escrevendo. Meus dedos lutavam para acompanhar meus pensamentos.
Depois de anotar o título e a sinopse que me vieram à mente por instinto, mergulhei no manuscrito.
O primeiro capítulo foi concluído em um piscar de olhos. Li uma vez e publiquei no Vamos Ganhar a Vida Escrevendo Novels!
Depois, passei para o capítulo dois. Este também foi concluído rapidamente.
Dei uma leitura completa e publiquei no Vamos Ganhar a Vida Escrevendo Novels! A seguir, o capítulo três!!
Escrevi e publiquei cada capítulo freneticamente. Não era a melhor abordagem se eu quisesse mais visualizações ou uma classificação mais alta. Mas eu não me importava. Mesmo que ninguém lesse, mesmo que nunca fosse classificado, mesmo que nunca fosse publicado, mesmo que as pessoas na seção de comentários dissessem que não era do seu gosto, mesmo que dissessem que não era interessante — nada disso importava.
Se ao menos uma garota sorrisse por causa disso, já era o suficiente.
Esse era o único motivo pelo qual eu precisava escrever. Só isso já era suficiente.
A primeira história que escrevi foi uma homenagem à Jornada de Pino.
Eu escrevi porque admirava Satou Maple-sensei. Depois, escrevi uma história de amor entre uma santa cansada e um garoto gênio delinquente, influenciado por uma comédia romântica que eu estava lendo na época. Rin adorou, e isso me deixou feliz. Depois disso, escrevi uma comédia romântica caótica que começava com uma garota bonita no assento ao lado pedindo uma borracha emprestada, e se transformou em uma história com uma filha de um yakuza.
Rin elogiou novamente, e isso me deixou tão feliz que decidi escrever outra comédia romântica.
Essa também foi um grande sucesso com Rin. Eu estava ridiculamente feliz.
Daquele ponto em diante, até eu migrar para tendências online mais populares, continuei escrevendo comédias românticas.
Por quê? Porque eu queria ver o rosto feliz de Rin. Aquele sorriso escrachado quando ela achava algo engraçado.
[Kura: Escrachado é algo ridículo, então ele está ligando a bobo.]
Rin sempre amou mangás e animes de comédia romântica.
Enquanto eu escrevia na biblioteca, ela sempre estava sentada ao meu lado lendo um mangá de comédia romântica.
Ela ria, chorava, franzia a testa e ainda sorria de novo.
Eu queria que ela demonstrasse esse tipo de expressão enquanto lia minhas histórias também. Esse desejo de infância ainda está gravado no fundo do meu coração. E agora finalmente percebi: escrever para Rin... era o mesmo que escrever para mim mesmo. Agora que entendi isso, sou invencível.
Olhando para trás, cada vez que escrevia algo para Rin, o cerne era sempre o mesmo: que tipo de história Rin gostaria? O que a faria rir? Essa sempre foi a base sobre a qual construí cada história.
Mas, desta vez, algo era diferente — havia um eixo especial.
O cerne de tudo era o quanto eu amava Rin e quanto desse amor a alcançaria.
Eu queria transmitir tudo o que sentia por Rin. Eu queria que ela entendesse.
Movido por emoções intensas, continuei escrevendo em silêncio.
As férias de primavera duraram dez dias. Durante esse tempo, dediquei-me totalmente à escrita.
Sem sair de casa, tranquei-me no meu quarto e continuei escrevendo.
Encarava o manuscrito com tanta determinação que até reclamei do tempo que era gasto comendo, bebendo ou dormindo.
A história, escrita no calor da paixão, começou no primeiro dia das férias de primavera e foi concluída no último.
O título era:
“Minha Amiga de Infância É, e Sempre Será, a Garota Mais Fofa do Mundo”
[Del: Cinema!! | Kura: Ele jogou todo o sentimento aí.]
Uma comédia romântica transbordando devoção pela amiga de infância — de uma doçura diabética, escrita para uma garota, e apenas para aquela uma garota.
◇
“Ei, Onii, você emagreceu?”
“Queimei as calorias de um mês em dez dias.”
Na manhã do novo semestre. Sentei-me no meu lugar de sempre, com a cabeça ainda confusa.
Então, Syrup de repente se aproximou e esfregou o rosto na minha perna.
“Ela está super carinhosa comigo. Estou morrendo ou algo assim?”
“Você ficou enfurnado no seu quarto o tempo todo. Ela provavelmente estava sozinha.”
“Ahhh... Entendo, entendo. A Syrup estava solitária, hein—”
Coisinha fofa. Afago, afago, esfrega, esfrega, esfrega.*
Pui! Com um trote, Syrup foi até sua tigela de comida.
Então ela me lançou um olhar que dizia claramente: Anda logo e me alimenta agora.
“Ahh, ela voltou ao normal.”
“Toda aquela solidão de uma semana, foi curada em apenas dez segundos?”
Depois de dar a ela um pouco mais de comida, sentei-me novamente.
“Aqui, sua comida, Onii.”
“Eu não sou a Syrup. Obrigado, no entanto.”
Dei uma mordida na torrada com alho e cebolinha. Mmm, deliciosa. Ela penetrou em cada fibra do meu ser, me comovendo profundamente.
“Nunca vi ninguém comer torrada com alho e cebolinha fazendo-a parecer tão deliciosa.”
“Me sinto como um monge quebrando o jejum.”
Croc, croc*. Mastiguei a torrada. Estava boa, mas... faltava alguma coisa.
Ah, entendi. Faz mais de dez dias desde a última vez que provei a comida de Rin. Meu corpo está desejando seu arroz com broto de bambu. Vou pedir a ela mais tarde.
“Não vai escrever hoje?”
“Não, não vai acontecer. Não consigo nem sentir meus dedos.”
Não importa o que dissessem, hoje era meu dia de descanso.
“Eu realmente fiz um ótimo trabalho, se é que posso dizer.”
Fuuuu — recostei-me na cadeira. Uma onda de realização revigorante me invadiu. Meu corpo estava exausto, totalmente exausto, mas meu coração parecia tão cheio como se eu tivesse acabado de terminar uma maratona.
“Bom trabalho, Onii.”
“...Sim. Obrigado.”
Karen, excepcionalmente gentil comigo, me fez responder com uma voz surpreendentemente gentil. “Ah, é, Onii.”
“Hmm?”
Quando terminei o café da manhã e relaxei, Karen me deu uma boa notícia.
“O Yukito-kun virá aqui em breve.”
“Yukito-kun?”
“Oh — uh, Ishikawa-kun.”
“O que foi isso!?”
Finalmente!?
“Ele disse que sua nova história mudou a vida dele. Ele realmente quer te agradecer pessoalmente.”
“Uohohooo, Ishikawa-kuuun, dizendo coisas tão gentis!”
Vamos recebê-lo com um sushi de primeira. ...Espere um segundo.
“Quando você começou a chamá-lo pelo primeiro nome?”
“Eh? Ah — é, hum...”
Em resposta à minha pergunta, Karen coçou a bochecha e corou levemente.
“...Bem, está tudo bem, né? Não precisa se preocupar com as pequenas coisas.”
Ishikawaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!?
Vocêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêê!?
...Brincadeira.
Não é como se eu fosse um irmão mais velho siscon cego gritando: “Nunca vou entregar minha irmã para você!”
[Kura: Ele não estava só atrás das suas histórias AHAHAHAHA]
Como irmão dela, a coisa certa a fazer é cuidar dele com carinho.
...Mas se ele fizer Karen chorar — eu vou enterrar ele.
Seja Ishikawa ou Kanagawa, eu o enterrarei.
O que é? É totalmente siscon? Hah hah hah, de jeito nenhum.
“Você provavelmente está tendo alguma ilusão estranha, mas o Yukito-kun e eu não temos esse tipo de relacionamento, okay?”
“Claro, claro~”
“Ugh, esse sorriso é realmente nojento.”
“Que grosseria. Estou te oferecendo minhas bênçãos de todo o coração!”
“Pare. É tão nojento. É por isso que você tem a mente de uma comédia romântica.”
[Kura: Imaginação, sério? kkkk]
Dito isso, Karen não pareceu totalmente descontente. Um pequeno sorriso surgiu em meus lábios.
Vá pegá-lo, eu gritei silenciosamente em meu coração. Esse sentimento que você está segurando agora é a coisa mais pura e preciosa entre todas as emoções humanas.
Vocês são completos estranhos, e haverá momentos em que vocês não concordarão. Mas tenho certeza de que Ishikawa-kun ficará bem.
Eu nunca o conheci, mas tinha um palpite.
“Mas sabe, eu realmente prefiro quando você escreve romances do que aquelas histórias de isekai.”
“Nossa, de onde tirou isso? Você é secretamente uma irmãzinha de aluguel?”
“Você é horrível! Eu estava te dando um elogio raro!”
“Espera aí, isso foi um elogio de verdade!?”
Karen assentiu com um olhar cansado e irritado.
“Estou feliz! Aí sim!”
“Você parece uma criança.”
“Todo mundo vira criança quando está feliz. Tudo bem, essa é a sua deixa, Karen — que tal você mergulhar no mundo dos romances super fofos também!”
“Eu já mergulhei.”
“...Hã?”
O que ela acabou de dizer?
“Você... leu?”
Desviando o olhar, envergonhada, Karen falou com uma voz levemente aguda.
“O Yukito-kun me enviou o link no RINE e disse que era super bom, então não tive escolha. Foi isso — não tive escolha a não ser ler!”
Eu não sabia se era porque ela ficou curiosa ou porque Ishikawa recomendou.
“Mas, falando sério, que história era aquela!? Foi tão constrangedora de ler, e pensar em você escrevendo tornou tudo ainda pior!”
Ainda assim... de alguma forma, isso me aquecia o coração.
“Mas...”
Com uma voz cheia de timidez, Karen deu sua opinião sobre a minha história.
“O amor que o protagonista tinha pela heroína... era simplesmente... tão emocionante.”
…Ah, isso é tão legal. Estou feliz demais.
Eu sempre achei que bastava que apenas um leitor gostasse, se pudesse alcançar ao menos uma pessoa. Mas agora eu conseguia ver — ver que os sentimentos que eu queria que as pessoas tivessem, as coisas que eu queria transmitir, tinham chegado a outra pessoa também. Essa percepção me trouxe uma alegria indescritível.
Fiquei realmente feliz por ter escrito. Do fundo do meu coração.
“Vou continuar escrevendo, mana. Então, conto com o seu apoio.”
“...Se eu tiver vontade, talvez eu leia de novo.”
Karen se virou com um pui, mas os cantos da boca estavam ligeiramente curvados para cima.
Ding dong.
“Ei, Onii. Sua amada heroína está aqui para te buscar.”
“Quem você está chamando de heroína?”
Karen deu um sorriso travesso, claramente se vingando de mim por mais cedo. Dei um sorriso irônico e saí da sala. Calcei meus sapatos, respirei fundo e abri lentamente a porta da frente.
“Bom dia, Tohru-kun.”
Seus longos cabelos negros balançavam suavemente na brisa morna. Seu rosto era tão lindo que me tirou o fôlego.
Rin, perfeitamente vestida com seu uniforme escolar, estava ereta e alta diante de mim.
◇
“Você parece... mais magro.”
“Sinto muito por ter te deixado preocupada!!”
Baixei a cabeça imediatamente. Fazia dez dias desde a última vez que a vi, e a expressão de Rin carregava um traço de preocupação.
“É verdade, você deveria refletir sobre isso. Sabe quantas vezes eu quase te liguei?”
A preocupação de Rin era inteiramente justificável.
As férias de primavera do meu segundo ano — algo que só acontece uma vez na vida — começaram e terminaram pela escrita. Durante esse tempo, minha velocidade de escrita era o triplo do normal. Para Rin, que sabe o quão rápido eu normalmente escrevo, deve ter sido estressante, imaginando quando meu corpo iria desistir.
“Mas estou feliz em ver você indo bem.”
Rin sorriu como o tempo de hoje — céu limpo com 0% de chance de chuva.
“Graças a você... sério, obrigado.”
Eu me certificava de descansar assim que sentia qualquer limitação, para que minha saúde nunca piorasse. Se eu ficasse doente de novo, só faria Rin se preocupar. Isso iria contra todo o propósito — era algo que eu nunca poderia permitir.
“Mas, no fim das contas, nunca saímos para comer. Tínhamos prometido também... desculpe.”
“Por favor, não se preocupe com isso. Haverá muitas oportunidades de agora em diante.”
Rin enfatizou ‘muitas oportunidades’. Não pude deixar de sorrir.
“É... então que tal neste sábado? Podemos ir imediatamente?”
“Sim, claro.”
Rin se iluminou como uma criança que acabou de receber a promessa de ir ao parque de diversões.
Mas havia uma leve sombra por trás daquele sorriso.
“O que houve? Você parece um pouco deprimida.”
Meus instintos estavam certos. Rin piscou, desconfortável, e então disse:
“...Hum, eu é que deveria me desculpar.”
Ela murmurou como se se sentisse culpada.
“Eu disse que seu sonho estava perto... e que tudo o que faltava era você escrever o que realmente queria. Mas, bem...”
“Então é disso que se trata.”
Eu entendi por que ela estava se desculpando.
Ela devia estar se referindo aos resultados da minha última história, “Para Sempre e Sempre, Minha Amiga de Infância é a Garota Mais Fofa do Mundo.”
Deixe-me ir direto ao ponto: não passei da linha de novo. Mas cheguei perto.
Teve a maior contagem de visualizações de qualquer coisa que já publiquei. Também recebeu o maior número de comentários.
Também teve uma classificação relativamente alta. Mas ainda assim não consegui cruzar essa linha.
Rin provavelmente estava se culpando por isso. Pensando que talvez tivesse me deixado muito esperançoso com seu encorajamento confiante.
“Não se preocupe com isso.”
Afaguei delicadamente a cabeça de Rin.
Para Rin, que agora tinha o rosto de um céu nublado, ofereci um sorriso brilhante e alegre.
Esta história provavelmente não será transformada em um livro impresso. E, no entanto, estranhamente, não sentia nenhuma frustração ou arrependimento.
Meu coração parecia tão claro quanto o céu depois da passagem de um tufão.
“É aqui que estou agora. Este é o meu nível.”
Não adianta lamentar o resultado.
“Além disso, postei esta num frenesi total. Ignorei coisas como o melhor timing ou ritmo para uploads. Se eu tivesse administrado melhor esses detalhes, acho que poderia ter tido um resultado ainda melhor.”
Isso é apenas especulação, mas talvez eu pudesse ter cruzado a linha. Na webficção, o que importa não é apenas o conteúdo — é também a embalagem e como você o apresenta e atualiza.
Como ignorei completamente esse lado, esse resultado foi natural.
“Mas eu acho que... isso foi bom.”
Eu queria que Rin fosse a primeira a ler. Eu queria transmitir meus sentimentos. Esse era o objetivo.
“Estou satisfeito.”
Sem arrependimentos. Consegui entregar a melhor história que já escrevi para Rin.
“Eu vejo...”
Rin olhou para baixo timidamente e coçou a bochecha.
Continuei com algo mais otimista.
“Bem, não é como se estivesse 100% fora de cogitação.”
Ainda há uma pequena chance. Às vezes, muito tempo depois do fato, uma história é retomada.
Alguns livros se vingam sem nunca chegar perto do limite.
Há apenas três anos, uma história publicada dessa forma não só se tornou um livro, como também ganhou uma adaptação em mangá, um filme e até um anime. Ela explodiu e se tornou um fenômeno cultural.
[Kura: Solo Leveling? | Del: Nem de perto, essa obra aqui é de 2020, e Solo não tem filme.]
Sua qualidade era tão impressionante que, mesmo não atraindo um público online constante, as editoras reconheceram que ela venderia assim que fosse lançada.
Desde que seja notada, esse tipo de história não precisa ultrapassar os limites.
Então, sim, essa possibilidade ainda existe. E—
“Com esta, eu definitivamente senti algo sólido. Se eu escrever mais algumas, acho que finalmente conseguirei cumprir essa promessa.”
Uma história onde o que eu realmente quero escrever — minha paixão — e as habilidades para transmiti-la se unem.
É isso que torna uma história interessante. E essa paixão está definitivamente viva no meu coração.
As habilidades que adquiri ao longo de cinco anos escrevendo também estão lá — meu esforço acumulado.
Agora que percebia isso, não há nada a temer. Continuarei escrevendo para os leitores que apreciam o que escrevo com paixão. Contanto que eu não desista, meu trabalho será lentamente reconhecido, e ser publicado será apenas uma questão de tempo.
“Continuarei escrevendo, não importa o que aconteça.”
Fiz uma declaração de pura e sincera determinação.
“Não importa quantos anos leve, me tornarei um escritor.”
“...Sim. Estarei esperando, ansiosa por isso.”
Rin sorriu para mim de um jeito que levaria uma vida inteira para conquistar.
“Ah, é mesmo. Quer ir à cidade depois da escola hoje?”
“Cidade?”
Rin inclinou a cabeça ligeiramente.
“Sim. Parece que abriu uma nova creperia perto da estação.”
“Hum... isso é para pesquisa de novels?”
“Não. Só senti vontade.”
“Tudo bem, mas... que tal escrever depois da aula?”
“Não trouxe meu laptop hoje.”
“O quê?”
Os olhos de Rin se arregalaram de surpresa — tão fácil de ler.
Contei a verdade.
“Eu estava pensando... talvez eu comece a escrever um pouco mais devagar a partir de agora.”
“Por quê?”
Ela me encarou com um olhar inquisitivo. Meu corpo ficou um pouco tenso. Respirei fundo para me acalmar, reuni a força de vontade no peito e expressei meus sentimentos sinceros em palavras.
“Porque eu também quero passar muito mais tempo com você, Rin.”
Era como eu realmente me sentia. Eu ainda tinha o objetivo de me tornar um verdadeiro autor, ainda ia escrever — mas também queria arranjar tempo para Rin.
Eu falava sério do fundo do meu coração. Rin me deu um sorriso suave e tranquilo e respondeu: “Se é isso que você realmente quer, então acho que está tudo bem.”
“...Você não está brava?”
“Não estou. Porque esse é o seu verdadeiro desejo, não é, Tohru-kun?”
“Exatamente.”
“Então está tudo bem. Além disso...”
Parecendo um pouco envergonhada, ela desviou o olhar e deu um sorriso tímido e contraído.
“Eu também quero passar muito tempo com você, Tohru-kun.”
—Ah, nossa. Sério. Honestamente.
“Rin.”
“Sim?”
“Eu te amo.”
[Kura: Finalmente!! Pensei que a novel terminaria sem ele…]
Flores de cerejeira caíam como uma chuva de flores.
Como se o próprio mundo estivesse nos abençoando.
Quando abri os olhos novamente, Rin estava corando furiosamente, seu corpo tremendo levemente.
“...Eu sei.”
Sua voz era suave e ligeiramente abafada.
“Afinal... você me deu uma carta de amor de cem mil palavras.”
“Achei que nem isso seria suficiente — nem um milhão de palavras.”
Agora que penso nisso, tudo começou com um tuíte de 140 caracteres. Naquela época, eu não tinha ideia se minha confissão chegou ao coração dela. Devo ter deixado Rin realmente confusa, despejando esses sentimentos nela tão abruptamente.
Eu a fiz esperar esse tempo todo. Eu devia a ela muito mais do que podia retribuir.
Mas mesmo que não seja para compensar isso, de agora em diante, quero expressar meus sentimentos para Rin.
Não apenas por meio de palavras ou voz, mas de todas as maneiras que puder.
“É, não chega nem perto do suficiente.”
Rin balançou a cabeça, com um sorriso transbordante, e olhou para mim com um apelo gentil.
“Então, por favor... continue dizendo isso, repetidamente.”
“Sim, eu vou. Eu amo você, Rin.”
“Isso é perfeito. Já chega.”
“Whoa—”
Estendi a mão para acariciar sua cabeça, mas ela se adiantou e me abraçou.
“Eu também amo você.”
Sua voz sussurrou bem perto do meu ouvido, mexendo com meus tímpanos — e meu coração.
Nossos sentimentos se encontraram. Pude ouvir as palavras que mais queria da pessoa que mais amava no mundo, e... eu não conseguia mais encontrar as palavras certas.
Eu estava feliz. Pura, e simplesmente felicidade.
A alegria era tão avassaladora que parecia que algo poderia transbordar dos meus olhos se eu baixasse a guarda. Mas eu segurei.
Enquanto Rin me abraçava, eu a segui e abracei seu pequeno corpo em troca.
Depois de um tempo, nós dois nos acalmamos, ficamos constrangidos e nos afastamos delicadamente.
...Sério, o que estávamos fazendo tão cedo, logo no primeiro dia do novo semestre?
“E-Então, hoje é o dia em que as colocações das turmas são publicadas, hein.”
“S-Sim... isso.”
“Seria legal se acabássemos na mesma turma.”
“Sim. Se fôssemos, eu não precisaria me esforçar para levar almoço para a sua sala.”
“Huh? E a sala multiúso de sempre?”
“Não precisa mais esconder, né?”
Rin sorriu com uma calma fria.
“Bem, você não está errada.”
Eu também ri.
“Então, o que tem no cardápio de hoje?”
“Vamos ver... tamagoyaki, karaage, omelete de alho e cebolinha, gobo kinpira e... arroz com broto de bambu.”
“O que é que aconteceu!?”
Rin riu como uma criança que acabou de pregar uma peça perfeita.
“Eu simplesmente tive a sensação de que hoje seria exatamente isso que você ia querer.”
Meu peito se aqueceu de emoção.
“Sério...”
Ela era simplesmente preciosa demais.
“Você sempre vê através de mim.”
Tremendo de emoção, ouvi Rin soltar uma risadinha discreta.
“Porque eu sou sua namorada.”
Palpita. Meu coração disparou. Minha respiração ficou presa na garganta. Parei de andar sem querer.
Rin, agora alguns passos à frente, virou-se.
“Essa foi a vingança de mais cedo.”
Ela disse isso com uma voz animada e um sorriso travesso.
Era um sorriso radiante — cheio de esperança para o futuro, livre de qualquer dúvida ou ansiedade.
◇
O primeiro sábado do novo semestre. Hoje, eu ia comer a comida caseira de Rin. Eu tinha acabado de ler uma comédia romântica super fofa no Vamos Ganhar a Vida Escrevendo Novels! e estava prestes a começar a me arrumar quando—
Você tem 1 nova mensagem da Equipe Administrativa.
A mensagem vermelha me atingiu como um soco no peito. Meu coração quase parou.
Droga — eu estraguei alguma coisa? Cliquei nervosamente.
Sobre uma Oferta de Publicação.
Um arrepio percorreu minha espinha tão forte que pude sentir todos os pelos do meu corpo se arrepiarem. Pela primeira vez na minha vida, experimentei o que realmente significava estar em pâne.
Repeti aquelas 5 palavras na minha cabeça várias vezes. As palavras apareceram na tela, mas não parecia real. Como se eu ainda estivesse sonhando, cliquei para abrir a mensagem completa.
Depois de ler — saí correndo do meu quarto. Saí de casa. Corri. Para onde? Para a casa da Rin.
Pela estrada que eu havia percorrido centenas, milhares de vezes — mais rápido do que nunca.
Cheguei à conhecida casa de dois andares e toquei a campainha. Clack — a porta se abriu.
“Você chegou um pouco cedo, Tohru—”
Rin saiu, mas seus olhos se arregalaram em choque no momento em que me viu.
“A-Aconteceu alguma coisa?”
Eu não conseguia nem responder. Eu estava completamente sem fôlego, meu coração batendo forte como se estivesse prestes a explodir.
“V-Vamos conversar lá dentro—”
“Aqui mesmo.”
Eu precisava contar a ela ali mesmo.
“Recebi uma mensagem... de uma editora... sobre a história da amiga de infância... eles querem transformá-la em livro.”
“────!”
Rin ficou sem palavras. Seus olhos arregalados diziam tudo.
Era como se ela não conseguisse entender completamente o que eu estava dizendo.
“Acontece que... milagres realmente acontecem.”
Assim que finalmente recuperei o fôlego, falei com uma silenciosa descrença. Realmente parecia um milagre.
Afinal, eu não havia escrito para atrair leitores. Era 100% autoindulgente. Não tinha visualizações, favoritos ou nada suficientes.
“...Não é um milagre.”
Rin me olhou diretamente nos olhos, então sorriu como um raio de sol e disse algo incrivelmente simples.
“Sua história tocou o coração de alguém. É só isso.”
“...É...”
Entendo.
“Eu realmente consegui escrever alguma coisa, hein...”
Uma gota quente caiu no meu coração. Um calor se formou atrás dos meus olhos.
“Sério...”
Sério, de verdade...
“Estou tão feliz por não ter desistido...”
As memórias voltam à tona — de uma escrita que nem era coerente o suficiente para ser chamada de história, apenas um amontoado de hiragana.
Aos poucos, ela tomou forma. Depois de muito, muito tempo, finalmente alcancei um objetivo.
Pensando nisso, algo começou a brotar lá do fundo do meu peito... O quê? Por que está tão difícil respirar...?
“Tohru-kun.”
Ouvi a voz de Rin.
“Você não precisa mais se segurar... okay?”
Sua voz gentil me trouxe de volta à realidade.
“O que... você está dizendo...”
A palma da mão de Rin pressionou suavemente minha bochecha. Todo o meu foco se voltou para aquele ponto do meu rosto — e eu percebi.
Pelos meus olhos, lentamente, a fonte das minhas emoções começou a emergir.
“Está tudo bem chorar agora.”
Como se estivesse colocando a mão no meu coração, Rin pôs o dedo no gatilho final.
“Vá em frente... chore.”
Eu desabei. A última barreira desmoronou. Não havia mais como eu segurar.
Abracei Rin. Assim que as lágrimas começaram a rolar, elas não pararam.
Enfiei meu rosto em seu pescoço e chorei como um bebê.
Eu não tinha espaço para pensar se eu parecia patético ou sem graça.
Foi a primeira vez que chorei na frente de Rin. Eu sempre tive esse orgulho teimoso, não querendo que ela me visse chorar — e uma sensação de culpa de que, se eu chorasse, só a sobrecarregaria.
Mesmo nos momentos difíceis, mesmo quando doía, eu me fortalecia e suportava. Mas agora... eu não conseguia mais.
Eu achava que estava satisfeito. Eu achava que não tinha arrependimentos. Mas a verdade era que... os cinco anos que passei escrevendo todos os dias — acreditando em mim mesmo, trabalhando tanto — finalmente valeram a pena.
E foi com a história que eu mais amei de tudo que já escrevi.
Só isso já me deu vontade de chorar. Mas então Rin me disse que não tinha problema desabafar. Que eu não precisava me conter. Depois disso, eu simplesmente não conseguia mais parar.
“Você realmente... trabalhou tanto.”
Sua voz estava cheia de amor. Rin acariciou minhas costas gentilmente, confortando-me.
Essa gentileza só me fez chorar mais.
“Realmente... verdadeiramente... você fez um ótimo trabalho.”
Eu trabalhei duro. Trabalhei incrivelmente duro. Mas eu não teria conseguido isso sozinho.
Foi graças à Rin que meus esforços deram frutos.
Foi graças à Rin que eu quis me tornar escritor.
Sem ela, eu provavelmente teria desistido na quarta série.
Foi graças à Rin que eu continuei escrevendo.
Sem ela, eu poderia ter desistido em menos de um mês depois de postar online.
Rin e eu sempre estivemos juntos nisso.
Quando eu me perdia, ela me dava um feedback honesto. Quando eu me descontrolava, ela me repreendia. Quando meu espírito estava prestes a se quebrar, ela me dizia palavras gentis.
Ela sempre, sempre me apoiou — ficou ao meu lado e me incentivou.
Eu não conseguia sentir nada além de uma gratidão avassaladora. Obrigado. Obrigado. Obrigado.
Não importava quantas vezes eu dissesse isso, nunca seria o suficiente. Sério, sério...
“Muito… o… bri… gado…!”
Mesmo quando tentei dizer as palavras, elas se desfizeram. Me senti tão patético que comecei a chorar de novo.
Mas Rin apenas assentia repetidamente, “Mm, mm...,” sorrindo calorosamente em meio às lágrimas.
“Eu deveria ser a única… de verdade… mesmo…”
Rin tentou dizer as mesmas palavras que eu.
“O-obri… gada…”
Mas foi só isso que ela conseguiu dizer.
Ela me abraçou com força e começou a chorar alto também.
Mesmo tentando conter, não conseguiu segurar — e acabou chorando como uma criança.
Lá estávamos nós, abraçados na entrada da casa da família Asakura, chorando juntos.
Era o símbolo mais puro de alegria para duas pessoas que tinham acabado de terminar uma longa, longa batalha.
◇
Choramos com todo o coração. Por fim, nossos corpos emitiram um alerta — qualquer perda de água adicional poderia ser perigosa — e finalmente começamos a nos acalmar. Naturalmente, nos separamos, olhamos um para o outro e…
[Kura: Perigosa kkkk]
Pfft — caímos na gargalhada.
“Você está horrível.”
“O mesmo para você.”
Rimos novamente.
As lágrimas ainda não haviam parado completamente, mas Rin e eu ríamos do fundo do coração.
“Nossos encantos realmente funcionaram, hein?”
“Sim. Tanto que eu nem consigo segurar tudo.”
Rin sorriu através das lágrimas acumuladas nos cantos dos olhos, sua expressão lotada de alegria.
Só de ver aquele sorriso me fez sentir que cada ano que passei trabalhando para chegar a esse momento valeu a pena. Abracei-a novamente — desta vez não por uma emoção avassaladora, mas gentilmente, como se eu estivesse segurando algo precioso.
Rin também me abraçou.
Não havia mais distância entre nós.
Depois de nos segurarmos por um tempo, deixando o calor do nosso corpo penetrar, finalmente nos afastamos e nos encaramos novamente.
Olhando para mim com um sorriso tímido e encabulado, Rin falou com uma voz alegre e animada:
“Bem, então... hoje é dia de comemorar.”
Eu tinha certeza de que a refeição que estava prestes a comer — a comida caseira de Rin — seria mais deliciosa do que qualquer banquete que eu já tivera na vida.
-Kurayami: Sabe, recentemente li um livro chamado outliers, ou fora de série na linguagem brasileira. E ela se estende muito bem até aqui. Nele, é discutido os fatores do sucesso, porque ele é único para cada pessoa. Mas têm três coisas em comum: você é obcecado, você pratica isso por 10 mil horas, e por último, uma chance aparece na sua vida.
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