Meu Mestre é um Bebê?? Brasileira

Autor(a): Zatojo


Volume 1

Capítulo 1 - Fernando Rafara

Hoje é o dia que deveria ser uma ocasião feliz, hoje eu deveria me noivar, seria uma festa bela e alegre onde meus tios beberiam até cair, meus pais comemoraram comigo, eu e meus cunhados iriamos caçar e depois eu prepararia o meu melhor prato para minha amada, minha linda e doce Ana… hoje não é o dia de morrer! Vamos, Ana!

*********

Um clima de festa e alegria rodeava a casa da família Rafara, seu segundo filho estaria noivando com a terceira filha da família Vitrela. O som de risadas e canções estava conforme o belo clima da festa, com bebidas para todos, que eram maiores, os menores ganharam sucos de frutas e uma comida deliciosa que não se via o fim.

Assim deve ser, uma festa é uma festa! Cheio de alegrias e comemorações, quem dera essa comemoração tivesse tido o seu final feliz…

— Irmão — disse um garotinho, chamando a atenção do seu irmão —, eu estou nervoso, sinto como se algo ruim fosse acontecer. — Ele estava vestido com um terno simples, camisa branca e uma calça preta, usava os clássicos sapatos desconfortáveis de festas e uma pequena gravata borboleta, que estava um pouco torta no pescoço.

O nome do garotinho era Fernando Rafara. Junto dele estava seu irmão mais velho Jez Rafara, tão bem-vestido quanto o seu irmão menor. Ambos estavam dando os toques finais em seus trajes para ir à festa; no entanto, uma preocupação estava entristecendo Fernando.

— Fernando — disse o irmão mais velho —, você sabe quantos guerreiros nosso ancestral decapitou enquanto defendia a nossa casa no passado? — Essas histórias já estavam ficando repetidas para Fernando; Jez sempre as contava quando tinha a chance. Nessa história, Fernando se lembrava de que o número era vinte; vinte guerreiros que lutaram contra o ancestral Rafara e morreram para ele.

Fernando sempre ouvia essa história quando ficava com medo ou nervoso, para ser mais exato, Jez sempre contava essa história para ele quando ele ficava desamparado.

— É claro que eu sei — falou ele, sem vontade de ouvir a mesma história de novo, — Ele matou vinte guerreiros e assim afastou o exército inimigo — e, antes que Jez o interrompesse, continuou a falar — e com um ancestral tão corajosos assim, eu não deveria ter medo de algo tão bobo. É isso que você ia falar, não é mesmo? — Proclamou orgulhosamente sua adivinhação.

— Oras, se você se lembrava da história, para que todo esse nervosismo? — comentou ele. — Me ouça com atenção, meu pequeno irmãozinho. Se você ficar com tanto medo assim, imagine como Ana se sentirá quando ela te vir assim. Ela pode perceber que você está nervoso devido à cerimônia, ou…

Com isso, Jez parou por um momento, com a intenção de judiar um pouco de seu irmão.

— Ou… — repetiu Fernando, engolindo seco.

— Ou ela pode pensar que você não quer noivar com ela. — Disse ele sem um traço de receio na face, mesmo sabendo que era uma mentira —, coitadinha da minha querida Ana, isso com certeza destruiria o coração da minha pequena cunhada.

Ao ouvir isso, a face de Fernando se tornou amarga muito rápido — essa não é minha intenção!! — disse ele com um pequeno gritinho.

— Eu sei disso, mas ela não — continuou Jez em seu pequeno teatro —, mas sabe, eu sei como você pode evitar isso.

Com uma alta expectativa, Fernando ouviu ansiosamente o plano de seu irmão. Mas que arrependimento, pois o plano de seu irmão não podia nem mesmo ser chamado de plano; era mais uma frase motivacional do que qualquer outra coisa,“ quando você sentir medo, olhe para Ana e pense que não importa o que acontecer, se o céu desabar ou o inferno se abrir, você sempre vai ter que seguir em frente para ver o sorriso dela, faça tudo o que puder e eu vou te ajudar no que não puder”.

Com isso, ele colocou uma pequena caixinha nos bolsos de Fernando e, após arrumar sua gravata, o empurrou para a festa.

Antes que Fernando pudesse reagir, ele já estava sendo levado pelos funcionários de sua família até a festa. A casa estava totalmente decorada e cheia de pessoas vestidas para a festa, longos vestidos de gala e ternos, se bem que alguns usavam armaduras com suas armas.

Não que isso fosse desrespeitoso, era mais que comum ver guerreiros usando suas armaduras e armas em festas. Isso ocorre, pois muitas vezes suas casas ficavam longe, e ao invés de confiar seus pertences a alguém, era bem melhor mantê-los consigo.

Alguns até mesmo tinham a expectativa de ter a chance de duelar contra alguém do mesmo nível, pois isso lhes daria uma experiência importante para seu crescimento. Embora aqueles que participavam de duelos eram, em sua grande maioria, a geração mais jovem que queria trocar golpes com a mais velha.

— Olhem, é o segundo filho dos Rafara, ele não é bem fofinho?

— Uma união entre os Rafara e os Vitrela, parece que o domínio da região sul da União vai estar bem assegurado.

— Ei, ele não te lembra Jez? Principalmente aqueles olhos, são iguais ao do seu irmão mais velho.

— É claro, seu idiota, eles são irmãos afinal. Só quero ver quão alto essa criança vai subir, afinal ele é irmão de Jez.

Enquanto era arrastado pelos corredores, Fernando encontrava algumas pessoas que estavam conversando por lá. Em suma, eram pessoas que não tinham grande posição ou força, que por sua vez perderam o espaço no salão de baile.

Não tinha o que fazer, mesmo que a festa tenha sido planejada, muitos convidados inesperados chegavam às vezes, alguns traziam ainda mais convidados e outros simplesmente apareciam do nada.

Essa era a vida dos cultivadores, em um mundo cheio de mistérios e coisas fantásticas, nada podia ser muito bem previsto. Pessoas que há anos não apareciam podiam simplesmente ressurgir do nada, alguns perdidos em suas viagens achavam o caminho de casa, outros conseguiram seu tão sonhado avanço e saíram de seu treinamento em reclusão… havia tantas coisas que podiam acontecer que nunca deixariam a vida ficar sem graça.

Duelos emocionantes, competições por tesouros, brigas por território, reuniões para caçar feras poderosas ou… simplesmente conhecer seu amor predestinado.

— Fernando, venha aqui — no meio da multidão uma voz doce e simples chamou pelo nome de Fernando, a dona daquela voz era a mãe de ambos, dele e de Jez —, seu avô quer te ver por um momento.

Ao lado de sua mãe, um homem com a aparência de um velho, com uma pequena barba branca, estilo cavanhaque, no entanto, diferente do que era de se esperar de um homem velho, ele tinha muita vitalidade consigo.

Esse era um mundo de Cultivo, onde a idade não podia se tornar um obstáculo muito grande para os cultivadores, Fernando tinha certeza que se precisasse o seu avô ainda ganharia de seu pai se ambos lutassem.

— Olha só, aquele pequeno garotinho já cresceu tanto — retirando um objeto de suas mangas, o velho deu algo para Fernando —, pegue isso, é meu presente pela comemoração, mas não o abra até o fim da festa, — semelhante à caixa que Jez, seu irmão, havia colocado em seu bolso antes, essa era uma pequena caixa que estava bem decorada e colorida.

— Obrigado, vovô — Disse Fernando como uma criança faria a receber presentes que gosta.

— Agora vá, há alguém te esperando lá dentro. — Disse sua mãe apontando para o quarto que sua noiva, Ana Vitrela, estava — Ah, mas antes vai ter que passar pelos guardas dela, bem, sei que vai dar certo.

— Guardas? — perguntou Fernando em dúvida, por que haveria guardas lá?

Sua mãe só pode rir da confusão de seu filho. Para ajudar um pouco, seu avô disse a ele — Fernando, pense comigo, você acha mesmo que deixei seu pai casar com minha querida filha tão facilmente? Mas é claro que pestanejei por semanas; quase o matei uma vez. Entretanto, quem mais se opôs ao casamento foi seu terceiro e segundo tio, boa sorte com eles. — Então seu avô o empurrou para o meio da multidão, eles já tinham chegado ao salão de baile e as danças já haviam começado.

Sendo empurrado de um lado para o outro, Fernando se viu preso na multidão, mesmo sabendo o caminho ele nunca chegaria onde queria, ele era muito fraco e pequeno para isso.

Quando ele estava perdendo suas esperanças, uma mão surgiu e o agarrou para fora da muvuca, quase imediatamente depois um colar foi colocado em seu pescoço, o colar tinha uma pedra verde, a dona desse colar sempre estava pela casa se divertindo por aí.

— Duda?

— Fale menos, dance mais — sem que percebesse, sua prima, Duda Rafara, havia o tirado daquele monte de gente e agora estava dançando com ele. Ela estava vestida com um belo vestido azul-claro, e usava sapatos sem salto, era mais alta que Fernando em seis centímetros, um pouco baixa para sua idade, sendo 3 anos mais velha que seu pequeno primo, um ano mais nova que Jez.

Fernando sabia dançar, portanto, pode acompanhar o ritmo de sua prima facilmente, mas ele se lembrou de algo importante — Eu… — no entanto, quando ia continuar a falar, sua prima levou seu dedo à própria boca e fez um gesto bem conhecido, “silêncio”.

— É a forma mais rápida de te levar para o outro lado, e não se preocupe em alguém te ver dançando comigo, você sabe os efeitos do meu colar.

Assim ele entendeu o esquema de sua prima, o colar de Duda era um presente do seu avô, ele tinha a habilidade de mudar a aparência do usuário. O efeito não é tão forte para enganar os presentes, no entanto, no meio de uma dança ninguém poderia descobrir a verdade.

— Aqui é a sua parada, boa sorte! — e sem dar tempo para Fernando se preparar, ela o empurrou para fora da pista.

— O que houve com eles? Qual é essa mania de ficar empurrando?

Mas sem ninguém para responder essas perguntas, Fernando teve que engolir suas reclamações. Infelizmente hoje era o seu dia, mas não parecia realmente seu dia, uma vez que já estava na porta do quarto, os “guardas” estavam se aproximando dele.

— Demorou mais do que eu esperava. — disse um garoto que parecia ter no máximo 15 anos, a mesma idade de Jez. Ele estava, como todos, vestido para a festa com roupas elegantes, um terno de cor verde fosco, que combinava com seu cabelo ruivo, e a cor de seus olhos era um pouco mais clara que a cor do terno. Fernando reconheceu o garoto, que era o irmão mais velho de Ana, Liam Vitrela.

— Bem, já que ele chegou, vamos começar — disse dessa vez, Huto Vitrela, o segundo irmão de Ana. Diferente do mais velho, que herdou fortes características de seu pai, Huto puxou mais o lado de sua mãe, com cabelos castanhos, um pouco avermelhados por conta de seu pai, com um belo par de olhos azuis esverdeados e usava um terno cinza.

Enquanto Fernando pensava consigo mesmo, “o que será que eles vão fazer?”, Huto pegou uma cadeira do corredor, claramente ele havia colocado ela lá antes e ofereceu para Fernando.

Fernando sentou-se com desconfiança, de acordo com seu avô, isso deveria ser diferente, talvez envolvendo ele correndo por sua vida e os dois com armas nas mãos…, sim, isso parecia mais certo.

Agora que Fernando estava sentado, ambos os irmãos rodearam ele e fizeram algumas perguntas:

— Me diga Fernando, o que você gosta na minha irmã? — Perguntou Liam.

“Então vai ser um interrogatório”, Fernando rapidamente se preparou para as perguntas que viriam e respondeu:

— Ana é a mulher mais linda que eu possa imaginar, mas também é tão fofa, principalmente quando ela se atrapalha em algo. Ela é teimosa e faz sempre uma grande bagunça por poucas coisas, se envolve em confusão e sempre está atrás de algo divertido, eu amo isso nela, e sei que nunca vou ficar entediado ao seu lado.

Sentindo que a resposta de Fernando não foi ruim, Liam assentiu, e Huto assumiu o posto de fazer perguntas, aparentemente eles iam ficar alternando a cada uma pergunta.

— É muito triste quando seu parceiro não sabe seu aniversário, vamos ver se você sabe, qual é o aniversário de Ana?

— 8 de novembro.

— Você ama, Ana Vitrela, e somente Ana Vitrela? Se eu descobrir que você teve um caso, eu vou te matar.

— Eu amo somente a Ana, ninguém mais. Eu não vou ter nenhum caso com outra mulher!

— Quais são seus planos, um filho? Dois? Três?

— Eu não sei, tenho que ver com Ana antes de te responder isso.

…..

Após passar quase meia hora sofrendo um questionário com quase todo tipo de pergunta, algumas eram normais, mas outras eram além do incomum. Fernando fez uma anotação mental para si “se um dia eu precisar expulsar alguém, esses dois vão ser uma boa escolha”.

No entanto, quando o interrogatório parecia estar prestes a acabar, um forte tremor agitou toda a mansão. Em pouco tempo uma pessoa familiar chegou, ela abriu a porta com força, era um homem velho, quase tão velho quanto o avô de Fernando.

Olhando para ele, podia facilmente perceber que algo estava errado, sua respiração estava irregular, tinha algumas feridas no rosto e no resto do corpo, ele parecia ter acabado de sair de uma luta. No momento que a porta bateu na parede, ele gritou para que todos pudessem ouvir.

— Ataque inimigo! Estamos sendo atacados!



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