Volume 1
Capítulo 3: Magia e Poder Mágico
Hiiro deixou o castelo e foi para as ruas, pensando no que fazer em seguida.
"Em um RPG é sempre bom coletar informações..."
Falando a verdade, ele poderia ter perguntado ao rei. Mas tinha o risco de acontecer algum imprevisto e ele não conseguir deixar o país se ficasse mais um pouco. Além disso, deixou o lugar o mais rápido possível. Aqueles quatro eram muito capazes, ele mesmo não seria necessário ali.
"Primeiro... O que raios será essa "Magia das Palavras" no meu status? É sem atributos..."
Relembrando os seus conhecimentos vindos de jogos e livros, o termo "guilda" veio a sua mente. Rudolph tinha comentado alguma coisa sobre a existência de uma guilda nesse mundo.
Hiiro, então, decidiu perguntar para alguém onde ficava tal lugar e descobriu que não ficava longe, além de obter algumas informações extra. Dessa forma, foi até lá para se registrar como aventureiro. Viver e viajar não era barato, então ele precisava juntar dinheiro ou créditos no cartão da guilda, que permitia pagamentos com isso.
Quando chegou ao seu destino, o interior estava tumultuado. Caras fortões, prováveis aventureiros, estavam alinhados diante de vários guichês. O mais próximo da porta tinha uma placa com "Abertura de Registro" inscrito.
Como seus olhos e cabelo escuros eram incomuns e ainda usando o seu uniforme escolar, Hiiro se tornou o centro das atenções assim que entrou. Fez uma anotação mental sobre comprar roupas mais tarde e, com uma postura indiferente, se aproximou do balcão: — Olá, gostaria de me registrar.
Com essas palavras, a mulher do caixa começou a explicar com um sorriso profissional no rosto.
Ele receberia um cartão após a conclusão do registro. Tal cartão funcionava como uma identidade, um RG.
Além disso, a guilda recebia e oferecia várias Quests; variando de acordo com sua dificuldade, um nível seria atribuído: F, E, D, C, B, A, S, SS ou SSS. Os aventureiros eram classificados da mesma forma que as Quests, mesmo havendo poucos acima do Rank S. Por exemplo, só havia três Humas Rank SSS. Por fim, um aventureiro ganharia certa recompensa ao finalizar alguma tarefa com sucesso.
A atendente entregou a ele um cartão branco, pedindo que espetasse o dedo em uma agulha e derramasse uma gota de sangue sobre isso. Feito isso, o cartão se dispersou e sumiu.
— Huh? Ele sumiu? — Hiiro se surpreeendeu.
— Por favor, pense nas palavras "Cartão da Guilda". — orientou a atendente.
O cartão apareceu na sua mão. Mas tinha uma aparência diferente de antes: agora possuía bordas azuis.
— As cores representam seu Rank. Do menor ao maior, temos: azul, violeta, verde, amarelo, laranja, rose, vermelho, prata, ouro e, finalmente, preto. — explicou.
Hiiro a ouviu com atenção. Olhando para o seu novo cartão, conferiu os seus dados.
Nome: Hiiro Okamura Sexo: Masculino Idade: 17 Origem: Desconhecida Rank: F Quest: Equipamentos: -Arma: --- -Armadura: --- -Acessório: --- Rigin: 0 |
O garoto deu um suspiro de alívio ao ver que o item "Origem" estava como "Desconhecida". Se estivesse com algo como "Outro Mundo" seria problemático explicar. Em seguida, perguntou algo o intrigou: — O que é esse "Rigin" no cartão?
A atendente ficou confusa: — Hmm? Ah, é a moeda daqui. — As pessoas desse mundo certamente sabiam disso, mas era natural que Hiiro não soubesse.
Ele logo percebeu que o Rigin possuia o mesmo valor do Iene. Também notou que o sexto item, "Quest", mostrava as suas Quests ativas.
"Cartãozinho útil..."
Com um único cartão ele podia pagar e se identificar, além de estar com ele o tempo todo.
— Onde eu posso ver as Quests?
— Pode olhar no mural logo ali. Mas, lembre-se: você é Rank F. Só pode aceitar Quests Rank F ou E.
— Entendi... E como eu aumento meu Rank?
— Realizando Quests e subindo de níveis. Seu Rank subirá naturalmente.
— Então, se eu completar um certo número de tarefas, essa borda azul vai ficar... que cor mesmo?
— Violeta.
— Vai ficar violeta?
— Isso.
Hiiro ficou maravilhado com o cartão. Agradeceu a atendente e murmurou para si: — Melhor não perder tempo...
Dito isso, foi para o mural.
Reparar o Telhado da Igreja — F Ajude a consertar o telhado da Igreja Amaruq. Preferencialmente com experiência. Recompensa: 10.000 Rigin |
Coletar Erva da Sorte — F Colete Ervas da Sorte no Planalto Asbit Recompensa: 300 Rigin por erva. |
Caça ao Goblin — E Mate 10 goblins na floresta Clair. Recompensa: 35.000 Rigin |
Depois de olhar para as Quests, ele escolheu "Coletar Erva da Sorte" sem hesitar. Para ser honesto, não estava confiante sobre a Quest de caça por ser nível 1, mesmo que um iniciante conseguisse caçar goblins. Decidiu ir atrás desse tipo de Quest só depois de subisse de nível e aprendesse a lutar.
— Certo. Mas fique atento à penalidade de 10.000 Rigin para o cancelamento de Quests iniciadas. — avisou a atendente enquanto entregava os papéis para ele assinar.
Hiiro aceitou a Quest mantendo um alerta mental de evitar cancelar qualquer Quest, especialmente agora que ele não tinha dinheiro.
Antes de sair, perguntou onde era o Planalto Asbit. Para sua sorte, era logo após a saída da cidade e ele recebeu uma imagem da Erva da Sorte para referência, que se encontrava em um livro informativo.
"Eu amaria ler esse livro" A sede por conhecimento de Hiiro foi despertada. Ele considerou seriamente se entocar na biblioteca por um tempo depois de juntar algum dinheiro.
Depois de ver a imagem por um tempo, arranjou uma grande bolsa para colheita e deixou a guilda.
No caminho ao portão da cidade, ele se lembrou da questão do status. A frase "Magia das Palavras" ecoou em sua mente. Se tivesse um poder mágico alto, seria um desperdício de talento não saber como usar. Ele precisava aprender a usar magia o mais rápido possível.
Ele se arrependeu um pouco de não ter perguntado na guilda. Magia era algo comum neste mundo, qualquer um usava. Pensando nisso, ele poderia perguntar por aí.
Hiiro parou e olhou para a sua direita. Havia uma pessoa sentada na frente de uma bola de cristal depositada sobre uma mesa.
"Uma vidente?" A pessoa em questão vestia um manto preto e um capuz para esconder sua face, mas parecia uma vidente.
— Oh. Que tal ler seu destino, senhor? — Pela voz, ele concluiu que era uma mulher de idade.
— Nem. Eu não tenho dinheiro.
— Oh, é mesmo. Mas você parece que quer perguntar algo.
Hiiro ficou sem palavras.
— Você não é daqui. Nunca te vi antes.
— Porque diz isso? — Ela lhe pareceu suspeita.
— Hehehe, não fique tão nervoso. E se eu te falar seu destino como comemoração pela sua chegada?
— Não estou interessado. — cortou.
— Não diga isto... sente-se!
Já que não estava com pressa, ele se sentou na cadeira disponível, como pedido.
— Deixe-me começar...
Ela colocou as mãos na bola de cristal e se concentrou. Hiiro assistiu em silêncio com os braços cruzados.
— Ohoho... — riu a mulher — Você tem uma estrela da sorte estranha....
— Estranha?
— Veja bem, todos têm uma estrela em seu coração. Cada uma tem sua própria forma, cor, tamanho e radiação. Minhas habilidades me permitem vê-las. E, até agora, nunca vi uma estrela tão forte quanto a sua.
— Hum…— resmungou o rapaz.
— Ela é poderosa e é feita de um vermelho queimante, com um azul escuro ao redor... Tem a forma de uma esfera imaculada, e brilha tão forte que fere os olhos de quem a vê. Uh? Entendo… Você não é nem mesmo deste mundo.
Ele se levantou de repente, derrubando a cadeira. Como ela sabia disso?
"Podem Videntes fazer isto? Não, pode ser… magia?"
Pensando nisso, Hiiro encarou a mulher com um olhar aguçado. Ele não se importava com o que ela sabia, mas ficou desconfiado por reflexo.
— Sente-se. Não vou espalhar. E, apesar de pessoas de outro mundo serem bem raras, não é a primeira vez que vejo um.
— A senhora já viu agluém como eu?
— Sim, uma vez, quando era jovem. A pessoa possuía um cabelo preto e uma estrela estranha também.
— Entendi... Então, o que isso significa?
— Você vai conseguir... não. Você tem as asas da liberdade. Essas asas vão crescer ainda mais, em todos os aspectos. — Ele não entendeu o que ela quis dizer, mas não parecia algo ruim. — Muitos vão se aliar a você em busca dessas asas.
— Geh, isso é ruim. Eu prefiro ficar só.
— Bem, é só um dos futuros possíveis. — explicou ela — Só de ouvir isto hoje, o futuro já mudou.
— Eu não entendi. Eu só faço o que eu quero.
— Vai nessa. Você não queria perguntar algo?
— Como você disse, eu vim de outro mundo. Não tem magia lá, então eu não sei usar a daqui. Quero aprender o mais rápido possível. — Percebendo algo, ele olhou para a senhora. — Ei, poderia me ensinar?
— Não me importaria. — Ele pensou que ela iria recusar, mas ela aceitou. — Você sabe de onde a magia vem?
— Não. Por isso estou te perguntando. Acho que é do coração ou do cérebro.
— Não, não. O poder mágico vem do sangue.
— Do sangue?
— Sim, todo organismo vivo tem sangue. Essa é a fonte da magia.
— Oh — Hiiro se supreendeu.
— Por isso que você deve focar no fluxo do sangue em suas veias quando concentrar poder mágico.
— No fluxo de sangue?
— Sim, observe. — Dizendo isso, a senhora mostrou a sua mão. Algo como uma fumaça azul saiu da palma lentamente tomando forma até se tornar uma esfera. — Isso é poder mágico.
— Uau! Então é algo visível?
— Bom, você tem de treinar para tornar visível. Foquei o fluxo e imaginei saindo da minha mão.
— Imaginou , huh…
— Mágica é o poder da imaginação e do fluxo. O fluxo de poder mágico circula dentro dessa esfera como sangue.
— Parece um pouco complicado, mas acho que entendi — falou ele —. De qualquer forma, não seria errado dizer que fluxo sanguíneo é igual ao poder mágico, certo?
— Sim.
— E para usar, eu imagino o fluxo de sangue através do meu corpo inteiro. Fazendo isso… — Enquanto falava, imaginou o fluxo de sangue indo para seu indicador. A ponta do seu dedo brilhou e ficou um pouco quente. — Então vocês fazer dessa forma. Entendo, isso é magia.
A mulher na sua frente ficou de boca aberta com a surpresa: — Oh, que interessante! Você disse que era sua primeira vez usando mágica, certo?
— Hm… sim.
— Mas já pode controlar... Você deve ter uma imaginação incrível.
— Bem, eu sou um devorador de livros, então confio na minha imaginação.
Como os livros contêm apenas palavras, o leitor deve visualizar o local, pessoa e ação usando a imaginação. Hiiro tinha se enterrado nos livros desde pequeno, então sua imaginação era bem treinada. Ou melhor, era o seu único ponto forte. Quando ele parou de imaginar, a luz e calor desapareceram do seu dedo.
— Obrigado. Agora eu sei o que é poder mágico.
— Grata em ouvir isso.
— Mais uma coisa, eu posso recitar um feitiço enquanto eu foco o fluxo de mágica como agora quando eu uso magia?
— Mais ou menos. Olhe. "Bola de Fogo". — A mulher apontou seu indicador e recitou, então uma bola de fogo surgiu. — Eu a deixei pequena agora, mas ela pode se tornar maior dependendo do poder mágico e da imaginação.
— Entendi. Mas acho que não posso usar "Bola de Fogo"...
— Hum? Qual é seu atributo? É diferente?
— Sim, é "sem atributo".
— Esse sim é raro. Esses sem atributos possuem poderes únicos. Pode ser que você…
— Espere um pouco, único? Você diz, um poder só para aquela pessoa?
— Sim.
De acordo com a senhora, havia oito atributos para magia: Fogo, água, terra, vento, luz, gelo, eletricidade e trevas. Ser sem atributo significa não possuir nenhum destes. Em outras palavras, uma pessoa sem atributo não pode conjurar um elemento.
Em troca disso, possui uma mágica única, que só pode ser usada por ele.
— Além disso, magia única é preciosa mesmo neste mundo. Atualmente, não são muitas pessoas que podem controlar. — continuou ela.
— O que você quer dizer?
— Magia única sempre é poderosa. E eu ouvi dizer que é difícil de controlar. E a maioria das pessoas morrem com a "Repercussão" já que o seu poder mágico explode.
Ao ouvir isso Hiiro sentiu sua espinha tremer. Ele nunca pensou que magia única poderia ser tão perigosa.
— Controlar é importante, mas conhecimento também.
— Conhecimento? — O garoto ficou confuso.
— Sim, a "Repercussão" ocorre porque o usuário não entende sua própria magia. Conhecimento do poder mágico, da mágica e de si mesmo. Quando você domina isso, você se torna um usuário de magia top de linha.
— Entendi. Obrigado por me dizer isso. — agradeceu ele com sinceridade.
— O prazer foi meu. Faz tempo que eu não apreciava uma luz como a sua. — Ele não pôde ver a face da senhora, mas ela devia estar rindo quando levantou a voz. — Estou sempre aqui, então apareça se precisar de algo. Se bem que certamente vou te cobrar da próxima vez.
Então, ele se despediu da senhora e foi para o portão da cidade.