Volume 4 – Arco 3
Capítulo 36: O amor.
Yukiro
Não sei dizer, mas algo me deixa intrigada… alguém morava nesse planeta antes de nós… quem era?
O anel encaixa direitinho no dedo de Riko, isso me deixava um pouco assustada, mas enfim… ela aceitou se casar com Riki.
— Após isso, eles começaram a andar mais e mais… até chegar em um deserto.
— Eles conseguiam andar por todo lugar…?
— Sim… algo que não te contei, no nascimento de Riki… todos os continentes se juntaram, e se transformaram em um só. Assim facilitava e ainda facilita a transportação de um lado para o outro.
Sim… nesse mundo, algo que ainda não foi visto por mim, todos os continentes estão juntos se transformando no que foi nomeado de “pangeia”. Os humanos aproveitaram isso para criar estradas que andam pelo mundo inteiro.
— Nesse deserto… o que eles viram?
— Nada de especial. Mas Riko achava incrível um lugar que não tinha água, que na verdade… tinha algo a mais, um calor terrível. Com isso ela pediu um favor ao seu marido.
— O que…?
— Que ele crie os oceanos e todas as águas do mundo. Só que… como isso era coisa demais pra ele… ele pediu algo a Deus.
— Deus?
— Sim… Deus estava observando todos os passos de todos os seres humanos, só para saber se é um teste bom.
— Entendo…
— Assim, Deus criou Mier… a deusa de todos os oceanos e com isso ela criou rios… mares… e se juntou na viagem com eles. Viajar pelo mundo era um objetivo um tanto quanto… grande, eles nem tinham andado 10% do mundo… estavam extremamente longes de andar por tudo.
— Mas por que ela queria tanto andar pelo mundo inteiro?
— Oras, ela queria entender como o ser humano funciona.
— Mas…
— Entendo seu questionamento. Ela só queria entender outras pessoas, em toda essa viagem… ela queria voltar para o seu local de nascimento enquanto descobre o que o ser humano é.
— Hm. Entendi.
— Mier entrou na viagem e assim os três foram em direção ao norte. Com isso… Mier achou interessante criar a chuva!
— Criar a chuva?
— Sim. Os seres humanos começaram a plantar, mas não havia uma forma de manter a planta viva… então ela pensou que se criasse algo que caísse do céu… principalmente água, faria as plantas viverem mais. Ela criou isso… nesse momento.
O cenário se transforma em uma fazenda morta… assim.. eu vejo os três deuses andando por aí ao lado de um camponês.
— Olha… está tudo morto… será que vocês podem fazer alguma coisa? Perguntou o camponês.
— Creio que… tenha algo que possamos fazer. Respondeu Mier.
— O camponês se ajoelhou e assim agradeceu intensamente por tudo, se afastou e esperou por alguma coisa. Nesse momento… Mier balançou os braços para o alto e desejou que as nuvens criassem água… a chuva foi criada. Era algo tão bom que rapidamente reviveu as plantas.
— O camponês agradeceu tanto… que chegou ao ponto de chorar. Os outros também ficaram felizes e criaram uma estátua dos três deuses.
— Essa estátua… existe?
— Sim! Ela estava em um estado perfeito.
— O que aconteceu… depois?
— A viagem continuou e eles perceberam que os humanos precisavam de riqueza… e mais um pedido a Deus foi feito.
— Deus… faça a deusa da riqueza… o nome… é Pérola. Desejou Riki.
— E assim… o desejo da riqueza foi preenchido.
Uma mulher surge na frente, ela…
— É um deus? — pergunto.
— É uma deusa…? Não posso te falar.
Sua aparência me deixava confusa, não sabia se era homem ou mulher, seu rosto fino e delicado, com seus olhos verdes e cabelos curtos, porém loiros. Sua roupa… que era um vestido que usavam no deserto, demonstrava bem pouco sua pele.
A viagem continuou… dessa vez com quatro pessoas.
— A cada momento…
— Sim, a cada momento… os deuses iam se criando.
O lugar se transforma em uma floresta extremamente linda e colorida.
— Dessa vez… estamos na floresta que nasceu junto com Riko, a floresta da mãe natureza. E sim, vocês passaram por aqui, e até mesmo roubaram uma raposa.
— Como você…
— Eu sei de tudo.
— O que os seres humanos precisam… agora? Perguntou Riko.
— Eles entravam em conflito com tudo… os seres humanos pareciam todos da mesma personalidade, com isso… Riki deu a ideia de criar uma deusa dos sentimentos. Porém Deus não aceitou isso e acabou… criando os pecados capitais. Avareza… Gula… Inveja… Ira… Luxúria… Preguiça… e Soberba.
— Esses eram seus nomes?
— Sim. A criação dessas pessoas fez com que todos os seres vivos tivessem suas próprias personalidades, cada um tinha uma porcentagem desses pecados dentro de si o que fazia a personalidade de todos.
— Entendo.
— Com isso, os seres humanos causavam problemas para o mundo… suas criações, suas lutas e tudo o que faziam… era tudo prejudicial. Com isso… eles criaram Krig. O deus da guerra.
— E o resto?
— O resto…? Bem. Ao perceber as necessidades humanas, Deus criou a escuridão e a luz, o inferno e o céu, o sol… e a lua, a loucura, o medo, a tristeza, a necessidade, a sabedoria… e tudo o resto. Cada um dessas coisas que foram criadas… tinham seus representantes. E todos eles… tinham suas próprias personalidades.
— …
— O que fazia… algo ruim acontecer.
— O que?
— Riki criou um departamento onde eles iriam passar seus dias e pensar em formas de ajudar os seres humanos. No meio dessa reunião… eles estabeleceram algumas regras, e uma delas era… os deuses não podem se relacionar com os seres vivos. E você sabe o por quê?
— Porque eles não queriam passar seus poderes para frente?
— Sim! Os deuses não morrem por causas naturais, então a única forma de matá-los é alguém indo lá e fazendo todo esse trabalho. Por eles saberem disso e entenderem que não é necessário as relações sexuais, alguns deuses acabaram concordando com isso. Porém… Riki não concordava com isso.
— Por que?
— Oras, ele estava casado com a Riko desde o início da vida, ele não iria aceitar o fato dele ter que se separar de sua amada. Com esse fato, o deus da guerra ficou extremamente bravo com Riki, e praticamente todos ficaram bravos com ele, essa discussão não iria levar a lugar algum. Com isso… Riki decide ir embora com Riko, e deixar para trás o departamento dos deuses, fazendo assim que eles se tornem inimigos do mundo inteiro. Foi aí… o início do fim.
— Entendo.
— Eles viajaram pelo mundo novamente, mas dessa vez tinham que se esconder a todo momento, caso contrário… eles iriam ter que matar vários humanos.
— Eles não queriam isso, certo?
— Óbvio que não, os seres humanos eram uma fonte de vida gigante no mundo, e que dava felicidade a Riko só de vê-los, e por conta disso… Riki não queria matar ninguém.
— Riko não podia matá-los?
— Não. Riko era extremamente fraca. Eles tinham que lidar com perseguições feitas a todo momento, seja pelos deuses, seja pelos humanos… seja por tudo e qualquer coisa.
— …
— Então, ao ver seu amado sofrer para protegê-la, Riko decide ir embora. Em uma noite onde ambos estavam dormindo, Riko apenas saiu de fininho e assim tentou voltar para sua terra natal.
— Ela não conseguiu?
— Claro que não, Riki percebeu logo de cara, e foi ver o que estava acontecendo.
O cenário muda para o topo duma montanha, abaixo deles dava para ver uma cidade gigantesca… uma discussão começa.
— Onde… você está indo?
— Para um lugar tão longe.
— Por que?
— Eu não queria mais vê-lo sofrer para me proteger…
— Você se preocupa com isso?
— Sim… não quero ver mais sofrimentos na minha frente, sabe quantos anos estamos fazendo isso…? Até agora eu não entendi… não entendi mesmo qual o significado do amor, aquele que você tanto me falava que iria ensinar.
— Isso… demora para acontecer…
— Sempre é essa desculpa… Deus criou tantas e tantas coisas, e até agora eu não entendi nada disso. Essa luta para me proteger, todas essas coisas… o que você tem em mente?
— Praticamente nada… só você.
— Isso… eu sinto que isso não é algo bom.
— O que você quer que eu faça? Só vivi com você praticamente minha vida inteira, era óbvio que um ponto ou em outro isso iria acontecer…
— Isso significa que… você me iludiu?
— O que?
— Você brincou com todos meus sentimentos.
— N-Não!
— SIM! VOCÊ BRINCOU COM TUDO ISSO!
— Calma… não é preciso gritar tanto assim…
— Riko tentava se acalmar, mas era impossível. Pela primeira vez em anos da sua vida… Riko sentiu raiva, dor e sofrimento. O que ela mais queria entender era o amor, mas na verdade… conseguiu o contrário disso. Na sua mente milhares de palavras vieram para falar ao Riki… mas a que ganhou foi…
— Eu estou decepcionada com você.
— Os olhos de Riki se arregalaram, ele sentiu isso… sentiu que se não fizesse nada por agora… tudo iria cair de cabeça pra baixo. Afinal… para que servia essa viagem gigante que eles estavam fazendo? Aos poucos eles criaram o mundo, ajudavam todos a ficarem mais fortes, mas em nenhum momento eles se ajudaram. O sentimento de solidão dominava o coração dos dois.
— Eu achava… que você iria ser aquele que me salvaria.
— Eu achava… que você seria aquela que me manteria vivo.
— Eu achava que… você seria a pessoa certa.
— Eu achava que… Os dois começaram a citar coisas e coisas da vida deles, um para o outro. O que deixava todos confusos. Riko estava com seus sentimentos descontrolados que aos poucos criava mata envolta deles… e isso gerou a árvore da vida.
— Riko… A discussão parou e os dois se atentaram a sua volta. Uma árvore gigante havia sido criada… e qual o motivo disso? Sim. A Riko.
— Essa “linda” mulher criou essa terrível árvore, com isso ela descobriu… o que sentia não era dor. Era raiva pelo fato de ir embora e deixar o Riki sozinho, aos poucos ela descobria que o que estava no seu coração… era amor. Com isso, seus olhos abriram… e ela aos poucos entendia de verdade o que estava acontecendo.
— Dentro dela…
— Sim, o que havia dentro dessa mulher… era amor. E aos poucos ela percebe isso… o que atiçava sua raiva, era o fato de Riki fazer tudo isso, ele vivia por ela, fazia tudo por ela, e isso a deixou… triste. Riko não queria uma pessoa que seria pra ela, queria alguém com ela. Mas óbvio que nem tudo é um mar de rosas.
— O que você quer dizer com isso?
— Krig, após a saída de Riki, anuncia guerra contra os deuses, o que fez eles guerrearem pela primeira vez, a primeira guerra dos deuses iria começar quando Krig avistasse Riki.
— Por que ele fez isso?
— Simples, sem a pessoa mais forte, não tinha sentido continuar aqui. Ele queria a sua vida, queria proteção… e isso só se podia ganhar com Riki do seu lado, sem ele… nada tinha cor, nada existia.
— O que você quer falar com isso?
— Nada, só estou te contando uma história, e como qualquer outra… existem milhares de visão sobre a mesma coisa, você está tendo a sua… enquanto eu estou tendo a minha.
— …
— Lembre-se, já chego na sua parte.
— Ok.
— Riki assim se desculpou com Riko e ela sem muitas escolhas simplesmente aceitou como se nada tivesse acontecido. Por mais que eles brigaram, Riko finalmente entendeu o que seria o amor.
— E o que ela ganhou com isso?
— Bem… talvez a vida que ela queria. Enfim, após alguns anos o que mais era temido acontecer… aconteceu.
— Krig viu Riki?
— Sim.
— Você vai se juntar a mim? Perguntou Krig.
— Por que eu deveria?
— Se eu e você nos juntarmos, tudo vai dar certo, será simples e fácil essa guerra.
— Ah…
— Você deve se juntar. Diz Riko.
— Por que?
— Se der certo… seremos os reis do mundo, assim iremos poder fazer o que quiser que ninguém poderá nos dizer nada!
— Como chegou nessa conclusão?
— Quem ganha uma guerra… ganha o que quiser do perdedor, e eles agora estão com o mundo do lado deles… e eu quero isso pra mim. Fazia sentido o pensamento dela, e com isso em mente… e com muito receio de algo…
— Eu aceito. Riki… aceitou entrar na guerra dos deuses.