Volume 8

Capítulo 454: Ponto de vista: Asura

— O Continente de Gilbard, huh. Faz muito tempo que estive aqui.

— Você é um cara grandão! Você é da tribo dos demônios?

— Sim.

— Você tem algum negócio neste continente?

— Não, não é um negócio...

Foi por capricho que cruzei o continente de Khrome até Gilbard.

— Bem. Acho que só segui minha intuição.

, intuição?

Tinha uma habilidade única que fortalecia minha intuição e instintos. Com essa habilidade, eu poderia dizer se as palavras da outra pessoa eram mentira ou não. Eu poderia de alguma forma dizer se a pessoa estava falando a verdade ou não. Às vezes estava errado, mas muitas vezes essa habilidade salvou a minha vida.

Minha intuição estava me dizendo que eu deveria ir para o continente de Gilbard. Ela foi originalmente desencadeada pelas palavras de um ser maligno chamado Murellia.

A última coisa que ela me disse foi que queria que eu salvasse um menino chamado Romeu. Não pude sentir nenhuma mentira naquelas palavras. Devia ter saído do fundo de seu coração.

E então, o homem que enfrentei depois, Zerrosreed. Ele era um homem brutal, mas também pude sentir sua profunda tristeza. Eu não sabia por que na época, mas...

Mais tarde, quando ouvi dizer que Zerrosreed tinha sequestrado Romeu, tudo ficou claro. Ostensivamente, parecia que Zerrosreed tinha traído Murellia, mas achei que isso foi só uma atuação. Nem sei por que ele fez isso...

Com isso em mente, parecia natural que Zerrosreed atuasse para cumprir o último desejo de Murellia.

Eu também podia prever o destino que o homem tomaria com Romeu. Os resultados de uma pesquisa de orfanatos em torno do país haviam sido compilados para determinar onde Murellia deixaria Romeu.

Entre eles, um orfanato na grande cidade de Barbola estava, aparentemente, sendo considerado como um lugar promissor para deixar a criança. Isso era o que eu ouvi da Senhorita Mare e dos outros, então tinha certeza de que era verdade.

Não era como se houvesse algo nele para eu ir atrás. Não sabia se queria salvar Romeu ou se queria ter uma revanche com Zerrosreed. Mas senti que deveria investigar isso. E quando me dei conta, estava em um navio com destino ao continente de Gilbard.

— Mas não percebi que era uma tentativa vã...

Uma vez que desci do navio e comecei a perguntar por aí, logo descobri a localização do orfanato. Parecia ser um lugar muito famoso em Barbola. Nos últimos tempos, uma aventureira rank A havia crescido no orfanato e assumiu sua administração, e seu nome parecia ter se espalhado ainda mais.

Perguntei à mulher estranhamente discreta que veio responder sobre Romeu, e, para minha surpresa, ela disse que o garoto não estava neste local.

— Zerrosreed o levou, huh?

Não acabou por aí...

— Estou com um mau pressentimento.

Parecia que uma espinha de peixe estava presa em minha garganta. Talvez eu devesse deixar isso para lá, mas não poderia deixar de me perguntar. Para onde Romeu e Zerrosreed foram?

Além disso, seria chato atravessar o continente e chegar de mãos vazias. No mínimo, eu queria ver Zerrosreed e Romeu pelo menos uma vez.

— Então, aonde devo ir agora...?

Zerrosreed era um criminoso procurado em todo o mundo. Devia ser difícil para um homem continuar criando uma criança. Se ele tivesse que continuar fugindo de seus perseguidores, não conseguiria se estabelecer.

Mas havia um lugar onde até mesmo tal pessoa poderia viver sem se preocupar com seus perseguidores. Um lugar onde criminosos de todo o mundo fugiam para manter suas vidas. Era mais severo do que qualquer outro lugar do mundo, mas se você fosse tão forte quanto Zerrosreed, não teria nenhum problema naquele lugar.

— Um lugar onde todo o seu passado é perdoado se você for um guerreiro capaz. O continente de Goldishia.

No continente de Goldishia, desde que você se juntasse às forças aliadas e cumprisse suas cotas diárias, sua ficha criminal era considerada irrelevante. Perder um guerreiro capaz por razões triviais era uma grande perda naquele lugar infernal.

Sem dúvidas, Zerrosreed teria seguido para o continente de Goldishia.

— Então, a melhor coisa a fazer seria atravessar o continente de Gilbard e pegar um navio em uma cidade portuária no litoral oriental.

No caminho, parei na capital real do Reino de Kranzell. Era de fato a capital real de um grande país, e ostentava uma tremenda grandeza. Não era com frequência em minha longa vida que eu via uma muralha tão grande.

Para começar, havia apenas alguns lugares neste mundo em que você poderia construir uma cidade no nível desta capital real. Era devido à dificuldade em construir uma cidade grande em um lugar que não tivesse as condições para a geração de feras demoníacas poderosas, fosse ecologicamente estável e não tivesse problemas no transporte ou no abastecimento de água.

Era especialmente difícil encontrar um lugar onde não existiam feras demoníacas fortes nas redondezas. Era impossível construir uma cidade em um lugar onde grandes monstros como dragões e gigantes apareciam com frequência, e mesmo que você pudesse, não duraria muito.

Nesse sentido, a capital real de Kranzell era uma conquista maravilhosa. A maioria das feras demoníacas nas proximidades eram de tamanho médio ou pequeno, e não era difícil derrotá-las se você tivesse um número suficiente de aventureiros e cavaleiros.

Era difícil até mesmo para um grande país ter pessoas fortes. Estava tudo bem desde que houvesse um povo forte, mas para um país perdurar por centenas de anos... Considerando isso, um sistema que sempre poderia fornecer um certo nível de defesa com números e ferramentas era mais confiável.

Pensei que o interior seria muito desenvolvido...

— Mas não esperava ser pego em uma crise aqui.

Eu estava no meio da coleta de informações sobre Zerrosreed em uma taverna. Mas não consegui nenhuma informação. Mas, ao que tudo indicava, Fran e seu mestre estavam na capital real. Quando estava prestes a encontrá-los, vi que havia uma batalha em larga escala acontecendo por toda a capital.

Não sabia se era uma guerra civil ou um golpe de Estado, mas as pessoas estavam lutando umas contra as outras. Será que eles eram invulneráveis a inimigos externos, mas vulneráveis a distúrbios internos?

Mesmo assim, ainda havia muito barulho. Enquanto estava pensando nisso, fui atacado também. Eram caras estranhos com espadas presas em suas costas. Eles eram muito fortes. Se esses caras estivessem fora de controle, a capital real poderia estar em um estado muito perigoso.

Ouvi da Guilda dos Aventureiros que o Marquês tinha preparado um golpe de Estado. As pessoas com espadas presas em suas costas pareciam ser seu exército. A Mestra da Guilda e outras pessoas pareciam estar liderando um grupo de elite para vários lugares como apoio.

— Eu não posso ignorar isso, hum.

Não sabia se era sorte ou azar para as pessoas dessa cidade que eu estava aqui, mas... queria ter certeza de que a Senhorita Fran estava segura.

Por ora, segui para o castelo real onde havia pessoas relacionadas com a Ordem dos Cavaleiros. Eu iria lá buscar algumas informações e, se necessário, poderia destruir o Marquês. Graças a Fran e aos outros que o seguraram, ainda devia haver tempo suficiente para ela fugir. Tinha certeza de que poderia ajudar.

No entanto, parecia que esse pensamento era muito doce. Em frente ao castelo real, uma garota com enorme poder estava acabando com os cavaleiros. Ela era uma mulher-dragão, mas seu poder mágico era comparável ao meu. Não era como se ela tivesse um propósito, mas isso não levou à destruição em larga escala, porém, se ela ficasse séria, até mesmo essa capital real seria apagada em menos de meia hora.

Eu mesmo teria que fazer isso. Se eu a deixasse em paz, seria um desastre para a Senhorita Fran e o Mestre. Chamei os homens pomposos que estavam falando sobre o velho Dimitris e lhes deu uma amostra do meu poder, mas isso não causou muitos danos. Se não ficasse sério, eu ficaria em apuros.

— Agora, por quanto tempo posso continuar assim...?

O problema era que, se perdesse o controle, haveria mais danos. Eu tinha que acabar com isso logo.

Ei! Tire essas pessoas da área. Eles vão acabar envolvidos na luta!

— Vo-você é…?

— Sou um aventureiro, Asura. Você pode me chamar de aliado.

— Vo-você é... ei! Todos, recuar! Usem o castelo real para escapar agora mesmo! Apressem-se e evacuem os residentes.

Ha!

Pelo visto, ele sabia quem eu era. O cavaleiro que parecia ser o mais importante movimentou-se sem demora. Isso tornaria a luta um pouco mais fácil.

— Você já ouviu falar da aventureira conhecida como Princesa do Raio Negro?

— Você conhece Fran, Asura-dono?

— Sim, onde ela está agora?

— Eles estão procurando na mansão do Marquês Ashtonah.

— É longe daqui?

— Mais ou menos.

Então estava tudo bem. Havia menos probabilidade de ela se envolver.

— Não há nada a lamentar! Liberar Espada Divina!

Com minhas palavras, a espada divina em minha mão transformou sua aparência em algo cruel. O portão que segurava seu tremendo poder foi aberto.

— Prisão Gravitacional!

Ghaaa!

A resistência mágica era tão alta que a magia de restrição era quase inútil. Portanto, seria uma luta complicada.

Eiiii! Vocêêê!

Fiquei surpreso. Pelo que parecia, ela estava completamente fora de controle, mas não sabia que ela poderia falar neste estado. No entanto, o que saiu da boca da menina foi uma voz rouca e masculina.

Oh, bom. Se pudesse ganhar tempo para tirar os outros do caminho, me juntaria a ela para um bate-papo.

— O que foi?

— Essa é uma espada divina, não é? Não é a falsa que aquela gata-negra tinha! É uma verdadeira espada divina, não é?

— A garota da tribo dos gatos-negros? Por acaso é a Fran?

— Com essa espada divina... nós...

Ei!

— Se pegarmos essa espada divina...

Só porque ela poderia falar não significava que ela estava sã. Sempre que a garota gritava, a espada quebrada em sua mão começava a emitir uma magia maligna. Ao que tudo indicava, a espada estava a controlando.

— O que é você?

— Não sei! Eu queria saber! Mas eu sei! Se conseguirmos essa espada divina, seremos capazes de recuperar nossa forma original! Por isso, dê-me essa espada divina!

Sua espada se voltou contra mim. Mas isso era algo bom. Isso tornava facilitava a luta.

— É hora de ficar sério, hein?

Quase todos os sinais de pessoas desapareceram da área. Porém, parecia que ainda havia pessoas dentro do castelo... Era verdade que eu poderia lutar mais confortavelmente no distrito nobre do que no plebeu. Não faria mal ao meu coração mesmo se esmagasse a casa deles.

— Dê-me essa espada!

— Morra, sua maldita!

Eu estava desde o início em força total. Devia ser o mesmo para o outro lado. Meu inimigo lançou uma série de ataques que poderiam transformar até mesmo uma grande mansão em uma ruína com um só golpe. Em apenas alguns segundos, a praça estava em um estado cruel. Os paralelepípedos estavam destruídos e havia enormes buracos no chão.

Mas mesmo uma luta como essa era apenas um teste para nós. De tempos em tempos, uma abertura apareceria e um movimento ainda maior seria usado, mas não seria suficiente.

Apesar de seus braços serem arrancados, suas pernas esmagadas e seu corpo perfurado, ela regenerava de forma instantânea suas feridas e desferia sua arma contra mim.

— Por que não consigo controlar você?

Ahh? Você quer me controlar?

Pelo visto, ela estava usando algum tipo de habilidade que permitiria que controlasse seus inimigos. Mas não achava que isso seria possível. Sempre estive sob a influência da Demonização da Loucura. A não ser que ela tivesse mais controle do que essa habilidade, não seria capaz de controlar minha mente.

Tsk!

A garota mostrou uma leve expressão de impaciência. À primeira vista, parecíamos igualados, mas ela sabia que estava em desvantagem. Ela percebeu que o impasse não duraria muito tempo.

Oraaa!

Gugha!

Estávamos igualados em capacidade. Mas ela tinha uma regeneração um pouco melhor. Eu tinha táticas melhores. E a diferença nas armas era óbvia. Eu tinha a espada divina. O outro lado era uma espada mágica quebrada.

Comecei a levar a melhor na luta. Se quisesse me derrotar, ela deveria ter voltado para o ar e me atacar a distância. No entanto, talvez ela estivesse muito determinada a tomar minha espada divina, então me desafiou a uma batalha de curta distância.

Não, ela devia estar confiante em suas habilidades com a espada. Na verdade, se fosse uma partida normal, o outro lado era muito superior. Ela me cortaria dez vezes antes que eu pudesse a atingir uma única vez. E talvez ela precisasse me cortar com sua espada para me controlar.

No entanto, o poder de ataque das armas na mão dela era muito diferente. O ataque de Gaia, que contava com um atributo divino ao colocar poder mágico nela, devastou a força vital da garota com um só golpe.

Claro, estava praticamente encurralado. Já fazia um tempo desde que lutei contra um ser mágico de rank A como um Lich.

Gughaa!

— Você não pode escapar! Beijo da Terra!

No momento seguinte, a vasta área foi esmagada de uma só vez. Uma supergravidade estava sendo aplicada em um raio de cerca de 200 metros. Esta não era Magia Ta terra, mas a habilidade de Gaia. A garota que estava prestes a decolar caiu e ficou presa no chão.

Antes que percebesse, a área ao redor do castelo havia se tornado um terreno baldio e metade do castelo desabou, mas estava tentando proteger a capital. Imaginei que não havia o que fazer.

— Beijo da Terra!

— ...

Próximo do ponto da superfície. A gaiola gravitacional, que se estendia como se contraísse em direção à garota de todos os lados, tinha capturado seu corpo. Este era um dos movimentos especiais de Gaia que esmagou até mesmo os dragões da terra mais resistentes... era louvável que ela fosse capaz de suportar isso, mas não havia como escapar agora, a não ser que usasse Magia de Teleporte.

Pouco antes de ela estar prestes a parar o golpe...

— Liberar Espada Divina!

Tsk!

Com o grito da garota, o preceito da gravidade irrompeu de seu interior. Ainda assim, Liberar Espada Divina? Aquela espada mágica era uma espada divina? Não, do jeito que estava quebrada, era uma espada divina descartada como o Mestre?

Graças à minha relação com Alistair, ouvi um pouco sobre a Espada Divina. Havia seis espadas divinas descartadas que eu conhecia.

Querubim, Derretimento e Julgamento, que foram ordenadas por Deus para serem descartadas, não havia chances de existirem neste mundo. Mesmo que ainda tivessem seus corpos externos como o Mestre, elas não teriam suas habilidades originais.

Portanto, era mais provável que fosse a Ordem Sagrada, Fanático ou Eldorado, que foram destruídas por acidente ou em uma batalha entre espadas divinas.

— Pelo amor de Deus! Acabou! Por que nada está funcionando?! Se passaram 40 anos! Há 40 anos nos preparamos para isso!

— Como se eu soubesse!

— Uma pseudoespada fanática feita para cortar e derreter nossas espadas, e uma linhagem de donzelas dragões que pode usar nossa mais poderosa habilidade, Transformação em Dragão Divino! Por que um cara como você apareceu em um momento como este?! Não se meta comigoooo!

Ela foi encurralada e perdeu a paciência. A espada estava rugindo e delirando de uma maneira imprópria. Sim, a espada estava falando.

A espada, que havia sido transformada pelo Liberar Espada Divina, retinha a parte quebrada da lâmina, mas a guarda-mão tinha sido ampliada para se parecer com uma manopla chegando até o cotovelo. Numerosas máscaras humanas estavam desenhadas na superfície da manopla, dando-lhe um ar estranho.

Em seguida, havia uma escultura de um homem que se tornou tão enorme que era quase tão grande quanto uma cabeça humana, e ele estava gritando como uma pessoa real. A forma como sua boca e olhos se moviam não eram diferentes de um humano.

— Você orquestrou este golpe de estado?

Hyahahaha! Isso mesmo! Nós fizemos isso com Ashtonah! Mas ele já falhou!

— Qual é o seu objetivo?

— A espada divina de Fyrias, Diábolos! Vamos tomar a capital e o rei com as nossas habilidades, unir todos os exércitos, e invadir Fyrias! E nós vamos pegar a espada divina!

— ... para te consertar?

— Isso mesmo! Se só tivéssemos uma espada divina feita com oricalco... além disso, Diábolos foi feita por Dionísio, assim como nós! Ela deve ser altamente compatível conosco!

Eu enfim entendi. Este era o remanescente da espada divina Fanático. Ela foi destruída pela Ordem Sagrada e perdeu sua capacidade original, mas devia ter escapado sem desaparecer.

Ela estava apenas tentando consertar a si mesma, então criou essa bagunça. Bem, imaginei que ela não se importava com quantas pessoas morreriam.

A surpresa foi que havia uma vontade, mas foi menos chocante graças ao fato de eu ter me encontrado com o Mestre.

— Se você não estivesse aqui... mesmo que eu tenha que morrer, tenho que te matar! Não apenas isso! As pessoas desta capital real irão com você! Todos vocês irão morrer!

Será este o efeito do Liberar Espada Divina? Sua lâmina começava a se desfazer em areia como se se desintegrasse. Fanático logo desapareceria a partir disso. Bem, ela mostrou seu poder como uma espada divina em um estado incompleto, isso não podia ser diferente.

— Vou te destruir e depois vou acabar com tudo isso!

— Vou te matar por interferir comigo!



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