Volume 8

Capítulo 401: Tipos de escravos

Eliane seguiu para os diferentes tipos de leilões.

— Você está interessada apenas em armaduras, armas e pedras mágicas?

— Que outros tipos de itens têm?

— Sobre isso, você pode estar interessada no leilão de materiais de feras demoníacas, o de culinária e o de artefatos mágicos?

— Leilão culinário?

Imaginei que ela reagiria a essa parte. Parecia que Eliane tinha facilidade em entender Fran. Com um sorriso entretido, ela acenou.

— Sim. A maioria dos ingredientes são vendidos lá. Não é apenas carne de feras demoníacas, mas também ingredientes raros, como cogumelos-fantasma, vegetais mágicos e outras raridades. Todos são difíceis de se encontrar no mercado regular.

Nn, entendido.

— Além disso, você também pode exibir receitas e segredos culinários lá.

Em suma, tudo relacionado à culinária era exibido lá. Nós realmente deveríamos participar de um se tivermos tempo.

— Porém, pratos quase nunca são vistos neste leilão.

— Não há necessidade, posso cozinhá-los sozinho.

Oh, você sabe cozinhar?

Nn.

Oh, sério... talvez ela devesse me ensinar.

Eliane, aparentemente nervosa, murmurou essas palavras. Ela não devia saber cozinhar e, dado o estado desta sala, não diria que era surpreendente.

Havia mais leilões, é claro, artes, imóveis, roupas, joias... mas Fran não se importava com nada disso. No entanto, um em particular chamou a atenção da garota:

— Leilão de escravos?

— Sim, os únicos escravos expostos neste leilão são criminosos, você está interessada?

— Não!!

— … por que você parece tão assustada?

— Deixa para lá!

É claro que, para Fran, o tema comércio de escravos ainda era pesado. Ela não iria participar de qualquer forma de comércio de escravos

Sua aversão ao tráfico de escravos se estendia ainda mais do que apenas a negociação ilegal. Não importava se eles se tornaram escravos por causa de dívidas ou qualquer forma de crime. Fran simplesmente odiava o conceito de escravidão.

Para pessoas que se venderam como escravos ou simplesmente acabaram assim por causa de dívidas, a situação ainda não era tão ruim. Seus direitos básicos como humanos estavam bem protegidos, você quase poderia dizer que eles eram escravos apenas porque foram submetidos à magia da escravidão.

Eles tinham salários, comida, roupa e alojamento. Nenhuma forma de abuso, serviços sexuais ou coerção eram permitidos e o mestre podia ser severamente punido por tentar ordenar que eles fizessem essas coisas. O próprio mestre também estava vinculado à magia para que não pudesse quebrar essas regras.

Era mais um contrato do que a escravidão real, como o trabalho involuntário1 para governos, igual tínhamos na Terra, exceto que você também obtinha comida, roupas e uma acomodação.

Na melhor das hipóteses, a pessoa era liberada depois de um mês. Não era permitida a discriminação contra os escravos de dívidas. Em alguns casos, habilidades úteis poderiam até ser aprendidas ao fazer isso, então parecia que muitas pessoas não consideravam ser um escravo de dívida tão ruim assim. Era realmente apenas um acordo de trabalho, não era?

No que dizia respeito ao destino de pessoas cujos crimes ainda eram leves, a lei ainda impedia seus senhores de tratá-los com crueldade, embora eles não tivessem tantos direitos quanto os escravos de dívidas e fossem usados sobretudo para empregos perigosos ou exaustivos, como guarda-costas ou qualquer tipo de trabalho físico pesado.

Parecia mais com o trabalho involuntário 3K2. No entanto, eles ainda podiam ser libertados, desde que seus crimes não fossem muito pesados, então ainda mantinham uma certa quantidade de direitos.

Tanto os escravos de dívidas quanto os criminosos estavam vinculados a um contrato por sua própria vontade, pois o contrato de escravidão não podia ser ativado sem o consentimento de ambas as partes.

Para aqueles que foram escravizados por crimes graves, seu destino era o que você já devia esperar. Criminosos condenados à morte escolhiam se deviam ser executados publicamente ou seriam vinculados a um contrato de escravo. Essas pessoas eram obrigadas a fazer o que fosse desejado delas, exceto algumas poucas ordens.

Alguns acabam como escravos sexuais, outros acabavam em prisões isoladas, etc... eu estava interessado em aprender sobre esse sistema quando ouvi falar disso pela primeira vez, mas como Fran não suportou essa conversa, não sabia os detalhes exatos.

Quanto à escravidão ilegal, valia tudo. Eles eram forçados a se vincular a um contrato através de tortura e acabam à mercê de seu mestre.

A punição para o tráfico ilegal de escravos era extremamente severa, mas o interesse por esse tipo de escravos era muito alto, tanto para serem usados em crimes como para serem vendidos a aristocratas.

Para Fran, uma ex-escrava ilegal, esse tópico era muito difícil de suportar. Percebendo isso, Eliane mudou de assunto.

— Há também um leilão para familiares. Apenas os treinados podem ser exibidos e você tem um familiar lobo, não tem? Pode ser interessante para você. Além disso, não o vi com você, ele não está ao seu lado hoje?

— Urushi sempre por perto.

Urushi saiu da sombra de Fran neste momento.

Au!

— Isto é... um Lobo da Escuridão? Eu nem sabia que eles podiam ser domados! Ele pode realmente se esconder nas sombras? Ter um familiar desses como guarda-costas... ele parece muito forte, embora este tamanho seja um tanto problemático nesta sala.

— Urushi pode ficar pequeno.

Para demonstrar, o lobo encolheu para um tamanho menor.

Au!

— Bem, ele é um indivíduo muito singular, não é?

Parecia que até Eliane não conseguiu detectar Urushi escondido na sombra de Fran, sua habilidade era tão impressionante como nunca, não concorda?

Tendo recebido o nosso cartão de identidade para o leilão, Eliane nos perguntou onde ficaríamos:

— Fran, você decidiu onde vai passar a noite hoje?

— Ainda não.

— Posso recomendar um bom lugar para você então? É muito usado por aventureiros de alto nível.

Parecia que poderíamos obter um lugar para passarmos a noite, a única dúvida era sobre se Urushi poderia dormir conosco.

— Urushi permitido?

— Sim, familiares são permitidos no hotel. Não haverá nenhum problema se Urushi mantiver esse tamanho.

Entendi, que ótimo. Os leilões aconteceriam em duas semanas, então poderíamos visitar a capital e ganhar informações enquanto isso.


Notas

1 – Servidão involuntária, ou escravidão involuntária, é um termo legal e constitucional para uma pessoa que trabalha contra a vontade dessa pessoa para beneficiar outra, sob alguma forma de coerção que não as necessidades financeiras do trabalhador, à qual pode constituir escravidão. Embora trabalhar para beneficiar outra pessoa também ocorra na condição de escravidão, a servidão involuntária não conota necessariamente a completa falta de liberdade experimentada na escravidão; servidão involuntária também pode se referir a outras formas de trabalho não livre. A servidão involuntária não depende de compensação ou de seu valor.

2 – "Sujo, perigoso e degradante" (frequentemente "sujo, perigoso e exigente" ou "sujo, perigoso e difícil"), também conhecido como 3Ds, é um neologismo americano derivado do conceito asiático e se refere a certos tipos de trabalho frequentemente realizada por sindicalizados trabalhadores de colarinho azul (trabalhadores braçais). O termo originou-se da expressão japonesa 3K: kitanai, kiken, kitsui (respectivamente "sujo", "perigoso", "exigente") e posteriormente ganhou uso generalizado, especialmente no que diz respeito ao trabalho feito por trabalhadores migrantes e burakumin (um povo residente no Japão). Qualquer tarefa que se enquadre nos critérios de trabalho 3Ds pode ser qualificada, independentemente do setor. Esses empregos podem gerar salários mais altos devido à falta de indivíduos qualificados e dispostos e, em muitas regiões do mundo, são ocupados por trabalhadores migrantes em busca de salários mais altos.



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