Volume 7

Capítulo 387: Última noite na Nação dos Homens-fera

Depois que nos separamos de Raymond, um homem nos chamou. Nós o encontramos em um bar adjacente à seção de oficiais do palácio, e ele nos fez algumas perguntas.

— Precisamos conversar um pouco.

Nn? Comigo? Sobre o quê?

Era Lysius Laurentia. O mago da terra da mesma linhagem do feiticeiro Rynford Laurentia, com quem lutamos em Barbola.

Apesar de não haver ninguém além de Lysius, Rigdalfa, e o barman, não era possível saber se alguém mais estaria escutando nossa conversa. Percebendo o olhar de Fran através dos outros dois, Lysius se apressou a explicar:

— Senhor Rigdalfa é meu camarada de batalhas. Não me importo com ele ouvindo tudo. O barman também guarda segredos como um verdadeiro profissional.

Ou seja, iríamos conversar assim mesmo. Bem, já que ele não se importava, então não precisávamos nos preocupar.

— Você já ouviu o nome “Rynford Laurentia”? Onde você o ouviu? Você o conheceu?

Nn.

Claro que sabíamos sobre ele. O velhote era mesmo um parente do mago? Nesse caso, era preciso dizer a ele como Rynford morreu.

Mas antes de Fran abrir sua boca, Lysius abaixou a cabeça em silêncio.

— Desculpe-me.

— O quê?

— Todo o mal que este homem trouxe às pessoas não pode ser justificado. Diga-me como você conheceu esse vilão?

Nós apenas mencionamos o nome, e ele já reagiu assim. Estava claro que este era um assunto difícil para Lysius. Parecia que ele se sentia tão culpado que nem conseguia levantar a cabeça.

— Como filho dele, sou obrigado a me desculpar por ele.

Hmm? Um filho? Era por isso que existia essa diferença de idade entre eles. Ele era humano? Se Lysius era mesmo o filho de Rynford, então ele deveria ter tido uma criança aos 60 anos. Se ele não fosse um elfo ou algo assim, então soaria estranho...

Porém, isso era completamente impossível. E Fran, aliás, também não conseguiu conter a surpresa dela.

“Ei Fran. Nós não imaginamos que ele tinha filhos, vale mesmo a pena falar de forma direta?” Perguntei.

“Não. Fomos nós que matamos Rynford. Como ele realmente é o filho, devemos contar.”

— Sei que o meu pedido de desculpas não é suficiente...

Ó, entendi. Ele decidiu que, como Fran não conseguia dizer uma palavra, significava que ela estava com raiva.

— Não, não. Só fiquei surpresa que você é o filho.

— É isso?

— Além disso, também tenho que me desculpar.

— Se desculpar?

Nn. Rynford está morto.

Fran contou tudo sem esconder a tensão em sua voz. Sobre como o pai se tornou nosso inimigo. Fran falou sobre sua luta com Rynford, e então complementei sua história sobre como outros aventureiros ajudaram a derrotá-lo. Tudo do início ao fim.

Nós não sabíamos como ele reagiria. Embora Lysius parecesse ter vergonha do próprio Rynford, ele ainda era seu pai. Não acho que ele consideraria isso como uma ofensa...

— Então, Rynford está... morto?

Lysius perguntou de novo, não escondendo seu choque com o que ouviu, o que foi pouco surpreendente.

— Eu... eu sinto muito.

— Não, não! Não há nada para pedir desculpas! Você protegeu Barbola. Não há nada mal nisso!

— Mas...

— Pelo contrário! Pelo contrário... me desculpe...

Nn?

— Eu persegui Rynford por anos para mandá-lo para o túmulo com minhas próprias mãos.

Parecia que Lysius, como uma criança de uma família de feiticeiros, suportou a hostilização por muitos anos por esse motivo. Por isso, ao longo dos anos, seu ódio contra bruxos e seres malignos só se intensificou. Quando ele falou de Rynford, vi em seu rosto o ódio mais profundo.

— Tinha que parar toda aquela série de infortúnios que meu pai trouxe para as pessoas. Mas você fez isso ao invés de mim. Não tenho palavras suficientes para te agradecer...

Lysius nos saudou ajoelhando-se sobre um joelho e levantando o punho direito na frente de seu rosto, colocando-o na palma da mão esquerda. Parecia ser um gesto de maior respeito.

Claro, eu não pude resistir a usar o Princípio da Falsidade por precaução, mas não encontrei nenhum vestígio de mentira. Tanto seu ódio por Rynford quanto sua gratidão por Fran eram verdadeiros.

— Meus anos de preocupação incessante chegaram ao fim. Agora posso visitar o túmulo de minha mãe com boas notícias.

Lágrimas encheram seus olhos, e Lysius, depois de nos agradecer várias vezes, foi para o seu quarto privado com Rigdalfa.

— Agradeço por libertar meu amigo de suas dificuldades.

— Sim, obrigado.

Parecia que ele realmente suportou muito. Foi bom que tivemos a coragem de contar a verdade sobre Rynford. Não, Fran teve coragem, não eu.

Depois disso, era hora de falar com o Representante da Guilda dos Aventureiros, que completou todos os preparativos para a venda de nossos materiais. Colocamos todas as feras demoníacas que a guilda esperava ver no terreno usado para treinamentos. É claro que era impossível tirar todos eles, então nos limitamos a vender cerca de 150 exemplares.

Até o representante da guilda não conseguiu manter uma expressão neutra diante da visão de muitos cadáveres de monstros dispostos em ordem no local. Ver os monstros mais fortes mortos com um único golpe no coração, e especialmente feras duras com pele ou escamas muito incapacitadas, parecia dar a ele uma boa ideia da força de Fran.

Ainda assim, havia alguns monstros muito fortes entre eles. No entanto, dado que as pessoas que se especializaram em cortar e avaliar ficavam devendo em termos de poder de combate, isso não era surpreendente.

— Bem, vamos terminar isso antes da manhã! O pagamento também chegará por volta deste horário!

— Nn.

No entanto, não demorou muito para que esse medo se transformasse em admiração. Homens-fera realmente respeitavam a força. Sem dúvidas, eles viam Fran como uma verdadeira heroína.

“Vamos voltar para o nosso quarto?” Falei.

— Nn.

Amanhã de manhã estaríamos indo para Greyseal. Se ela não fosse para a cama agora, Fran não acordaria a tempo. Em todo caso, eu poderia carregá-la usando a Telecinesia.

Curiosamente, desta vez eu adormeceria bem rápido.

— Fran! Estava esperando você!

— Mare, o que aconteceu?

No quarto de Fran, Mare estava à espera, já vestida para dormir. Mare usava uma camisola branca solta. Ela era boa, muito boa.

— E o que aconteceu?

— Não é nada! É que, aqui!

Nn?

— Mas, aqui está o segredo...

Nada estava claro nas palavras de Mare. Porém, entendi o que ela queria dizer.

— A Jovem Senhorita está tentando dizer que, já que esta é a sua última noite no palácio, ela gostaria de dormir com Fran.

— Eu mesma queria dizer isso!

Ah, era isso. Apegada a Fran como sempre.

— Isso é exatamente o que eu queria dizer, vamos dormir juntas!

Nn. Bom. Mas Urushi poderá dormir com a gente também?

— Urushi?

O lobo latiu de forma questionadora.

Por trás de Fran, Urushi espiou, aparentemente respondendo ao ouvir seu nome. Em seu rosto era possível ler: “Você precisa de alguma coisa?” A julgar por seu rosto ligeiramente abatido, ele recebeu bastante comida na noite do banquete.

— Ele fez um grande trabalho hoje, então nós vamos dormir juntos. Tudo bem?

— Então é isso. Eu não sou contra. Afinal, Urushi é meu camarada também!

Ão!

Urushi latiu feliz. Parecia que seu humor melhorou.

Assim, na última noite na Terra dos Homens-fera, Fran e Mare tiveram sua festa do pijama. Suas conversas se resumiram aos tópicos de batalhas com monstros e aos perigos que tiveram que enfrentar durante suas aventuras. Mas já que elas se divertiram juntas, não me importei.



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