Volume 7
Capítulo 385: Oferta da Nação dos Homens-fera
Depois que a “competição de comilões” acabou, Fran chamou o Primeiro-ministro Raymond. Ele estava entre duas mesas maiores do que as outras. Havia uma atmosfera muito séria no ar.
— Obrigado por participar da noite de comemoração.
— Nn.
— Graças a você, até a Lady Nemea cresceu aos olhos de seus súditos.
Parecia que Raymond atingiu seu objetivo. Ao que tudo indicava, ele queria fazer Mare parecer uma princesa de verdade em público, a fim de melhorar sua imagem pública.
Embora o poder de combate tenha sempre merecido respeito na Terra dos Homens-fera, na opinião de Raymond, seria mais fácil apelar para o sentimento de belos súditos.
— Mas parece que agora eles amam você ainda mais... em todo caso, meu dever foi cumprido.
Fran não tentou de verdade. Talvez ela apenas fosse fofa demais por natureza?
— Além disso, gostaria de reiterar a minha gratidão a vocês pelo apoio que você nos deu nesta guerra. Obrigado.
— Nn. Eu não poderia fazer o contrário.
— Haha. Só transmiti as palavras de Sua Majestade.
“O próprio Rei das Feras?”
— Há pouco tempo, uma carta caiu em minhas mãos. Nela, Sua Majestade nos pediu para não a deixar ir sem uma recompensa.
— Recompensa?
— Sim, como uma heroína de guerra, é inaceitável deixá-la sem uma recompensa.
Isso era mesmo verdade? E isto apesar de Fran não entrar na batalha a pedido de alguém, mas por vontade própria. Não tínhamos recompensa em nossos planos. Mas já que o nome da heroína que salvou todo o país se espalhou por todos os lugares, aparentemente, seria ruim limitar-se a apenas palavras de gratidão.
Oh, mais uma vez, entendi tudo pelo prisma da minha vida na Terra. Em light novels sobre reencarnações, acontecia com frequência que o protagonista, que se exibia, recebia um título de nobreza por seus esforços.
É claro que não me importaria se Fran ganhasse o título, mas algo me dizia que ela não se tornaria uma nobre. Havia pouco sentido até mesmo de ganhar terras; ela não seria capaz de administrá-las. E mesmo sendo uma aristocrata, seria difícil continuar perseguindo o ofício de um aventureiro.
— Em nossa opinião, pela inestimável assistência na guerra, você deveria ter direito ao título de Baronesa1 e obter propriedades de terras.
Sim, sim, eu sabia! As coisas estavam ruins, mesmo que não fosse o que queríamos, a rejeição sem dúvidas arruinaria nosso relacionamento.
Mas quando meus processos de pensamento começaram a pesquisar com desespero uma saída para essa difícil situação, ouvi algo que não esperava ouvir:
— Mas na carta de Sua Majestade, foi dito que você provavelmente não ficaria feliz com nenhum título. Então ele nos ordenou que recusássemos tais ofertas.
Uau! Muito bem, Rei!
— Nn. Não preciso disso.
— Você nem mesmo é atraída pela oportunidade de acolher em sua terra a Tribo dos Gatos-Negros?
— Nn. O senhor de Greengoat disse que cuidaria bem deles. Não posso me tornar uma nobre, meu alto status causaria incômodo a todos ao meu redor. Portanto, não preciso de um título.
— Então é isso, claro, claro.
Oh, com que facilidade ela defletiu isso, eu também diria algo assim. Oh, como estou feliz em ver Fran crescendo e amadurecendo.
— Bom, então deixe-nos contar sobre a sua recompensa... Gvisa, eu confio isso a você.
— Sim, com prazer.
Com isso, um certo homem-cachorro apareceu, um que já estava esperando atrás de Raymond. A julgar pelo fato de que Raymond empurrou sua cadeira para o lado para que o homem pudesse se sentar, podia-se imaginar que sua posição era significativa.
— Eu sou o ministro da economia2, Gvisa.
Nossa, ainda maior do que eu pensava! Sim, parecia sério. E não parecia que ele estava acomodado. Seu rosto transmitia a impressão de uma pessoa sábia, mas completamente antipática. Curiosamente, pelo menos às vezes sua expressão facial mudava? O que ele ia nos dizer?
— Para começar, quero captar os pontos de vista de ambos os lados.
— Pontos de vista?
— Sim. Então, Srta. Fran. Nessa guerra, você, não tendo recebido nenhuma ordem da liderança do nosso país, nem instruções da liderança da guilda, entrou na batalha como voluntária. Estou esquecendo algum ponto?
— Nn.
— Neste caso, você tem direito ao mesmo pagamento que qualquer outro voluntário, de acordo com o regulamento.
Parecia que a Nação dos Homens-fera adotou um sistema de recompensa para voluntários durante a guerra. Por isso, Fran teria direito à mesma remuneração que qualquer outro voluntário local por lei.
A propósito, o que eles fariam com aqueles que ajudaram sem se engajar na batalha? Vamos esquecer confrontos com feras demoníacas, mas, por exemplo, o que dizer de curandeiros viajantes que cuidaram dos feridos em noites de insônia? Ou comerciantes que forneceram apoio material sem compensação? Todos contribuíram para a vitória.
Além disso, apesar de a própria princesa ter testemunhado isso, a contribuição deles para a vitória ainda não foi levada em consideração. Claro, ninguém proibiu Fran de fazer o que ela fez, mas muitos mercenários e aventureiros estavam na defensiva em lugares estrategicamente menos importantes, e era improvável que eles reagissem com compreensão à sua iniciativa. Infelizes, eles espalhariam rumores de que o papel de Fran na guerra foi exagerado.
Ou seja, se eles agradecessem a Fran de uma maneira especial, era improvável que os outros voluntários aceitassem com calma. Ou eles teriam que lidar com a recompensa para cada voluntário de forma separada.
Quer dizer, muitos deles trabalharam duro para a vitória, quem recusaria um pagamento decente?
— Nn. Não preciso de tratamento especial.
Fran assentiu com a cabeça. Claro que nós não lutamos pelo prêmio desde o início, e como resultado das batalhas, já recebemos muitas coisas úteis. Achei que não devíamos ser julgados no mesmo nível daqueles que realmente trabalharam para vencer.
Bem, já que não gostaríamos de nos indispor com o país, não valia a pena abrir mão de uma pequena recompensa. Enquanto estava ponderando esse assunto, Raymond continuou seu discurso em um tom impaciente.
— Com tudo isso, nosso país não pode negligenciar seus méritos. Espero que você entenda isto.
Parecia que ele não tinha mais paciência e queria que Fran concordasse logo.
— Muito bem. Mas, se reduzirmos as conquistas de Fran para o nível do restante, não vamos mais poder esperar por voluntários.
Eles pareciam ter percebido que a conquista de Fran se destacava demais dos outros. Mas devido a leis e outras circunstâncias, parecia que não poderiam lidar com ela de nenhuma maneira especial.
— Em geral, existe uma proposta. Por sorte, você acompanhou Lady Nemea todo esse tempo. Então, por que não organizamos tudo para que você, por ordem de Lady Nemea, estivesse segurando um exército inteiro de Feras Demoníacas?
— Por quê?
Vendo a perplexidade no rosto de Fran, Gvisa explicou o que ele quis dizer:
— Vou explicar. Em primeiro lugar, se você aceitar esta oferta, então sua realização se tornará parcialmente a conquista de Lady Nemea, esta é a única desvantagem. Em segundo lugar, para o nosso país, essa opção seria melhor no contexto da política externa. Ou seja, seremos capazes de introduzir restrições de entrada para países hostis a nós. Neste ponto, você não pode mais se preocupar tanto com o Reino de Bashar.
— Entendi.
— A vantagem para você é que o seu feito, tendo se tornado generalizado, tem potencial para ter um efeito positivo sobre o status de toda a tribo dos Gatos-Negros.
Isso significava que se o feito de Fran fosse elevado a proporções heroicas, isso se tornaria ao mesmo tempo o feito de Mare, que estava lá todo esse tempo. Além disso, se a tribo dos Gatos-Negros espalhasse a história da façanha de Fran por todo o país, a atitude em relação a eles melhoraria.
— Além disso, dado que vamos enquadrar isso como uma ordem especial da princesa, o resto dos voluntários não deve se sentir magoado. Assim, podemos recompensá-la como acharmos adequado.
Era isso. Realmente, se fosse a ordem da princesa Nemea, então podia ser uma boa desculpa para uma recompensa especial. Provavelmente, a salvação de um membro da família real poderia ser adicionada à lista de feitos.
Embora Fran tivesse lutado por seus companheiros Gatos-Negros, o fato de ela ter feito isso sob ordens de Nemea não causaria muito problema a garota-gato. Pelo contrário, agora a façanha de Fran se espalharia pela nação, e no final beneficiaria tanto Fran quanto os Gatos-Negros.
“Mestre?” Fran se virou para mim.
“Então, o que devemos fazer...” Pensei.
Provavelmente dependeria do que era a recompensa. Bom, não importava o que escolhêssemos, deveríamos descobrir o que eles prepararam para nós.
Notas
1 – Barão é um título nobiliárquico da baixa nobreza existente em muitas monarquias, sendo imediatamente inferior a visconde e superior a baronete ou a senhor. Os barões pertencem à nobreza do estado e, portanto, fazem parte da elite, tendo propriedades rurais, cargos políticos e/ou, por vezes, descendem da nobreza antiga, tendo geralmente uma formação cultural elevada. A "baronia" era a terra que conferia ao possuidor o título de barão e, também, na época feudal a qualquer grande feudo.
2 – O Ministério da Economia (ME) é o órgão que, na estrutura administrativa do Brasil, cuida da formulação e execução da política econômica nacional, da administração financeira da União e contabilidade pública, desburocratização, gestão e governo digital, fiscalização e controle do comércio exterior, previdência e negociações econômicas e financeiras com governos, organismos multilaterais e agências governamentais. Sua autoridade superior é o ministro de Estado da Economia. A Medida Provisória nº 870, de 1º de janeiro de 2019, criou o Ministério da Economia. Com isso, as estruturas dos ministérios da Fazenda, do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, e do Trabalho passaram a integrar um novo ministério chamado Economia.