Volume 7

Capítulo 356: Iniciar análise

A mansão de Alistair tinha uma aparência estranha. Era um prédio de dois andares feito de pedra, mas as paredes externas eram todas de uma enorme rocha. Se quatro paredes de rocha de 25 metros de comprimento, polidas em uma superfície semelhante a um espelho sem a menor irregularidade na superfície, fossem colocadas juntas para formar uma caixa, e mais uma parede de rocha fosse colocada em cima delas como um telhado, seria algo mais ou menos assim: 凹凸.

Essa estrutura de aparência misteriosa estava equipada com pequenas janelas uniformemente espaçadas. Se as janelas não estivessem lá, você não pensaria nisso como uma residência. Na melhor das hipóteses, você pensaria que era parte de uma ruína ou de um dispositivo mágico.

— Que tal? O que você acha da minha casa?

— Como sempre, seus gostos são muito estranhos. É ainda mais ridículo porque é portátil.

Parecia que o próprio prédio era uma ferramenta mágica portátil. Como esperado da casa de uma ferreira de nível divino, era incrível.

— Hum. Não há um grama de desperdício nesta casa. Você apenas não entende isso, você é aquele que é um grande desperdício.

— Gu…

Alistair não gostou do que Asura tinha a dizer, então ela olhou para o homem e falou de forma áspera. Mas Asura nem mesmo respondeu, ele apenas se encolheu.

Como suspeitava, Asura não era muito bom em lidar com Alistair. Mas não diria isso em voz alta. Me perguntava o que diabos aconteceu entre os dois.

Guiados por Alistair, que colocara a carruagem em uma bolsa de itens especial, entramos na casa. A cena lá era tão misteriosa quanto parecia do lado de fora... não, era ainda mais misteriosa.

Ao que tudo indicava, todo o prédio havia sido transformado em uma oficina e não havia nenhum salão de entrada. Assim que entramos, vimos uma sala que parecia ser o laboratório e a oficina de Alistair.

No entanto, não teria pensado que se tratava de um laboratório e oficina se isso não tivesse sido dito de antemão. Quer dizer, eu não tinha ideia do tipo de uso que o quarto teria apenas com uma olhada rápida.

As paredes e o teto brilhavam um pouco. Além disso, não era uma luz mágica. Para minha surpresa, isso vinha do metal grudado na parede como revestimento. A parede de metal, como talheres de prata polida, refletia a luz das lâmpadas e brilhava com intensidade.

— Legal…

Meus olhos piscaram e Fran olhou para as paredes e para o teto enquanto apertava os olhos. Quando Alistair viu isso, ela me explicou como se não fosse nada demais:

— Ó, aquilo? Isso é revestimento de Mithril1. O poder mágico do mundo exterior é o mais intrusivo para realizar um trabalho delicado de forma mágica.

— Mithril? Isso é Mithril?

— Sim.

Também era raro ver Fran sendo constantemente surpreendida com alguma coisa. Mas mesmo sendo revestido, essa quantidade de mithril era real? Não era uma loucura extravagante? Como esperado de uma ferreira divina.

— Você não será capaz de lidar com esta mulher se continuar ficando surpresa.

— Cale a boca, seu demônio estúpido. Estamos prestes a ter uma conversa importante, então você vai subir. Você sabe onde fica o quarto de hóspedes, não sabe?

— Eu sei. Quero que você explique o que está acontecendo antes de eu ir.

— De quanto você se lembra?

Quando Fran perguntou isso, Asura bufou, colocando a mão em seu queixo. Acho que isso desencadeou algo e abriu sua memória.

— Eu... eu ouvi da princesa que entrei em um frenesi e você usou suas habilidades para tirar a loucura de mim e me impedir de ficar fora de controle. Mas logo depois disso, perdi a consciência e me vi acordando aqui. Não posso dizer com clareza, mas acho que o desgraçado maligno estava lutando contra alguém ou algo depois que desmaiei...

Parecia que ele foi protegido por Mare e os outros depois que a demonização da loucura foi suspensa e eles lhe explicaram sobre o que aconteceu, mas não contaram a ele que eu perdi a cabeça depois de usar a habilidade de demonização e fiquei fora de controle e comecei a lutar contra Zerrosreed.

— Não acordo me sentindo tão bem há muito tempo. Obrigado.

Asura curvou-se profundamente. Parecia que ele estava grato pela ajuda que recebeu.

— Mas, embora tenha retirado, acho que estará de volta em breve.

— Ainda assim, mesmo que seja apenas por alguns dias, estou grato por estar livre do medo de não ser eu mesmo. Eu devo muito a você por isso.

— Só estaríamos em perigo se não fizéssemos nada.

— Suponho que devo ser grato por não ter matado a princesa e Kiara.

Entendo. Parecia que Asura ainda não sabia que Kiara estava morta. No entanto, Fran ainda não foi capaz de explicar por si mesma. Ela franziu as sobrancelhas e olhou para baixo com um olhar que parecia não suportar algo.

— …

— O que aconteceu?

— Haa… esse demônio estúpido! Vamos conversar sobre isso mais tarde! Vou te contar o que aconteceu com Kiara mais tarde.

— … ó.

Pelas palavras de Alistair e pelo comportamento de Fran, ele deve ter entendido. As emoções sumiram do rosto de Asura. Mas eu tinha que dizer isso a ele.

"Não é sua culpa."

— … quem?

Eu gostaria de contar a ele mais sobre isso, mas ainda não podia ter uma conversa telepática por conta própria. Contudo, achei necessário dizer que Kiara não morreu nas mãos do berserker Asura.

Não sabia que tipo de relacionamento eles tinham, mas parecia que eram velhos conhecidos.

— Vou te contar tudo sobre isso mais tarde. Mas você não a matou. Depois que você desmaiou, Kiara lutou com o ser maligno, e a batalha foi demais para ela.

— Entendo… eu entendi. Então, vou pegar um quarto emprestado.

— Se você estiver com fome, vá para a sala de jantar. Se você pedir ao golem, ele lhe dará algo.

— Ó.

Asura subiu as escadas com o coração pesado. Imaginei que o andar de cima era a área de estar. Alistair desviou o olhar e pareceu preocupada por um momento, mas logo se virou para mim e Fran com uma expressão séria no rosto.

— Agora, prosseguindo com a restauração do Mestre. Só de pensar em deixar as coisas como estão já é o suficiente para me estressar.

— Nn, por favor.

"Por favor."

— O Mestre não precisa se forçar a falar. Mais importante, preciso consertar a lâmina agora mesmo. Não sei se é só consertar ou preciso fazer algo mais, então vou pegar uma amostra e analisar. Dessa forma, ao adicionar os materiais que faltam, irei restaurá-lo de uma forma que não será muito difícil para o Mestre. Está tudo bem?

— ??????

Sim, Fran estava em um estado de completa confusão. No entanto, não havia ninguém que soubesse mais e fosse melhor em restaurar armas do que Alistair. Então, deixaríamos tudo para ela.

"Vou deixar isso para você decidir."

— ... nesse ínterim, vamos enrolar um cordão telepático ao redor do Mestre.

Alistair enrolou o cordão telepático em volta do meu punho. Isso tornou um pouco mais fácil falar com as duas. Mas tinha que fazer Fran segurar a corda todas as vezes.

— Fran, coloque seu Mestre naquela mesa.

— Nn.

— Tá, vamos começar a análise. E quanto a você, Fran? Se você quiser, posso te preparar uma refeição.

— Não, está tudo bem. Quero assistir.

— Tudo bem, eu entendo.

Assim, a análise de Alistair começou. Ela usou várias magias, habilidades e ferramentas mágicas em mim em uma mesa feita de estranhos materiais de metal. O incrível era que todos eram materiais do tipo avaliação e análise. Era incrível que ela pudesse usar tanta variedade de ferramentas e ainda processar todas as informações recebidas e usá-las de forma eficaz.

Embora se você visse de longe, era tão sem graça. Afinal, tudo o que ela precisava fazer era colocar a mão sobre minha espada meio quebrada e ficar parada.

Tinha certeza de que Fran ficaria entediada com isso o mais rápido possível. Foi o que pensei, mas depois de dez ou vinte minutos, Fran ainda estava olhando para Alistair enquanto a mulher trabalhava.

Nenhum sinal de sonolência, nenhum sinal de ficar entediada e começar a se contorcer. Achei que isso mostrava o quanto ela se importava comigo. Talvez fosse desnecessário, mas isso me deixou um pouco mais feliz. Porque percebi mais uma vez que era realmente amado por Fran.

Uma hora mais tarde. A análise de Alistair foi enfim concluída. Alistair murmurou enquanto enxugava o suor da testa.

— Como pensei, a parte de metal é mesmo Oricalco2.

"Oricalco?"

— É um metal especial que só pode ser produzido por um ferreiro divino. Uma pessoa sem o conhecimento correto apenas pensaria nisso como uma liga à base de harmônio3, mas quando processada com uma técnica especial, pode ser usada como material para uma espada divina, um metal divino.

Já ouvi esse nome antes em Ulmut.

"Sou feito desse metal?"

— Isso mesmo.

— Então, a pessoa que fez o Mestre era um ferreiro divino?

“Não exatamente, existe a possibilidade de alguém ter recebido o Oricalco feito por um ferreiro divino.”

Eu não pude deixar de proferir palavras de negação. Eu poderia ser uma espada tão incrível feita por um ferreiro de nível divino? Afinal, não pude deixar de negar porque, se a realidade e as expectativas sobre mim fossem muito diferentes, o dano mental que qualquer um, especialmente eu mesmo, sofreria, seria demais para suportar.

Mas minha negação foi negada por Alistair.

— Não, seria necessário um ferreiro divino para lidar com Oricalco de forma tão perfeita. Pelo menos a parte externa do corpo do Mestre teria que ser manuseada por um ferreiro de nível divino.

"Eh? Então eu sou uma espada divina...?"

— Também não é necessariamente isso. Não há inscrição.

Sim, eu já esperava. Isso mesmo, só porque um ferreiro de nível divino a fez, não significava que a espada era divina.

— Não, não acho que esteja faltando uma inscrição, acho que ela foi raspada.

— Raspada?

"Você quer dizer que originalmente havia algum tipo de inscrição em mim, mas ela foi apagada?"

— Na verdade, tenho algumas ideias sobre de onde veio o Mestre.


Notas

1 – Mithril é a chamada Prata dos Anões do mundo inventado por J. R. R. Tolkien. Nas obras deste autor, Mithril é um metal mais valioso do que o ouro. É valioso devido à sua raridade, ao seu brilho, ao peso incrivelmente leve e à resistência imensa. A sua cor é azulada.

2 – Orichalcum, ou Oricalco, é um tipo de metal que teria sido usado em Atlântida, citado em "Crítias", obra de Platão. De acordo com Crítias, o oricalco era considerado muito valioso, depois apenas do ouro. Teria sido achado e explorado em muitos lugares de Atlântida em tempos remotos.

3 – Ettmetal, também conhecido como harmônio, é um metal divino de Harmonia. É usado em algumas das tecnologias das Artes Metálicas dos Scadrianos do Sul. É um metal do universo de Mistborn, escrito por Brandon Sanderson, escritor norte-americano de fantasia e ficção científica.



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