Volume 6
Capítulo 336: Sono
A carruagem do golem seguia para o norte, em direção às Montanhas da Fronteira. Ela tremia mais do que eu imaginava, considerando que era um golem feito de pedra, mas, em retrospectiva, isso era óbvio. Ele está correndo no deserto não pavimentado sem qualquer suspensão. A carruagem tremendo era inevitável.
Ainda assim, isso não parecia estar afetando o senso comum aqui. Guendalfa estava olhando a carruagem com um rosto impressionado. Afinal, esta era uma carruagem reservada para a família real. Ao que parecia, ele também estava equipado com uma ferramenta mágica criada para aliviar as vibrações. Porém, ainda estava vibrando muito.
Em retrospecto, a carruagem que eu andei mais cedo tremeu até mais enquanto corria pela estrada. Esta carruagem devia ser mesmo incrível.
"Fran, você está bem?" Perguntei telepaticamente.
— Nn… eu estou, bem... — Ela disse, sem parecer estar "bem". Seus olhos estavam piscando sem parar, e sua cabeça tremia de um lado para o outro. Pensando bem, estávamos em batalha desde a noite passada. Ela não dormiu nem um pouco.
Parecia que a vibração da carruagem do golem induzia sonolência. Porém, as vibrações não eram periódicas. No entanto, a sensação de seu corpo constantemente oscilando podia estar deixando-a sonolenta.
A Fran habitual era do tipo que se mantinha fiel a um horário regular de sono. Ou melhor, ela dorme muito mais do que as pessoas normais. Ficar acordada a noite toda assim devia ser difícil para ela. Ela com certeza deveria estar exausta. Fran lutou contra a sonolência enquanto esfregava os olhos de forma incessante.
"Você não precisa se esforçar. Vá dormir."
— Nn…
Eu preferiria que ela fosse dormir, mas Fran continuava a combater a sonolência com teimosia.
"O que é isso?"
— Kiara... fale... — Fran fez o seu melhor, apesar de estar com tanto sono que seu discurso foi interrompido. Ao que tudo indicava, ela queria conversar com Kiara na carruagem.
— Fran, podemos conversar mais tarde. Por ora, só durma.
— Hmm… mas…
— Permitir que o corpo descanse também é um dos trabalhos de um guerreiro.
— Tudo… bem… — Fran desmaiou de sono.
Diante da advertência de Kiara, Fran assentiu e caiu no mundo do sono.
— Hmm, ela adormeceu.
— Is-isso foi rápido. — Guendalfa observou surpreso. Guendalfa parecia uma pessoa sensível, então ele provavelmente tinha problemas para dormir. Eu o entendia bem, porque eu era igual quando vivia na Terra.
— Embora ela possua esse poder de combate, ela tem um rosto surpreendentemente inocente quando dorme.
— Bem, ela com certeza é forte, mas ainda é uma criança.
Fran respirou profundamente enquanto dormia, com a cabeça apoiada no colo de Kiara. Kiara acariciou a cabeça dela com gentileza, fazendo um sorriso feliz flutuar em seu rosto.
— Mu! — Do nada, Kiara de repente gemeu.
— Algo está errado, Mestra?
Mia e as outras, pensando que algo tinha acontecido, olharam para Kiara, que de repente levantou a voz. No entanto, a expressão de Kiara estava bastante calma.
— Não, foi apenas a baba de Fran.
— Por favor, não me assuste por causa disso.
— Kukuku. Faz algumas décadas desde que uma criança babou em mim. — Kiara sorriu do fundo do seu coração.
— Você não precisa ter medo de pedir a Mestra Kiara um travesseiro de colo.
— Eu ficaria feliz em fazer isso quantas vezes você quiser, sabia?
— … não, eu devo me abster.
Kiara suspirou e disse: — Muito bem. Mais importante, o resto de vocês também deve descansar. Eu posso ficar de guarda.
— Mestra Kiara, isso deixaria você cansada, não é?
— Na minha idade, o tempo que durmo é muito curto para ser um problema.
— Isso não tem relação com isso. Não precisa se preocupar. Kuina é de uma espécie que requer pouco descanso para funcionar, portanto, é desnecessário uma vigia por termos ela como condutora.
Ao que parecia, Bakus1 dormiam menos que as pessoas normais. Pelo visto, eles não eram bons apenas colocando os outros para dormir. Ainda assim, não tinha certeza se ela ficaria bem com toda essa exaustão mental acumulada. Eu deveria ajudar também. Aproximando-me de Kuina, abri um canal de Comunicação Telepática com ela.
"Ei Kuina, eu posso criar um clone humanoide. Você quer que eu seja o cocheiro? Mesmo que você não precise dormir, deve estar cansada, certo?"
"Ah, Mestre... é isso? Vou ficar bem. Se eu tirar uma soneca mais tarde, não haverá problema. Além disso, qualquer fadiga pode ser resolvida com uma Poção."
"Mesmo assim, como você lida com a exaustão mental?"
"Para começar, estou meio adormecida e meio acordada. Mesmo no banco do motorista, posso descansar o suficiente, e a carruagem de golem precisa apenas de instruções ocasionais, então não é preciso muito esforço."
"Entendo. Ainda assim, estarei de guarda também."
"Muitíssimo obrigada."
Estava feliz por enfim ter a possibilidade de dizer a Kiara e aos outros que era uma Arma Inteligente, mas isso era algo sobre o qual só devia falar depois de consultar Fran. No entanto, achei que Fran compartilharia isso com facilidade se solicitada.
— O descanso também é dever de um guerreiro, não é?
— Hm. Foi isso o que Mare disse. Ainda assim, para ser aconselhada por aquela dorminhoca que sempre molhava a cama...
— O quê? Por que você está falando disso tão de repente!?
— Kukuku… — Kiara riu. — Isso é verdade, não é? Não é, Kuina?
— Sim. Eu não queria que ela ficasse chateada, então planejei mudar a roupa de cama em segredo, mas no final, ela foi descoberta por Sua Majestade. Eu me lembro bem disso.
— Parem!
— Milady, Fran vai acordar se você falar tão alto, sabia?
— Ugh…
Depois disso, todos, exceto Kuina, foram dormir. Elas lutaram a noite toda, conversaram sobre várias coisas, então estavam cansadas. Eu estava mantendo guarda enquanto recuperava minha força física usando minha magia de recuperação.
Nota
[1] Baku é um youkai japonês originalmente da China. É normalmente descrita como uma criatura atarracada, com tromba, semelhante à anta, animal com o mesmo nome em japonês. Também é descrito como um animal quimérico. A descrição mais comum hoje em dia mostra um animal com corpo de urso, patas de tigre, tromba de elefante, cauda de boi e olhos de rinoceronte, mas existem outras descrições como uma da China antiga que o transforma em um animal semelhante a um bode com nove caudas, quatro orelhas e olhos em suas costas. O Baku é uma fera benévola e na China acredita-se que possa repelir o mal, mas ela tornou-se mais conhecida por sua habilidade de devorar os pesadelos das pessoas e a má sorte que os acompanha. Pessoas que acordam após um pesadelo podem pedir a ajuda do Baku, repetindo três vezes: "Dou o meu sonho para o Baku comer", ou uma frase parecida. A imagem da criatura, quando colocada em ornamentos nas camas, é considerada benéfica e eram pintadas com tinta dourada nos travesseiros da nobreza.