Volume 6

Capítulo 290: A Princesa dos Gatos-Negros

Decidimos fazer outra verificação rápida na área depois de derrotar os goblins. Nosso objetivo era verificar se havia batedores ou retardatários e caçá-los, se houvesse algum.

Urushi se juntou a Fran e ajudou em sua busca, mas nós três não conseguimos descobrir nenhuma pista, mesmo depois de uma hora de investigação. Não conseguimos encontrar o ninho de onde os goblins haviam saído. O resultado me deixou confuso. Em geral, os goblins cavavam abrigos enormes para suas comunidades. Tanto os monstros que Fran e eu trabalhado juntos para derrotar e os estúpidos que eu havia destruído quando cheguei a este mundo tinham ninhos enormes. Não fazia muito sentido para o grupo que acabamos de encontrar viver em campo aberto.

Eles não poderiam ter migrado de outro lugar, poderiam? Nah, sem chances. Havia muitos deles para isso.

Como não conseguimos encontrar nada, acabamos retornando à vila.

Por acaso, vimos um monstro chamado Cervo-Frango ao longo do caminho, então o eliminamos e o levamos, dessa forma, tecnicamente não voltamos de mãos vazias. Nós pelo menos conseguimos uma lembrança decente. O próprio cervo representou pouco desafio para nós. Ele foi covarde e tentou dar meia-volta e correr no momento em que nos viu, mas não podia chegar nem perto de acompanhar a velocidade de Urushi, então o lobo o perseguiu e deu um fim ao monstro com facilidade.

Os gatos-negros explodiram em aplausos quando Fran chegou a Schwarzekatze. Os feitiços chamativos que lançamos pareciam ter sido tão brilhantes e espalhafatosos que os moradores os viram de dentro das paredes.

— Qu-que poder! Uou! Esse seu feitiço foi como um desastre natural!

— Essa é a Princesa do Raio Negro para você!

— É! Ela é tão legal!

Eles ficaram ainda mais animados ao vê-la puxar um cervo-frango para fora de seu armazenamento.

— Uoah! Puta merda cara, olha isso! Ela até matou aquele monstro cervo sozinha!

— PelamordiDeus!

— Eu quero casar com ela!

— Trouxe lembrança. Para todos. Comam.

— Es-está mesmo tudo bem!? — perguntou o chefe.

— Nn.

— Mu-muito obrigado! — O velho começou a se curvar enquanto agradecia profusamente. Sua voz estava tingida com todo tipo de emoção. De forma clara, as ações da garota o comoveram. Ele também não era o único, pois muitos moradores começaram a se curvar e prestar homenagem a ela. Apesar de ser um mero nível de ameaça F, o cervo-frango era aparentemente um dos monstros mais fortes da região. Vê-la trazê-lo de volta levou os moradores a olhá-la com respeito renovado.

Por serem tão rápidos e ansiosos para correr, seus chifres valiam bastante. Os gatos-negros frequentemente pilhavam os chifres dos cervos-frango que chegaram ao fim de suas vidas de forma natural e os vendiam para complementar a renda da aldeia.

— E isto.

— Você adquiriu mais armaduras? — Os olhos do chefe esbugalharam-se de suas órbitas. — E ainda por cima tudo isso!

— Nn.

Uma parte decente das armaduras que despejamos havia derretido devido ao intenso calor das cargas elétricas que enviamos pulsando através delas, mas uma boa parte ainda podia ser recuperada e colocada em uso.

— Só esta queimou pouco.

— Você tem razão. Parece ser uma muito especial.

O conjunto de armadura que Fran estava apontando foi o usado pelo rei goblin. Sendo feito de aço, era um pouco mais forte do que tudo o que reuníamos. Nenhum dos gatos-negros presentes era capaz de fazer bom uso desse equipamento na forma que estavam agora. Seria muito melhor para o chefe guardá-la até que os membros do clã se tornassem mais poderosos. Um fluxo grosso de lágrimas irrompeu dos olhos do chefe quando Fran explicou suas intenções.

— É-é claro! Vou garantir que isso caia nas mãos de alguém digno!


A segunda noite, como a primeira, terminou como um banquete, embora muito mais silencioso. Todos os gatos-negros estavam concentrados demais na magia e nas habilidades marciais para fazer algo mais do que falar em voz baixa entre si.

O prato principal desta noite era o cervo de quatro metros que Fran caçara. Ele era grande o suficiente para fornecer a cada morador um belo pedaço de carne.

— Aqui, pegue um pouco disso.

— Nn.

— Experimente isso também.

Chomp, chomp.

— E não se esqueça de tomar um pouco de chá!

— Nn.

Muitas das aldeãs se revezavam servindo Fran. Ela era claramente a convidada de honra da festa. Elas não apenas haviam preparado uma enorme quantidade de comida, como também fizeram chá para a garota porque ela era jovem demais para beber álcool. A maneira com que eles estavam trazendo a comida de Fran era uma reverente; era quase como se estivessem entregando suas oferendas.

— O prato é do seu gosto, Princesa?

— E quanto a este aqui? Você gostaria de experimentar, Princesa?

No meio da festa, os gatos-negros pararam de se referir a Fran como a Princesa do Raio Negro. Em vez disso, eles começaram a se referir a ela apenas como "Princesa". Como Fran não se importou, ela não os deteve, então o hábito logo se espalhou por toda a vila.

Ó, bem, não era como se algo de ruim saísse disso. Fran era mais do que fofa o suficiente para ser uma princesa, assim sendo, eu diria que o título combinava com ela.

Na verdade, eu nunca conheci a princesa da nação dos Homens-Fera, mesmo assim, tinha certeza de que Fran era mais fofa do que ela.

— Não podemos agradecer o suficiente por todo o equipamento que você nos agraciou, Princesa. —, disse o ancião da vila. Até ele havia cedido ao apelido.

— Apenas joguei lixo fora.

— Para nós, seu "lixo" é uma montanha inteira de tesouros. Infelizmente, não temos um ferreiro presente, mas levaremos isso para uma vila próxima e tudo será consertado o mais rápido possível para que possamos distribuir seus presentes aos moradores.

— Sem ferreiro aqui?

— De forma lamentável, não. Ele faleceu há vários anos depois de ser acometido por uma doença repentina.

Embora ele tivesse um aprendiz, o jovem era inexperiente demais para ser considerado útil, então ele se mudou temporariamente para outra aldeia para poder aprender com o ferreiro de lá. E por causa disso, Schwarzekatze estava no momento sem ferreiros.

Imaginei que isso significava que eles precisariam esperar um pouco antes de colocar em uso as coisas que os demos.

"Mestre."

"Sim."

"Nós, fazer algo?"

"Hmmm…"

Nos deparamos com uma rara chance de usarmos a habilidade de ferreiro em que gastamos tantos pontos. Fran nunca fez nada além de cuidar da minha manutenção, então eu tinha certeza de que a oportunidade serviria como uma boa prática para ela aprimorar suas habilidades.

“Claro. Não vejo por que não.”


— E aqui estamos. Esta é a ferraria.

— Nn.

— Tem certeza de que não precisa de ajuda?

— Certeza. Por causa das técnicas secretas.

— Minhas desculpas! Eu entendo, não vou me intrometer mais do que isso! — disse o chefe, entusiasmado.

Fran acenou com a cabeça. Ela decidiu trabalhar no momento em que o banquete terminou, assim decidiu passar a noite na casa que pertencia ao antigo ferreiro. Olhando para dentro, confirmamos que todas as ferramentas necessárias estavam presentes.

— Mantivemos o local limpo, mas isso é tudo, fique à vontade para usá-lo da maneira que desejar.

— Obrigada.

— Princesa, por favor! Você não precisa nos agradecer. Na verdade, somos nós que devemos agradecer!

Começamos a trabalhar assim que o chefe saiu. Como tínhamos a habilidade de ferraria, fomos capazes de fazer tudo o que precisávamos e com bastante facilidade. Nossa primeira tarefa foi converter tudo o que era irreparável em lingotes. Nós já tínhamos terminado de examinar tudo antes de chegarmos na vila. Entregamos tudo o que poderia ser usado após um pouco de manutenção para os moradores. Eles já haviam iniciado o processo de reparo, então eu tinha certeza de que eles teriam todo tipo de equipamento utilizável em um futuro próximo.

Todas as coisas que trouxemos conosco exigiam muito trabalho para consertar ou estavam irrecuperáveis. E, mais uma vez, tudo já estava resolvido. O plano era derreter as coisas que estavam além do conserto e usá-las para reparar os itens que ainda tinham um pouco de chances de recuperação.

"Tudo bem, eu vou trabalhar. Sinta-se livre para dormir, Fran."

— Não preciso.

"Tem certeza? Bem, para mim tanto faz, eu acho. Então vamos começar juntos."

— Nn.

E assim, Fran e eu trabalhamos juntos na forja até que ela começou a pegar no sono.



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