Volume 5

Capítulo 200: Vs. Colbert — Epílogo

Demos uma olhada em Colbert, que havia sido transportado para a enfermaria, pouco depois do término da partida. Suas feridas haviam sido curadas por magia, mas ele ainda não recuperara a maior parte de sua energia e, portanto, ainda estava acamado e incapaz de se sentar.

— Colbert, se sentindo bem?

— Ei... parece que eu consegui escapar da morte por pouco.

— Muito pouco.

— Hahah. Você me venceu. Eu não esperava perder, mesmo depois de desfazer o meu sel... ugh.

Colbert colocou a mão na cabeça e gemeu.

— Tudo bem?

— Sim... parece que me esforcei demais. Isso acontece toda vez que eu uso o Asura.

Asura foi a técnica que o fez de repente ficar com um monte de braços mágicos. Minha suposição era que a referida técnica aumentava sua velocidade de reação e ampliava seu campo de visão, pois não consegui ver de que outra forma ele seria capaz de lutar no mesmo nível de Fran e sua Senhora das Espadas.

— Você é forte, mais forte do que qualquer inimigo que enfrentei antes.

— Obrigada.

— Seu próximo adversário será difícil, mas eu acredito em você. Vença-o, por mim também.

— Com certeza.

Decidimos deixar a enfermaria depois de trocar mais algumas palavras com ele. Como Colbert ainda estava se recuperando, imaginei que forçá-lo a uma conversa prolongada não seria bem o que você poderia chamar de uma boa ideia.

Eu esperava que ele acabasse recuperando um pouco de paz e sossego depois que saíssemos, mas, ao que tudo indicava, aconteceu exatamente o oposto, pois ouvi alguns gritos de pânico logo antes de sairmos do alcance de sua voz.

— Pelo amor de Deus! Eu fiquei empolgado demais e deixei o sangue correr para minha cabeça! Droga! Eu vou com certeza ser excomungado! Não há como meu demônio em forma de Mestre me deixar escapar depois disso!

Seu tom tornou muito fácil para eu imaginá-lo segurando sua cabeça e a balançando em desespero. Teria sido algo interessante a discutir com Fran, mas eu decidi exercitar meu tato e manter qualquer menção de suas circunstâncias no mínimo, visto que ele esperou que ela partisse antes de deixar suas emoções tomarem o controle; ele claramente não queria mostrar seu lado mais lamentável.

"Minhas condolências, Colbert. Minhas condolências.

— Nn?

"Não, não é nada. Não se preocupe. Só vamos indo."


A próxima coisa que Fran e eu fizemos foi voltar para a arena. Sendo mais específico, nos tornamos espectadores, pois esse era o melhor uso possível do nosso tempo. Havia uma chance de acabarmos tendo que lutar contra as pessoas que saíram vitoriosas hoje, se vencêssemos a próxima rodada. Não era como se estivéssemos perdendo tempo, mas mesmo se perdêssemos, observar essas lutas de alto nível serviria para ampliar nossos horizontes.

Havia apenas um total de oito partidas agendadas para hoje devido à natureza do torneio de eliminação única e, como lutamos na segunda, havia apenas seis para observarmos.

Amanda foi quem lutou no terceiro confronto do dia, e tinha acabado de finalizar seu adversário bem quando conseguimos voltar. Mais uma vez, ela acabou com seu adversário em um instante.

— Não consegui ver nada.

“Eh, não havia mesmo o que fazer. A próxima partida deve ser interessante o suficiente para compensar isso. Erza vai lutar.”

Seu oponente era um aventureiro rank C, conhecido por ser bastante difícil de combater por causa de sua incrível habilidade técnica com a lança. Para ser sincero, eu estava muito ansioso para essa batalha e não queria perdê-la.

No entanto, estávamos em um impasse. Não havia nenhum lugar para nos sentarmos. Nós pensamos no que fazer, e eu quase acabei criando uma cadeira usando a magia da terra, mas, por sorte, um dos homens próximos nos chamou e, ao fazer isso, me parou antes que eu fizesse algo.

— Ei, você é a Fran? A Garota da Espada Mágica?

— Nn?

Ele, o homem de meia-idade, estava assistindo à partida com uma garrafa de vinho em uma mão e um espeto na outra. Com base nisso, eu assumi que o cara estava indo muito bem.

— U-uoa, é mesmo você. Suponho que você quer assistir?

— Nn.

— Tu-tudo bem, sinta-se livre para tomar meu lugar então.

— Tudo bem mesmo?

— Sim, vá em frente. Eu estou apostando em você desde as preliminares e, neste momento, você me rendeu tanto dinheiro que posso relaxar e matar o trabalho pelo resto do mês.

Uau, ele realmente ganhou um monte graças a nós.

O fato de ele estar apostando em nós desde as preliminares significava que ele devia estar fazendo isso em parte para animar Fran e em parte porque queria ver se poderia ganhar um retorno enorme de seus esforços. Mesmo assim, eu ainda me sentia agradecido porque ele estava torcendo por nós.

— Eu ficarei feliz em ceder o assento se você me deixar apertar sua mão para que eu possa me gabar com todos os meus amigos!

— Entendido.

— Obrigado! Amanhã também estarei torcendo por você, então dê o seu melhor!

— Nn.

E assim, o homem apertou a mão de Fran, vagou o assento para ela e se afastou com uma risadinha. Meu palpite era que ele devia estar indo para algum lugar em que pudesse ficar confortavelmente parado enquanto assistia as partidas restantes.

A partida de Erza começou logo depois que nos sentamos. Seu oponente era tão difícil de lidar quanto sua reputação sugeria e conseguiu ficar fora do alcance de Erza enquanto o atacava com sua lança.

Contudo, os ataques do lanceiro foram leves demais para causar algum dano; Erza ignorou todos os seus ataques e conseguiu avançar usando força bruta sem se importar com os golpes recebidos.

A incrível agilidade do lanceiro permitiu que ele evitasse o ataque que resultou da investida de seu adversário, mas vendo como isso destruiu uma parte da arena com apenas um golpe, seu sangue esfriou.

Seus movimentos começaram a ficar lentos com o tempo, não porque ele ficou sem energia, mas porque a disparidade na eficácia de seus ataques causou-lhe um grande fardo mental.

Ele estava em uma situação bem ruim que já havíamos experimentado várias vezes antes. Seus ataques não fizeram nada, mas tudo estaria acabado se ele não conseguisse se esquivar de apenas um golpe. Ele não seria capaz de obter uma vitória, a menos que se decidisse e mudasse para um estilo que colocasse um pouco mais de ênfase no poder de ataque, uma escolha que ele hesitava em fazer, dado que a maça gigante de seu oponente continuava o errando por muito pouco.

Demorou um pouco, mas Erza enfim conseguiu pegá-lo. Ele se decidiu e lançou sua lança na direção de Erza depois de se esquivar de um ataque que deixou o homem maior desequilibrado. Foi o ataque mais rápido e mais poderoso que ele demonstrou até o momento.

A multidão ofegou quando sua lança se aproximou da parte superior do corpo desarmado de Erza.

Mas isso não funcionou. A arma do lanceiro não foi capaz de perfurar a pele do adversário. Em vez disso, a arma foi interrompida pelas defesas ridiculamente altas do homem maior.

A partir daí, foi só ladeira a baixo. O homem foi pego por Erza e caiu no chão, onde foi preso por uma técnica usando o corpo inteiro que o deixou incapaz de respirar. Ele acabou tendo que se render arquejando sem oxigênio.

"Deve ser péssimo ser ele."

— Combate corpo a corpo significa aberturas.

"Bem, quero dizer, você está certa, mas..."

De jeito nenhum eu deixaria Erza prender Fran no chão, ainda mais enquanto fazia contato corporal. Não, nem pensar.

"As técnicas de imobilização são terríveis demais."

— Nn. Perigoso.

"Em mais de um sentido."

— Nn?

A partida de Erza foi a única que foi interessante. Todas as outras terminaram em um instante ou foram meio chatas.

A partida de Forrund, a quarta, foi tão curta que fez com que a multidão vaiasse. Ele nem levou cinco segundos para acabar com seu oponente.

Phillip, o filho mais velho da família Krysten, lutou pela quinta partida. Foi uma batalha dura cheia de reviravoltas, mas nós já tínhamos visto ele lutando em Barbola, então isso acabou sendo um pouco chato.

Nem Royce, nem Fermus tiveram que se esforçar muito, e assim, ambos terminaram suas partidas em menos de um minuto. Tudo que eu podia dizer ao observá-los era que eles tinham ainda mais poder oculto do que aparentavam.

"Teremos que vencer a partida de amanhã se quisermos uma chance para lutarmos contra qualquer um deles."

— Com certeza ganharei.


Fomos para o calabouço depois que terminamos de assistir aos confrontos do dia, para que pudéssemos não apenas experimentar nossas novas habilidades, mas também fazer algumas simulações para descobrir como iríamos lutar contra Goldalfa.

Por sorte, a Anulação de Dano Físico não era ativada sempre que dávamos um passo, mesmo assim, ela consumia uma quantidade incrível de mana. Ela reagiria independentemente de estarmos atacando ou defendendo; metade da minha reserva de mana havia desaparecido antes mesmo que eu percebesse que ela estava faltando.

Mas, como evidenciado por sua capacidade de até anular o choque gerado por nossos ataques, ela era muito potente. Fran foi capaz de socar um ogro muitas vezes maior que seu tamanho sem sequer sentir a menor reação negativa. Em uma batalha real, a habilidade faria com que pudéssemos ignorar todos e quaisquer ataques que nossos oponentes usassem para nos desnortear. Não importava se eles nos golpeassem com espadas ou com martelos. Nada disso teria efeito algum.

Da mesma forma, a Barreira Perfeita também se mostrou bastante útil.

Ela consumia tanta energia mágica quanto qualquer uma das duas barreiras que se fundiram para criá-la, mas tinha os efeitos completos de ambas. A potência de suas defesas ainda estava aquém da nossa habilidade de anulação recém-adquirida, mas isso era de se esperar.

Em outras palavras, acabaríamos utilizando a Barreira Perfeita sempre que pudéssemos e guardaríamos a Anulação de Dano Físico para quando realmente precisássemos.

"Tudo bem, já chega de testes. Vamos tentar pensar em um plano para usar contra Goldalfa."

O fato de Goldalfa ser um usuário de machado me fez suspeitar que teríamos que confiar na Anulação de Dano Físico se quiséssemos vencê-lo. Eu não tinha ideia de quão forte ele ficaria se usasse o Despertar, mas duvidava que nossas defesas fossem sólidas o suficiente para impedir seus ataques.

Seu poder de ataque era apenas uma das minhas duas principais preocupações. A outra era até que ponto ele seria capaz de absorver danos. O cara tinha Regeneração de Alta Velocidade, Fortalecimento de Pele e, para piorar, mais de mil pontos de HP. Provavelmente não seríamos capazes de vencê-lo se tentássemos causar dano aos poucos; não achei que conseguiríamos vencê-lo em uma batalha mais prolongada.

Em outras palavras, se quiséssemos vencê-lo sem usar a Anulação de Dano Físico, teríamos não apenas que desviar de todos os ataques dele, mas também executar ataques com força suficiente para romper suas defesas e acabar a partida depressa. Minha conclusão? As coisas não estavam parecendo boas.

Passamos um tempo pensando em situações hipotéticas e nas habilidades que desenvolveríamos para lidar com cada uma delas antes de enfim encerrarmos o dia.

— Vou visitar Rumina.

Fran já havia parado de falar com Rumina da maneira respeitosa como ela havia feito quando se conheceram — não que a Gata-Negra mais velha se importasse. Na verdade, ela parecia gostar de ser tradada de forma mais casual. O relacionamento das duas quase parecia ter se transformado em um tipo de avó e neta, um status quo com o qual ambas estavam satisfeitas.

"Boa ideia. Nós também podemos aparecer e dizer oi antes de partirmos."

— Nn.

Nós nos teletransportamos para o quarto que Rumina havia nos criado alguns dias atrás.

Ela pareceu notar nossa chegada no mesmo instante, pois acabou nos cumprimentando na porta quando entramos em seus aposentos.

— Bem-vinda.

— Nn.

"E aí."

— Parece que você triunfou mais uma vez. Acredito que sua próxima partida será a quarta rodada contra um aventureiro rank A?

"Sim. Nós enfrentaremos um dos subordinados do Lorde das Feras."

— E vocês tentarão obter a vitória? Acredito que você já cumpriu as condições que ele colocou diante de você ao vencer a partida desta manhã.

— Vou vencer. Obrigarei que o poder da Tribo dos Gatos-Negros seja reconhecido.

"Pretendemos jogar todas as cartas que temos à disposição, se isso for preciso."

— Entendo... muito bem, não direi mais nada sobre o assunto. Em vez disso, vou lhe oferecer meu incentivo. Avante Fran, para a vitória!

— Nn!

E assim, voltamos para a pousada depois de Rumina nos contar um pouco mais sobre habilidades e magia.

Amanhã, nossa partida seria a primeira. Teríamos que acordar ainda mais cedo do que o habitual.



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