Volume 5

Capítulo 191: A manhã da primeira rodada

"Dia Fran, você teve uma boa noite de sono?"

— Nn...

Fran ainda estava apenas meio acordada, mesmo assim, não teve nenhuma dificuldade em enfiar o café da manhã na garganta.

"Hoje é o dia. O torneio está enfim começando."

— Nn...

Fiquei um pouco preocupado se Fran poderia realmente ter uma boa noite de sono, mas as minhas preocupações se provaram desnecessárias. Para ela, hoje era apenas mais um dia.

Nossa rotina matinal correu como sempre. Lavei o rosto dela, sequei os cabelos com ar quente e dei uma boa escovada.

"Hoje é seu grande dia, por isso teremos que garantir que você pareça ainda mais fofa do que o normal."

— Não importa.

"Não seja boba. É claro que vai importar, você vai praticamente ser exibida."

Eu terminei de pentear seus cabelos enquanto respondia a ela. Somente depois que terminei, seus olhos por fim se abriram e se encheram de energia. Ela logo começou a imitar minhas ações escovando os pelos de Urushi. O lobo apertou os olhos e desfrutou da sensação por alguns momentos antes de se virar de costas e exigir mais carinho. A maneira como ele agiu me lembrou o Golden Retriever que um dos meus vizinhos mais velhos tinha no passado. Ele não emitiu nem um pouco da sensação feroz que você esperaria de um lobo.

"Ainda estamos um pouco adiantados. Está com vontade de fazer algo em particular?

— Nn. Mestre, por aqui.

“Huh? O que foi?”

— Nn.

Fran pegou um pano e começou a me polir.

"Nós ainda nem lutamos, então tenha certeza de não se cansar fazendo isso, certo?"

— Sem problemas.

"Mas..."

— Porque não apenas eu.

"O que isso deveria significar?"

— Mestre também sendo exibido. Terei que fazer o Mestre parecer legal.

Ela continuou me polindo enquanto eu pensava se deveria agradecer ou dizer para ela parar. Para mim, Fran seria a estrela do show e eu seria apenas um extra. Eu adoraria continuar contemplando, assim poderia chegar a uma resposta, mas, no fim, parei de me importar pouco depois que ela começou pela ótima sensação que senti.

Minha perda de controle a levou a continuar me polindo por uns 30 minutos, depois dos quais minha lâmina ficou agradável e brilhante.

"Tem certeza de que isso não te cansou?"

— Ainda estou bem.

"Tudo bem, vamos sair então."

— Nn!


Todos os participantes deveriam se reportar e se reunir na Guilda dos Aventureiros. O bloco A estava programado para ser o primeiro a lutar, então seus integrantes tiveram que chegar lá mais cedo.

Na chegada, fomos imediatamente levados ao andar de cima por um dos funcionários da guilda. Parecia que as salas no segundo e terceiro andares estavam sendo usadas como salas de espera temporárias. O fato de as salas serem privadas e não salas maiores com participantes agregados em seu interior era algo que eu só poderia concluir como benéfico. Aventureiros de sangue quente, como Fran, provavelmente começariam brigas se fossem deixassem em um mesmo local com outros participantes.

— Por favor, espere aqui até te chamarmos. Sua partida será a sexta, e cada uma terá duração de 30 minutos, por isso acredito que você não precisará esperar mais do que duas horas. Dependerá de quanto tempo dura cada partida. Quanto mais curtas, mais cedo será sua vez.

— Nn. Entendido.

— Você está livre para observar o resto das lutas do dia depois de terminar a sua, mas não tem permissão para sair da sala até que chamemos por você.

O fato de as partidas terem sido programadas significava que você não poderia ficar enrolando e aborrecer a multidão. Isso também impediria que o torneio ficasse fora do programado. No entanto, também significava que era possível seguir o cronograma. Para esse fim, todos os combatentes tiveram que usar um item mágico conhecido como Bracelete do Julgamento antes de iniciar o combate.

O bracelete permitiria determinar um vencedor se os combatentes consumissem os 30 minutos que lhe foram atribuídos. O item era capaz de determinar os valores de HP e MP dos competidores, bem como seu consumo relativo. Ele usaria os números que lia para discernir qual dos dois combatentes teria saído vitorioso se a partida continuasse de forma indefinida.

— Sempre haverá um membro da equipe do lado de fora da porta; portanto, não seja tímida. Deixe-nos saber se você precisar de alguma coisa.

Os participantes do torneio eram tratados como VIPs e podiam pedir à equipe que fizesse todo tipo de coisa. Alguns exemplos dos serviços prestados eram preparar refeições leves e atuar como substitutos para fazer compras. Parecia conveniente e tudo mais, mas isso não dizia respeito a nós. As coisas que tínhamos em nossos armazéns dimensionais serviriam para satisfazer todas as nossas necessidades.

Como resultado, Fran acabou se sentando e relaxando por um tempo.

Não fomos incomodados até cerca de uma hora depois, após o que alguém bateu à nossa porta.

— Com licença.

— Nn.

— A quarta partida acabou de começar. Sua partida começará depois que a próxima terminar, então gostaríamos de levar a uma sala de espera mais próxima da arena.

Parecia que o torneio estava um pouco adiantado, então decidimos perguntar à equipe o que estava acontecendo. Ao que parecia, o que aconteceu foi que Goldalfa fez jus a sua reputação e acabou com seu oponente em apenas um instante.

No entanto, os outros dois combates terminaram por volta dos 30 minutos, e não foi por falta de tempo. A maioria dos combatentes não gostava de ter as coisas decididas por seus braceletes e, portanto, costumava fazer seus maiores movimentos e decidir as coisas logo antes da partida ser forçada a terminar.

Nos movemos para o local ao passar por uma passagem subterrânea com uma de suas entradas no porão da guilda. Parecia uma boa medida a se tomar, já que ter participantes mais populares passeando pelas ruas faria a população começar uma comoção.

A sala para a qual nos mudamos era, sem surpresa nenhuma, mais um quarto privado, um com várias ordens de magnitude mais luxuoso do que aquele em que estávamos hospedados na guilda. O sofá que eles tinham no quarto era lindo e a cama estava muito bem cuidada.

— A quinta partida já começou, então podemos acabar chamando por você a qualquer momento. Por favor, verifique se você está pronta para quando chegar a sua vez.

— Nn. Entendido.

Fran mergulhou direto no sofá super macio e começou a apreciá-lo ao máximo.

Depois de um momento de consideração, percebi que a partida que estava acontecendo naquele momento era a de Cruz e Radyer — o que significava que as explosões que eu ouvia de tempos em tempos eram feitiços de Radyer. Elas eram tão altas que eclipsaram os gritos ensurdecedores da multidão, e eu tive que forçar meus ouvidos para entender o que estava acontecendo.

Ao contrário de mim, que passara o tempo pensando na partida e outros enfeites, Fran se concentrara em relaxar. Ela pulou do sofá, pulou na cama e brincou com Urushi até uma série incrivelmente alta de aplausos ressoar pela sala.

"Parece que a partida foi decidida."

Dada essa percepção, forcei meus ouvidos ainda mais para poder ouvir o narrador.

— E acabou! Apesar da preferência popular, Cruz venceu!

Espere aí, é sério? Cruz Venceu?

— Mestre, algo errado?

Eu devo ter parecido muito chocado, pois Fran na mesma hora virou a cabeça em minha direção se sentindo confusa.

"É que Cruz é quem acabou vencendo, isso é tudo."

— Cruz?

"Você esque... ó, tanto faz. Vamos nos preparar para ir. Logo será nossa vez."

— Nn. Entendido.

Não demorou muito para que um guia aparecesse à nossa porta depois que a partida entre Cruz e Radyer terminou. Esse funcionário não apenas nos levou à arena, mas também nos entregou um Bracelete do Julgamento ao longo do caminho. De forma surpreendente, o bracelete não ocupava um espaço de acessório, então não tivemos que trocar nenhuma das nossas coisas.

O local usado para o torneio principal era gigantesco e incrivelmente bem iluminado. Chamei Fran no caminho até a arena porque estava um pouco preocupado se ela estaria ou não nervosa. Mais uma vez, constatei que minhas preocupações eram desnecessárias, pois Fran estava de bom humor, já que estava até pulando enquanto nos movíamos.

"Você não está mesmo nem um pouco nervoso?"

— Nn!

"Ótimo. Vamos fazer isso então."

— Mal posso esperar.

"Certifique-se de ficar nas sombras até depois que Fran der o sinal, tudo bem, Urushi?"

"Au."

No momento em que entramos na arena, descobrimos que havia mais de dez vezes o número de telespectadores presentes durante a segunda rodada preliminar.

Eles eram tão numerosos que achei incrivelmente difícil discernir mais comentários individuais. Havia tantas pessoas diferentes aplaudindo que a coisa toda meio que saiu como uma onda de som.

— Mmph.

Os aplausos da multidão eram tão estrondosos que Fran acabou fazendo uma careta e abaixando os ouvidos.

“Você está bem?”

— Nn... já estou acostumada.

Ufa.

O grande volume das ondas sonoras disparadas contra nós me fez entender que ter uma audição sensível nem sempre era uma coisa boa. Eu não entendi como um homem-coelho como Royce e basicamente qualquer pessoa com audição supersensível conseguia lidar com isso.

— E nossos concorrentes chegaram! Em um canto, temos uma donzela justa, cuja força trai sua aparência, a mais jovem aventureira de rank C até hoje. Senhoras e senhores, por favor, deem as boas-vindas a 11º concorrente do Bloco A, Fran, a Garota da Espada Mágica!

Fran subiu lentamente no palco com o anúncio do narrador como sua deixa. Em cima dele estava o oponente; ele já estava esperando a chegada dela.

— Mmph.

Sua expressão endureceu no momento em que ela o viu.

— E no outro canto, temos um homem incrível com um grupo de mercenários em suas costas. Batam suas mãos com força para um dos mais respeitados Gatos-Azuis da nova geração: líder do Orgulho Azul e o 12º concorrente do Bloco A, Zefmate, a Investida Azul!

O oponente de Fran era ninguém menos do que um dos Gatos-Azuis que ela detestava, além de também ser o líder do Orgulho Azul. Sabendo disso, ela o encarou, me alcançou e me puxou de minha bainha em silêncio.



Comentários