Masmorra do Desejo Brasileira

Autor(a): Alonso Allen & Zunnichi


Volume Único

Capítulo 10: Assombração e Perturbação

— Isso é sério…?

Ashley passou a mão entre os fios do cabelo, um longo suspiro fugiu de sua boca. Por que tudo acontecia para estragar seus planos? Por que sempre era uma coisinha pequena que fugia do planejado e criava um grande efeito dominó que destruía todo o resto? Parecia até que estava amaldiçoada a errar, mas já não importava mais.

— Não faz diferença mesmo, eu sou mais poderosa que vocês dois juntos.

A gema de um dos anéis brilhou e se converteu em um feixe, que se moldou numa fina rapieira roxa. Ela apanhou pelo cabo, como se a luz fosse um objeto duro, depois estalou os dedos e outro anel virou pó. Parte de sua mana foi restabelecida ao consumir esse artefato, ainda restavam cinco.

Lentamente o corpo dela desapareceu no ar, enquanto o restante da iluminação da caverna foi sumindo.

Se eu derrubar aquele nobre primeiro, minha vitória será garantida. Talvez ele tenha uma magia, então é melhor eliminar o fator desconhecido primeiro. 

Tendo o grandalhão como alvo, ela caminhou na direção dele, devagar e com cuidado no barulho de seus passos. Apertou a empunhadura, mirando-a na axila de seu inimigo.

Como tudo estava escuro, era impossível Alexsander prever de onde viria o ataque. Uma vitória fácil e breve a aguardava, assim como foi contra Minerva. O prato principal, a cabeça do ladino, seria servido em breve. 

Porém, um movimento inesperado: a ponta da rapieira foi bloqueada pelo escudo, lançando Ashley para trás pela força do impacto..

— Seus truques não vão funcionar comigo. — O guerreiro cortou o ar com seu sabre, errando-a por centímetros quando ela saltou para o lado.

Ashley teve um ataque de desespero quando sentiu o vento causado pela lâmina. Ela levantou a mão livre e conjurou outra ilusão.

Com uma nova magia, fez Paulo e Alice surgirem e o alvejarem, no entanto não houve reação por parte de Alexsander.

Ele permaneceu estático e, no instante em que a maga tentou esconder seu ataque no meio de um dos socos de Horse, ele defendeu novamente. Tinha algo errado, ela sabia disso. O guerreiro parecia enxergar através das ilusões.

Não tenho escolha, vou levar aquele nojento do Minerva primeiro! Lançou uma de suas ilusões na direção do ladino jogado no chão, esperando que pudesse dar cabo de um dos problemas. 

No entanto, se enganou. O ladino esquivou-se do golpe tão rápido que pareceu um vulto. Como ele fez isso?!

— Minerva! — chamou Alexsander, agora se colocando na frente dele. — Eu preciso que você vá pelo outro caminho e procure pelos outros. Eu vou segurá-la até você voltar.

— Mas… e se… E se você me atacar pelas costas!? Ou se os outros forem ilusões? O que eu faço?!

A paranóia causada pelo efeito negativo de sua habilidade estava atrapalhando as coisas. Alexsander não sabia qual era a causa, mas seria melhor afastar o ladino em um primeiro momento.

— Você corre. Só precisa correr e fugir. Não há nada de errado em fazer isso se for pelo bem de si mesmo ou dos outros. — Alexsander avançou na direção de Ashley enquanto gritava: — Agora vá!

Minerva ainda estava receoso, mas correu o máximo que pôde, desaparecendo no meio das sombras. Quanto ao guerreiro, seu escudo estava alto, seus olhos fixos na maga diante dele.

Ashley desativou sua ilusão, já que não estava surtindo efeito algum. Ela apontou a rapieira para o rosto do homem e questionou: — Como você descobriu?

Alexsander aproveitou a oportunidade para recuperar o fôlego e enrolar. Quanto mais tempo ganhasse, maior a chance de Minerva trazer os outros para ajudar.

— Você tem seus truques, eu tenho os meus. Depois que ficou claro, ficou bem fácil.

Era evidente que enrolar não significava o mesmo que dar informações ao inimigo — o guerreiro não diria mais do que o necessário.

A mulher franziu o cenho, não estava satisfeita com aquela resposta. Preciso descobrir como ele superou minhas ilusões para que isso não aconteça novamente.

— Mesmo assim… Como chegou aqui? — O tom de dúvida foi substituído por orgulho. — Minhas ilusões afetam os cinco sentidos.

— Você pode criar ilusões de uma parede, mas não pode impedir uma chama de tremer com o vento… Não é necessário magia para notar isso.

A mulher estava irritada, seu rosto bonito preso em um semblante de seriedade. — Algo tão simples então…

Um de seus anéis brilhou em uma luz verde, que se espalhou sobre seu corpo. Em troca da destruição do artefato, a mulher ganhou um aumento considerável no atributo de força, que saltou de meros três pontos para dezoito.

Com esse tanto de poder, junto ao artefato que se transformou em rapieira, ela venceria até mesmo alguém da guarda do rei.

— Parece que terei que resolver isso da maneira convencional — ela falou, dando um passo adiante junto a uma estocada.

Alexsander bloqueou o ataque com o escudo. O impacto dessa vez foi diferente! Seus pensamentos de antes se confirmaram: aquela aura verde deve aumentar a força.

Ainda sim, a força de Alexsander era maior que a dela. Empurrou o escudo, desestabilizando Ashley após o ataque.

— Urgh!? — Ela se surpreendeu com a força do homem, não esperava que fosse ficar em desvantagem depois de consumir o artefato.

Sem dar brecha, o guerreiro moveu o escudo para o lado, liberando espaço para uma sequência com seu sabre. Um movimento horizontal, carregado de força, mirando o pescoço da oponente.

Ashley moveu sua rapieira. O Sabre de Alexsander percorreu a lâmina mágica; faíscas voaram enquanto o metal raspava no artefato feito de energia; o golpe foi completamente desviado.

O guerreiro não cessou o ataque. Continuou a desferir cortes poderosos.

A nobre movia precisamente sua espada, desviando por pouco cada um dos ataques de Alexsander.

Não está funcionando, o guerreiro pensou. Seus ataques não estavam atingindo o alvo, mas sua resistência ainda era consumida a cada movimento.

Ashley desferiu uma estocada; Alexsander bloqueou com seu escudo. Ela aproveitou o momento e consumiu mais dois artefatos — sobraram dois.

Luzes azuis e amarelas rodopiaram ao redor dela, enquanto dois anéis desmanchavam em seus dedos. Sua destreza foi aumentada, junto com sua energia para manter a luta por mais tempo.

Ela poderia ser uma maga, não uma lutadora, então seus atributos físicos não eram tão elevados. Contudo, ela possuía algo que Alexsander nunca teve.

Avançando como uma flecha disparada por um arqueiro lendário, a Ilusionista atacou Alexsander. O homem não podia mais acompanhar seus movimentos. Muito rápido! Se eu for atingido por um desses, vou morrer aqui.  

— A diferença em nossa técnica de esgrima é muito grande! — a mulher gritou, desferindo dezenas de estocadas e cortes em um piscar de olhos.

Ela possuía treinamento na arte da espada. Desde cedo aprendeu com os melhores professores que o dinheiro poderia pagar.

Comparando os movimentos refinados, precisos, elegantes e cheios de técnica da mulher, o homem parecia um soldado de infantaria desafiando um mestre da nobreza.

Alexsander golpeava, Ashley aparava seu ataque e desferia ao menos três contra-ataques em sequência. O guerreiro passava a maior parte do tempo movendo seu escudo para se proteger.

Quando a luta se manteve assim por mais um tempo, a fadiga já estava dominando o homem. Não havia tempo para descansar, não havia brecha para retaliar, não havia aliados por perto.

Um lutador esgotado contra um oponente mais habilidoso, incansável e com suporte de magia…O resultado era previsível por qualquer um: Alexsander iria morrer aqui e agora.

Ashley tinha um sorriso de deboche no rosto. — Me surpreendeu por um instante, mas parece que não era tudo isso.

O homem não respondeu, não tinha energia para isso.

Ashley saltou para uma lateral, sua rapieira atravessou a roupa negra e perfurou a carne do homem, que contorceu o rosto em resposta.

Seria impossível superar uma diferença de habilidades de um momento para o outro. Técnica é desenvolvida, repassada e aprimorada ao longo de gerações.

Mesmo que o oponente fosse superior. Ainda restava uma opção. Suas habilidades podem ser melhores, mas eu também tenho as minhas. 

Depois de treinar sozinho e lutar por tanto tempo, Alexsander havia obtido duas habilidades. Eram simples, inferiores àquelas que os patrocinadores concediam, mas foram obtidas por mérito próprio, depois de muito suor e sangue derramado.

Com a rapieira deslizando novamente sobre sua carne, conjurou suas habilidades.

 

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Defesa Inquebrável

Sua resistência aumenta em três.

Valor atual: 23

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— FORÇA!!!

 

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Inspirar

Todos os seus atributos e de companheiros próximos aumentam levemente.

Força: 29

Destreza: 7

Resistência: 26

Inteligência: 25

Sabedoria: 4

Mana: 3

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Uma aura fraca brilhou ao redor do guerreiro. Um mestre da esgrima certamente veria isso como a última tentativa de uma pessoa desesperada.

Seu espírito cansado foi renovado e permitiu seu corpo e mente continuarem agindo. Alexsander montou um plano, algo que não gostava de fazer, mas que salvou sua vida inúmeras vezes.

A mulher saltou para o lado oposto ao escudo, visando o pescoço do homem. O guerreiro moveu seu sabre de aracne e interceptou o ataque, desviando-o do alvo.

Ashley estava perdendo a paciência, o aumento em seus atributos estava quase no fim. 

— Eu não tenho nada contra você, mas está no meu caminho. Por favor, morra logo! 

Outra chuva de ataques caiu sobre o homem cansado, seu escudo já estava repleto de arranhões por protegê-lo da lâmina mágica. 

Ao desviar um ataque, Alexsander fez o impensável, arremessando o escudo de metal em sua oponente. O impacto doeu, mas não comprometeria a movimentação dela.

Ashley se lembrou das palavras de seus professores quando era pequena. Um homem desesperado tem atitudes que o prejudicam na batalha, diziam eles. 

Com ambas as mãos no sabre, o guerreiro assumiu uma postura diferente. A espada diante do corpo, estava levemente inclinado à frente e com as pernas em uma postura sólida.

Sem o escudo que o protegeu até agora seria mais fácil encerrar a luta.

Ashley disparou, usando toda a força que ganhou com os artefatos em uma estocada poderosa em direção ao coração.

O homem moveu os braços. Vai tentar cortar com sua espada antes de ser atingido, mas a vantagem de velocidade é minha!

A rapieira atravessou a carne do inimigo, que não conseguiu contra-atacar a tempo. Com esse golpe, a batalha terminou.

 

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☆ ☆ ★ ☆ ☆

 

A impressão de medo constante e a brutalidade com que Paulo massacrava as hordas de monstros. Seus punhos faziam o chão tremer e seus golpes explodiam os corpos dos monstros-plantas.

A cada segundo, Alice hesitava, seus olhos encaravam num choque pleno a carnificina diante de seus pés. Ela queria livrá-lo daquela maldição ou quer que fosse, mas o rosto concentrado de Lohan a dizia para não fazê-lo.

O mago se remoía por dentro e se sentia sujo. Era errado usar o surto de um amigo como vantagem, mas não podiam fazer nada. Se ele podia matar o máximo de monstros possíveis, que assim fosse — ao menos garantiria a segurança de ambos. Me desculpe, mas não posso arriscar a mais valiosa pessoa do nosso grupo.

A carnificina durou longos minutos, seguidos de inúmeros gritos de Horse e guinchos de monstros-plantas morrendo e criando uma pilha de vinhas e gosma verde. Aquilo estava mexendo com ambos, a partir daquele momento perceberam que o monge era um grande perigo a qualquer um que fosse seu inimigo.

Ainda lembravam dele ter dito que preferia passar seu tempo sozinho, longe dos demais, e quase sempre estavam separados, em que Horse ficava meditando do lado de fora. O motivo de costumes tão estranhos se materializou diante de seus olhos em um combate mortífero, no qual os dois podiam ser os espectadores ou a atração principal.

Quando enfim o terror terminou, tudo o que viram foi um homem moreno com as mãos encharcadas de sangue verde. Ele estava com as mãos na cabeça, chorando e sentindo uma dor interminável. O transtorno pareceu ter acabado, então Lohan enfim permitiu que Alice fizesse o que achasse necessário.

A garota levantou a carta cósmica e lançou sobre seu companheiro uma onda reconfortante de cura, porém foi em vão — ele continuou se lamuriando pelo que fez. Ela teve pena, quis clamar a alguma entidade e deus para ajudá-lo, pois simpatizava com a sensação de tristeza e solidão que ele possuía.

A elfinha respirou fundo, seus olhos ainda não conseguiam desviar do massacre diante de seus pés. Estava com medo de até mesmo falar e confortar seu aliado. Uma outra coisa chamou sua atenção, era o som distante de passos e uma respiração ofegante. Uma pessoa surgiu em meio a escuridão, um moicano verde amarrotado e com uma linha de sangue escorrendo pelo peito.

— Minerva…? — Lohan arregalou os olhos, apertando a mão de Alice. — Cure-o, depressa!

— Ma-mas não é outra ilusão? 

— Não, a assinatura de mana dele é igual ao do Minerva que eu conheço, faça agora!

A clériga lançou sua mana na direção do ladino, fechando seu ferimento, enquanto ele caia de joelhos no chão. Sua respiração estava descontrolada, ele puxava o máximo de ar que conseguia em longas respiradas e suava horrores pela testa.

Seu rosto também se contorcia, perturbado como o de Horse. No entanto, ele ainda arrumou forças para dizer: — O Alexsander… ele está em perigo. Ashley nos traiu, ela quer matar todo mundo!

Em seguida, deu um passo para trás. Seu medo se materializava na desconfiança de seus companheiros, não conseguia falar mais, temeroso que qualquer um deles poderia retirar uma faca e atingí-lo, mas nada disso aconteceu.

Um Lohan abatido ficou parado no lugar, olhando o nada. Lágrimas caíram de seus olhos, ele sabia que algo de muito errado havia acontecido. Por que, Ashley?

 

☆ ☆ ★ ☆ ☆

 

Alexsander foi atingido. A rapieira de Ashley atravessou a carne do plebeu e derramou seu sangue sobre o piso da caverna.

Neste mundo, existiam aqueles que tinham tudo e existiam aqueles que não tinham nada. Um nobre tinha educação, tinha dinheiro, tinha empregados para fazer as coisas por ele. Um camponês só tinha o direito de viver um dia de cada vez… enquanto pagasse os impostos ao governante. 

Não seria possível equiparar as habilidades autodidatas de um camponês com os movimentos refinados, precisos, elegantes e cheios de técnica de um especialista da nobreza.

Porém, existiam maneiras que permitiram até mesmo um simples soldado de infantaria vencer contra um mestre da nobreza. Uma dessas coisas era algo que não se obtinha estudando com um professor: experiência.

Alexsander não tinha sobrenome, não tinha terras, não tinha magia, mas tinha experiência em batalhas. Suas cicatrizes eram a prova disso.

Aquilo que ele evitava usar novamente salvou sua vida: ser atingido de propósito para poder contra-atacar um inimigo mais forte. 

Quando a mulher ia atingir seu coração, o guerreiro colocou seu braço no caminho. A lâmina atravessou o cotovelo, o braço e o antebraço; mas não atingiu o coração.

A dor era quase insuportável... Quase.

Quando notou o que tinha acontecido, a mulher tentou puxar a lâmina, mas Alexsander moveu o braço para o lado, puxando a lâmina cravada em sua carne.

Sem a arma, Ashley tentou conjurar um de seus últimos artefatos, porém nada aconteceu.

Ao olhar para baixo viu: Alexsander havia decepado sua mão esquerda. 

— Aaaagh!! — ela gritou, como nunca antes. 

Alexsander não cessou o ataque. Um guerreiro experiente jamais deixaria a dor desviar a atenção da luta. Novamente a diferença entre eles foi ressaltada.

Usando toda a força que tinha no braço restante, cortou Ashley no meio.

Do ombro direito até a coxa esquerda, um grande corte partiu a carne da aristocrata. Sangue fluiu como um rio e parte de seus órgãos vazou pelo ferimento aberto.

A dor foi enorme, mas o choque foi maior. Ela caiu de joelhos no chão, sem forças para gritar. Seus braços agarravam suas vísceras, tentando mantê-las dentro do corpo.

Sem forças, Alexsander cravou a espada na pedra e se sentou no chão. Duvidava que a mulher pudesse ser uma ameaça depois disso e já estava exausto.

Seu braço estava em péssimas condições, mas Alice deveria conseguir curá-lo. A lâmina mágica se desmanchou, virando fumaça. 

O sangue começou a jorrar de seu braço. Com uma corda, improvisou um torniquete e amarrou próximo ao ombro — iria diminuir um pouco a velocidade do sangramento.

Controlou a respiração, inspirando profundamente e expirando devagar. Já havia passado por situações parecidas e sabia que acalmar o coração iria ajudar com o sangramento.

Ele encarou a mulher, que tentava tomar sua vida a poucos instantes: tremia como se estivesse em uma geleira, sua respiração estava descompassada e olhava para o vazio.

Essa era uma cena comum: uma pessoa à beira da morte.

Entretanto, uma cena não tão comum ocorreu em seguida. Alexsander pensou ter visto um sorriso.

Uma luz brilhou de sua mão, o último artefato que possuía virou poeira. O corredor ficou frio e um círculo de luz brilhou ao redor da feiticeira. Uma barreira intransponível surgiu ao redor dela.

Merda, ela vai fazer alguma coisa!

O guerreiro se levantou e guardou a espada na bainha. Correu até o escudo que havia arremessado antes e segurou diante dele. 

Eu não queria que… chegasse até isso — ela falou, quase sem voz.

 

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O artefato Convergência Espiritual foi ativado na área

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— Essa masmorra tem um segredo que poucos além daqueles que finalizaram conhecem. Quase todos os monstros são plantas… Menos o chefe da masmorra. 

Um grito terrível ecoou pelos corredores e Alexsander sentiu um calafrio percorrer a espinha. — O que você fez?!

— O último inimigo é uma Banshee que suga toda a energia vital dos seres vivos… É por isso que somente as plantas que conseguem absorver a mana da masmorra sobrevivem aqui. 

Ao lado de Alexsander, uma névoa surgiu, transformando-se no formato de uma pessoa. Tinha chifres negros e pele vermelha: era a mesma mulher que aparecia em seus sonhos.

— Você?!

— Eu também não esperava te encontrar dessa maneira. — Ela parecia igualmente espantada.

Ela flutuava ao redor do guerreiro e era evidente que não se tratava de uma criatura viva.

— Antes de perguntar algo, é melhor você se afastar daquilo. — A mulher apontou na direção de Ashley.

Atrás dela, um espectro monstruoso. Era mais alta que o túnel e estava curvada sobre a nobre ferida.

A aura que a criatura emanava era profana, enjoativa, angustiante. Observar aquilo causou uma sensação de perigo imediato. Alexsander prendeu o escudo nas costas e correu pelo túnel, deixando Ashley e a Banshee para trás..

Diante da morte, a mulher pensou no que fazer antes de partir deste mundo.

Com o que sobrou de sua mana, seria possível usar apenas um feitiço. Para ela, a escolha de sua última magia não poderia ser outra: Transmissão Telepática.

Seus olhos brilharam, enquanto a imagem de uma pessoa ficou vívida em sua mente. Alguém de aspecto nobre, com longos cabelos dourados, olhos verdes e um cavanhaque singular: era Lohan.

Lembrou da vez que se conheceram. Ela viu alguém machucado, porém com uma grandeza inata… Sentia que encontrou alguém como ela. 

Seus pensamentos foram transmitidos como sussurros no ouvido do mago.

 

Eu só queria que você sentisse o mesmo por mim. 

Eu te amei mais do que tudo. E quero que saiba que te amei até o último segundo. 

A Banshee abriu sua boca, presas fantasmagóricas se projetaram sobre a Rainha das Ilusões, Ashley Zinneman.

Espero que possamos nos encontrar em outra vida…

… Desculpa por tudo.

 

Em um piscar de olhos, a maga foi devorada. Apenas as pernas cobertas pela armadura dourada e tecidos nobres, agora manchadas de sangue, restaram no lugar.

O espectro deu um sorriso distorcido, olhando o guerreiro que corria para longe dele.

 

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