Livro 1
Prelúdio
— Então me diga: qual é seu maior medo?
— Meu maior medo? Se a senhora me permite dizer...
— Poupe-me de seu eufemismo. Apenas responda.
— Não aguentar toda a energia. Acabar me transformando... me transformando naquilo.
— No quê?
— Marcado. Em um marcado...
— Essa é uma desinformação comum por aqui.
— Comum?
— Se a consequência em falhar no teste fosse virar um marcado, você estaria no melhor dos sonhos. Conhece?
— Não compreendo…
— Os sonhos. Os melhores são aqueles que não queremos acordar. Entende agora?
— Sim, senhora...
— O que acha que aconteceria se entrasse uma razoável quantidade de energia escura nesta sala?
— Bom, se com razoável a senhora quer dizer uma grande quantidade, acredito que não suportaria.
— E quanto a mim?
— A senhora é a matrona. Chefe idealista. Seu controle de energia deve ser fenomenal!
— Deve?
— Perdão. É fenomenal.
— Você não respondeu. Qual é seu maior medo?
— Eu... respondi, senhora.
— Perguntarei novamente. Qual é seu maior medo?
— Hm. Bem…
— Soube do incidente com nossos vizinhos?
— Sim, senhora. Ouvi a explosão.
— E o que acha que aconteceu com os habitantes de lá? Houve muita energia, não é?
— Eles… morreram.
— Acha que eu sobreviveria?
— Talvez à explosão… mas a abundante quantidade de energia escura é fatal para qualquer um, senhora. Seria difícil alguém sobreviveria àquilo.
— E se eu disser que alguém sobreviveu. Você acreditaria?
— Não acho provável, mas se a senhora está dizendo… certamente é um idealista muito forte.
...
— Sim. Claro.