Volume 1
CONVERSA COM KAMONO
Conversa com Kamono.
Em uma cafeteria aconchegante, um homem limpava suas últimas xícaras do dia. O relógio já apontava o fim do expediente, e ele parecia ocupado a esfregar uma marca teimosa na porcelana, trajando uma camisa branca e um avental verde com um ornitorrinco estampado no centro. Depois de um instante, como se percebesse algo, ele vira-se diretamente para você, leitor.
— AHÁ! Olá! — diz ele, com um sorriso exagerado e gesticulando como quem acabou de apanhar alguém a espiar pela janela. — Chegou bem a tempo! Fechei a cafeteria, mas sempre posso arranjar um tempinho para uma boa conversa! — Ele encosta-se ao balcão, como quem já planeava uma boa prosa.
Sem dar muita chance para você "responder", ele continua:
— Veio por causa da história, não é? Aposto que sim! Não se faça de difícil. — Ele dá uma piscadela. — Estou escrevendo Malkiur com todo o carinho do mundo, sabia?
Ele guarda as xícaras com uma precisão quase teatral e prossegue, apontando casualmente para o teto, como se houvesse uma revelação divina lá.
— Fico muito feliz que esteja a lendo. É sério, até brilha nos meus olhos! Quando quiser mandar idéias ou feedbacks... vá, mande à vontade. Sou um empresário multitarefa, mas um bom empresário sabe ouvir os "clientes", certo? — Ele ri, mas logo abaixa a voz, num tom mais conspirador. — Agora, desculpe-me se demoro um pouco para lançar os capítulos... É que o trabalho está tomando muito meu tempo. E, sabe como é, mudar de cidade para abrir outra cafeteria não é exatamente um passeio no parque.
Ele solta uma risada sem graça e coça a nuca, mas logo recupera a energia habitual, apontando um dedo triunfante.
— MAS, e aqui vai a parte boa! Pensei numa solução GENIAL para vocês. Tcharam! — Ele faz um gesto dramático com as mãos, como se apresentasse um prêmio. — Vou lançar capítulos em drops. Sim, drops! Quatro capítulos por mês, recheados de conteúdo, com Roy ainda estar para viver grandes aventuras. Janeiro está aí, já está tudo no forno saindo para vocês!
Antes que você possa processar tudo, ele dirige-se à geladeira, abre-a, e pega algo para beber. Depois volta com um copo na mão.
— Aqui, beba um pouco. É por conta da casa! — diz ele, servindo-lhe refrigerante com a mesma solenidade de quem serve vinho numa gala.
Sem parar para verificar se você aceitou, ele começa a falar de novo.
— Eu? Ah, pretendo aparecer mais vezes por aqui. Trazer novidades, responder às vossas perguntas, essas coisas. Aliás, tenho algo GRANDE planejado! Malkiur é apenas o começo!
Ele percebe que você se está se preparando para sair e acena, com um sorriso caloroso.
— Já vai? Que pena! Mas tudo bem, visite-me na outra loja, hein? Vou estar sempre por lá!
Quando você começa a caminhar em direção à porta, algo atrás dele chama a atenção. Ele repara no seu olhar curioso e dá uma risadinha marota.
— O quê? Ah, o roteiro? — diz ele, apontando para um guião no balcão. — Nada de ser ansioso, hein? Só vou dizer uma coisa: esta história... é tão profunda quanto o mar.
Você deixa a cafeteria, e, ao afastar-se alguns metros, a luz da KamonoCafé desliga. Lá dentro, o som abafado de xícaras a serem empilhadas continua por alguns segundos, antes do silêncio dominar.
Está ansioso pelo que está por vir?