Magic Genesis Brasileira

Autor(a): Rafaela R. Silva


Volume 2

Capítulo 51: Sentimentos e Entrega

Estava escuro. Um leve brilho cintilava na seda sob sua cabeça. O vento assobiava pela janela, trazendo um cheiro terroso misturado a um toque sutil de doçura. Um som abafado se mesclava ao silêncio que predominava.

“Água…? Chuva?”

O tecido à frente se agitava ora com suavidade, ora com mais força.

— O quê?!…

Eduardh abriu os olhos com dificuldade. A escuridão foi cedendo lugar a pequenos pontos luminosos que se destacavam na mobília, revelados pela entrada da luz da lua entre as nuvens pesadas. Levantou-se, assustado, olhando ao redor na tentativa de entender o que havia acontecido.

“Estou… no meu antigo quarto…?”

O toque macio sob suas mãos tensas revelava algo familiar. Apesar da dúvida, a cada segundo tudo se tornava mais claro; as lembranças, a ansiedade que o consumiu e, por fim, o apagão.

“Eu… desmaiei…?”

Seu ombro latejava, a cabeça doía. O leve brilho da marca de Fazhar ainda permanecia. Ele a encarou, tentando focar a visão, mas o olhar se desviou rapidamente ao notar o contraste rubro contra a seda branca. Lenna.

Sentada em uma poltrona ao lado da cama, estava ela, debruçada sobre o colchão. O rosto apoiado nas mantas, o corpo vencido pelo cansaço, os cabelos derramados como véu carmesim. A respiração era leve, profunda. O cansaço havia superado a vontade de permanecer desperta para esperar que ele acordasse. As longas madeixas escorriam pelo rosto, misturando-se às mantas aconchegantes da enorme cama em que ele repousava.

A atenção de Eduardh se prendeu àquela cena. Instintivamente, a mão se ergueu para afastar os fios que encobriam a pele delicada da maga. Mas, de repente, um estalo em sua mente. A lembrança dela sorrindo, de mãos dadas com Vladmyr. O gesto morreu antes de nascer. Eduardh se encolheu, abraçando os próprios joelhos, encarando-a em silêncio, enquanto seus longos cabelos brancos pendiam suavemente, lembrando-o da sua atual realidade.

Ele continuava a encará-la e um leve sorriso se formou em seus lábios. De repente, nada mais importava. Era como se o mundo tivesse desaparecido, mesmo que por um instante.

— Ed…? — a voz sonolenta de Lenna o trouxe de volta, enquanto ela esfregava os olhos, tentando se adaptar à penumbra.

— Desculpe… eu não queria te acordar…

Ele não teve tempo de concluir a frase. Lenna soltou um longo suspiro de alívio e, sem hesitar, se lançou sobre ele em um abraço caloroso, tão apertado que o surpreendeu.

— Calma… assim você me deixa…

A frase morreu em seus lábios ao perceber a umidade que encharcava a camisa que vestia; uma peça elegante, de linho e cetim, com mangas longas e delicados bordados dourados, que ele não se lembrava de como havia sido colocada, provavelmente enquanto estava desacordado. Ela estava fria, não pelo vento noturno nem pela chuva que batia ritmadamente nas janelas, mas pelas lágrimas que escorriam, incessantes, dos olhos de Lenna.

— Achei que você não acordaria mais… — ela soluçou, a voz embargada. — Por que você aguenta tudo isso sozinho? Por que não divide comigo? Não confia em mim? Por que não me deixa te proteger também…?

Eduardh fechou os olhos por um instante, absorvendo cada palavra. Então, com um sorriso suave, trouxe-a ainda mais para perto de si, aninhando-a contra o peito. Desta vez, não havia nenhuma intenção oculta, apenas o desejo de oferecer conforto, talvez mais para ele próprio do que para ela.

— Me perdoe… não queria que você chorasse por minha causa — murmurou, apertando-a com uma ternura que, pouco a pouco, foi acalmando o coração de Lenna.

— Então pare de guardar tudo para si, caramba!

Ele a encarava de forma tênue. Um breve sorriso surgiu, acompanhado de um leve arqueamento de sobrancelhas.

— Caramba? — ele gargalhou — Isso foi uma tentativa de falar um palavrão?

— Estou falando sério! Pare de brincar — ela retrucou imediatamente.

— Difícil te levar a sério com você fazendo beicinho e chorando como uma criança que perdeu o doce — ele dizia com uma naturalidade quase irritante.

Lenna tentava se recompor, enxugando as lágrimas com a manga do vestido, feito do mesmo tecido fino que caía delicadamente sobre os braços.

— Aliás, não é para tanto… — ele desviou o olhar para a janela. — Ainda está de noite, devo ter dormido umas duas, três horas, talvez…

— Não é para tanto? Você não dormiu, você desmaiou! E foram dois dias!

Ele a encarou surpreso, a gravidade da informação demorou a atingir-lhe o rosto.

— Espera… DOIS dias? Então a reunião com meu pai…

— Sim, eles estão lá agora… — Lenna respondeu, franzindo o cenho. Mas depois, mudou rapidamente o foco da conversa — Isso não importa agora. Por que seus pais te trataram assim? Você fugiu… tudo bem que ficassem bravos, mas aquilo?

— Ou… ou… calma — o sorriso deu lugar a um tom mais sério — Sei que lhe devo algumas explicações, mas vamos começar por você sair de cima de mim.

— Me desculpe… — ela respondeu, sem jeito, ao perceber a seriedade que se instaurara.

— Eu não curto ficar por baixo… De cima, a visão é mais… “privilegiada” — ele voltou a sorrir, desta vez com malícia.

Lenna estava completamente vermelha, da raiz dos cabelos até a ponta dos dedos, e o coração batia tão rápido que parecia querer saltar do peito. Apesar de sua pouca experiência com situações assim, a insinuação e o significado por trás das palavras de Eduardh não passaram despercebidos, deixando-a ainda mais sem jeito e surpresa.

E então, uma luz branda do corredor penetrou no quarto vindo da porta, espalhando um brilho suave sobre os móveis e quebrando a penumbra que dominava o ambiente. A claridade incidiu sobre o perfil de Lenna, ainda corada, e sobre os cabelos brancos de Eduardh, que reluziram por um instante, como se refletissem a lua lá fora.

— Para um príncipe que acabou de desmaiar, você está bem animadinho, não é mesmo? — A voz de Vladmyr soou do batente da porta, carregada de ironia. O arqueamento de sua sobrancelha deixava clara a irritação a qual ele não se preocupava em disfarçar.

Eduardh ergueu o olhar lentamente em direção a Vladmyr, um sorriso provocador ainda nos lábios, como se a interrupção não fosse suficiente para apagar a cena anterior.

— E desde quando você se preocupa tanto com o meu estado, “oficial”? — retrucou, a voz mansa, arrastada, mas carregada de malícia, como se desafiasse Vladmyr.

Lenna, por sua vez, arregalou os olhos e se afastou rapidamente de Eduardh, endireitando-se na poltrona ao lado da cama. Tentou enxugar o rosto discretamente com as mangas, mas o rubor insistia em denunciá-la.

— Vim avisar que eles saíram da reunião — completou, o tom seco, quase como se quisesse encerrar qualquer outra interpretação sobre o motivo de sua aparição ali.

Eduardh sustentou o olhar dele, ainda sentado na cama, sem perder o sorriso que teimava em permanecer nos lábios.

— E imagino que tenha vindo pessoalmente porque estava preocupado… comigo? — provocou, apoiando o queixo na mão como se fosse uma criança esperando resposta.

— Chega, vocês dois… — murmurou, mas sua voz saiu fraca, denunciando que ainda estava sem jeito pela situação anterior.

Vladmyr travou os dentes diante da última provocação do elfo, mas se conteve. O silêncio só foi quebrado quando ele soltou um suspiro pesado, como se expulsasse dali a irritação que queimava por dentro. Sem acrescentar uma palavra, caminhou até o cristal de mana mais próximo e o ativou. Uma onda de luz suave preencheu o quarto, afastando a penumbra que restava, fazendo Eduardh franzir o cenho e estreitar os olhos, incomodado pela claridade repentina.

— Vamos logo. O Chanceler solicitou a presença de todos, então é melhor se trocar. — A voz de Vladmyr saiu firme, quase um comando.

— Está bem, está bem… — o elfo ergueu as mãos em rendição, o sorriso malicioso ainda brincando nos lábios. — Não precisa bancar o guarda. A menos, é claro, que ela queira realmente...

— Ed, por favor… — Lenna tentou intervir, a voz baixa, hesitante.

— Já chega, elfo. — O tom de Vladmyr foi cortante, como uma lâmina fria.

— Relaxa… sei reconhecer quando alguém prefere outra companhia. Vocês dois já deixaram claro que andam juntos mais do que deveriam. Mas, como eu disse, não vou ficar parado aqui apenas observando.

A resposta o atingiu como um soco, e Lenna, surpresa, não soube o que dizer. Apenas alternava o olhar entre os dois, sentindo o peso das palavras não ditas pairar no ar.

Com um suspiro teatral, Eduardh deu de ombros e se levantou. Seus pés afundaram levemente no extenso tapete de lã aparada e seda, de base macia de algodão, que cobria parte do piso. Sem pressa, passou os dedos pelos longos cabelos, levando-os para trás e prendendo parte em um rabo simples, deixando o restante solto. Havia uma naturalidade no gesto. Apesar de, até pouco tempo, sustentar um corte bem curto, ele lidava com seus cabelos longos como se fosse algo que ele sempre soubera fazer. Então, sem se importar com os olhares que o acompanhavam, começou a despir-se como se estivesse sozinho no quarto, os movimentos lentos, quase provocativos.

— Fala sério… já chega disso. — Vladmyr estendeu a mão a Lenna, firme, quase puxando-a para si. Ela, sem muita resistência, deixou-se guiar. Ele a conduziu até a porta, decidido a tirá-la dali antes que perdesse de vez a paciência com a provocação descarada do elfo.

Após ouvir o estalar brusco da porta se fechando, o sorriso de Eduardh desapareceu, como se tivesse sido arrancado por uma brisa fria. A postura despreocupada que mantinha diante de Lenna e Vladmyr não passava de um artifício, uma máscara cuidadosamente erguida para que não percebessem que ele ainda não estava bem com tudo o que vinha acontecendo.

O quarto, localizado em uma das torres principais do castelo, erguia-se alto, permitindo que a chuva outonal caísse em pancadas fortes contra os vitrais. Luxuoso em cada detalhe, tapetes espessos, móveis de madeira nobre e cristais cuidadosamente lapidados. Ainda assim, o espaço transmitia um frio quase tangível e não trazia nenhuma lembrança calorosa.

Eduardh permaneceu parado por alguns instantes, então se aproximou da ampla janela. Já vestido e com o semblante sério, encostou a testa levemente no vidro e observou a chuva escorrer em cortinas densas, refletindo o cinza pesado do céu noturno. Um silêncio profundo preenchia o quarto, quebrado apenas pelos estalos ocasionais de trovões distantes, enquanto ele se perdia em pensamentos que ninguém ali podia imaginar.

O pequeno dragão, que até então permanecera fora de vista, surgiu discretamente, arrastando-se com delicadeza até os pés de Eduardh. Usando a cortina como apoio, escalou sem esforço até o peitoril da janela e se enroscou ali, de frente para a vidraça, como se também desejasse contemplar a dança silenciosa da chuva.

— Vamos.

— Mas o salão é para o outro lado… — Lenna parou, confusa.

— Eu sei. Cédric me disse que ainda demorariam algumas horas e que avisaria quando saíssem.

— Mas… você disse…

— Eu não ia deixar você sozinha lá dentro mais tempo do que o necessário. — Vladmyr arqueou uma das sobrancelhas, carregando na expressão um sarcasmo discreto que parecia julgar em silêncio.

Ele a conduzia de volta pelo mesmo corredor de onde havia vindo. Lenna sentiu o aperto firme da mão de Vladmyr guiar cada passo. Ao mesmo tempo, a calma calculada com que ele a conduzia parecia anunciar que algo estava prestes a acontecer. O olhar dele, por vezes deslizando até o rosto dela, carregava uma intensidade silenciosa que fazia o coração de Lenna disparar. Cada gesto, a postura ereta e controlada, o modo como os passos dele ressoavam no corredor vazio, tudo funcionava como um aviso.

Vladmyr exalava uma intensidade que não podia mais ser contida, como se o que ocorrera entre Eduardh e Lenna tivesse acendido algo impossível de ignorar. Lenna percebeu a seriedade do que se aproximava, e um frio de expectativa percorreu sua espinha, preparando-a para o que viria a seguir.

Os dois avançaram até a escadaria que levava à ala dos aposentos dos convidados. À medida que seus passos se afastavam e suas silhuetas se confundiam com as sombras das pedras, um olhar atento acompanhava cada movimento. Gilgaren, parado à distância, observava a cena com evidente interesse. Seus olhos brilharam em malícia antes que um sorriso largo se formasse em seu rosto. Sem pressa, retomou o caminho que já fazia, satisfeito com o que havia presenciado.

Lenna reconheceu a direção que tomavam, mas ainda não compreendia a urgência dele.

— Vlad…

— Vamos conversar. — Ele abriu a porta de seu quarto e aguardou.

— M-mas… o que está acontecendo? — perguntou, a voz baixa e vacilante, enquanto entrava devagar e se acomodava na poltrona próxima à cama, como se temesse a urgência da resposta.

— Você gosta dele? — Vladmyr perguntou sem rodeios.

Lenna piscou, surpresa, não pela pergunta, mas pela pessoa que a fazia. Ela se manteve calada, tentando compreender como haviam chegado nesse ponto.

— Ele não esconde o que sente por você. — Vladmyr passou a mão pelos cabelos, a voz carregada de uma sinceridade inquieta. — E depois do que rolou entre nós no abrigo… eu também não vou fingir que não sinto nada.

Ela se levantou, inquieta, andando em círculos ao redor da cama. Procurava palavras como quem procura pedras firmes em um terreno instável. Vladmyr a acompanhava com o olhar, levemente impaciente, e em seus olhos ardia um brilho contido que Lenna reconheceu.

— E então? — A voz dele soou firme, quebrando o compasso da respiração dela. — O que sente por ele, e... por mim?

— Ele… — Lenna parou, respirando fundo. Um arrepio percorreu seu corpo pela forma incisiva e inesperada como Vladmyr a questionava. — Gosto dele, sim. Mas não da forma como ele gostaria que fosse.

A confissão saiu hesitante, entrecortada pelo receio. Temia que palavras mal escolhidas destruíssem tudo o que havia conquistado até ali.

— Ok. Mas… e quanto a mim? — insistiu Vladmyr, de repente à frente dela, bloqueando-lhe o caminho e forçando-a a encará-lo de perto.

— É diferente. — A voz dela quase vacilou. — Começamos de um jeito complicado… mas depois, com o tempo, a perda das suas memórias, o senhor Cázhor revelando a verdade da guerra… você mudou. E eu percebi que… gostei dessa sua “nova” versão.

— Você ainda não respondeu à minha pergunta. — A firmeza dele a envolveu como uma parede.

Lenna sustentou o olhar, os olhos brilhando num misto de ansiedade e certeza.

— Não sei explicar direito, Vlad — disse Lenna, sentindo as bochechas aquecerem de um rubor intenso, não por vergonha, mas pelo simples fato de se expor dessa forma diante dele.

Ela manteve as mãos próximas ao corpo, os dedos entrelaçados levemente, e a respiração ficou ligeiramente mais rápida.

— Só sei que gosto de você de uma forma diferente do que gosto do Ed… e eu gosto desse jeito de gostar.

O silêncio que se seguiu foi curto, mas intenso. Vladmyr deixou escapar um sorriso contido, quase de alívio.

— Era tudo o que eu precisava ouvir.

Avançando mais um passo, Vladmyr a puxou para si sem hesitar. Seus dedos se enredaram nos cabelos dela, enquanto seus lábios a capturavam em um beijo longo e ardente, recebido com surpresa, mas sem resistência. Com delicadeza, ele a conduziu até a cama. Lenna se deitou quase sem perceber, como se cada gesto fosse natural demais para permitir dúvidas. Seu coração disparava, como se fosse saltar do peito, mas ela não ousava contê-lo. Então, toda a ansiedade cedeu lugar a um calor tranquilo que a envolveu por inteiro.

A respiração de Lenna se misturava à de Vladmyr, quente, descompassada, preenchendo o espaço entre eles. As mãos dele percorriam-lhe as costas num toque firme, porém cuidadoso, como se quisesse gravar em si cada detalhe do corpo dela.

O quarto parecia estreitar-se ao redor, até que nada mais importava além da proximidade de seus corpos. Vladmyr deixava transparecer, em cada gesto, que estava no limite; já não suportava a ideia de adiar mais, nem arriscar perdê-la por não revelar o que sentia.

Aos poucos, roupas se tornaram apenas barreiras incômodas, removidas com a mesma naturalidade com que se buscavam no toque. O frio do outono, que se insinuava pelas paredes de pedra, foi apagado pelo calor crescente entre os dois.

— E se alguém entrar? Se Cédric vier… — uma mistura de sentimentos inundava a cabeça da maga.

— Lenna… — murmurou, a voz grave e rouca, mais frágil do que gostaria — Se você não quiser, eu paro agora.

Ela o encarou, os lábios entreabertos, o rosto ruborizado. O coração parecia pulsar no limite do peito, mas havia algo naquela entrega que a puxava para além do medo.

— Eu… não sei como fazer isso — confessou, quase num sussurro — Mas não quero que você pare.

Vladmyr fechou os olhos por um instante, como se buscasse forças para manter o controle. Quando tornou a fitá-la, havia ternura em meio ao fogo.

— Eu também não. Mas isso não importa agora…

A voz dele não deixava espaço para dúvidas. A insegurança que a corroía cedeu espaço ao calor que se espalhava pelo corpo, e Lenna se deixou guiar, abandonando as preocupações que ainda a prendiam.

Cada gesto de Vladmyr era um convite silencioso para que ela se deixasse levar, para que se perdesse ainda mais nele. O tempo parecia suspenso. A chuva batia forte contra os vitrais, mas o som lhes chegava distante, como se nada pudesse quebrar aquele instante. Era como se o mundo tivesse cedido espaço apenas para acolher essa união.

Lenna notou o brilho sutil que faiscava nas íris de Vladmyr, o mesmo reflexo da marca de Fazhar. Diferente da última vez, quando aquele olhar a fizera hesitar, agora ela não se intimidou. A respiração dele vinha densa, quase sufocada, como se travasse uma batalha silenciosa contra um impulso mais forte do que sua própria vontade.

Os instintos de Vladmyr o conduziam com uma naturalidade quase selvagem, mas cada gesto trazia também uma delicadeza inesperada. O toque de suas mãos revelava uma força contida, como se tivesse medo de quebrá-la e, ao mesmo tempo, uma urgência que o fazia se perder em cada suspiro dela.

No entrelaço de seus corpos, não havia mais inexperiência que pesasse, apenas a descoberta, intensa e arrebatadora, que os consumia por inteiro.

Quando finalmente se afastaram um do outro, a respiração ainda descompassada, Vladmyr repousou a testa contra a dela, e ambos se perderam por alguns segundos na quietude do quarto. O calor que preenchia seus corpos antes intenso agora cedeu lugar a uma sensação suave de conforto, como se cada músculo finalmente pudesse relaxar.

Lenna permaneceu deitada, encostada nele, sentindo o corpo ainda quente e o ritmo acelerado do coração, enquanto Vladmyr passava seus dedos suavemente pelo cabelo dela, observando o leve rubor em suas bochechas. Os contornos e nuances de cores de seu corpo dominavam sua mente. Um sorriso contido surgiu em seus lábios, quase involuntário. A marca de Fazhar em sua mão parecia pulsar suavemente, lembrando-o da força que ainda corria entre eles, mas agora de forma silenciosa e íntima.

— Está tudo bem? — murmurou ele, a voz baixa, carregada de cuidado.

Lenna apenas assentiu, encostando-se mais ao peito dele, sentindo a batida firme de seu coração. O som da chuva agora preenchia o quarto. Vladmyr fechou os olhos por um instante, sentindo o corpo dela junto ao seu, e uma sensação de completude o envolveu.

Por fim, deitados lado a lado, quase grudados, permitiram-se apenas existir. Um silêncio compartilhado, pesado de emoções, mas também de cumplicidade. Um instante que sabia que permaneceria gravado na memória, mesmo depois da chuva, da noite e de qualquer desafio que viesse a seguir.

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