Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 3

Capítulo 137: Identidade Revelada

A praia estava envolta por um manto de chuva incessante, as gotas deslizando pelo céu noturno enquanto relâmpagos distantes iluminavam o horizonte. Leonora manteve-se firme, o rosto inabalável, enquanto sua habilidade Cumulus fazia as nuvens azuladas se formarem a partir de sua mão direita. Elas se expandiam rapidamente, cobrindo o céu acima do campo de batalha, trazendo um presságio de tempestade.

Do outro lado, os clones de Moara e Kênia partiram em uma investida frenética, enquanto os clones de Donny e Vicente se posicionavam mais atrás, em uma postura tática. O clone de Vicente, com um olhar predatório, invocou sua besta mágica, Calderion, que começou a absorver o ar ao seu redor, gerando bolhas alaranjadas brilhantes como brasas. Leonora observava tudo com serenidade, suas nuvens azuladas crescendo como uma muralha viva acima dela.

Com um movimento da mão esquerda, ela declarou, a voz clara mesmo em meio à tempestade: 

— Podem vir, seus clones fajutos. Tenho outra surpresinha para vocês. Altocumulus. Ferreiro Arcano.

Uma nuvem prateada tomou forma em seu braço esquerdo, moldando-se em um sabre cintilante que absorvia as gotas de chuva que caíam sobre ela. Cada gota reforçava o brilho da lâmina, que parecia pulsar com poder. O clone de Moara avançou com um golpe de punho devastador envolto de uma camada de pedra e terra, o Gaia Punch, mas Leonora bloqueou com facilidade, sua lâmina desviando o ataque e obrigando o clone a recuar.

Kênia saltou de forma ágil, desferindo um chute descendente. Leonora moveu-se com graça, esquivando-se para trás e mantendo sua postura firme. Os dois clones, sincronizados, avançaram novamente, combinando chutes e socos em uma sequência rápida. A sabedoria e a destreza de Leonora, porém, eram inigualáveis; ela bloqueava cada ataque com precisão quase desumana, enquanto continuava preenchendo o céu com suas nuvens azuladas.

De longe, o Poeta Fantasma observava a luta com um sorriso calculista. 

“As duas de frente, você consegue desviar facilmente”, pensou ele. “Mas como vai escapar se elas atacarem de lados opostos? Seu sabre só consegue proteger um lado.”

Moara e Kênia saltaram juntas, uma para cada lado de Leonora, os golpes mirando suas costelas. Mas Leonora manteve-se inerte, o rosto impassível, enquanto seus olhos brilhavam com confiança. 

— Torrente Temporã! — bradou ela com autoridade.

Das nuvens azuladas que pairavam sobre o céu do campo de batalha, dois jatos de água pressurizados desceram com força devastadora, atingindo Kênia e Moara simultaneamente. Os clones foram partidos ao meio, suas formas se desfazendo em folhas de papel que voaram em todas as direções. Leonora avançou sem hesitar, seus passos firmes na direção do Poeta Fantasma.

Antes que pudesse alcançar seu objetivo, Donny invocou sua besta mágica, o Battlewolf, o lobisomem pugilista, com luvas de box, que rugiu ao ser chamado. Com um soco nas costas de sua besta, Donny fez o animal atacar.

Battlewolf desferiu um golpe que se multiplicou em cinco socos simultâneos, cada um mirando Leonora. Ela, porém, deslizou com uma rasteira elegante, passando por baixo das pernas da criatura e, ao levantar-se, cortou as pernas do clone de Donny com seu sabre, reduzindo-o a folhas espalhadas pela praia.

Vicente apareceu logo em seguida, suas lâminas gêmeas reluzindo enquanto ele tentava cortar Leonora. Ela avançava sem desviar o olhar do Poeta Fantasma, como se o clone fosse apenas um obstáculo passageiro. No momento em que as lâminas quase a alcançaram, um jato vindo de suas nuvens caiu do céu, dissolvendo Vicente em pedaços de papel.

O Poeta Fantasma recuava, sentindo-se encurralado. Tentou desviar para os lados, mas jatos de água pressurizada caíram ao seu redor, cortando sua rota de fuga. Leonora aproximou-se com um sorriso confiante, a lâmina de água em seu sabre crescendo em intensidade. Ela atacou com precisão, forçando o Poeta Fantasma a saltar para trás. Porém, antes que ele pudesse reagir, uma lâmina de água de alta pressão foi disparada do sabre, atingindo seu rosto e derrubando-o na areia encharcada. 

A máscara que escondia sua identidade caiu em pedaços ao seu lado. Ele se levantou lentamente, segurando o rosto com uma das mãos, o sangue escorrendo por entre seus dedos e pingando na areia. Sua voz saiu áspera: 

— Não pense que essa luta acabou. Foi apenas um golpe de sorte... nada mais.

Leonora girou o sabre em sua mão, a confiança transbordando de seu semblante. 

— Talvez se eu der mais uns três ou quatro desses golpes de sorte, eu acabe matando você.

O Poeta Fantasma removeu a mão do rosto, revelando sua verdadeira identidade. Um brilho sombrio atravessou seus olhos enquanto ele desafiava: 

— Vamos ver se você tem tanta sorte assim.

Leonora recuou um passo, seu rosto congelado em uma expressão de choque. 

— Então... era você... — murmurou ela, a voz carregada de incredulidade.

Leonora manteve os olhos fixos no Poeta Fantasma, enquanto a chuva persistente moldava o cenário ao redor. Seu coração estava pesado pela revelação do rosto do vilão, embora ela se mantinha firme diante do oponente. A figura mascarada à sua frente não era apenas um inimigo; era um homem que um dia fora um aliado de seu esposo.

— Hazard... por quê? — perguntou Leonora, com a voz carregada de decepção.

O homem ergueu o rosto parcialmente coberto, revelando um sorriso irônico.

— Isso não importa, Leonora. O que importa é que, esta noite, você será minha aprisionada no meu livro.

Leonora deu um passo à frente, com a postura firme e o olhar penetrante.

— Você foi amigo do meu marido, auxiliou em suas pesquisas... Por favor, libere os alunos, e eu permitirei que você fuja. É o máximo que posso fazer por você.

— Você não entende. — Hazard cerrou os punhos, balançando a cabeça. — Eu preciso daquilo que está fundido em sua alma. Sem isso, meus esforços serão em vão. Nem que eu morra tentando, não vou recuar.

Leonora respirou fundo, sua expressão endurecendo.

— É uma pena, Hazard.

Um som cortante no ar a alertou. Um dos clones de Kênia apareceu em um vulto, tentando acertar um chute em sua cabeça. Leonora reagiu instantaneamente. A nuvem prateada em sua mão esquerda mudou de forma, transformando-se em um escudo robusto que bloqueou o golpe com facilidade. O impacto fez o clone recuar alguns passos.

— Hazard, esses truques não vão funcionar. A diferença entre nossos poderes é esmagadora.

Enquanto falava, Vicente avançava entre as bolhas alaranjadas criadas por Calderion. Suas lâminas gêmeas absorviam as bolhas ao longo do trajeto. Ele cravou as espadas no chão, levantando-as com força ao gritar:

— Redemoinho Calcinante!

Dois redemoinhos de fogo avançaram em direção a Leonora. Mas antes que pudessem alcançá-la ela acionou sua técnica torrente temporã, duas torrentes de água despencaram do céu, extinguindo as labaredas em um sibilo de vapor.

Leonora virou-se para Hazard, a impaciência evidente em seu rosto.

— Vai continuar com essa brincadeira até quando?

Hazard tentou uma resposta, mas foi interrompido por um jato de água que caiu diretamente em seu ombro. O impacto o fez grunhir de dor e cambalear para trás. Antes que pudesse se recuperar, a nuvem prateada na mão esquerda de Leonora mudou novamente, assumindo a forma de uma espingarda. As gotas da chuva caíam sobre a arma, alimentando-a.

Leonora apontou e disparou. A bala de água pressurizada atingiu Hazard diretamente no estômago, arrancando-lhe um grito de dor e fazendo-o cuspir sangue. Ele cambaleou, mas se manteve de pé, o olhar preenchido por ódio.

— Desista, Hazard. Você não tem chance. — Leonora suspirou. — Eu posso manipular diversos tipos de nuvens. Cada uma absorve elementos diferentes, como uma esponja, com isso posso sempre adaptar meu estilo de combate de acordo como clima do ambiente e às condições do combate. Com essa chuva, minha vitória será rápida e inevitável. Entregue-me o livro, Hazard. Não complique mais as coisas.

— Vai se foder, Leonora! – rugiu ele, sua voz ecoando pela praia.

Sem hesitar, Leonora disparou três tiros consecutivos. Moara, ou melhor, seu clone, reagiu rapidamente, criando um paredão de terra molhada com sua técnica Gaia Wall. Embora o muro fosse destruído pelas balas, ele absorveu o impacto, protegendo Hazard.

Aproveitando a abertura, por meio de um Gaia Shoot, o clone de Moara lançou um grande pedregulho na direção de Leonora. Ela reagiu imediatamente, disparando contra o projétil, que se desfez no ar antes de alcançá-la.

Vicente aproveitou o momento para concentrar o máximo de bolhas de Calderion em suas espadas. Ele as cravou no chão novamente, puxando-as com força como uma alavanca enquanto gritava:

— Caldeira Agonizante!

Um círculo rúnico brilhante se formou no chão. Em seguida, labaredas intensas irromperam do solo, engolindo tudo ao seu redor. Hazard gritou, sentindo a vitória próxima.

— Eu venci, Leonora! Não há como sobreviver a isso!

A risada de Hazard foi interrompida abruptamente por um tiro certeiro que atingiu seu peito. Ele cambaleou para trás, atordoado.

— Maldição... o que foi isso? – murmurou, olhando ao redor, confuso.

— Estou aqui, Hazard.

Ele levantou os olhos e viu Leonora flutuando no alto, segurando-se em uma nuvem rosa com uma mão. Com a espingarda de nuvem na outra mão, ela apontava diretamente para ele.

— Essa é minha nuvem Stratus. Ela permite criar plataformas no ar.

A nuvem desapareceu, e Leonora pousou suavemente no chão. Vicente colcoou as mãos em sua espada para deferir novamente o mesmo golpe, todavia, cm dois tiros rápidos, ela destruiu os braços do clone de Vicente, que se desfez em folhas de papel, antes de puxar suas lâminas.

— Acredito que, assim, sua habilidade não irá funcionar.

Hazard observou com olhos estreitos, analisando a situação: “Suas nuvens azuladas sumiram... parece que você só pode usar dois tipos de nuvens diferentes, um em cada mão. Quando invoca um novo tipo, o anterior desaparece...”

Leonora suspirou, olhando para os três clones restantes que se aproximavam de todos os lados.

— Já cansei de te dar chances para fugir, Hazard. Agora, não tem mais volta. Vou acabar com você. Só não me culpe pelo que está por vir.

Ela estendeu os braços, e duas nuvens pretas começaram a se formar, envolvendo seus punhos. Seus olhos brilharam com uma intensidade predatória.

— Cumulonimbus! — bradou ela.

Hazard gritou, desesperado:

— Clones, ataquem! Vamos acabar com ela!

Leonora sorriu, um sorriso feroz que era a personificação da vitória iminente.

— Podem vir! Vou destruir você e seus malditos clones de uma só vez.

Os clones avançaram com uma determinação feroz, cercando Leonora por todos os lados. Ela manteve a postura firme, girando o braço esquerdo em alta velocidade, uma técnica que parecia acumular uma força avassaladora. Assim que os clones estavam próximos o suficiente, Leonora uniu as mãos em um movimento decisivo, a direita descendo como um martelo sobre a palma da esquerda.

— Martelo de Thor! — gritou ela, sua voz ecoando como um trovão.

A colisão das nuvens negras que revestiam seus punhos liberou uma descarga elétrica devastadora. Uma onda de energia explodiu, engolfando os clones que tombaram no chão em convulsões, seus corpos dissolvendo-se em folhas que flutuavam ao sabor do vento.

Com o caminho livre, Leonora disparou em alta velocidade em direção a Hazard. Seus movimentos eram precisos e letais, cada passo carregado de areia e determinação. Enquanto corria, o braço direito espalhava mais nuvens negras eplo campo e o braço esquerdo girando ferozmente.

Hazard, vendo-a se aproximar, abriu seu livro mágico e lançou uma folha roxa em sua direção. Leonora inclinou levemente a cabeça, desviando com facilidade, sem diminuir sua velocidade. Outra folha roxa pousou no chão, mas ela ignorou, focada em alcançar seu alvo.

Ao alcançá-lo, Leonora desferiu um poderoso cruzado com sua mão esquerda, agora carregada com energia elétrica. Contudo, Hazard pisou na folha roxa e sendo absorvida por ela, reaparecendo imediatamente atrás dela pela, saindo de dentro da outra folha que havia jogado antes. O golpe de Leonora cortou o ar, enquanto Hazard sorria, satisfeito com sua estratégia.

— Clones, agora! — ordenou Hazard.

Os clones, refeitos pela habilidade do livro, avançaram novamente. Leonora, entretanto, permaneceu inabalável. Ergueu a mão esquerda, liberando ainda mais nuvens negras que pairaram ao seu redor em baixa altitude, flutuando a cerca de um metro e meio do chão. Hazard tocou uma das nuvens com a ponta do dedo, intrigado, mas nada aconteceu.

— Afinal... O que ela tá planejando...? — murmurou ele, desconfiado.



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