Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 3

Capítulo 111: Ataque Inesperado

Enquanto Baan tinha seu encontro romântico com a professora Kassandra, no dormitório de Rufus, Kreik e Joabe estavam em uma conversa animada.

— Pessoal, vocês têm alguma suspeita de quem é o Poeta Fantasma? — perguntou Rufus, com um olhar perspicaz.

Kreik suspirou, cruzando os braços.

— Infelizmente, ainda não... mas ele não vai escapar!

— Fale por você, Kreik. — Joabe soltou uma risada sarcástica. — Tenho certeza de que é aquele professor maluco das piruetas.

— Esqueça isso, Rufus. — Kreik fez um gesto de desdém. — Joabe só tá ressentido porque o professor o mandou para a detenção.

De repente, Donny entrou no quarto com um sorriso animado.

— Yo, pessoal! Que bom que tão todos aqui!

— Donny? — Rufus o olhou, intrigado. — O que tá fazendo aqui?

— O que acham? Vamos resgatar a Prya e a Hermiara! Não podemos deixá-las para trás.

— Tá maluco? — Kreik piscou, surpreso. — Podemos perder mais alguém. Precisamos de informações antes de agir.

— Concordo com o Kreik — opinou Joabe, firme. — Vamos ficar e juntar informações. Além disso, o professor Hazard já falou com a Reitora. Ele tá monitorando o local de entrada e saída dos alunos para evitar mais incidentes como o de ontem.

— Não podemos simplesmente deixá-las lá! — retrucou Donny, indignado. — Já pensou no que a Prya deve tá passando?

Rufus ajeitou os óculos, prestes a responder, quando uma voz inesperada veio do outro lado do quarto.

— Vocês não entenderam que o Donny gosta da Prya? Vocês são muito lentos! — Era Clemência e Cassie, que apareceram repentinamente.

Os quatro deram um grito, assustados. O professor Hazard, ouvindo o barulho, correu até o quarto e abriu a porta, com os olhos cerrados em suspeita.

— O que tá acontecendo aqui? — questionou ele, observando-os.

Kreik, suando frio, rapidamente inventou uma desculpa.

— N-não é nada demais, professor! Só o nosso amigo de Suna que estava nos assuntando contando histórias de terror.

— Parem com as palhaçadas. — Hazard suspirou, cruzando os braços. — Se ouvir mais um grito, cada um voltará para o seu quarto!

Assim que ele fechou a porta, Joabe deu um leve soco no ombro de Kreik.

— Por que colocou a culpa em mim, seu idiota?

Kreik deu de ombros. — Foi a única coisa que me veio à cabeça!

Clemência e Cassie saíram rapidamente, uma debaixo da cama e a outra de dentro do guarda-roupa. Donny, ainda confuso, resmungou:

— Que história é essa de eu gostar da Prya? Ela é só minha amiga!

Clemência sorriu e sentou-se na cama, cruzando as pernas.

— Ah, claro, Donny... só amiga. — Ela olhou ao redor e fez uma careta ao ver o quarto. — Ei, Rufus, esse quarto precisa de uma decoração melhor. Está... meio morto.

Rufus olhou para Clemência, impaciente, e disparou:

— Esquece o meu quarto, Clemência. Me diz logo por que vocês duas estão aqui e como conseguiram chegar sem ninguém perceber.

— Rufus, seu bobinho... — Clemência sorriu, um toque de malícia nos olhos. — Esqueceu dos poderes de encolhimento da minha marreta? — Ela inclinou a cabeça levemente, como se o provocasse. — Agora, vamos agilizar isso, precisamos preparar o resgate das nossas amigas.

Antes que Rufus pudesse responder, Joabe ergueu a voz, claramente irritado.

— Podem parar por aí! — ordenou. — Ninguém vai a lugar nenhum. O risco de mais um aluno ser capturado é muito maior do que a chance de conseguirmos resgatar alguém. Cada um de nós vai voltar para o quarto. Agora!

Clemência encarou Joabe, aproximando-se dele com passos firmes e parando bem na sua frente.

— Se tiver com medo, tudo bem. Fique aqui, galinha medrosa de Suna — desafiou ela, os olhos fixos nos dele. — Mas nós estamos aqui para ajudar nossos amigos, então quem tiver medo, que vá dormir. Eu e Cassie vamos de qualquer jeito, com ou sem ajuda. Vamos, Cassie. Deixe esses covardes para lá.

Cassie concordou com um gesto de cabeça. Em seguida, Donny ergueu a mão, dando um passo à frente.

— Eu vou também.

Kreik olhou para Joabe, resignado, e sussurrou:

— Se eles forem sozinhos, vai ser pior. Vamos protegê-los e, se o Poeta Fantasma aparecer, a gente força uma fuga.

— Tsc... tudo bem, vamos todos. — Joabe bufou e virou-se para Clemência, os olhos ardendo em fúria. — Olha, eu juro que te corto ao meio se me chamar de galinha medrosa de novo.

Tá bom, cocó — sussurou Clemência para Cassie, imitando o bater de asas de uma galinha, assim que Joabe virou-se.

Como é sua mimadinha, desgraçada — rosnou Joabe, querendo partir pro ataque, enquanto Kreik o segurava por trás, dizendo que houve um mal entendido.

Após os ânimos se acalmarem. Rufus então olhou para o grupo, preocupado.

— E como vamos passar pelo professor Hazard?

Com um sorriso confiante, Clemência ergueu as mãos.

— Forja básica: Marreta Biônica! — anunciou, invocando o objeto. — Sabem que todo forjador cria suas habilidades impondo certas condições, certo? Pois bem, vou explicar em detalhes as habilidades dessa marreta.

Ela segurou a marreta, girando-a para que todos vissem os detalhes.

— A parte amarela — apontou ela — deixa objetos e pessoas... macios. Só posso fazer isso com um local ou pessoa por vez, e por um tempo limitado. — Depois, apontou para a parte vermelha. — Esta parte aqui permite encolher objetos e pessoas com base na vontade. Se a pessoa não consentir, eu reduzo para um tamanho padrão de trinta centímetros, mas só consigo fazer isso uma vez dentro do limite de tempo. Agora, se a pessoa consentir, posso reduzi-la ao tamanho que eu escolher e utilizar em várias pessoas ao mesmo tempo, contudo, devem se atentar a seguinte condição: enquanto estiverem reduzidos, vocês não podem atacar ninguém. Se fizerem isso... morrem.

Joabe ergueu uma sobrancelha, visivelmente desconfiado.

— Morrer? Tá ficando doida? Que restrição absurda é essa?

— Queria fazer uma restrição que só reduzisse o poder mágico, mas meu refino mágico não foi suficiente. — Clemência deu de ombros. — Aí, saiu essa... — Ela suspirou. — Mas mantenha o foco, o que importa é que vou encolher todos nós e passaremos pelo professor Hazard sem sermos notados.

Kreik ergueu a mão, intrigado.

— E por quanto tempo vamos ficar pequeninhos?

— A parte vermelha da marreta permite reduzir objetos e pessoas que não consentiram por apenas dez segundos. Com o consentimento de vocês, o tempo aumenta para trinta minutos. É tempo suficiente para passarmos despercebidos pelo radar do professor Hazard.

Todos assentiram, e Clemência, com a marreta em mãos, tocou cada um, reduzindo-os ao tamanho desejado. Um a um, eles passaram por baixo da porta e se dirigiram ao exterior dos dormitórios, andando furtivamente pelo corredor escuro.

Enquanto caminhavam, Rufus se virou para Cassie, curioso.

— Agora que você falou... lembrei que você não costuma dormir no dormitório, Cassie. Você geralmente fica em casa com sua mãe. O que tá fazendo por aqui a essa hora?

Cassie respondeu com um meio sorriso.

— Hoje vou dormir no quarto da Clemência.

Kreik e Joabe se entreolharam, ambos lembrando que Baan tinha combinado de jantar com a mãe de Cassie na casa dela. Joabe estreitou os olhos, curioso.

— E por que veio dormir aqui, logo hoje?

Cassie hesitou, lembrando-se do que havia acontecido mais cedo naquela noite.

Ela recordou de quando havia ido até a cozinha de sua casa e encontrou sua mãe estranhamente alegre, cantarolando enquanto preparava o jantar. Com uma expressão desconfiada, Cassie perguntou:

— Mãe, por que tá tão feliz?

— Ora, o professor Baandalf aceitou meu convite para jantar. — Kassandra, respondeu com um sorriso radiante.

— Que bom, mãe! — Cassie sorriu, meneando a cabeça. — Aposto que hoje o jantar vai ser especial. Não vejo a hora de provar o que você vai preparar hoje.

Kassandra riu de canto e, quase em tom conspiratório, acrescentou:

— A propósito, filha, quero pedir um favorzinho...

Cassie franziu a testa, confusa. — Que tipo de favor? — Cassie fixou sua atenção totalmente para o olhar insistente e sorriso maroto de sua mãe, até que suspirou ao percebeu a real intenção dela.

— Aah, fala sério, mãe! — murmurou a jovem.

No presente, Cassie balançou a cabeça retornando seus pensamentos, deu de ombros e respondeu ao Kreik e ao Joabe:

— Digamos que minha mãe achou que eu tava precisando passar mais tempo com os meus amigos e... bem, meio que me pediu — ela revirou os olhos — quase me obrigando, para eu dormir na universidade hoje.

Kreik e Joabe se entreolharam, e Kreik sussurrou para Joabe, rindo baixo.

— Acho que o Uji tinha razão. O Baan estava mesmo de malandragem... parece que o interesse dele era outro quando aceitou o convite da mãe da Cassie, se é que me entende.

Joabe deu um sorriso de canto, compartilhando o pensamento.

— Realmente... Que cara safado!

O grupo de jovens alunos, ainda encolhidos, continuavam a atravessar os vastos corredores da universidade, eles mantinham-se cautelosos, caminhando silenciosamente e observando cada canto. Tudo ao redor parecia gigantesco, e até o menor som fazia os corações acelerarem.

Clemência, ao lado de Joabe, aproveitou o momento de calmaria para puxar conversa, lançando um sorriso divertido.

— Ei, Joraco, me explica uma coisa — disse ela, fitando-o com curiosidade. — Por que o pessoal do seu reino de Suna usa máscara o tempo todo? É algum tipo de proteção?

Joabe, mantendo o semblante sério, respondeu sem hesitar.

— Começou sendo uma forma de se proteger da areia do deserto, contudo, após uns acontecimentos históricos, passou a ser uma tradição antiga — explicou. — Só pais, irmãos e cônjuges podem ver o rosto de alguém de Suna. É uma questão de respeito e privacidade.

— Mas, pera aí... — Clemência arqueou as sobrancelhas, visivelmente impressionada e, ao mesmo tempo, divertida. — E quando vocês estão com a namorada? Como vocês fazem para... — ela pausou, fazendo um gesto sugestivo com as mãos — beijar?

Joabe suspirou, irritado com a linha de questionamento, mas decidiu responder com paciência.

— Nos guardamos para o casamento — disse, seco.

— Ah, que chato! — provocou Clemência, soltando uma risadinha. — Vocês de Suna são todos certinhos assim?

Antes que Joabe pudesse retrucar, Donny interferiu, tentando mediar.

— Vamos lá, Clemência, para de encher o cara. Cada um com seus costumes, né? Ainda bem que eu nasci numa cultura mais liberal. Hehehe!

— Não sei porque, Donny. De que adianta ter a permissão para usar a boca para beijar se não consegue arranjar alguém que aceite isso? — retrucou Clemência, agora zombando dele. — Mas talvez você esteja tão interessado em resgatar a Prya e ela se sentir obrigada a te retribuir com um enorme beijo. — Clemência girava e fingia ser Donny beijando, com tom claramente zombador.

Donny desviou o olhar, sem jeito, e Clemência soltou uma risada debochada.

— Aposto que vocês dois, Donny e Rufus, vão demorar um tempão para beijar uma garota — provocou Clemência, divertida.

Cassie, que estava mais atrás, acabou soltando um comentário sem querer.

— Na verdade... não sei quanto ao Donny, mas o Rufus... — disse ela, sem terminar a frase, dando a entender que algo já tinha acontecido.

Rufus arregalou os olhos e rapidamente fez sinal para Cassie ficar em silêncio.

— Cassie! — ele sussurrou, aflito. — Fica na tua!

Mas Clemência se animou ainda mais.

— Eita! Agora fiquei curiosa! Anda, Cassie, conta logo! Que história é essa?

— Foi uma coisa boba, gente... — Cassie suspirou e, um tanto sem jeito, acabou revelando. — No último aniversário dele, depois da festa que demos, ele foi jantar lá em casa e... rolou um beijo. Só isso. Não foi nada demais, só um beijo de amigos.

Clemência e Donny a encararam, com olhares de pura reprovação.

— Ah, então vocês estavam escondendo isso da gente? — provocou Clemência, rindo.

Joabe, que parecia estar no limite da paciência, bufou.

— Vocês todos estão me dando náuseas com essa conversa sem sentido — comentou ele, seco e desinteressado.

Antes que alguém pudesse responder, Kreik, o único que prestava atenção na estrada, seguindo a frente dos demais, parou abruptamente e levantou a mão.

— Esperem! — sussurrou ele, alarmado. Seus olhos estavam fixos em algo à frente, e ele apontou com o dedo. — Uma... barata!

Uma barata gigante se aproximava deles com passos ameaçadores, as antenas se mexendo freneticamente. A criatura parecia curiosa com os pequenos intrusos.

— Ah, ótimo... Isso é uma péssima hora pra esse bicho nojento aparecer — murmurou Clemência, já avaliando uma estratégia de fuga.

Enquanto o grupo avançava pelo corredor estreito e escuro, os passos rápidos e constantes eram acompanhados pelo som cada vez mais próximo das asas de uma barata gigante que os seguia com insistência. A tensão aumentava à medida que a barata avançava cada vez mais rápido.

De repente, Cassie tropeçou em um desnível do chão e caiu para trás, soltando um gemido surpreso.

— Cassie! — exclamou Rufus, imediatamente correndo para ajudá-la. Joabe estava logo atrás, e, sem perder tempo, correu para atrair a atenção da barata, gritando para desviá-la.

— Ei! Aqui, seu bicho asqueroso! — gritou Joabe, com firmeza. A barata se voltou para ele, focando-se nos movimentos de Joabe.

Rufus segurou Cassie pelo braço e, com um empurrão firme, jogou-a para longe do caminho da criatura. Neste instante, Kreik avistou algo que poderia ser útil: uma lâmpada incandescente no teto logo acima deles. Ele teve uma ideia.

— Donny, preciso da sua ajuda! — gritou Kreik, apontando para a lâmpada. Donny entendeu a intenção de imediato e convocou seu battlewolf, seu lobo antropomórfico pugilista que se materializou ao seu lado com uma energia luminosa emanando dos olhos.

Donny deu um soco rápido nas costas do lobo, que, com a mesma intensidade, desferiu um golpe poderoso contra a parede. Um rastro de luz percorreu a parede e subiu até o teto, onde acertou a lâmpada com precisão. Com o som do vidro estilhaçando e a queda dos pedaços pelo chão, a barata se alarmou e, atraída pelo barulho, abriu as asas com um movimento brusco, alçando voo.

Porém, em sua manobra, ela acabou agarrando Rufus com uma de suas patas, prendendo-o firmemente enquanto ganhava altura.

— R-Rufus! — gritou Cassie, assustada.

Joabe reagiu instantaneamente. Sem hesitar, deu um salto preciso e conseguiu agarrar a mão de Rufus, segurando-o enquanto os dois eram levados para longe, suspensos no ar pela força das asas da barata. A criatura voou por alguns metros até que, em uma manobra brusca, os soltou bem sobre o jardim da universidade.

Rufus e Joabe caíram entre as plantas, abafando o impacto nas folhas espessas. Os dois ficaram um momento em silêncio, recuperando o fôlego enquanto se certificavam de que não haviam se machucado seriamente.

Joabe, sempre frio e cauteloso, levantou-se primeiro e puxou Rufus, indicando que ficassem abaixados.

— Shh... Olha ali — murmurou ele, apontando discretamente para um banco de pedra no centro do jardim.

Ele apontou para a frente e, ao acompanhar o olhar de Joabe, Rufus viu a cena que o fez congelar no lugar: sentado em um banco de pedra, estava o Poeta Fantasma, segurando um livro verde nas mãos. Ao lado dele, uma mulher encapuzada gesticulava enquanto conversava com ele, sem perceberem a presença da dupla.

— É ele... — sussurrou Rufus, pálido de medo.



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