Volume 2
Capítulo 87: O Mais Malandro
O ar estava impregnado de tensão enquanto Baan e Guinter se estudavam com olhares ferozes. O chão ao redor estava marcado pelos combates anteriores, mas agora, o verdadeiro confronto estava prestes a começar.
— Preparado para enfrentar um rei? — Guinter rosnou, seu corpo ainda pulsando com a adrenalina da luta anterior.
— Já nasci pronto para isso. Só não vai chorar quando eu fizer você subir até as estrelas, Mufasa! Hehehe! — respondeu Baan, ajustando a postura de guarda. Sua voz carregava uma determinação implacável.
Guinter foi o primeiro a atacar, avançando com uma velocidade surpreendente. Ele golpeou com suas garras afiadas, mirando o torso de Baan. Baan, com um movimento ágil, conjurou seu Skull King Shield (Escudo Rei Caveira), um escudo feito de ossos pontiagudos que interceptou o ataque de Guinter.
— Calma lá, leãozinho. Você tá muito apressadinho! — disse Baan, empurrando Guinter para trás com o escudo.
Guinter rugiu e recuou, apenas para saltar novamente, tentando cortar o escudo com suas garras, mas Baan estava pronto; ele bloqueava cada golpe com o escudo. Embora fosse Guinter quem atacasse, ele é quem sofria dano, com as pontas dos ossos ferindo suas garras.
Só que Guinter não ia perder tão fácil. Ele desferiu seu Lion’s Paw, sua pata bateu no escudo com um alto impacto, o qual fez Baan ser arrastado alguns centímetros para trás e o escudo esfarelar.
— Agora que tá sem o seu escudo, quero ver se suporta as minhas garras — rosnou Guinter, confiante e empolgado.
— Pode vir, leãozinho, não preciso de escudo, apenas meus punhos já são capazes de te fazer sangrar — gritou Baan, materializando uma camada óssea ao redor de seus braços para amplificar seus golpes — Skeleton Punch (Soco Esqueleto)!
Os dois líderes de guilda começaram a trocar socos em alta velocidade. Os punhos deles colidiam rapidamente, em uma aceleração constante. Baan levou ums pequena vantagem, acertando o peito de Guinter, fazendo-o recuar alguns passos, com seus olhos cheios de surpresa e dor.
— Você vai precisar de mais do que isso... Agora quem ataca sou eu! — gritou Guinter, conectando um soco potente no estômago de Baan, lançando-o contra a porta de uma casa. As costas de Baan quebraram a porta e uma mesa de jantar no interior. Guinter avançou, em sua forma quadrúpede, para atacar Baan enquanto ele ainda estava caído no interior da casa.
Guinter saltou passando pela entrada da casa e preparando suas presas para comer Baan, mas o mago da Crossed Bones, ainda deitado, sorriu. Do seu corpo começaram a sair várias estacas de ossos. Guinter percebeu a manobra do rival e cessou sua mordida, pouco antes de sua boca ser perfurada pelos ossos.
— Você foi esperto, leãozinho, mas eu sou mais! — verbalizou Baan, sua confiança estampada em sua voz, acompanhada de um poderoso chute no rosto do vilão, que caiu ajoelhado todo desajeitado — Ainda não acabou! — gritou Baan, levantando-se em um pulo e desferindo um chute lateral com o pé esquerdo.
Guinter, ainda ajoelhado, utilizando-se do seu braço direito, segurou o pé do rival e, com o outro braço, deu uma cotovelada na canela de Baan, quebrando a perna deste. O mago de ossos caiu no chão e gritou de dor, enquanto o transmorfo se levantava com olhar de desdém.
— Vejamos como luta com sua perna quebrada.
— Merda, leãozinho. Agora complicou para mim — falou Baan com olhar cheio de medo e desespero, enquanto Guinter gargalhava, deliciando-se das feições do oponente. — Só que não! — gritou Baan, levantando-se rapidamente e acertando, com um sorriso no rosto, um chute com a suposto perna quebrada em Guinter.
O vilão caiu por cima de uns móveis da casa. Já Baan ficou balançando sua perna esquerda.
— Ei leãozinho, não seja burro. Não adianta quebrar algum osso meu, eu só fabrico outro. Sou o mago que controla os ossos, esqueceu? — zombou Baan. — Agora vamos acabar com isso. Skull King Spear (Lança Rei Caveira)!
O mago de ossos materializou uma poderosa lança. Baan partiu para o ataque, ele usava sua lança; ora os ataques acertavam Guinter, ora ele desviava. Os cortes, aos poucos, multiplicavam-se ao redor do corpo do vilão.
Baan, em um giro, realizou um ataque com a lança nas pernas de Guinter, mas o transmorfo pulou e pisou na lança, quebrando-a. Em seguida, com um sorriso confiante, socou o estômago de Baan, contudo Guinter é quem sofreu o dano ao ver seu braço cheio de estacas de ossos.
— Não adianta me atacar fisicamente, você é quem vai sofrer o dano — falou Baan, confiante, enquanto Guinter gritava com o braço doendo. — Agora tome isso, leãozinho.
O líder da Crossed Bones desferiu quatro Skeleton Punch no rosto do transmorfo, que recuou alguns passos para trás, sangrando pelo nariz, mas, graças à sua força de vontade, não caiu no chão.
Guinter cuspiu sangue, mas não ia desistir tão fácil. Ele retirou as estacas da mão. Baan estava confiante, dando pulinhos, certo de que venceria o duelo. Guinter rosnou e utilizou suas garras para atacar o torso de Baan. Este, já prevendo o ataque e mantendo sua postura desdenhosa, colocou os braços na nuca em uma postura relaxada, fazendo vários ossos saírem do seu tronco. Todavia, Guinter deu um leve sorriso, mudando a trajetória de suas garras e agarrando a cabeça de Baan. Em seguida, o vilão liberou seu temível rugido, Kings Roar.
O rugido de Guinter reverberou por todo o campo de batalha, fazendo os ossos de Baan se retraírem involuntariamente. O líder da Sabertooth aproveitou o momento de hesitação e desferiu três joelhadas violentas no estômago de Baan, jogando-o contra a parede de uma casa. O impacto foi tão forte que rachaduras se espalharam pelas paredes como teias de aranha. Antes que Baan pudesse recuperar o fôlego, Guinter lançou um poderoso Lion's Paw, um golpe com suas garras afiadas, arremessando o mago manipulador de ossos através da parede da casa e fazendo-o rolar pelo meio da rua em uma nuvem de poeira e escombros.
— Não fique convencido, Baan Maverick! — rugiu Guinter, seus olhos brilhando com ferocidade enquanto ele corria em quatro patas como um animal selvagem. — Eu ainda posso vencer!
Baan, deitado no chão, abriu um sorriso desafiador. Mesmo sem se levantar, ele reagiu de forma rápida e precisa, esticando os dedos e disparando uma rajada de pequenos ossos como projéteis mortais. As Gatling Bones (ossos metralhadora) cortaram o ar com velocidade assustadora, forçando Guinter a se esquivar com movimentos ágeis, desviando lateralmente e pulando por uma janela, escondendo-se no interior de outra casa.
— Miau, miau... vem cá, bichano. Tá com medo? — zombou Baan, arrastando-se até a casa onde Guinter havia se refugiado. — Não pense que vai escapar tão fácil, leãozinho. Ainda tô querendo brincar!
Com um chute poderoso, Baan arrombou a porta e entrou, seus olhos vasculhando cada canto escuro da casa. Ele andou cautelosamente até a sala de jantar, onde seus olhos captaram o reflexo de Guinter no espelho, saindo da cozinha com a intenção de atacar.
— Te peguei! — Baan exclamou, virando-se de repente e disparando duas flechas de osso de sua palma aberta. As flechas voaram com precisão mortal. Guinter mal teve tempo de reagir e, apesar de ter se movido rapidamente, uma das flechas o atingiu nas costas, perfurando sua pele dura.
Guinter rugiu de dor, mas em vez de ceder, sua determinação cresceu. Ele arrancou a flecha de osso de suas costas, seu rosto se contorcendo em fúria.
“Se continuar assim, vou perder...”, pensou Guinter, respirando pesadamente. “Essas camadas de ossos... eles absorvem meus golpes, mas ainda me ferem quando tento atacá-lo.”
Baan, com confiança crescente, preparou-se para desferir outro golpe. — Você tá acabado, leãozinho. Não vai me vencer!
Guinter, porém, não era alguém que se rendia facilmente. Com um rugido furioso, ele sacou de sua cintura o pequeno, mas poderoso martelo Mjolnir. A presença ameaçadora de Guinter parecia se multiplicar quando ele brandiu a arma.
— Agora é que eu vou virar o jogo! — rosnou Guinter, sua voz carregada de ódio e determinação.
Ele atacou com o martelo, mas Baan rapidamente envolveu seu corpo com camadas de ossos defensivos. Para seu choque, os ossos que antes amorteciam golpes foram destruídos com facilidade pelo poder esmagador de Mjolnir. O martelo atingiu o torso de Baan, jogando-o vários centímetros para trás com um baque seco.
O transmorfo, cheio de fúria, desferiu uma série de ataques devastadores com Mjolnir. Cada golpe fazia Baan recuar mais, enquanto o som de ossos quebrando e seus gritos de dor ecoavam pela casa destruída.
Com um gesto preciso, Guinter retirou uma runa de seu cinto e a acoplou no martelo. Ao desferir o próximo golpe, o impacto foi ainda mais brutal, lançando Baan metros para longe, enquanto ele cuspia sangue e caía novamente no meio da rua, inerte por um momento.
— Seus ossos já não são mais úteis, Maverick? — Guinter zombou, saindo dos destroços da casa destruída, caminhando lentamente em direção a Baan, que tentava se levantar, exausto.
Baan, sem forças, disparou mais projéteis de osso, mas Guinter os bloqueou com Mjolnir. Ele então acoplou outra runa e golpeou Baan mais uma vez, lançando-o ainda mais longe pelas ruas destruídas de Passafora. O boné de Baan foi arrancado pelo vento, flutuando pelo ar enquanto o mago tentava se recompor.
Com o selo do dragão em sua testa brilhando intensamente, Baan levantou-se com o que restava de suas forças. Seus olhos semicerrados estavam fixos em Guinter enquanto pensava: “Desse jeito, minha derrota é inevitável... vou ter que liberar todo o meu poder mágico... mas o selo vai avançar. Droga! Não tenho escolha... é melhor isso do que morrer junto com meus companheiros.”
— O que é isso na testa dele? — Guinter sussurou para si, intrigado, preparando-se para desferir o golpe final.
Entretanto, antes que pudesse desferir o golpe, um rugido feroz ecoou pela rua.
— Raaaaargh! — Otto, na forma de um dragão, apareceu em alta velocidade, lançando uma bomba ácida de sua boca. Guinter saltou para trás, desviando do jato de ácido que explodiu no chão, vaporizando pedras e escombros.
Antes que pudesse atacar, um rugido feroz ecoou pela rua.
— Raaaaargh! — Otto, na forma de um dragão, surgiu em alta velocidade, lançando uma bomba ácida de sua boca. Guinter saltou para trás no último segundo, o ácido atingindo o chão onde ele estava e vaporizando pedras e escombros ao redor.
Baan observou, perplexo, seus olhos arregalados diante do garoto transformado em um dragão. “Um dragão? Espera... bomba ácida... isso é da Arila. Será que esse garoto... é filho dela?”
— Otto, seu traidorzinho miserável! — rugiu Guinter, furioso, seus olhos ardendo de ódio. — Isso não vai me deter!
Otto pousou, ainda em sua forma dracônica, e fitou Baan. Seus olhos focaram no selo do dragão na testa do mago. “Esse homem também passou por experimentos como mamãe? Quem é ele? Não tenho tempo... preciso deter Guinter.”
— Vou acabar com você, Guinter! Venom Aura (Aura Venenosa)! — Otto rugiu, uma aura venenosa envolveu seu corpo. Ele canalizou a técnica de sua mãe, mas de sua própria maneira. Com mãos moldadas como a boca de um dragão, ele lançou o Acid Cannon (Canhão Ácido).
O jato de ácido colidiu com Mjolnir, que Guinter erguera para se proteger. Embora Guinter tenha conseguido bloquear o ataque, o martelo começou a se dissolver lentamente com o ácido.
— Maldito! Você destruiu meu martelo! — Guinter vociferou, jogando o que restava da arma no chão.
Guinter, agora sem armas, se lançou em uma corrida frenética, pronto para devorar Otto com suas presas. Mas antes que ele pudesse atacar, Baan interveio, com um último esforço, desferindo um soco de pura força óssea diretamente no rosto de Guinter, arremessando-o para longe.
— Calma aí, leãozinho... tá muito estressado. Hakuna Matata, meu amigo! — Baan sorriu, exausto, mas ainda com espírito combativo.
Guinter caiu ao longe, ofegante e sangrando, a fúria em seus olhos ardendo como fogo vivo. Cada respiração era um lembrete cruel de sua própria mortalidade. Mas o ódio e a determinação só cresciam diante da obstinada resistência dos heróis. Baan, também exausto, olhou para Otto, deitado no chão. O jovem respirava com dificuldade, mas ainda estava vivo. Uma onda de gratidão atravessou o coração de Baan.
— Obrigado, garoto... — murmurou ele, sentindo uma última fagulha de energia surgir dentro de si. — Graças a você, o selo não avançou. Agora, consigo acabar com esse desgraçado.
Guinter e Baan se encararam à distância, seus corpos feridos, mas suas almas inflamadas pela determinação. O campo de batalha estava mergulhado em caos, mas entre eles, apenas o silêncio cortado pela leve brisa era perceptível. E então, com vozes cheias de poder, ambos gritaram:
— Hora de acabar com isso!
Guinter reuniu toda sua força em seu braço direito. A musculatura cresceu, inchada de energia brutal, enquanto seus olhos faiscavam com uma determinação feroz.
— Sempre disse aos meus homens que a verdadeira força vem de superar os próprios limites — rugiu ele, sua voz como um trovão. — E por isso, Baan Maverick... eu te agradeço. Porque hoje eu os superei. Vou te matar com o golpe mais forte que já executei...
Baan, por sua vez, materializou um braço de osso gigante ao redor de seu braço esquerdo. Sua expressão era uma mistura de cansaço e desdém, mas seus olhos brilhavam com a vontade de vencer.
— King Skeleton Punch (Soco Rei Esqueleto)! — anunciou Baan, com um sorriso sarcástico. — Vamos ver se você mia de dor, leãozinho.
Guinter soltou uma risada alta, cheia de desprezo e adrenalina.
— Vejamos se seu punho é tão afiado quanto sua língua! Que vença o mais forte... Lion’s Paw (Pata do Leão)!
Com um grito de guerra, os dois titãs avançaram um contra o outro. A tensão no ar era sufocante, cada passo ecoando como trovões nos corações dos que assistiam. No momento em que seus ataques estavam prestes a colidir, Baan fez seu movimento. Estacas de ossos brotaram subitamente de seu braço direito, perfurando o braço de Guinter, quebrando sua defesa e atrasando o ataque fatal.
Sem perder a chance, Baan conectou seu King Skeleton Punch direto na cabeça de Guinter. O impacto foi devastador. Guinter foi lançado violentamente contra o chão, que tremeu sob o impacto de seu corpo caindo.
Ainda ofegante, Baan se arrastou até o corpo inerte de Guinter. Sem hesitar, ele materializou uma longa estaca de osso em sua mão. Com olhar frio, ele olhou para baixo, desprezando o caído.
— Que vença o mais malandro, otário! — zombou Baan, cravando a estaca no coração de Guinter.
O vilão arregalou os olhos pela última vez, uma sombra de amargura e derrota cruzando seu olhar.
— Seu... trapaceiro de merda... — murmurou ele, com suas últimas forças antes de seus olhos se fecharem para sempre, envolto na escuridão.
Dentro de sua mente, Guinter se viu em um campo militar conhecido. Ele vestia o uniforme da GPA, como antigamente. O ar era tranquilo, e à sua frente, o acampamento estava em silêncio. No horizonte, uma figura familiar se destacava.
— O que faz aqui, capitão? — Guinter perguntou, sua voz estranhamente calma.
Nathan Guts, seu velho companheiro de guilda, esperava por ele. Estava em sua forma híbrida de tamanduá, também trajando o uniforme da GPA.
— Major, tava te esperando — respondeu Nathan, com um sorriso acolhedor. — Fiquei mais forte depois da luta com Baan. Quero te mostrar meu novo poder.
— E onde está Erina? — Guinter perguntou, curioso.
Nathan abaixou os olhos por um instante, uma sombra de tristeza passando por seu rosto.
— Ela perdeu sua luta... mas ainda não está pronta para se juntar a nós — respondeu ele.
Guinter, em uma postura relaxada com a mão na cintura, riu, uma risada cheia de orgulho.
— Entendo... — disse ele, transformando-se em sua forma híbrida de leão. — Vamos lutar, Capitão Nathan.
Antes de iniciar a batalha, Guinter parou por um momento. Seu olhar suavizou ao pousar em Nathan.
— Nathan... — disse ele, com uma voz mais terna. — Tenho orgulho de você... como um pai tem de um filho.
Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto de Nathan.
— Obrigado, Major... — respondeu ele, a voz cheia de emoção. — Agora, podemos lutar pela eternidade.
De volta ao campo de batalha, o corpo de Baan caiu ao lado do de Guinter. Ele coçou a cabeça, exausto, mas satisfeito.
— Ainda bem que o selo não avançou... — murmurou ele antes de seu corpo sucumbir ao cansaço. Baan desabou no chão, ferido e exausto, finalmente apagado pela extenuante batalha.