Volume 2
Capítulo 68: O surgimento da Sabertooth
Bruce, sem hesitar de medo, saltou em direção ao Major, mas Guinter agarrou a fera no ar e a lançou para trás. Bruce se levantou e atacou novamente com suas garras afiadas, mas Guinter defendeu cada golpe com uma força incrível. O tigre atacava furiosamente, mas Guinter apenas defendia cada golpe com um sorriso no rosto, entusiasmado com o embate.
— Agora é minha vez — disse Guinter com um tom firme.
Ele começou a desferir socos poderosos em Bruce. Cada golpe era brutal, e o tigre, embora resistente, começava a ceder à força avassaladora do Major. Então, com um soco concentrado, ele utilizou sua técnica Lion’s Paw. Com um golpe devastador, Guinter arremessou Bruce contra a parede da caverna.
Erina, sentiu os golpes sofridos por seu tigre dente de sabre, contudo, ainda assim, correu para scorrorê-lo, seus olhos cheios de preocupação.
— Bruce, você está bem? — sussurrou ela, toda ferida, acariciando o tigre, que se erguia com uma determinação feroz nos olhos.
O Major Guinter riu alto e depois rugiu, um som poderoso que reverberou pela caverna. A aura avassaladora de sua presença preenchia o espaço com uma sensação esmagadora de medo e intimidação.
Bruce tremeu e caiu, incapaz de se levantar. O terror era evidente em seus olhos. A mesma sensação de pavor tomou conta dos outros animais e de Erina. Freud, apesar do medo inicial, começou a sorrir ao ver a maga e seus animais em desespero.
Guinter olhou para Erina com um olhar calculista.
— Você tem potencial, garota. Você e os animais são determinados. Mas precisam de treino para realmente se tornarem poderosos.
— Como ousa elogiar essa ladra e esses bichos imundos? Eles são apenas animais estúpidos, e ela, uma ladra inútil! Mate logo a garota e pegue meus animais. Não aguento mais ficar nessa caverna fria e úmida! — Freud interrompeu, furioso.
Guinter virou-se lentamente para Freud, seu olhar se estreitando.
— Cale-se! — disse ele, com uma voz gélida. Em um movimento rápido, ele agarrou a cabeça de Freud e, com um giro brusco, quebrou o pescoço do homem.
Nathan e Erina ficaram em choque, olhando para o corpo sem vida do dono do circo no chão. Nathan balançou a cabeça rapidamente e recuperou a compostura primeiro.
— Major... por que fez isso?
— Ele era um fraco e prepotente. — Guinter bufou, desdenhoso. —O tipo de pessoa que mais odeio... Alguém que pensa que pode dar ordens como se os outros fossem seus empregados, sendo ele mesmo um fracote, sem poder. Ele que deveria nos servir.
— Ah, Major, como sempre, muito imprevisível — disse Nathan, desconcertado, coçando a nuca com a mão direita. — Hehehe!
— Vamos embora, Tenente. Não há mais nada o que fazer aqui — murmurou Guinter, virando-se de costas para Erina.
— Ei, garota, hoje é o seu dia de sorte. Aproveite! — exclamou Nathan.
O Major se afastou, mas antes de sair da caverna, parou e falou sem olhar para trás.
— Ei, garota, uma vez por semana, durante a madrugada, venha para esta caverna com seus três animais. Eu estarei aqui para te treinar. Espero que compareça, ou então eu caçarei você e seus animais.
— Não faz sentido. Você veio para me matar e agora quer me treinar? Ficou maluco? Decidiu agora querer ser amigo de uma garota esquisita como eu? — esbravejou Erina, confusa e tremendo de medo.
— Não confunda a situação. Eu não quero ser seu amigo. Isso é besteira.
— E por que quer me treinar? — questionou a garota, ainda desconfiada.
Guinter virou-se e olhou profundamente nos olhos de Erina.
— Só tem uma coisa que eu odeio mais do que um homem fraco e prepotente querendo me dar ordens: ver um jovem mago com potencial desperdiçado.
Com isso, ele e Nathan saíram da caverna, deixando Erina sozinha com seus animais e suas dúvidas. A jovem abraçou Bruce, Cubinho e Pacopi, sentindo um turbilhão de emoções. A caverna estava silenciosa, mas as palavras de Guinter ecoavam em sua mente. Erina chorou, misturando o alívio de estar finalmente liberta e o sentimento de autorealização pelo reconhecimento de suas capacidades, algo que ela nunca havia sentido antes.
Ela olhou para seus amigos animais, e sob a luz fraca da caverna, Erina tomou sua decisão. Ela treinaria, não porque o Major Guinter a ameaçou, mas porque agora entendia que precisava estar preparada para proteger aqueles que amava.
Quatro anos depois, no rigoroso inverno de Frost Gardens, Erina estava em sua cabana, não muito longe da caverna onde havia encontrado Major Guinter pela primeira vez. A cabana era um refúgio simples, construída de madeira robusta e adornada com peles de animais para manter o calor. Dentro, o ambiente era acolhedor, aquecido pelo fogo da lareira e pela companhia de seus leais animais: Cubinho, Bruce e Pacopi.
Erina preparava uma refeição simples para seus companheiros quando uma batida firme na porta quebrou o silêncio habitual da cabana, fazendo-a se sobressaltar. Ela trocou olhares com Bruce, que imediatamente se pôs em posição defensiva, seus olhos brilhando de alerta.
Com cautela, Erina abriu a porta apenas o suficiente para espiar. Lá fora, cobertos pela neve densa, estavam Major Guinter, com uma expressão urgente, e Nathan, apoiado pesadamente no ombro do Major, com ferimentos graves. Ao lado deles, Osken, um homem de aparência severa que Erina não reconhecia e seu filho Otto, o qual estava claramente assustado e confuso.
— Não temos tempo para explicações — disse Guinter, sua voz firme e urgente. — Nathan está gravemente ferido. Você precisa cuidar dele.
Sem hesitar, Erina abriu a porta completamente e gesticulou para que todos entrassem. Imediatamente, começou a transformar sua mesa de jantar em uma superfície improvisada para tratar dos ferimentos de Nathan.
Enquanto Erina trabalhava rapidamente para estancar o sangramento e estabilizar o militar, Guinter mantinha um olhar vigilante na entrada da cabana. Osken e seu filho, Otto, estavam visivelmente nervosos, desconfortáveis com a situação e desejando apenas escapar daquele cenário tenso. Todos sabiam que o perigo ainda não havia passado.
Do lado de fora, o som de passos pesados na neve indicava a aproximação dos soldados traidores que haviam organizado o motim contra Guinter. Erina espiou pela janela e viu um grupo de soldados da GPA se aproximando, seus rostos endurecidos pela determinação de eliminar o Major e o Capitão Nathan.
— Major Guinter! Capitão Nathan! Entreguem-se pacificamente ou atacaremos! — gritou um dos soldados com tom de autoridade.
Antes que Guinter pudesse responder, Osken interveio, sugerindo que tinha um plano. Ele pediu a Erina que cuidasse de seu filho e não o deixasse sair. Otto segurou a mão do pai, tentando impedi-lo, mas Osken piscou com confiança, afastando a insegurança do garoto. Em seguida, saiu da cabana com as mãos levantadas em um gesto de rendição, tentando parecer conciliador.
— Ouçam, o Capitão Nathan está inconsciente e o Major quer negociar — disse Osken, com voz firme mas cautelosa. — Os termos são os seguintes: deixem-nos em paz, e vocês todos sairão vivos. Caso contrário, haverá derramamento de sangue.
Os soldados riram desdenhosamente, e um deles gritou:
— Como se o Major sozinho pudesse nos derrotar, especialmente com nossos equipamentos rúnicos!
Osken suspirou profundamente e murmurou:
— Não digam que eu não avisei.
Com um movimento rápido, ele ativou sua técnica secreta, Radiant Flash, emitindo um clarão de luz brilhante que cegou temporariamente todos os soldados. Gritos de surpresa ecoaram pelo ar gelado enquanto eles lutavam para recuperar a visão.
Aproveitando a vantagem, Guinter saiu da cabana em sua forma híbrida de leão, irradiando uma presença dominante e intimidante. Ao seu lado, Cubinho, possuído pelo espírito de Jack Frost, e Bruce, com suas presas brilhando, estavam prontos para a batalha.
A confusão causada pelo Radiant Flash de Osken deu aos aliados de Guinter a vantagem de atacar os soldados cegos. O Major se moveu com a graça e ferocidade de um leão majestoso, derrubando soldados com golpes poderosos. Ele era uma força imparável, esmagando seus adversários como se fossem simples insetos.
Cubinho e Bruce avançaram em sincronia. Cubinho usava seu poder de gelo para congelar os inimigos, enquanto Bruce atacava com suas presas afiadas, rasgando através da armadura rúnica dos soldados como se fosse papel. Pacopi voou acima, observando a batalha com olhos atentos, pronta para intervir se necessário.
No meio do caos, um soldado, fingindo-se de morto, aproveitou um momento de distração de Guinter para se preparar para atacá-lo pelas costas com uma katana explosiva. Otto, percebendo o perigo pela janela, gritou um aviso, mas parecia que seria tarde demais.
Foi então que Bruce saltou em defesa do Major. O tigre dente-de-sabre avançou, suas presas brilhando sob a luz da lua, e abateu o soldado com um golpe preciso. Guinter olhou para Bruce com uma expressão de respeito no rosto.
— Bom trabalho, garoto — disse ele, acariciando a cabeça do tigre. — Você me deu uma ideia. Grarrarrarra!
Com todos os soldados derrotados, Guinter, Erina, Osken e seus companheiros se reuniram. O silêncio após a batalha era profundo, quebrado apenas pelo som de respirações pesadas e da neve caindo suavemente.
Quando Nathan finalmente recobrou a consciência, encontrou-se cercado por seus aliados e adversários. Guinter estava de pé no centro, emanando uma aura de autoridade e força indomável. Ele olhou para cada pessoa presente, seus olhos brilhando com uma intensidade feroz.
— Todos vocês — começou Guinter, sua voz ressoando por todo o ambiente — têm o sangue de feras selvagens correndo em suas veias. O mundo lá fora quer que vocês reprimam essa natureza, que vivam como pessoas normais, fracas, amedrontadas e controladas. Mas se vocês querem transcender, alcançar um nível de poder e glória além do imaginável, precisam rejeitar tudo aquilo que o mundo impõe e abraçar nossa verdadeira natureza.
Ele fez uma pausa, deixando suas palavras penetrarem.
— Precisamos quebrar as correntes que aprisionam nossa fera interior. A GPA é coisa do passado para mim. Sigam-me, e eu os farei poderosos. Quebrarei as correntes que os prendem e liberarei todo o potencial de vocês. Viveremos como reis nesta terra. A partir de hoje, formaremos uma nova força, uma guilda que não se submete a ninguém. Nós seremos a Sabertooth.
Os olhos de Erina e Nathan brilharam com determinação e confiança ao ouvir as palavras do Ex-Major. Osken e Otto, no entanto, mostravam apenas medo e receio, incapazes de compreender totalmente o que estava diante deles.
Quando o sol começou a raiar, seus raios pálidos iluminando o cenário gelado, cinco figuras emergiram da cabana, acompanhadas pelos três leais animais de Erina. Ex-Major Guinter, Ex-Capitão Nathan, Erina, Osken e Otto partiram juntos, deixando para trás a cabana, mas carregando consigo a promessa de uma nova era.
Eles avançaram para o desconhecido como feras selvagens, prontos para enfrentar qualquer desafio. Sob a liderança de Guinter, a jornada da Sabertooth havia começado, e, na sua mente, nada poderia detê-los agora.
Retornando ao tempo presente, no cenário da floresta, entre Moara e Erina, esta verbalizou:
— Agora você entende a maldade das pessoas em aceitar a fera que existe dentro de mim. Por isso, vivi sozinha. Apenas os animais me entendem, eles compartilham da minha mesma natureza. Guinter, por ter seu instituto animal aflorado, entendeu meu passado, ele revelou meu potencial, me fez entender que não preciso reprimir a minha natureza, eu preciso aceitá-la. Por isso entrei na Sabertooth. Nosso líder me fez forte e quebrou as correntes que me aprisionavam, fazendo emergir a minha verdadeira natureza.
Moara arqueou uma sobrancelha, uma faísca de provocação em seus olhos.
— Depois de toda a sua história, fiquei só com uma dúvida... Quem?
— Quem o quê? — questionou a vilã, confusa por um momento.
— Quem perguntou? — Moara sorriu com ironia, suas palavras afiadas como lâminas. — Não me importo com sua história, menina fera. Todos têm suas cicatrizes, um passado triste. Isso não é desculpa para se tornar uma psicopata que odeia pessoas. Se você foi maltratada, deveria superar isso e encontrar outras pessoas que gostem de você.
Erina sentiu sua raiva borbulhar, seu corpo tremendo com a intensidade de suas emoções.
— Você não entende nada! Você não sabe o que é ser diferente!
— Eu entendo mais do que você pensa. — Moara mudou para uma postura mais séria. — Mas isso não importa agora. Você quer ficar só conversando ou vamos ter um pouco de ação?
— Já que insiste — disse Erina, seu sorriso frio iluminado pela luz da lua. Ela deu um leve toque em Bruce, que avançou com um rugido ensurdecedor.
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