Volume 1 – Arco 2
Capítulo 26: Jornada na neve
Polaris é o país do extremo norte, o único do continente onde a neve predomina totalmente no seu território o ano todo e o frio jamais dá trégua.
Seguindo no meio da vastidão gélida um homem em um trenó puxado por um grande lobo branco corta a neve com grande velocidade. Estes lobos criados em Polaris desde de tempos mais antigos são belos animais, incrivelmente fortes e ferozes, mas extremamente fiéis aos seus donos. O animal a passos largos já havia percorrido quilômetros quando se deparou com uma forte tempestade a sua frente.
O homem forçando as rédeas tentou mudar a direção, mas o ímpeto do lobo era tamanho que quando se deu conta já estavam envolvidos pelos ventos da tempestade. Ele via o percurso com muita dificuldade, qualquer mudança na rota seria perigosa, perder-se agora era questão de tempo.
O viajante decidiu que seria melhor diminuir a velocidade, o lobo a contragosto desta vez acatou a ordem de seu dono.
Avançaram um pouco mais pelo caminho, o homem notou que havia uma caverna próxima e então rumaram para lá. Era uma fenda escura e larga se que formava no pé de uma montanha revestida de neve.
Assim que chegaram no local o homem liberou o animal das rédeas e do trenó, que feliz com a oportunidade saiu em disparada caverna adentro.
Protegido da nevasca o homem tirou o pesado capuz que cobria o seu rosto, era Edmundo. Em seguida ele começou a procurar por qualquer coisa que pudesse alimentar uma fogueira, não encontrando nada optou por explorar o interior do local. Acendeu uma pequena lamparina para iluminar o caminho e avançou.
Conforme descia pela caverna o teto ficava mais alto, as paredes mais largas, entretanto o gelo continuava espalhado por toda parte.
Edmundo não encontrou nada de útil e já havia descido bastante, então decidiu retornar.
— Audaz! — gritou ele.
Fez-se um breve silêncio e então gritou novamente:
— Audaz! Vamos apareça! — sem resposta.
O homem então deu as costas quando uma leve melodia pode ser ouvida. O som o paralisou por um momento. Era como se uma voz agonizante estivesse lhe sussurrando em seus ouvidos.
Edmundo conferiu se o embrulho que carregava na cintura estava fixo, em seguida levou a mão às costas e sacou o longo machado de dois gumes que carregava.
Ele desceu seguindo a estranha melodia até que finalmente encontrou o lobo sentado.
— Audaz! O que está fazendo? — disse levantando a lamparina para obter maior claridade.
O animal não respondeu.
Quando se aproximou notou que a fera estava se alimentado. Havia restos de um urso branco morto.
Edmundo inspecionou todo o local, quando olhou para o teto ele notou uma série de estalactites, havia uma corrente de ar e o som reverberava como um canto mortal.
— Então é isso? — disse incrédulo. — Vamos Audaz, chega de comer! A tempestade já deve ter passado! — disse guardando a arma novamente nas costas. — Espere! Se há uma corrente de ar então deve haver alguma entrada por perto.
Edmundo notou que havia uma sequência de buracos numa das paredes que seguia para cima. Ele então resolveu escalar. Conforme passou pela altura do teto o caminho se tornou um estreito túnel vertical, ele olhou para baixo e pode ver o lobo ainda se fartando da refeição fácil.
— Deve ter sido um belo tombo! — deduziu ao ver a cena e continuou a subir.
Assim que chegou ao topo ele tirou uma fina camada de neve que tampava boa parte do buraco. Quando pôs a cabeça para fora, notou que a tempestade havia passado. No entanto ao virar o rosto, uma enorme pedra veio em sua direção. Não ouve tempo de reação. Edmundo despencou do túnel e violentamente bateu contra o solo.
No primeiro momento o lobo se assustou com o barulho, mas em seguida se aproximou para conferir o que havia acontecido. Começou a lamber o rosto do seu dono, mas este não respondia.
Durante a queda o embrulho em sua cintura se desprendeu, o tecido que envolvia o seu conteúdo se soltou.
Era um florete, o florete de Lana.