Lana – Uma Aventura de Fantasia Medieval Brasileira

Autor(a): Breno Dornelles Lima

Revisão: Matheus Esteves


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 7: Plano

Nos dias seguintes as duas se encontravam com pouca frequência, Aline explicara que os guardas às vezes a seguia para conferir os serviços executados pela menina. Poderia ser apenas paranoia, mas sentia um certo clima de desconfiança e perseguição.

Durante os encontros elas ajustavam os detalhes da fuga, nada mais discutiam, o tempo se tornara escasso, e uma enorme ansiedade pela liberdade tomou conta das jovens.

Ambas deitavam no chão e cochichavam. Aline vez ou outra se levantava e conferia para ver se ninguém mais aparecia de súbito, então à discussão ao plano retornava.

Depois de duas semanas, resolveram revisar o que haviam até então elaborado:

— Como eu disse antes, vou atrair a atenção do guarda. Ele vai abrir a porta e então eu conseguirei escapar. Ele não dará o alarme, pois eu o deixarei inconsciente. A única hora possível para a fuga é durante o dia, na hora em que me trazem a refeição — recapitulava Lana.

— Ainda não entendi como fará o guarda abrir a porta.

— Deixe isso comigo. Eu já tenho a faca e isso será o suficiente.

— E depois o que fará mesmo? — perguntou Aline.

— Vou levar o sabre dele e o trancarei na cela.

— Punhal. Sentinelas não usam sabres — interrompeu Aline corrigindo um detalhe que julgou importante.

— Que seja, em sequência eu devo seguir o corredor pela esquerda, e conferir se a sentinela está efetuando a ronda. Devo aguardar ele dar a volta por trás do corredor. Isso me dará tempo para correr em direção a paliçada¹.

— Isso.

— Trouxe o pano? — perguntou Lana.

— Trouxe! Para que isso vai servir? — questionou Aline passando o tecido pelo vão.

— Preciso cobrir o meu cabelo, quando eu tiver pulado pela paliçada, poderei me misturar com as demais presas sem chamar muito atenção.

— Enquanto isso eu estarei roubando um mapa como você me pediu. Só não entendo porquê preciso me arriscar mais ainda — disse Aline.

— Não quero correr o risco de fugirmos para a direção errada. Precisamos saber exatamente para onde iremos, mas isso somente se você achar que consegue o mapa — explicou Lana.

— Sim eu consigo.

— Terei que escalar a paliçada e contar com a sorte de não ser vista pulando para dentro da área dos alojamentos. E para evitar que eles deem falta do mapa, você precisa fazer isso no mesmo dia da minha fuga.

— Pode deixar comigo. Lana nós vamos seguir por trás dos alojamentos em direção ao fosso, teremos que pular uma parede de madeira e eu ainda não sei se consigo fazer isso — falou receosa Aline.

— Escute, se eu consigo você também vai conseguir. A esta altura os guardas já irão nos avistar, você não poderá recuar. Se nos pegarem, será o fim!

— E como vou descer de lá de cima? Já viu a altura?

— Do outro lado existe um fosso, é basicamente mato e ele vai absorver o impacto da nossa queda. Somente tome cuidado para não quebrar uma perna.

— Deve ter outro jeito Lana. Escute, eu sei que não está fácil para você, mas eu estou com muito medo! E seu eu não conseguir?

— Tem outro jeito sim — disse Lana esfregando os dedos nos olhos. — Nos dias de menor movimento, quando as tropas estão buscando mais prisioneiros, quantos guardas nós temos nesta parte do campo?

— Acho que uns cinquenta homens.

— Cinquenta é muito. Se fossem menos, talvez uns vinte, eu conseguiria lutar com eles — murmurou Lana.

— Lutar com eles? Está louca? Sem chance, por mais que você saiba se defender é muito perigoso. Está bem, faremos do seu jeito. Eu irei pular a paliçada.

— Pense bem, deve ser algo em torno de uns quatro metros de altura — alertou Lana.

— Estamos juntas nesta. Se tiver que ser deste jeito, será. Vou confiar no seu plano — respondeu Aline.

— Ótimo, porque nós vamos fugir amanhã — disse Lana esboçando um sorriso.

Aline sentiu um frio percorrer seu corpo. Percebeu que estava indo para um caminho sem volta. Será que ela conhecia Lana o suficiente para confiar sua vida nela?

No trajeto de volta para sua cela Aline dizia baixinho consigo mesma:

— Ela sabe do que está falando, ela se garante! Não é à toa que a colocaram na solitária. Mas e se por acaso ela for uma maluca qualquer? Será que ainda dá tempo de desistir? — E assim a jovem passou a noite toda se questionado.


Nota:

1 – Paliçada é um conjunto de estacas de madeira fincadas verticalmente, utilizada em acampamentos militares.



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