Volume 2
Capítulo 4
Parte 1
— Muralha da Fronteira, área do palco, ao pé de uma colina. Avenida de Exibição de Arte.
De volta ao entardecer.
Depois que Asuka abandonou Kuro Usagi e Izayoi, ela havia vencido a intensa perseguição a fada do chapéu pontudo. Ela então chegou à base da Muralha da Fronteira.
Tendo corrido na direção oposta à que Izayoi estava passando pelos corredores com vitrais vermelhos, os grandes candelabros ao pé da colina criavam uma grande sombra que era iluminada pelas luzes vermelhas.
Colocando a fada exausta sobre os ombros, ela começou a andar pela grande rua localizada ao pé da Muralha da Fronteira.
— Não é como se eu fosse comer você, eu só quero uma companheira de viagem.
— ............Aguuh~
A fada, deitada no ombro de Asuka, começou a espreguiçar seu corpo com o formato de uma pequena estrela, antes de deixar escapar um choro cansado.
Asuka deu alguns biscoitos que tinha comprado em uma loja ali perto para a fada de chapéu pontudo.
— Aqui, para você. Para provar o valor da nossa amizade.
— ....!
A fada se sentou imediatamente, com a atenção fisgada pelo cheiro doce.
Os biscoitos recém assados exalavam um cheiro massivo de amêndoas e caramelo, o que era simplesmente muito chamativo para a fada, tendo ela brincado desse pega-pega até ficar exausta.
Terminando o biscoito que era quase do tamanho dela, a fada soltou um “Fuaahhhh~! ” fofinho antes de subir na cabeça de Asuka.
— ...Asuka estava silenciosamente pensando: “Parece que usar comida para conquistá-la foi uma boa ideia! ”
— Já que nós somos amigas, que tal nos apresentarmos. Meu nome é Kudou Asuka, consegue pronunciar?
— ......Asukaaaaa?
— Você estendeu o final demais, parece que foi sem vontade. Você deveria dizer um pouco mais claramente.
— ......Asukaaa?
— Vamos lá, você consegue. Só mais um pouco, o final tem que ser mais curto.
A fada do chapéu pontudo com voz de criança inclinou a cabeça para o lado algumas vezes, antes de gritar o nome de Asuka com determinação.
— ......Asuka?
— Isso, exatamente assim, sem nenhuma suspeita e com vontade.
— ...Asuka!
— Hehe, obrigada. E então, você poderia me dizer qual é o seu nome?
A fada de chapéu pontudo se levantou na cabeça de Asuka e disse animada.
— Rattenfänger~!
— ......? Ratten......?
Asuka ficou com uma expressão surpresa. Ela não sabia o significado do nome, mas o fato de que essa fada fofinha tinha um nome desses dava a ela um ar solene.
Ela pegou a fada de chapéu pontudo da cabeça, segurando-a com as mãos em concha.
— Esse é o seu nome?
— Não~ Comu!
— Comu...... esse é o nome da sua Comunidade? Então, qual seria o seu nome?
— ?
A fadinha inclinou a cabeça como se não entendesse a pergunta.
Asuka se lembrou do que Leticia tinha chamado a fada antes, [Flock Faerie]
Então ela pertence àquela raça de fadas?
“Não é possível que ela não tenha um nome, não é? ”
Já que tinha chegado a isso, seria melhor chamá-la de Rattenfänger, uma vez que supostamente essa era a resposta dela. Entretanto, Asuka ainda não conseguia se livrar da sensação solene que o nome passava. Ela ficou batendo com o dedo na bochecha por um tempo, enquanto pensava em algo, e depois fez uma proposta para a fada.
— Já que eu tenho a chance, posso dar um nome à você?
— ? ...não~ Não! Rattenfänger!
— Sim, além desse nome Rattenfänger...
— Não~ Não! [A’court]!
A fada de chapéu pontudo estava negando com a cabeça sobre as mãos de Asuka.
— Rattenfanger~! [A’court]!
— ...Acourt? Esse é o seu nome?
— Não~ Não~ Rattenfänger!
Asuka suspirou, seria totalmente impossível e cansativo fazer a fada entender o ponto principal. Ela desistiu de tentar descobrir o nome da fada por enquanto e entrou na caverna para ver a exposição de arte.
O grande candelabro que estava ali era com certeza o símbolo da cidade. Além dos inúmeros candelabros e lanternas a mostra no hall de exibição, existiam também várias peças de vidro colorido.
Asuka murmurava admirada enquanto andava pela Avenida de Exibição dentro da Muralha da Fronteira.
— A quantidade de artigos exibidos aqui é chocante... têm muitas comunidades que vieram mostrar seus talentos.
Os produtos a mostra tinham pequenas placas que indicavam o nome e a bandeira da comunidade que havia criado o item. Uma coisa chamou a atenção de Asuka, um candelabro de prata ornamentado com uma bandeira no topo.
— Hehe, o trabalho nesse candelabro de prata parece ser bem sofisticado.
— Bonito~!
A fada de chapéu pontudo, que havia voltado para o ombro de Asuka, disse com uma voz fofinha. Considerando o fato de que Asuka tinha encontrado a fada pela primeira vez enquanto ela olhava os vasos com ilustrações floridas, ela imaginou que a fada realmente gostasse de coisas bonitas.
Asuka se aproximou do candelabro para verificar seu criador.
— Criador: [Will-O’-Wisp]? Essa é a comunidade que criou os candelabros que andam?
Com uma técnica de ilustração tão sofisticada, eles devem ter usado o mesmo padrão da bandeira deles.
“Esse candelabro está ilustrado com o molde de uma chama queimando, será que isso está tentando dar poderes à chama? ”
Asuka e a fada de chapéu pontudo sentiram que era como o calor de uma fogueira, atraindo-as intensamente.
“Sendo essa ou não a bandeira da comunidade, ainda é uma apresentação bem diferente, hum...”
Com olhos pensativos, Asuka suspirou. Isso era verdade, se os [Sem Nome] participassem deste festival, eles estariam em uma enorme desvantagem.
Uma comunidade sem nome e sem bandeira.
Uma vez que entendam que o fator identidade é restrito apenas ao nome e cultura dos indivíduos, as primeiras impressões dadas às pessoas certamente seriam bem diferentes.
“Se eu quiser me tornar uma excelente [Host], uma bandeira é com certeza necessária... nós precisamos pegar de volta nossa bandeira do Demon Lord. ”
Asuka fechou os punhos lentamente, ganhando determinação para lutar.
As duas olharam para a grande quantidade de peças em exibição. O hall de exibição era completamente cavado na Muralha da Fronteira, feito para se parecer com uma caverna, de modo que nenhuma luz pudesse entrar.
Isso podia ter sido um plano para aumentar a beleza dos artefatos. A grande quantidade de candelabros e lanternas que emitiam o calor de uma fogueira, os vidros pintados que brilhavam lindamente por causa de alguma fonte de luz, tremulando lindamente de forma esplendorosa, eram muito mais bonitos do que os trabalhos exibidos fora dali.
Depois disso, elas continuaram andando pela Avenida da Exibição, chegando a um espaço vazio que aparentemente deveria ser o centro da exibição.
Embora elas tivessem chegado a um lugar assim tão grande, Asuka não conseguia notar a multidão reunida ali, já que ela estava com seus olhos fixados em uma peça no centro de todas as outras.
— Aquilo é...!
Por causa da grande peça à sua frente, tudo o resto pareceu desaparecer, como se fosse uma ilusão. Comparado ao resto da exibição, o objeto que estava na frente dela era muito maior e chocante.
— Vermelho... um Gigante de Ferro Vermelho?
— Graaaaaande!
Exato. O objeto exposto no meio da exibição era um gigante de ferro vermelho, parecendo tanto magnificente quanto monstruoso. Asuka e a fada mexeram a cabeça para observar o corpo enorme, ficando sem palavras por causa da vista.
O vermelho e as decorações douradas combinavam perfeitamente com seu corpo de mais de nove metros de altura. Os desenhos em sua armadura tinham sido feitos usando a luz como ideia fundamental para a pintura abstrata, fazendo-o parecer ter uma coragem esmagadora.
Para acrescentar, seus braços enormes eram duas vezes maiores do que o corpo de um ser humano.
Olhando para a cabeça ligada ao corpo de peça única, era impossível deixar de pensar como é que eles haviam o levado até ali, passando por uma entrada tão pequena.
Também era perceptível que o criador tinha o construído com muito entusiasmo, pelos detalhes nos adornos dourados.
— Que...... Que lindo, que comunidade fez isso...?
— Asuka! Rattenfänger!
A fada de chapéu pontudo pulou do ombro de Asuka com os olhos brilhando.
Na placa diante do objeto estava escrito: “Criador: Rattenfänger; Título: Deen. ”
Asuka começou a perguntar, extremamente surpresa.
— Isso foi feito pela sua Comunidade?
— Hehe!
A fada de chapéu pontudo estufou o peito. Parecia ser verdade.
Asuka levantou novamente a cabeça para ver o gigante de ferro chamado [Deen]. Se aquele monstruoso golem de ferro tivesse realmente sido feito por aquelas pequenas coisinhas chamadas [Flock Faeries], elas deveriam ter tido um trabalho gigantesco para terminá-lo.
— Então é isso........ A comunidade [Rattenfänger] deve ser muito poderosa.
A fada de chapéu pontudo sorria brilhantemente, ela parecia estar muito feliz.
— Depois de uma observação cuidadosa, todos os outros itens aqui parecem pertencer à exposição principal. Se compararmos, eu acho que sua comunidade vai ser a ganhadora deste Gift Game.
A fada de chapéu pontudo continuava se balançando animadamente enquanto continuava a dizer: “Rattenfänger! ”
Um pouco estupefata, Asuka pegou a fada e a colocou em seu ombro, determinada a olhar as outras peças.
...e foi nesse momento que algo mudou.
— ...Yaaaah...!
Whoosh ~ uma lufada de vento soprou pela caverna.
A rajada de vento apagou as chamas que iluminavam a caverna e Asuka não conseguiu evitar soltar um grito fino e agudo.
Os outros visitantes também começaram a se agitar e a confusão se alastrou como uma onda.
— O que aconteceu?! Por que as chamas apagaram?!
— Cuidado! Podem ser os demônios Rakshaha!
— Rápido, acendam algumas das lanternas!
A caverna tinha sido desprovida de luz e havia sido jogada nas trevas, apenas os gritos das pessoas eram perceptíveis.
Por reflexo, Asuka pegou o candelabro que estava do lado dela e acendeu com fósforos que ela tinha guardado.
Foi nesse momento que alguma coisa estranha apareceu no fundo da caverna.
— Encontrei...... eu finalmente encontrei...!
Uma estranha voz, com uma mistura de profundo ressentimento e forte dedicação ecoou pela caverna. Embora Asuka estivesse ciente do perigo, ela procurou em todas as direções, tentando encontrar a pessoa escondida que havia produzido o som.
A voz ecoada era difícil de se rastrear naquele lugar. Como último recurso, Asuka deu um grito poderoso.
— Seu ser desprezível! Pare de se esconder e mostre-se!
O grito poderoso ecoou pela caverna, mas o culpado não respondeu.
Ao invés disso, o som de uma flauta ecoou pela caverna, estimulando os sentidos e preenchendo o lugar com um som estranho.
— ...haha, encontrei... a ousada impostora que se atreve a usar o nome [Rattenfänger]!!!
Depois do rugido que abalou a caverna, um momento de silêncio se instaurou. E justo quanto todos estavam se entreolhando... milhares de seres com olhos vermelhos começaram a sair das aberturas da caverna, formando grupos e atacando a multidão.
Imediatamente alguém soltou um grito desesperado.
— Isso... são... são ratos! São todos ratos!!
As coisas que enchiam a caverna e criavam o tumulto eram de fato ratos.
Os ratos cobriam o chão e avançavam em ondas. Isso fez um calafrio percorrer a espinha de Asuka.
— Em- Embora eu tenha mandado vocês aparecerem, isso já é demais!
— Ah~!”
A fada de chapéu pontudo deu um grito horrorizado
Asuka deu as costas aos ratos, correndo agilmente enquanto segurava a fada. Os outros fizeram a mesma coisa, correndo pela caverna estreita, em um ataque de pânico.
Se isso continuasse, uma tragédia muito grave aconteceria. Percebendo isso, Asuka se virou e encarou o inimigo.
— Já- Já chega! Parem e voltem para seus ninhos!
Asuka gritou. Mas os ratos continuaram avançando, sem mostrar qualquer intenção de parar.
Incapaz de manipular os ratos, Asuka começou a ficar inquieta. Nesse momento, um grupo de ratos pulou na direção dela, fazendo-a sacar o Gift Card por reflexo, invocando a espada de prata que ela usou durante a luta contra a [Fores Garo].
— Merda... merda...!
Ela levantou a espada até o nível dos olhos e golpeou na horizontal.
Embora a espada de prata tivesse o poder de banir forças malignas, parecia não ter nenhum efeito contra ratos normais. Asuka conseguiu apenas afastar alguns deles, na melhor das hipóteses, era praticamente impossível calcular quantos milhares deles ainda restavam. Os ratos que tinham corrido pelo teto já estavam na frente dela.
Asuka decidiu ignorar os ratos e continuar correndo em frente, mas era muito mais difícil desviar dos milhares de pequenos animais do que de uma única fera gigante.
Eles eram um grupo demoníaco que provavelmente consumiria uma floresta inteira em uma única noite.
Os ratos continuavam pulando do teto para atacar a fada de chapéu pontudo que continuava nos ombros de Asuka.
— Ah!
— Perigo!
Asuka foi forçada a pular para trás. Já que ela não podia comandar os ratos, ela só podia fugir. E por causa da confusão, as pessoas na entrada estavam em um estado em que queriam sair, mas não conseguiam, gritando e se empurrando, lutando para escapar.
— Saia logo daqui!
— Arrrgh!
— O que está acontecendo aqui?!
— Me- Me deixe sair! Você está bloqueando a saída!
— Para de empurrar! Saia depressa!
— Não tem como, eles já nos alcançaram...
— Todos vocês, me escutem e corram juntos.
— ‘Sim senhora. ’
Asuka começou a gritar aborrecida. O caos acabou no mesmo instante, todos no lugar praticamente saudando Asuka.
Depois disso, todos começaram a correr na direção da saído de um jeito ordenado, como se fosse uma cena fantasiosa.
Asuka, que estava fugindo da onda de ratos acompanhando a retaguarda do grupo, começou a suspeitar sobre a natureza do inimigo.
“O Dom de manipular ainda não desapareceu...! O que está acontecendo...? ”
Os ratos ainda estavam focados em atacar Asuka.
Mesmo que ela tivesse o poder de manipulação, ela ainda era uma humana, então era mais lenta se comparada às bestas. Não foi muito depois disso que os ratos começaram a atacar Asuka, quando ela ficou ao alcance deles.
Sem ficarem intimidados pela espada que Asuka brandia, os ratos continuaram atacando.
O método de ataque deles fez Asuka perceber uma coisa.
“Não pode ser... eles estão atrás dessa criança...? ”
Asuka olhou para a jovem fada que estava agarrada a seu ombro.
A fada de chapéu pontudo estava se agarrando firmemente em Asuka, parecendo prestes a começar a chorar. Para a fada, que mal tinha o tamanho de um punho humano, os ratos com certeza pareciam grandes monstros.
— .......................Guuuuu~!
Já que o alvo era a fada, Asuka conseguiria escapar se jogasse a fada para longe dela.
Entretanto, a dignidade de Asuka não permitiria que ela abandonasse uma figura jovem que tremia de medo.
Asuka afastou os pensamentos frágeis de sua cabeça, puxou ousadamente a parte do vestido que cobria seus seios e enfiou a fada lá.
— Wuahh?!
— Esconda-se aí! Não caia!
Asuka, tendo decidido o que fazer, correu com toda a sua força pelo chão infestado de ratos.
O motivo atual era para chegar à saída. Embora o vestido vermelho protegesse Asuka, as partes do corpo dela que não estavam cobertas tiveram um destino diferente.
As mãos e pernas de Asuka começaram a sangrar por causa dos dentes e garras afiados dos ratos.
Mesmo assim, a opção de ‘Abandonar a fadinha’ não apareceu no coração de Asuka.
“A saída não está longe......! ”
Quem continuava correndo era Asuka e quem continuava a perseguindo era o medonho grupo de ratos.
Entretanto, no momento seguinte inúmeras laminas de sombra negra apareceram, com a silhueta de uma pessoa por perto.
— ...como vocês, meros ratos, se atrevem a usar suas garras contra meus camaradas!
As laminas de sombra super afiadas começaram a se movimentar como um tornado dentro da caverna, absorvendo e moendo os ratos em poucos segundos.
A ação foi completada em um piscar de olhos, exterminando o inimigo sem destruir nenhuma das obras de arte.
Asuka, segurando o cabelo que tinha sido bagunçado pelo vento, exclamou.
— A- A sombra... acabou com todos os ratos em tão pouco tempo......?
Asuka se virou e se surpreendeu novamente.
Por causa da voz que ouviu antes, Asuka imaginou que tivesse sido Leticia quem veio ao resgate. Mas a aparência de Leticia estava completamente diferente, o que deixou Asuka aturdida.
A aparência de Leticia não batia com o jeito que a jovem empregada se parecia normalmente.
A garota jovem e fofinha havia se transformado em uma mulher que exalava um ar sedutor, a fita que prendia o cabelo loiro havia se soltado, liberando um brilho ofuscante.
O uniforme de empregada havia virado uma jaqueta de couro vermelho, com uma saia intrigante, que parecia ter alguma restrição. Pessoas que olhavam para essa dramática transformação não conseguiriam pensar que aquela era geralmente a doce Leticia.
O rosto usualmente lindo de Leticia estava distorcido pela raiva. Ela gritou ferozmente, expondo seus dentes de vampiro.
— Onde está o manipulador?! Apareça agora mesmo! Você ousa atacar em um local público, então deve estar preparado para as consequências! Eu vou usar minhas lâminas e presas e fazer você provar o poder da minha Comunidade! Apareça e diga seu nome e o da sua Comunidade!
O grito indignado de Leticia ecoou pela caverna, mas não houve nenhuma resposta do inimigo. O grupo originalmente gigante de ratos assustadores começou a bater em retirada.
A caverna se encheu de silêncio. Parece que o inimigo também havia escapado.
Olhando para o lado, Asuka respirou aliviada. Embora ela não soubesse o que dizer, ainda era melhor perguntar para a Leticia transfigurada.
— Você... você é a Leticia?
— Sim. Okay, Asuka, o que aconteceu exatamente? Embora eles estivessem em grande número, não é normal que os ratos tenham superado tanto assim o seu poder, não é?
O tom de Leticia era o mesmo de antes. Embora ela tivesse virado uma adulta, sua expressão continuava com a mesma gentileza de sempre. No entanto, Asuka, que havia visto sua verdadeira força, murmurou.
— ...então você era impressionante assim.
— Hã?
Leticia inclinou a cabeça. Depois que entendeu o elogio de Asuka, ela respondeu com um tom infeliz.
— So- Sobre isso, mestra. Estou feliz que tenha me elogiado, mas foi um pouco rude para mim. Embora eu tenha aquela aparência, eu já fui um [Demon Lord], um Vampiro de Puro-sangue! Uma orgulhosa [Cavaleira de Little Garden]! Mesmo que eu tenha perdido minha divindade, eu ainda posso derrotar milhões dessas coisas sem nem mesmo suar.
Leticia fez um biquinho infeliz. Sem sombra de dúvida, essa era a mesma expressão de quando ela era fofinha, mas o brilho nos olhos dela indicava outra coisa. Ela provavelmente estava tendo pensamentos autodepreciativos sobre si mesma.
Asuka abaixou a cabeça, com um tom de voz complicado.
— Mas eu...
— Asuka!
De repente, a fada de chapéu pontudo saiu do meio dos seios de Asuka.
Embora o rosto dela estivesse cheio de lágrimas, ela ainda chamou o nome dela alegremente e abraçou seu pescoço.
— Asuka! Asuka...!
— Espere... espere um pouco......
A fada abraçou Asuka com força, deixando escapar uma voz que parecia como se ela quisesse chorar ou rir. Talvez fosse um modo de expressar gratidão. Leticia olhou inocentemente para a cena que se desenvolvia.
— Aiyaya, ela está completamente apegada a você. Nós deveríamos levá-la de volta conosco, é perigoso agora que o sol se pôs.
— Isso é.... Verdade.
Um pouco hesitante, Asuka acenou concordando, já que não haviam garantias de que elas não sofreriam mais ataques. As duas garotas e a fada começaram a andar pelas ruas tingidas de vermelho pelas luzes, voltando para a franquia da loja da [Thousand Eyes].
Parte 2
— Muralha da Fronteira, Observatório. Franquia da loja da [Thousand Eyes].
— Para os chuveiros! AGORA!
Vestindo um avental de estilo Japonês, a assistente da loja, que estava esperando na estrada, começou a mostrar os dentes e gritar assim que viu Asuka.
— Por nada nesse mundo eu deixo você entrar na loja com essa aparência! Deixe as roupas aqui! É melhor você se lavar direito! Você deveria ficar grata, isso vai ajudar a aliviar seu cansaço! —— Hã? O que? Está machucada? Isso pode ser curado apenas com o banho! Então, por favor, lave-se direito ou você vai sujar o interior da loja!
— ...e desse jeito, Asuka foi forçada a se despir e levada ao banho.
Segurando uma toalha limpa que foi entregue a ela, Asuka, completamente sem palavras, entrou no banho ao ar livre, no qual ela podia ver claramente o céu.
“...é verdade, meu corpo está bem sujo. ”
Ficar manchada de lama e sangue de rato era muito inapropriado por parte dela.
Entretanto, esse tipo de tratamento incomodava Asuka, já que ela continuava sendo uma dama.
Asuka suspirou, os machucados no corpo dela começaram a se curar assim que ela despejou água sobre o corpo. Esse efeito dramático fez com que Asuka se admirasse com a casa de banhos.
“Isso é maravilhoso. Não é possível nem mesmo comparar isso à agua da árvore d’água. É digno de ser chamado de banho da [Thousand Eyes]. ”
Suspirando novamente, Asuka afundou na agua quente do banho até os ombros, deixando o corpo descansar.
.........Hoje, Asuka tinha experimentado diversão como nunca antes em muito tempo, deixando ela feliz durante o dia inteiro.
Não se importando com ninguém em especial, podendo andar livremente pela cidade para admirar a cultura daquele estranho lugar.
Entre todos os outros dias, hoje tinha sido o único em que Asuka tinha experimentado um pouco do que era a sua vida dos sonhos.
Amigos reservados e amáveis, sempre barulhentos; amigos interessantes que tiravam sarro uns dos outros, companheiros que lançavam comentários sarcásticos entre si.
Embora o líder eleito ainda fosse jovem e imaturo, ele era um garoto responsável e honesto.
Para Asuka, que era uma criança problemática que ficava isolada em casa, Little Garden era verdadeiramente um retiro maravilhoso se comparado a seu antigo mundo.
“...mas esse relacionamento só se formou porque eu tenho um Dom.”
Asuka olhou para o céu noturno com um pingo de solidão. Em primeiro lugar, o motivo de ela ter sido invocada ali era...
A esperança que a Kuro Usagi e os outros tinham... [salvar a Comunidade]. É por isso que eles precisavam deles. Não seria estranho se o relacionamento deles fosse diferente se o Dom que ela tinha não fosse ajudar em nada.
Oponentes que não eram afetados pelos seus poderes eram um grande obstáculo para a permanência de Asuka neste lugar.
“Aqueles ratos de hoje... porque meu Dom não funcionou neles? ”
Asuka voltou a pensar no que aconteceu durante o ataque surpresa. Seus poderes só tinham sido ineficazes duas vezes antes.
A primeira foi quando ela enfrentou o Líder da [Perseus], Laius Perseus.
A segunda foi no depósito dos [Sem Nome], quando ela o usou na ‘Espada Adormecida’, na ‘Arma Sagrada’, no ‘Arco Magico’ e em outros Dons.
Desnecessário dizer, o Dom de Asuka não funcionava em nada ou ninguém que fosse mais poderoso do que ela.
“Embora eu ainda não tenha entendido completamente o conceito por trás do [Poder espiritual], eu não deveria ser derrotada por simples ratos. ”
Asuka olhou para o céu noturno, lembrando-se do que Kuro Usagi disse uma vez.
O [Poder espiritual], que era o [Dom] recebido do mundo, também era conhecido como [Ranking de Vida].
Por que uma pessoa simples como Asuka teria recebido um poder espiritual de classe tão alta?
Quando eles chegaram em Little Garden, Kuro Usagi deduziu o seguinte:
— Existem dois métodos para se receber um poder espiritual:
O primeiro, [Baseado no seu impacto sobre o mundo, você o recebe por influência, contribuição, compensação ou recompensa].
O segundo, [Um milagre aconteceu durante seu nascimento].
Existem outros modos, mas a maioria deles se encaixa em uma dessas categorias. Para dar um exemplo ao primeiro, aqueles que são relacionados por sangue aos principais e renomados demônios e indivíduos extraordinários. Ao sacrificar uma vida ou oferenda para ganhar a imortalidade, os usuários deste tipo de [Poder Espiritual] eventualmente se tornarão demônios Rakshaha. No entanto, humanos são quase sempre por causa do segundo motivo.
— Então foi porque aconteceu um milagre quando eu nasci...?
— YES! Como o [Perseus], contra quem lutamos uma vez, era o filho de Zeus na mitologia Grega. Tecnicamente é impossível que um deus e um humano procriem, mas é possível distorcer essa regra sem sentido para conseguir se reproduzir. Eles viveriam uma vida acima da de uma pessoa normal... esses híbridos, por causa do seu sangue divino, são chamados de semideuses até a quinta geração... bom, o Perseus também ganhou méritos por derrotar a Medusa, entretanto.
Havia se especulado que o [Poder Espiritual] que a Asuka-san recebeu durante o nascimento provavelmente era devido a uma circunstância especial, ou a que seus ancestrais fossem, provavelmente, deidades Shura ou alguns indivíduos extraordinários.
— Francamente... que tipo de circunstância especial aconteceu durante o meu nascimento...
— Aiyaya, não precisa pensar muito sobre isso! Basicamente, desde que você entenda que o nível da sua [Herança] é equivalente ao [Mérito], não deve haver nenhum problema.
Kuro Usagi concluiu com outro exemplo. No caso, um [Coelho Lunar] com a devoção de pular no fogo.
— Nesse meio tempo, um pouco de conhecimento geral. O ranking daqueles que são parte da família ou recebem armas dos Deuses ou de Buda parecem ser chamados de [Divindades]. Isso parece elevar o poder de sua raça ou de sua classe ao nível mais elevado, no entanto, Asuka não perguntou por mais detalhes.
Kuro Usagi garantiu que se Asuka tinha poder para obrigar até mesmo o Galdo Gasper, da [Fores Garo], a escutar e a se ajoelhar, ela definitivamente possuía um [Poder Espiritual] de alto nível.
“Então... então existe apenas um motivo para isso. ”
Apenas por pensar nesses fatos inaceitáveis, Asuka rangeu os dentes. Simplesmente porque a resposta mais razoável sobre o porquê dos ratos não obedecerem a ela... era porque eles provavelmente [estavam sendo controlados por alguém mais forte que ela].
“............Guuu!”
Blub! Asuka afundou seu corpo na água.
Asuka já havia percebido que dos três, ela era quem tinha os poderes mais inúteis. Os outros dois podiam ser descritos como tendo um [Habilidades com potencial desconhecido], mas o Desenvolvimento do Dom dela era... [Um Dom que controla outros Dons]. Com um poder desses, se o inimigo tivesse um Dom mais poderoso, então extrair 100% de sua força seria totalmente impossível.
Dito isso, Asuka era incapaz de manipular os Dons adormecidos no armazém dos [Sem Nome]. Depois de perguntar, ela ficou sabendo que todos os itens eram de classe divina, o que estava muito acima do que ela podia manipular com seu Dom.
Errado, se não estivessem no nível dela, [Armas] eram simplesmente inúteis.
Asuka só conseguia acompanhar alguns movimentos de artes marciais no nível de um humano normal.
Mesmo que ela conseguisse extrair o poder máximo de uma arma, ela ainda não conseguiria lutar de igual para igual contra o Izayoi ou a Kasukabe.
“... será que eu escolhi errado? ”
*Blub*Blub* Asuka expirou o ar enquanto abraçava os joelhos.
Ainda era possível voltar atrás. Esse Dom ainda está fortemente baseado em [Manipular o coração das pessoas], se isso continuar a se desenvolver assim, ele irá se tornar um dom maligno, capaz de subjugar todas as raças.
Se isso acontecesse, Asuka teria que brilhar como uma bruxa capaz de manipular.
— ...eu realmente não quero esse tipo de final.
A fala suave subiu com o vapor das termas e se dissipou no ar.
Além do auto respeito... o senso de justiça de Asuka era particularmente forte.
Qual era o sentido de usar isso se o inimigo não pudesse nem mesmo resistir e apenas dizer “sim”? Foi graças a sua forte autoestima que Asuka cresceu sem ter distorcido seu coração.
“O inimigo vai continuar atacando enquanto a fadinha estiver aqui. E quando isso acontecer, eu tenho que sair vitoriosa......! ”
Asuka deixou cair o cabelo que estava amarrado sobre a cabeça, levantando-se da terma. Foi então que o vestiário começou a ficar barulhento.
— Asuka-san! Suas feridas não são sérias, não é?!
Kuro Usagi, que tinha uma toalha cobrindo seu corpo após se despir, entrou correndo nas termas com as orelhas em pé.
— Espera, espera, espera, espera! Kuro Usagi! O que significa isso?! Entrar no banho antes da mestra OHOHOHOHO!!!
— Wayayayaya!
Plop! Crash!
A igualmente nua Shiroyasha forçadamente agarrou a Kuro Usagi, fazendo com que ambas tropeçassem e caíssem dentro da terma depois de girar três vezes e meia. Especialmente a Kuro Usagi, que parecia ter caído de cabeça.
Asuka apressadamente correu até a Kuro Usagi depois de ouvir seu choro fatal.
— Espere... espere um pouco! Kuro Usagi! Você está bem?! Você bateu de cabeça no chão!
— Ew (eu)... Ew two bewm (eu estou bem)! Achuka-san, woê tá bwem (Asuka-san, você está bem)?
Kuro Usagi ainda estava se preocupando com Asuka, mesmo estando com a cabeça enfiada debaixo da água, soltando bolhas constantemente.
Shiroyasha agarrou as orelhas de Kuro Usagi e as puxou com força.
— Ei!
— YAHAHA!
Kuro Usagi foi arrancada da terma.
Parecendo estar à beira do choro, Kuro Usagi agarrou os ombros de Asuka e fez uma inspeção.
— Como... como está a ferida? Algu... alguma infecção? Alguma cicatriz na sua pele de dama? Você está meramente suportando isso? Você está bem mesmo?
— Tudo... tudo bem, melhorou depois de eu tomar banho aqui.
Kuro Usagi continuou tocando o corpo de Asuka sem cortesia alguma, mas, sabendo que ela estava fazendo isso com boas intensões, Asuka não a impediu.
Enquanto Asuka pensava quando seria um bom momento para pará-la, Shiroyasha estava observando intensamente cada parte do corpo de Asuka.
— ...yep, o corpo da Asuka não tem o desenvolvimento de uma menina de 15 anos.
— Perdão?
— Você é bem desenvolvida da clavícula até os seios, mas as curvas em direção ao seu umbigo são bastante apertadas e normais e, mesmo assim, sua pele tem um toque suave de feminilidade. Sem mencionar que se alguém fosse pegar um pouco dessa maravilhosa carne que se encontra entre as suas coxas e as suas nádegas, daria para ver essa pele jovem se alagar por entre os dedos e.........
*BLAM*
Dois baldes de madeira acertaram o rosto de Shiroyasha.
O discurso de assédio sexual durou cerca de um segundo do começo ao fim.
Asuka encarou Shiroyasha com um olhar frio, enquanto enrubescia involuntariamente.
— ...eh? Como? A Shiroyasha era esse tipo de pessoa?
— Infelizmente, sim... a Shiroyasha-sama é muito impressionante, mas sua personalidade não é nem um pouco impressionante.
E assim, Kuro Usagi assentiu com frieza.
Asuka estava planejando sair do banho, mas mais pessoas começaram a entrar, vindas do vestiário. As pessoas que entraram foram Kasukabe You, Leticia e a fada de chapéu pontudo.
— Asuka!
*tap, tap, tap* a fada correu e subiu no corpo de Asuka.
Ignorando a sensação de coceira nas costas, Asuka se virou para encarar Kasukabe e Leticia.
— O que aconteceu? Vocês voltaram todas juntas?
— Sim.
— Não tem problema de vez em quando. Às vezes é difícil juntarmos todas, então deveríamos conversar sobre o que aconteceu hoje ou fazer planos para amanhã... você vai sair Asuka?
Ah, então era isso. Asuka negou com a cabeça, voltando para o banho
Parte 3
Izayoi, Jin e a assistente da loja estavam dentro da sala preparada para os convidados.
Mordiscando panquecas de alga marinha, ambos queriam saber ‘Como a loja havia se movido para o Norte’.
Embora relutante, a assistente da loja, que havia sido instruída a acompanhar e conversar com os convidados, respondeu:
— Você está se referindo a essa loja, certo? Na verdade, a loja em si não se move. Se eu dissesse que ela está ligada ao sistema do [Portão Astral], você entenderia?
— Não, não entenderia nadinha.
Izayoi respondeu sem um pingo de hesitação. Suspirando, a funcionaria adotou um tom de voz amigável e começou a explicar:
— Resumindo, todas as entradas levam para um mesmo lugar. Como uma colmeia... pense nisso como uma fava de mel dentro da colmeia. Deve ser mais fácil de entender, certo?
A razão pela qual a [Thousand Eyes] tinha um interior tão vasto comparado a como ela parecia por fora provavelmente era devido a esse mesmo princípio.
Para começar, a loja não existe em um lugar específico. Izayoi mostrou grande interesse nisso, motivando a funcionária a continuar.
— Oh? Em outras palavras, esta loja tecnicamente é tanto a principal quanto a franquia, certo?
— Isso não está certo nem errado. Houve um problema de linguagem com as palavras que usei antes, é sobre a dissimilaridade com o [Portão Astral]. O Portão Astral pode se conectar a todos os outros portões. Em contraste, dentro da [Thousand Eyes] existe uma colmeia moldada para cada um dos níveis.
— Oh? Em outras palavras, uma [Franquia moldada para o 7º nível], uma [Franquia moldada para o 6º nível] e assim por diante?
— Sim. Obviamente, existe apenas uma entrada que leva à loja principal.
Izayoi entendeu e assentiu com a cabeça. A assistente abriu a boca e continuou falando:
— Essa velha franquia localizada na plataforma foi fechada por não estar muito bem localizada. Como a Shiroyasha-sama foi convidada participar do festival como uma coorganizadora, ela teve de ligar esta loja às outras, separando o espaço vazio da loja e a área de pessoal em sessões diferentes. Por isso, a porta da frente da loja não pode ser aberta, então sinto muito pelo inconveniente.
— Entendido.
— Aiya? Sobre o que vocês estão conversando aqui neste lugar?
Depois de conversarem por algum tempo, Asuka e as outras saíram do banho.
Asuka estava vestindo robe de banho fino que havia sido preparado. Toda a pele acima do seu pescoço estava cor de rosa por causa do banho quente.
Inclinando-se na cadeira, Izayoi olhou para o grupo de garotas que havia saído do banho.
— ...oh? Essa visão não é muito ruim. Você não concorda, Ochibi-sama?
— Hã?
— Contrastando com o corpo abundantemente desenvolvido sob os braços até os seios, que podem ser discernidos através da roupa fina da Kuro Usagi e da Ojou-sama, a água pingando do cabelo da Kasukabe e da Leticia em direção a linha de suas clavículas, que espontaneamente a orientam em direção aos seus corpos esbeltos, porém saudáveis e guiam a visão até seus bustos definitivamente modestos....
*BLAM*
Esse foi o segundo ataque por reflexo.
Obviamente, aquelas que haviam atacado foram Asuka e Kuro Usagi, ambas enrubescidas.
— Só tem pervertidos nessa Comunidade?!
— A Shiroyasha-sama e o Izayoi-sama são idiotas!
— Tudo bem... já está tudo bem, acalmem-se.
Leticia apressadamente tentou dissuadi-las, Kasukabe não estava nem aí para nada disso, enquanto Shiroyasha estava rindo tão forte que teve de segurar o estômago.
Olhando para Jin, que parecia estar sempre tentando curar sua enxaqueca constante, a assistente da loja colocou a mão no ombro dele com simpatia.
— ...você tem trabalhado duro.
— ...pois é.
De um lado, a organização estava cheia de crianças problemáticas.
Do outro lado, a líder da organização também era uma vexatória criança problemática.
Ambos compartilhavam uma tristeza vazia.
Por outro lado, Shiroyasha e Izayoi estavam apertando as mãos entusiasticamente, como se tivessem encontrado suas respectivas almas gêmeas.
Parte 4
Depois disso, Leticia e a assistente da loja deixaram a sala. Os que ficaram foram Izayoi, Asuka, Kasukabe, Shiroyasha, Jin, Kuro Usagi e também a fada de chapéu pontudo.
Shiroyasha ocupou o centro da sala de convidados, colocando os cotovelos sobre a mesa, ela declarou com uma voz séria:
— Então pessoal, deveríamos agora começar nossa discussão sobre como fazer a roupa de Juíza da Kuro Usagi parecer mais sexy e fofa...
— Não vamos não.
— Vamos começar.
— Não vamos!
Izayoi maliciosamente apoiou a proposta de Shiroyasha, que foi instantaneamente negada por Kuro Usagi.
Asuka, que não conseguia aguentar a conversa entre os três, de repente começou a pensar em seu vestido vermelho.
— Ah sim, a roupa que a Kuro Usagi está vestindo foi dada pela Shiroyasha, certo? Então o vestido vermelho que eu usava também foi?
— Oh! Então era mesmo a roupa que eu mandei para ela, não é? Kuro Usagi disse que gostou do vestido, mas que não servia muito bem nela. Além disso, ela tem umas pernas tão bonitas...
— Aquele vestido foi rejeitado por causa dos hábitos anormais da Shiroyasha-sama. A Kuro Usagi achou o vestido bem bonito... então a Kuro Usagi achou que seria um desperdício deixá-lo no armário. Felizmente, a Asuka-sama fica muito bem vestindo vermelho.
— Hehe, obrigada. A roupa que você usa também combina com você, Kuro Usagi.
Depois do agradecimento de Asuka, Kuro Usagi soltou um *Wuuu*, com uma expressão complexa.
Exibindo um sorriso astuto, Shiroyasha voltou ao assunto principal.
— Okay, vamos deixar o assunto sobre a roupa de lado por enquanto. Na verdade, eu gostaria que a Kuro Usagi fosse a Juíza durante a partida de amanhã.
— Aiyaya? Isso é meio repentino. Posso perguntar o motivo?
— Yep. Por causa da confusão que vocês causaram, o fato de que tem uma [Coelha Lunar] por aqui já se tornou público e as pessoas estão animadas para ver uma no Jogo de amanhã. Já que as notícias sobre a [Aristocrata de Little Garden] já se espalharam, é claro que deixaremos você subir ao palco. Então, eu espero que você possa ser oficialmente a Juíza de amanhã. E é claro que eu prepararei uma remuneração para você.
Então é por isso~ todos entenderam a situação.
— A Kuro Usagi entende. Então eu, Kuro Usagi, vou ser a Juíza dos jogos de amanhã.
— Sim, obrigada... então, sobre o uniforme de Juíza, você vai vestir uma camisola preta translúcida sexy com lacinho...
— Não vou.
— Sim, você vai.
— Completamente rejeitado! Ah~ francamente! Por favor, Izayoi-san, tenha algum bom senso!
Vendo Izayoi sendo tão intrometido, Kuro Usagi perdeu a compostura.
Por outro lado, Kasukabe, que estava cuidando de alguma coisa pessoal, voltou e perguntou à Shiroyasha.
— Shiroyasha, quem eu vou enfrentar amanhã?
— Desculpe, mas não posso te dizer isso. Não é justo que o [Host] revele isso, não é? Só o que eu posso dizer é o nome das Comunidades.
*Pa* Shiroyasha estalou os dedos.
O pergaminho usado para as partidas de hoje apareceu novamente, com o mesmo texto escrito.
Olhando para as Comunidades que estavam escritas no papel, Asuka arregalou os olhos em choque.
— [Will O’ Whips] e [Rattenfänger]?!
— Sim. Embora seja incomum, ambas as comunidades são dos portões de 6 dígitos, que é o próximo andar. Não posso dizer muito, mas eu recomendo que você esteja mentalmente preparada para isso.
Kasukabe assentiu com a cabeça ao ouvir o conselho sério de Shiroyasha.
Izayoi, por outro lado, olhou para o pergaminho e começou a rir.
— Oh... [Rattenfänger]? A Comunidade do [Palhaço Pega-ratos]? Então o inimigo de amanhã seria por acaso o Flautista de Hamelin?
Eh? Asuka perguntou em choque.
Mas a interjeição dela foi afogada pelo som lamentável que Kuro Usagi e Shiroyasha fizeram.
— O- O [Flautista de Hamelin]?
— Espere, o que é que você está dizendo, criança? Explique-se em detalhes.
Encarando as duas expressões surpresas, Izayoi não pôde fazer nada a não ser ficar piscando os olhos.
Shiroyasha, com um tom de voz mais baixo, começou a questionar mais sobre a história de fundo específica.
— Ah, eu sinto muito. Você provavelmente não sabe disso, já que mal chegou aqui... [Flautista de Hamelin] era o nome de uma Comunidade que servia a um [Demon Lord].
— O que?
— O nome da comunidade desse Demon Lord era [Grimm Grimoire]. O Demon Lord em questão era um Invocador, tendo invocado demônios de mais de 200 grimórios para sua comunidade.
— Múltiplos demônios podem ser invocados de um único grimório. O que necessitava de mais atenção era o fato de que tudo que estava incluso no grimório tinha histórias de fundo advindas de mundos diferentes. Os grimórios eram exatamente como o disco de um jogo, contendo regras claramente definidas e força coerciva. Um Demon Lord verdadeiramente amedrontador e poderoso.
— Oh~~?
Os olhos de Izayoi começaram a brilhar levemente. Kuro Usagi continuou.
— Quando esse Demon Lord perdeu um Gift Game para uma certa Comunidade, ele deveria ter sido morto... mas então o Izayoi disse que a [Rattenfänger] era a [Flautista de Hamelin]. A Kuro Usagi não é muito versada em histórias para crianças, então você poderia explicar, por favor?
A expressão de Kuro Usagi provavelmente estava em alerta devido a possível aparição de um Demon Lord.
Depois de pensar por um tempo, Izayoi fez uma expressão maliciosa enquanto esticava o braço para agarrar a cabeça de Jin.
— Eu entendo a situação. Entãããooo, o nosso querido Ochibi-sama vai explicar tudo.
— Eh? Ah, okay.
Todos se viraram para Jin. Embora Jin tivesse respondido, ele ainda estava nervoso com o fato de que a pergunta tenha sido passada para ele de repente. Izayoi puxou a cabeça de Jin para perto e murmurou na orelha dele;
— ...sua chance de se mostrar chegou, mostre alguns resultados.
— Siii.... Sim!
Tossindo uma vez, Jin se endireitou e começou a descrever lentamente.
— [Rattenfänger] significa [Controlador de Ratos] em alemão. Sobre esse caçador de ratos, ele é uma metáfora usada para o livro escrito pelos Irmãos Grimm... [O Flautista de Hamelin].
Todos assentiram e Jin continuou.
— No livro infantil escrito pelos Irmãos Grimm, existiam vários contos escritos usando histórias reais como referência. [O Flautista de Hamelin] era uma delas. [Hamelin] era o nome da cidade que acabou se tornando o cenário da história.
Havia uma inscrição que se tornou o protótipo para o conto dos Irmãos Grimm, [O Flautista de Hamelin]:
— Ano: 1284. Diário de John e Paul, 26 de junho.
Um flautista vestindo roupas multicoloridas atraiu 130 crianças nascidas em Hamelin e todas elas desapareceram nas terras de execução próximas as Colinas...
A inscrição era uma narrativa baseada em uma história real, exibida em uma peça vidro colorido.
Futuramente, ela acabou se tornando um dos contos dos livros dos Irmãos Grimm, intitulado de [O Flautista de Hamelin].
— Sim. Então por que o controlador de ratos é usado como uma metáfora?
— Porque o Flautista que aparecia na história dos Irmãos Grimm era um palhaço que controlava ratos.
Jin respondeu suavemente à pergunta de Shiroyasha, enquanto Asuka, que estava ao seu lado, inspirou.
— Ele disse...... Palhaço [Controlador de Ratos]......?
O incidente durante o ataque passou pela mente de Asuka. Pensando sobre isso, quando ela foi atacada, tinha uma flauta dissonante tocando ao fundo.
— Sim... [Rattenfänger] e [Flautista de Hamelin], hum... desse jeito, as chances de algum remanescente do Demon Lord se infiltrar no Festival do Nascimento do Dragão de Fogo são relativamente altas.
— YES. Já que nenhum participante pode entrar no Festival sem a [Permissão do Host], existe a possibilidade.
— Hã? O que isso significa? É a primeira vez que escuto sobre isso.
— Oh Oh, é verdade. Depois de ouvir que o Demon Lord apareceria, eu arranjei algumas contramedidas. O que significa que, usando o meu privilégio de [Host Master], eu acrescentei uma regra adicional no Festival. Para maiores informações, vocês podem se basear nisso aqui.
Shiroyasha bateu as mãos e outro pergaminho apareceu, o que estava escrito nele eram várias informações sobre o festival.
<<Festival do Nascimento do Dragão de Fogo>>
Assuntos de Importância quanto a participação no Festival:
*Primeiro* Todos os Gigt Games entre comunidades na Área do Palco e na Área Livre estão proibidos
*Segundo* Participantes com o privilégio de [Host Master] estão proibidos de entrar sem a permissão do [Host] do Festival.
*Terceiro* O uso do privilégio de [Host Master] está proibido dentro da área do Festival
*Quarto* Adentrar nas áreas do Festival, tanto na Área do Palco quanto na Área Livre, é proibido para todos que não forem participantes.
Juramento: Respeito o conteúdo descrito e ambas as Comunidades que organizam este Gift Game baseado em sua Bandeira e Glória.
Selo “Salamandra”
Selo “Thousand Eyes”
Lendo o conteúdo do pergaminho, Izayoi assentiu levemente com a cabeça.
— [Aqueles que não sejam participantes estão proibidos de entrar no Jogo], [Participantes são proibidos de usar o privilégio de Host Master], certo? Realmente, de acordo com essas regras, o Demon Lord atacando aqui seria incapaz de usar o privilégio de [Host Master].
— Sim. Enfim, o que pode ser controlado, já está sendo.
Sério? Izayoi concordou com a cabeça
Enquanto isso, do outro lado, Kuro Usagi perguntou para Jin com um tom de voz surpreso:
— Mas isso foi muito chocante. Jin-bocchan, onde você conseguiu essa informação sobre o [Flautista de Hamelin]?
— Isso... isso não é nada especial. É só que quando eu levei o Izayoi-san para a biblioteca, eu acabei lendo alguns livros...
— Oh, sério? Mas não importa o que você diga, essa informação é bastante útil. Entretanto, seria meio complicado se o inimigo fosse o vencedor do jogo, nós deveríamos começar a monitorar antes de a Sandora-sama perca e tenha seu orgulho ferido... quando algum acidente acontecer, será a sua vez de ajudar.
Todos da [Sem Nome] assentiram, com a exceção de Asuka, que tinha um pensamento que não se calava em sua mente.
“A [Rattenfänger] trabalha para um Demon Lord...? Então essa criança é...? ”
Asuka olhou para a fada de chapéu pontudo que dormia alegremente em seu colo, aquela que afirmava ser da [Rattenfänger].
Entretanto, Asuka não via a fada como algo grotesco. Embora ela quisesse trazer esse assunto à tona para todo o grupo, quando chegou a sua vez de falar ela não conseguiu fazer nada sair de sua boca.
Ainda com um sentimento agitado em seu coração, ela voltou para seu quarto, preparando-se para um novo dia.