Infinity World Brasileira

Tradução: infinityworldofc

Revisão: infinityworldofc


Volume 1

Capítulo 1: Desvanecer de um Homem

O som suave das ondas se retirando, como um suspiro de alívio, preenchiam o ar. A maré, ainda tímida, recuava devagar e deixava rastros da espuma na areia. O oceano se estendia vasto e sem fim enquanto o canto das gaivotas cortava o silêncio e iam distante pelo céu que refletia o mar.

O calor abrasador se intensificou e mergulhou a paisagem na luz dourada e cegante.

Na areia úmida, meio enterrada nas pegadas deixadas pela água, uma figura repousava, imóvel. O corpo estava estendido, silhueta marcada pelas ondas que, agora calmas, lamberam suavemente seus pés descalços. Ao redor da forma inerte, o vento colocou uma cortina de areia.

Hmm…

O indivíduo emitiu murmúrios fracos, palavras que se arrastaram para fora da boca. A consciência retornava aos poucos, vaga como névoa. Ele forçou os olhos a se abrirem, o brilho ofuscante do sol fez-lhe apertar as pálpebras com força. A areia estava fria contra sua pele e o vento acariciava o rosto, incômodo.

Se ergueu com dificuldade, os músculos ainda pesados e sem resposta e, ao sentar na areia, a confusão tomou conta de seu olhar.

— Companheiro, o que diabos aconteceu?... Onde estou? — perguntou-se.

Primeiro esfregou a cabeça e tentou se recompor. Suspirou… Por fim, soltou uma risada amarga.

— Essa definitivamente é a pior ressaca que já tive, companheiro…

Era um homem de aparência marcada pelo tempo, com cerca de 40 anos. Seu rosto exibia as marcas de expressões, pequenas linhas abaixo de seus olhos, mas, mesmo assim, parecia imune às manchas e verrugas, como se o envelhecimento tivesse sido generoso com sua pele. De estatura modesta, mal alcançava a média; e sua postura era desprovida de vigor.

Os cabelos castanhos desordenados, caíram ao redor do rosto e se mesclaram com uma barba espessa e bem cuidada, embora um tanto desalinhada. Seu bigode, grosso e espesso, se estendeu para os lados e completou o visual mais comedido do que extravagante.

As roupas que vestia eram gastas, molhadas pela água do mar e pela umidade do ambiente. De perto, o tecido revelou uma qualidade que contrastava com o estado em que se encontravam. O pano vermelho amarrado com precisão cobria sua nuca, mas sua aparência não transmitia o melhor de um homem acostumado com desafios.

Ainda perplexo, ele reuniu as poucas forças que restaram para se erguer da areia. Uma brisa quente o acariciava e, por um momento, ele fechou os olhos para absorver o calor. Só então, com um suspiro de compreensão, percebeu onde estava.

Aaaaaah!

O senhor ficou paralisado, os olhos arregalados enquanto a realidade se desdobrou diante dele como uma cortina sendo levantada. A visão da praia, com o som das ondas que quebraram suavemente, e a imensidão da mata verde ao fundo, os atingiram. O choque foi profundo ao ponto de retornar suas lembranças, lenta e confusa.

O homem caminhava por um vasto jardim. À medida que seguia por um estreito caminho de pedras, um aroma suave e envolvente preenchia o ar, e as flores pareciam se abrir a cada passo. Seu olhar se perdia nas múltiplas cores das pétalas, enquanto uma leve brisa dispersava-as ao seu redor. No entanto, por mais que o cenário fosse de uma beleza serena, seu semblante parecia permanecer marcado por um nojo e angústia silenciosa, como se nada ali fosse capaz de tocá-lo.

Ele parecia já está próximo de chegar ao final do caminho, quando seus passos foram interrompidos por um estridente som, um grito que ecoou ao longe. Aos poucos a voz parecia se aproximar, as palavras ecoavam com um desespero; sua respiração era trêmula, era como se o mesmo estivesse completamente aflito.

— Sr. Nikki! Eu sei que isso não é o que o senhor quer, mas há responsabilidades que não podem ser ignoradas. O senhor não pode simplesmente fugir! — a voz gritou, cheia de frustração e urgência.

— Sério que você ainda tá com essa ladainha, companheiro?! — Nikki respondeu enquanto franzia a testa e cerrava os dentes, tentando conter a raiva que lhe subia a cabeça. — Já tive o suficiente por hoje, então só me deixe em paz!

Girou os calcanhares e avançou sem olhar para trás.

As memórias pareciam começar a vir à tona. O desgosto era tão imenso que suas mãos tremiam enquanto lembrava. Ele começava a odiar o rosto da pessoa que deveria amar. As memórias de sua infância, que outrora o alegravam, aos poucos se transformavam em ódio.

— O vovô… Ele sempre acreditou em você! Ele te amava, eu te amava. Mas você… Você nunca me amou, não é? — sua voz saía como um inaudível sussurro, lágrimas começaram a cair incansavelmente, todo o seu corpo tremia enquanto soluçava.

Ele continuou a derramar lágrimas. Aos poucos, as lágrimas começavam a cessar e sua respiração começava a se manter regular. Levou seu braço aos olhos para enxugar as lágrimas que ainda restavam. Reunindo suas forças restantes, continuou seguindo em frente.

Nikki caminhou em direção ao final da cidade. Apesar das advertências e olhares preocupados dos moradores, ignorou as palavras deles. Sem querer ouvir mais, ele caminhou até a praia, pegou sua vara de pesca e, com um suspiro profundo, se dirigiu a um barco. A brisa do mar o chamava e o oferecia a promessa de um refúgio temporário.

Talvez a tranquilidade de uma pescaria fosse o suficiente para afastar o tumulto da mente, ao menos por algumas horas.

Nikki se deitou no fundo do pequeno barco, o corpo cansado e a mente sobrecarregada. As palavras dos moradores ecoaram em sua cabeça, mas ele se recusou a ouvir. Essa tarde seria o descanso para sua mente.

Com os olhos fechados, ele tentou afastar os pensamentos. Ouviu o som tranquilo da água bater contra o barco. O balanço leve, a brisa suave que tocava sua pele, tudo isso o embriagou. O ambiente arrancou do seu corpo toda a energia restante, foi quando cedeu ao sono. O alívio foi breve como seu fechar de olhos.

Um som distante soou.

Uma espécie de estalo, que logo se transformou em um rugido ensurdecedor. As ondas começaram a se agitar. Nikki despertou no exato momento em que o barco foi lançado para o alto. O céu, que antes se mostrava sóbrio e calmo, agora estava ameaçador.

Nuvens negras se amontoaram acima dele, massa pesada prestes a desabar. O vento cortou o ar, e uivava como uma fera enfurecida. Esse pequeno barco oscilava de um lado ao outro e o som das ondas que quebravam sobre o casco era ensurdecedor.

O pânico o tomou. O que mais aterrorizava não era a tempestade, era a impotência. Estava à mercê de algo muito maior que ele.

Uma onda particularmente forte o acertou e o derrubou; na queda, atingiu a cabeça contra o bordo de madeira. E tudo ficou escuro.

O barulho ensurdecedor da tempestade desapareceu por um instante, e ele se viu submerso na escuridão fria e abafada. Sua mente, já confusa e sobrecarregada, desmaiou com a mesma rapidez em que ele foi engolido pelas águas.

Fora da reflexão intensa. Nikki permaneceu imóvel por um momento. Tentou ordenar os pensamentos confusos. O calor da praia ainda queimava na pele, mas sua mente estava distante, pegava pedaços da memória fragmentada.

O tempo seguiu seu curso — e em outro lugar, muito além daquele litoral abrasador, o cenário mudava. Dentro de um reino, em meio um grande jardim, havia uma casa de madeira refinada, mais próxima de um palacete do que de uma moradia comum. Paredes de carvalho escurecido, janelas amplas e envidraçadas. O chão, de madeira nobre, reluzia sob os candelabros dourados suspensos no teto abobadado.

Dentro, duas pessoas pareciam envolvidas em um debate acalorado. Ambos vestiam roupas de tecido fino e delicado, com corte impecável. Encontravam-se no maior dos cômodos — uma vasta sala de reuniões com tapeçarias luxuosas, quadros de figuras imponentes e uma longa mesa de ébano que dividia o ambiente.

— Não, pai! Eu não vou fazer isso com aquele velho! — gritou uma jovem, com uma voz estridente, seu rosto suando frio e a expressão marcada pelo desespero.

— Mas, filha… essa é a nossa chance de conquistar mais poder. Você não pode simplesmente jogá-la fora! — retrucou um senhor de idade. Sua feição demonstrava um medo genuíno; gotas de suor desciam por seu rosto enquanto falava, e seus olhos tremiam a cada palavra.

— Não, pai, eu nunca vou conseguir fazer isso… Me desculpe. — respondeu a garota, cobrindo o rosto com as mãos e caindo de joelhos no chão.

No salão principal, logo após a porta de entrada, um rapaz corria desesperadamente em direção ao maior cômodo. Seus passos ecoavam no piso de madeira, enquanto as tábuas soltas e mais antigas rangiam a cada movimento

A porta do cômodo foi aberta em completo desespero, sem emitir o menor som ao se mover. O homem adentrou o imenso ambiente, virando os olhos em direção ao senhor e a garota que ali estavam e parou diante deles.

Seus olhos estavam lacrimejando de medo, os lábios tremiam, a respiração ofegante e o suor escorria pelo seu rosto. Seus músculos estavam tensos, e suas pernas estavam trêmulas. Com esforço ele respirou fundo, e em seguida, gritou com voz estridente.

— O Sr. Nikki Inácio! Ele desapareceu! — As palavras arrastavam-se para fora de sua boca com grande pesar. Seus lábios trêmulos mal conseguiam formar frases coerentes. O rosto estava lívido. Seus olhos, arregalados e vidrados, pareciam presos em algo invisível.

Apoie a Novel Mania

Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.

Novas traduções

Novels originais

Experiência sem anúncios

Doar agora