Volume
Capítulo 22: Brilho da Salvação.
Com a declaração do espadachim dourado, todos ficaram surpresos. Os soldados, com suas armas abaixadas, apenas se curvaram sem esperança. Os lordes aos poucos se levantaram, entendendo que não estavam mais em desvantagem.
— Péra! Você falou “Pecado do Orgulho”? — disse Hayakaz, em uma mistura de surpresa e alegria.
— Oh! Então você ainda está vivo, senhor Lorde das Bestas. — Arthur foi até Hayakaz e deu alguns tapinhas em suas costas.
— Argh! Se sabias que éramos seus lordes, pelo que nos atacou! — Garrik, com dificuldade, se soltou da parede que foi arremessado.
— Bom, vocês atacaram primeiro. Eu veria isso como legítima defesa.
— “Legítima defesa”?! Você quase matou seus aliados apenas por “legítima defesa”? — Garrik perguntou, incrédulo.
— Claro! Por que não?
Os lordes então começaram uma conversa com o espadachim, como se já se conhecessem a anos. Conversas animadas ecoavam pelos salões, enquanto Arthur, o improvável herói, compartilhava histórias e risadas com os lordes. Sua presença iluminava o ambiente e criava uma atmosfera feliz e animada entre todos ali presentes.
Os quatro conversavam como se não estivessem no centro da grande catedral, o centro território inimigo. A despreocupação deles era enervante para os soldados, mas não apenas para eles. Uma figura imponente surgiu das sombras, era o Papa, líder espiritual do reino santo, cuja presença impunha respeito e reverência. Um silêncio tenso se instalou, e os lordes ergueram suas armas, sabendo o que viria a seguir.
— Nada disso, seres nojentos… — O Papa, com um sorriso malicioso, revelou suas verdadeiras intenções. Uma barreira mágica se materializou rapidamente ao redor dos quatro, prendendo-os em um enorme cubo de energia.
— Finalmente você deu as caras, seu malditinho! — disse Hayakaz, levemente cutucando a barreira que os prendia.
— Não fale mais nada, demônio nefasto! Sua voz é veneno dentro da catedral do senhor… — O Papa permanecia com o rosto imperturbável, escancarando o sorriso macabro.
— Tsc! Seboso! — Hayakaz tentou golpear a barreira, causando uma pequena rachadura, que logo se regenerou diante de seus olhos.
— Demônios como vocês deveriam apenas aceitar seus destinos, e apodrecerem no inferno! — O Papa começou. — O mundo se tornará um lugar muito mais pu…
Antes que o Papa pudesse continuar seu monólogo sobre o destino do mundo, Arthur, demonstrando sua superioridade, concentrou-se em sua própria energia. Com um gesto rápido e preciso, ele desencadeou um corte poderoso que rompeu a barreira em pedaços, dispersando a magia no ar.
As energias mágicas se colidiam no salão do castelo, criando faíscas que iluminavam as expressões dos combatentes. O Papa, enfurecido por ter sua barreira desfeita, lançou um ataque poderoso contra os lordes, forçando-os a recuar sob a pressão mágica. No entanto, Arthur permanecia inabalável no centro do caos.
— Caia perante a força de Deus, falso herói! — repetia o Papa.
— Suas palavras tolas não passam de falácias perante a verdade de um rei. — Cada feitiço lançado contra Arthur era repelido com uma destreza impressionante. Seu corpo parecia dançar entre as rajadas mágicas, desviando-se com uma agilidade quase sobrenatural. Os lordes, impressionados com a habilidade do herói, observavam atentamente, desejando alcançar sua destemida resistência. — Sua resistência é em vão perante aquele que alcançou o sol.
Enquanto o Papa se empenhava em seu ataque furioso, Arthur, empunhando Excalibur com firmeza, avançou corajosamente. Golpe após golpe, ele investiu contra o líder espiritual do reino, desafiando a presença imponente e até mesmo as leis da magia.
Rapidamente, o Papa aproveitou o buraco que Arthur havia feito e levou a luta para o lado de fora da catedral, o forçando a lutar no meio da cidade.
— Aquele que se autodenomina o “Rei dos Reis” consegue lutar pondo em risco a vida de seus súditos? — falou o Papa, propositalmente saltando entre as casas.
Para a surpresa do líder religioso, Arthur continuava seu ataque avassalador, destruindo todas casas e edificações no caminho. Isso forçou o Papa a invocar consecutivas barreiras ao redor do guerreiro dourado, que apenas as destruía como se fossem de vento.
— Aqueles que verdadeiramente seguem seu rei não temem a morte, eles morreriam por mim da mesma forma que eu morreria por eles… — Arthur se mantinha inabalável, com um olhar de superioridade presente em seu rosto.
A silhueta de Arthur era como um enorme sol, demonstrando sua superioridade diante do Papa, que apenas recuava sem causar nem mesmo um arranhão em sua armadura. Os lordes rapidamente acompanharam Arthur, saltando logo atrás dele enquanto mantinham uma distância que não o atrapalhasse.
— Verme asqueroso! Você não passa de um ser profano que enganou a humanidade por tempo demais! — O Papa continuava disparando feitiços de luz, desesperado e pouco a pouco sendo superado.
O Papa, percebendo que seus ataques não causavam nenhum dano significativo a Arthur, saltou o mais alto que pôde, um sorriso maquiavélico estampado em seu rosto. Ele ergueu uma mão em direção ao céu, invocando um enorme círculo celestial.
— A bondade não cairá perante a maldade do mundo! Eu carrego a esperança desse mundo e de todos os seres vivos! Sintam o poder de Deus, Coração Angelical! — Sua pele ficou avermelhada, uma auréola surgiu em sua cabeça, seus cabelos ficaram loiros, seus olhos ficaram totalmente negros e um par de asas brancas surgiram em suas costas.
Foi então que círculos mágicos cobriram todo o céu. A transformação lhe deu um aumento massivo de poder, lhe permitindo executar centenas de feitiços ao mesmo tempo, cobrindo toda a cidade.
— Pois bem, estão preparados para seus julgamentos? — disse o Papa, com um sorriso maléfico no rosto.
— Então… isso é um grande problema, né? — Os olhos de Hayakaz se arregalaram diante da infinidade de feitiços ao redor da cidade.
— Lorde Hayakaz, preciso que faças um favor. — Arthur empunhou sua espada com as duas mãos e deu dois passos para a frente.
— E tem algo que a gente consiga fazer?
— Aquela barreira que ele utilizou para nos deter, ela é um feitiço de alto nível, mas ainda é um feitiço.
— Um feitiço… Cê quer que eu tente fazer aquilo? Ta doido?! — falou Hayakaz, incrédulo com a proposta.
— Você é bom em aprender rápido. Creio que consegue fazer aquilo, faça uma menor se for o caso. Eu consigo aguentar esse ataque, mas vocês não.
— Eeeeh… Ta! — respondeu ele, depois de pensar por um tempo. — Se eu não tentar, a gente vai morrer do mesmo jeito, então bora!
Hayakaz se pôs ao lado dos outros lordes, os chamando para perto. Após desenhar um círculo mágico no ar, uma aura amarela o cobriu quase inteiro. Era como se ela drenasse seu corpo, o levanto à exaustão rapidamente.
— Égide!
Em menos de um segundo, sua aura se desfez e a barreira se ergueu ao redor dos três, formando um cubo dourado que mal deixava passar o som. Garrik rapidamente golpeou a barreira, tentando abrir.
— Hayakaz! Abra isso imediatamente! Ele ainda está lá fora! — gritava ele, em direção ao rei dourado.
Arthur olhou para Garrik de canto de olho e logo se pôs em posição de ataque, em direção ao Papa.
— Confie em seu rei, pequeno elfo enfezado… — disse ele, antes de iniciar seu ataque.
Arthur então levantou sua espada, agora com as duas mãos. A lâmina se tornou em um imenso brilho dourado, dobrando de tamanho. O dia se escureceu, como se ela absorvesse toda a luz existente. Uma névoa dourada se formou ao redor do guerreiro, o iluminando completamente.
— Pague por seus pecados, falso rei! — O Papa então ativou seus feitiços, disparando centenas de feixes de luz em direção ao quarteto.
— Eu não cometi nenhum pecado, pois eu estou acima até mesmo dos deuses! — Arthur deu um passo para frente e desceu sua espada com toda a força. — Caliburn!
De repente, um imenso feixe de luz cortou não somente os céus, mas tudo em seu caminho. Uma imensa onda de energia dourada consumiu tudo à frente do rei, tanto casas, campos, e a própria catedral, quanto o Papa que os desafiava, não deixando nada além de um enorme caminho vazio coberto de brilhos dourados.
— O que? — disse Hayakaz, que foi protegido pela barreira que havia erguido anteriormente.
— Esse cara… é surreal! — Hexoth esbanjava um enorme sorriso, fascinado com o poder que via.
— Vocês estão vivos? — Arthur se virou, intacto e com um sorriso aconchegante no rosto.
— Como ele consegue falar isso com essa cara? Ele é mais sem noção que eu! — Hayakaz se sentou ao chão, exausto de ter usado um feitiço de alto nível.
— Bom, agora que não temos mais interrupções, poderiam me explicar o que aconteceu nos últimos anos? Estou selado a um bom tempo, digamos assim — falou Arthur, desfazendo sua espada em um brilho dourado.
Os quatro protagonistas deram início a uma discussão minuciosa sobre os eventos que testemunharam pessoalmente, bem como aqueles que chegaram até eles por meio de relatos de terceiros. Detalharam meticulosamente cada experiência vivenciada até o momento em uma troca de informações profunda e envolvente.
A surpreendente fluidez da discussão assemelhava-se a uma conversa cotidiana entre amigos de longa data. Arthur, em particular, irradiava uma aura singular que não apenas acalmava, mas também aquecia a todos os presentes. Sua presença parecia estabelecer um elo quase paternal, criando uma atmosfera reconfortante que envolvia cada pessoa na sala.
Depois de alguns minutos de conversa, os lordes, exceto Garrik, já estavam sentados no chão, sorrindo e extravasando com o guerreiro dourado.
— Você tinha que ver a cara daquele maluco quando eu brotei do pantano dele! Hahaha! Só faltou ele dizer “É sério isso?!”. Hahaha! — Hayakaz segurava seu estômago, tendo dores de tantos risos.
— Ou a cara do Crimsembell quando o Garrik encheu ele de porrada. Ele quase virou o velho do avesso! Hahaha!
— Vocês estão perdendo as estribeiras, acalmem-se. — falou Garrik, forçando seu rosto para não rir das histórias que a roda comentava.
— Vamos lá, meu lorde! A vida é curta demais para ficarmos de cara feia o tempo todo. Divirta-se!
— “Cara feia”? Você está dizendo que eu faço “cara feia”?
— Nem te conto, Garrik. Hahaha! — Hayakaz deu tapinhas nas costas de Garrik, que resolveu apenas ignorar o comentário.
Hexoth então se levantou, se dando conta do horário e da situação em que se encontravam.
— Pessoal, vamos para o castelo, vamos aproveitar todo tempo que tivermos para nos prepararmos contra o Adão — disse ele, ajudando Hayakaz a se levantar.
— Cê tem um bom ponto, bora!
Quando todos se levantaram, uma vasta fenda materializou-se no próprio tecido do ar diante de seus olhos. Nesse portal dimensional, desdobrava-se um panorama celestial deslumbrante, onde estrelas cintilantes e constelações majestosas flutuavam como miríades de jóias suspensas no éter.
— Sinto muito, meus caros Lordes Demônio, mas não poderei permitir que partam. — De repente, uma enorme lança de luz atingiu a fenda, a destruindo em milhares de pedaços.
Os lordes rapidamente se viraram, se pondo em posição de contra ataque. Diante deles, um homem encapuzado com uma máscara preta de chifres e roupas metálicas apareceu, era Adão.
— Maldito… — praguejou Hexoth, empunhando sua katana apontada para ele.
Por mais que Hexoth estivesse fervendo para lutar, ele sabia o perigo que Adão representava, a diferença de poderes entre eles era como a imensidão do infinito. Ele sabia que não venceria se não tivesse um plano.
— Há quanto tempo, senhores. Creio que não necessitamos de apresentações… — Adão começou a gesticular com as mãos, sua voz metálica e robótica chegava a causar calafrios.
— O que você quer, ô feioso! Cara feia pra mim é fome, viu?! — gritou Hayakaz, invocando seus punhos ferais.
— “Feioso”? Você diz isso por esta máscara? Eu podia jurar que vocês iam adorar elas, hahaha!
— Elas são realmente muito legais, mas você é um cuzão e ponto final!
— Você perguntou o que eu queria… Eu vim tirar uma enorme pedra do meu…
— Espectro da Excalibur — Antes que Adão pudesse terminar seu monólogo, Arthur rapidamente o golpeou com sua espada, o arremessando para longe. — Você vai precisar de mais do que uma roupa bonita para ficar diante de mim…
— Então você planeja resistir. Isso apenas atrasa o inevitável. — Adão então se levantou, com uma presença imponente, expondo um braço esquerdo tingido de um vermelho intenso como o de um demônio, prenunciando um confronto iminente.
Ele então direcionou uma chuva de lanças impiedosamente contra Arthur, mergulhando ambos em um embate frenético. A intensidade da batalha é tamanha que os lordes se viram impotentes para intervir, subjugados pela aura esmagadora emanada pelos dois contendores, que estavam em um patamar completamente diferente.
Conforme a batalha seguia, Adão atacava incessantemente Arthur, que permanecia intacto graças a sua armadura dourada.
“Maldição!”, pensou Adão, se afastando e se colocando em posição de defesa.
— Realmente impressionante, Rei dos Reis. Sua Wigar realmente é como as lendas contam: A armadura inquebrável do grande Rei Arthur.
Arthur não disse uma única palavra, apenas continuando sua chuva de cortes. Adão rapidamente se viu obrigado a usar feitiços para atrasar os golpes do espadachim.
— Mas até mesmo as lendas têm uma fraqueza! — disse Adão, mudando para posição de ataque investindo contra Arthur.
Numa sequência de trocas de golpes acirrados, Adão, com uma força formidável, golpeou um ponto da armadura de Arthur que não estava revestida. O golpe certeiro atingiu diretamente seu alvo, mas, surpreendentemente, uma resposta imediata ocorreu na forma de um enorme clarão que recaiu sobre Adão, o esmagando contra o chão e quase o partindo em dois.
— Espectro da Excalibur! — terminou Arthur, finalizando seu ataque.
A colisão titânica entre os ataques de Adão e Arthur reverberou no campo de batalha, resultando na derrota momentânea de Adão. Contudo, em um último suspiro de estratégia, Adão disse:
— Você realmente é uma pedra imensa em meu caminho, capaz de ser até menos um mundo inteiro no meu caminho… mas eu sei como vencer você, sua única fraqueza. — Ele então começou a se desfazer em poeira, olhando para seu corpo com surpresa. — Entendo… parece que não tenho mais tempo por agora. Em breve nós nos veremos, senhores.
Adão então desapareceu diante deles, os deixando repletos de dúvidas sobre o que ele planejava, mas de uma coisa eles sabiam: Arthur seria um imenso aliado nessa guerra.