Volume
Capítulo 11: Os Três Santos.
Do outro lado da fenda, os lordes se encontraram diante de uma majestosa catedral, cuja grandiosidade era realçada pela luz do sol que lentamente se dissipava, sinalizando o início da noite mais caótica que já haviam vivenciado.
— Certo, qual é o plano? — questionou Hayakaz, ansioso por uma estratégia.
— Vamos fazer do nosso jeito! — respondeu Hexoth com um sorriso confiante, lançando um olhar para Hayakaz.
— Do nosso jeito, hehe! — concordou Hayakaz enquanto estalava os dedos. Em questão de segundos, seus punhos, com uma aparência bestificada, atingiram o portão de entrada, arremessando-o para longe e esmagando vários dos soldados que estavam de guarda.
O estrondo da entrada forçada ecoou por toda a catedral, alertando os guardas para a presença dos intrusos.
— Olha só, parece que temos companhia — observou Hayakaz, com seus punhos e pés transformados em partes que lembravam escamas de lagarto.
À medida que avançavam pela catedral, os lordes enfrentavam uma crescente resistência, com os guardas se reunindo em uma formidável força defensiva, erguendo seus escudos ornamentados com brasões dourados, que formavam uma parede imponente diante deles.
— Não podemos perder mais tempo — advertiu Garrik enquanto disparava incessantemente contra os guardas, que tentavam em vão bloquear os projéteis.
— Capturem-nos, eles são os traidores que destruíram a pri… — tentou dizer um dos guardas, antes de ser interrompido por Hexoth, cuja lâmina o cortou rapidamente. — Corte Sombrio.
Conforme avançavam pela catedral, mais guardas se uniam à defesa, enchendo a visão dos lordes com seus brasões dourados, criando uma barreira de metal diante deles.
— Não podemos mais perder tempo, precisamos ir atrás da garo… — começou a falar Garrik, mas antes que pudesse terminar, uma flecha atingiu seu ombro, forçando-o a recuar.
— Eu sabia que vocês viriam — declarou um elfo que surgiu à frente deles. Sua pele escura, cabelos dourados e olhos de safira eram características marcantes. Ele vestia uma armadura finamente trabalhada e um capuz marrom cobria seu pescoço.
Ao mirar seus olhos frios em Garrik, ele proferiu — Principalmente você, Amaldiçoado!
A aparição do elfo gelou o sangue de Garrik e trouxe à tona memórias do pesadelo visto na biblioteca. A tensão no ar era palpável.
— O quê?! Você deveria estar morto! — protestou Garrik, com calafrios percorrendo seu corpo.
— Garrik, você conhece esse sujeito? — perguntou Hayakaz, cutucando levemente o ombro de Garrik.
— Ele me conhece... E me conhece muito bem — respondeu Sebastian sombriamente, puxando seu arco e preparando uma flecha. — Por que não conta para eles o criminoso que você é?
— Corte Sombrio! — Uma névoa negra envolveu Hexoth enquanto sua lâmina quase cortou o pescoço do elfo. — Não temos tempo para joguinhos. Saia do meu caminho!
—Argh! Não atrapalhe a minha mi… — Antes que o elfo pudesse terminar, um enorme círculo mágico surgiu sob ele, com outros três aparecendo acima de cada lorde.
— Aqueles que tentarem interferir na execução serão tratados como inimigos da igreja e serão punidos como tal! — A voz de Klaus ecoou pelo salão, fazendo Hexoth cerrar os dentes.
Antes que pudessem reagir, os quatro foram engolidos pelos círculos mágicos e transportados para salas separadas.
Hayakaz logo percebeu que estava em um ambiente úmido, com uma fina camada de água lamacenta cobrindo o chão. Pequenas árvores decadentes se erguiam à distância, criando uma atmosfera de pântano. Diante dele estava um nyancaller, vestindo uma armadura prateada ornamentada com safiras, seu pelo vermelho cobria apenas sua cabeça e um sorriso malicioso enfeitava seu rosto.
Garrik se encontrou em um vasto salão de festas, onde espadas estavam fincadas no chão como se fossem lápides, e um enorme lustre bloqueava quase todo o teto. Diante dele estava Sebastian, arco em punho, apontando em sua direção.
Hexoth estava confinado em uma sala fechada com formato de cúpula, onde o chão estava coberto de terra e grama, como uma colina imensa. Diante dele estava Rick, um homem alto e robusto, vestindo uma armadura branca que cobria todo o corpo, exceto pelos olhos e boca, e portando uma enorme espada montante em suas costas.
— Seja bem-vindo ao seu tribunal, Orc Demônio. Eu, Rick, O Touro Santo dos Santos de Airobolg, julgarei seus pecados — declarou Rick, sacando sua espada em direção a Hexoth.
— Santos de Airobolg? Você não parece celestial para mim — respondeu Hexoth com desdém.
— Somos o esquadrão de elite da igreja, e meu dever é exterminar você, aqui e agora!
— Eu não tenho tempo para isso, saia logo do meu caminho! — respondeu Hexoth, enquanto a névoa negra ao seu redor crescia, quase cobrindo seu corpo inteiro.
— Uma sombra paira sobre você... Deixe-me acabar com sua here…
— E o que você sabe sobre ela?! Vocês da igreja não passam de uma doença que deve ser destruída! — Hexoth correu na direção de Rick, movido por fúria, com sua espada pronta para derramar sangue.
À medida que os dois se envolviam em um combate feroz, cada movimento era uma dança de destreza e força. Hexoth, enfrentando os ataques brutais de Rick, retrocedia gradualmente sob a pressão dos golpes que o atingiam com a força de um martelo descomunal. Independentemente da intensidade e fúria dos golpes desferidos por Hexoth, eles eram incapazes de penetrar a armadura impenetrável de Rick, que respondia com golpes igualmente ágeis e letais.
— Corte Sombrio! — Hexoth concentrou suas energias sombrias e lançou seu ataque, desencadeando uma onda de sombras em direção a Rick. No entanto, a investida não causou sequer um arranhão em sua armadura. Até mesmo a Presas de Serpente de Hexoth não conseguiu encontrar qualquer brecha nas defesas impenetráveis de Rick. Era como se este fosse o predador natural de Hexoth, contra o qual todos os seus recursos se mostravam inúteis.
— Esmagamento do Touro! — Num movimento veloz, Rick desapareceu de vista e atacou Hexoth por trás, arremessando-o contra a parede. — Acabou, demônio nefasto — Sua montante atravessou o peito de Hexoth impiedosamente, selando seu destino.
“Isso não tá acontecendo! Não dá pra acabar assim!”, Hexoth pensou desesperadamente, lutando para manter os olhos abertos enquanto sua consciência se desvanecia.
O impacto do ataque de Rick reverberou por toda a catedral, chamando a atenção de Sebastian.
— Parece que Rick já concluiu o trabalho… — afirmou Sebastian com uma expressão surpresa e animada.
— Como você está vivo?! Eu vi você morrer! — exclamou Garrik, preparando seu arco com descrença.
— Eu não devo satisfações a alguém que cometeu tantos crimes como você… — respondeu Sebastian, cruzando os braços com firmeza. — Você deve responder pelos crimes de “genocidio”, “traição” e “tentativa de rebelião”… Renda-se em honra aos nossos nobres governantes
Frustrado com a situação, Garrik disparou suas flechas contra Sebastian, que as bloqueou com maestria, valendo-se de um feitiço de proteção. Mesmo atirando incessantemente, Garrik não conseguia penetrar as defesas do outro elfo.
— Cale-se! Não importa se você é meu irmão mais velho. Eu vou matar você se continuar chamando aqueles monstros de “nobres”! — declarou Garrik, com uma massa de água começando a rodeá-lo, formando uma espiral ao seu redor.
Sebastian sacou seu arco e iniciou uma chuva de flechas direcionadas a Garrik. Mesmo que as flechas d'água fossem formidáveis, elas não eram páreas para as flechas de Sebastian, que gradualmente retalhavam Garrik.
"Droga! Assim não vai dar certo!", pensou Garrik, procurando refúgio atrás de uma espada montante fincada no chão.
— Escondendo-se de sua traição... Lamentável... As chamas de Flammendorf punirão você… — provocou Sebastian.
— Disparadores Tubarão! — Rapidamente, Garrik emergiu de trás da espada e convocou suas pistolas. — Não mencione o nome daqueles desgraçados que só pensam em si mesmos!
Garrik disparou uma sequência de tiros em direção a Sebastian, que, apesar de esquivar de muitos, foi atingido por alguns. Sebastian, com nojo evidente em seu rosto, percebeu que os disparos eram capazes de feri-lo.
— Flammender Bogen… — murmurou Sebastian enquanto sacava seu arco novamente, desta vez envolto em chamas. Ao puxar a corda, uma flecha de fogo se formou em sua mão.
Diante do projétil flamejante, Garrik sentiu o suor escorrendo de sua testa, uma sensação que não experimentava há muitos anos.
— Agora... Pague pelos seus crimes em silêncio…
Ao disparar a flecha, o local inteiro se iluminou, cobrindo Garrik em chamas antes mesmo que ele pudesse reagir ao ataque, explodindo totalmente a torre onde estavam situados.
Em uma torre mais abaixo, as explosões próximas mal podiam ser ouvidas, pois o discurso de Dante ecoava pelo local.
— Eu, Sir Dante, o Grande Lobo Vermelho, dos Santos de Airobolg, irei expur...
— Ta. E o que mais? — interrompeu Hayakaz, forçando seus olhos a permanecerem abertos.
— Como eu dizia... Eu, Sir Dante, o Grande Lo…
— Chaaaaato.
— Como eu dizia! Eu! Sir Dante! O Grande Lobo Vermelho! Dos Santos de...
— Dá pra terminar isso logo? Eu quero ajudar o Hexoth na luta, sabe?
— Mermão, dá pra calar a boca?! — Dante já tinha seu olho esquerdo tremendo.
— Argh... Chato pra caramba! Garras de Lagarto! — Hayakaz saltou na direção de Dante, transformando seus braços em partes de lagarto.
— Eu que o diga! — Dante sacou sua espada da bainha e partiu para cima de Hayakaz.
À medida que a batalha se intensificava, Hayakaz percebeu que a espada de Dante era afiada o suficiente para penetrar sua Garras de Lagarto e rapidamente deu alguns passos para trás.
"Vou precisar mudar de estratégia...", pensou Hayakaz.
Observando o ambiente ao seu redor, Hayakaz avistou um galho danificado e deteriorado, que pingava incessantemente a água arremessada pelos tremores dos golpes nas proximidades.
"É isso!", pensou ele.
Com agilidade surpreendente, Hayakaz encontrou o momento perfeito para se afastar, evitando por pouco os ataques de seu oponente. Em seguida, com um movimento calculado, fincou suas mãos no chão, desencadeando uma cortina de água que surgiu instantaneamente, como se a própria natureza respondesse ao comando de Hayakaz. A água ergueu-se em cascata, formando uma barreira temporária entre os dois combatentes.
— Aparece, seu merdinha! — gritou Dante, vasculhando os arredores enquanto empunhava sua espada
— Asa de Águia! — De maneira súbita, as penas de Hayakaz cortaram as costas de Dante, em um movimento ágil e preciso. Ele atacava e recuava várias vezes, aproveitando-se das cortinas de água que oscilavam no ambiente.
Cada corte fazia com que Dante fosse lançado em direção oposta, apenas para ser arremessado novamente em seguida. Mesmo quando tentava usar sua espada para bloquear os ataques, Hayakaz demonstrava uma força inabalável, conseguindo, mesmo assim, lançar Dante.
— Seu maldito! — Dante cravou sua espada no chão, buscando apoio para evitar ser arremessado mais uma vez.
— Já chega, Danio. Você não tem a menor chance contra mim, cara. — Hayakaz, habilmente, voava pela sala, cercando Dante como um urubu à espreita de sua presa.
— Não é "Danio", seu retardado! É "Dante"! — Dante ergueu as mãos, prontas para se defender. Quando parecia que Hayakaz o acertaria mais uma vez, uma parede de água turva surgiu para interromper o ataque. — Manipulação de Lodo, Ninho da Hidra!
Hayakaz lançou um olhar zombeteiro para Dante: — Olha só. Então é por isso que tinha todo esse lodo pela arena... Eu pensei que você só tinha um péssimo gosto pra decoração mesmo.
— Quieto! Manipulação de Lodo, Dez Punhos de Tritão! — De repente, dez mãos formadas de lodo emergiram do chão e avançaram sobre Hayakaz, que se via incapaz de cortá-las.
Após uma série de golpes violentos, Hayakaz começou a recuar gradualmente, enquanto a pressão dos socos se tornava cada vez mais intensa e implacável.
— Vamos dar fim a isso... Manipulação de Lodo, Punho de Troll! — As dez mãos transformaram-se em um único punho, muito maior e mais poderoso.
O punho gigantesco atingiu Hayakaz, que não teve tempo de se transformar e foi arremessado com violência contra a parede. Ao colidir com o chão, seu corpo ficou parcialmente encoberto pelos escombros da parede e ele aos poucos perdia sua consciência.