Volume 1
Capítulo 103: Adeus, Onilda II
Scarlett se concentra, gira seu cajado, conjura múltiplas bolas de fogo e atira em Onilda, que flutua para longe. Enquanto ela se afasta, Onilda se esquiva e apara alguns projéteis; com magia da Glaucidium, ela manipula um pouco do magma para atacar com projéteis mais fortes, pesados e resistentes.
Scarlett também faz o mesmo, além de direcionar as chamas que caem do céu para a região onde Onilda está. A situação fica empatada por algum tempo, até que Scarlett se esforça mais, para conjurar algo forte novamente.
— Agora eu posso usar de novo... Magnum Crepitus!
Scarlett sacrifica seu cajado para gerar uma grande destruição, esse poder se expande e cobre Onilda, que ainda tenta resistir. O poder é grande e a fere gravemente, deixando sua mente frágil também. Esse poder faz com que a Orbis fique neutra, sem favorecer nenhuma das duas, além de perder força. Ambas estão flutuando em uma Orbis que imita o espaço vazio e escuro.
Onilda usa Glaucidium para iluminar o lugar, criando também algumas estrelas e uma lua, Scarlett a vê e usa seu anel para atirar um raio negro, banhado com poder corrupto e maligno, Onilda se concentra e contra-ataca com um raio branco e dourado.
“Ela está usando magia das trevas, poucos conseguem usar magia vil carregada de tanto ódio e rancor, é muito poder corrosivo para alguém comum; quem mais a está ajudando assim?”
Os poderes das duas se chocam, formando uma disputa de poder e energia. Inicialmente Onilda está com vantagem, por ter mais experiência, e por Glaucidium dar algum bônus contra magia das trevas.
Quanto mais Onilda ganha a disputa, mais a Orbis reflete sua luminosidade, criando mais estrelas e luas ao redor. Scarlett invoca alguns meteoros e cometas, ferindo Onilda, o que a desconcentra, forçando-a a se defender deles. Isso atrapalha a disputa e permite que Scarlett ganhe.
O raio atinge Onilda e faz com que seu corpo paralise e pouco a pouco fique preto, seco e sem vida. Scarlett se aproxima e agradece.
— O “rei” e sua cultura tiraram uma magia bem útil e única, agradeço por ter seres como você, que criam “alternativas”.
— A magia teleporte! Então era isso, então?
— Vai gastar seus últimos suspiros em um sermão, “Mestra Onilda”?
— Você os usou para roubar essa técnica?
— Rupert e Meena? Não, eu estou usando eles para muito mais... Eu realmente acredito no potencial deles, claro, se forem bem direcionados.
— Deixe-me fala...
Scarlett faz um gesto com a mão e atrasa o seu encantamento, mas ele ainda mantém Onilda presa, ela respira fundo e com sinceridade pede:
— Deixe-os ir... Você mesma falou que pode ter o que quiser, há muitos dos quais você pode ir atrás e converter.
— Você quer tanto levá-los daqui?
— Sim! Eles não são como vocês do Império...
— Sou mais do que uma mulher do Império, “Mestre Onilda”, e se engana, pois seus antigos pupilos são como eu e os outros que manejam o destino melhor para Arbidabliu.
— Por favor...
— Você é uma velha tola. Na derrota e sem nada para oferecer em troca, ainda deseja negociar o que comigo?
Scarlett ativa seu poder novamente, que começa a atingir o pescoço e o rosto de Onilda, que diz com dor:
— Não custava tentar... E além do mais... Eu precisava de mais tempo!
Uma estrela cadente atinge Scarlett, e em seguida Glaucidium surge à frente dela.
— Como isso?
Onilda grita com força e ódio.
— Magnum Crepitus!
Glaucidium explode, tirando as duas da Orbis Absolute. Isso impede que Scarlett mate Onilda, mas a deixa fadigada e um pouco zonza. A batalha mental da Orbis ocorre em um tempo rápido, usando pouco tempo real.
Rupert, Meena e Khan ficarão pouco tempo observando as duas em transe e temendo que algo ruim aconteça com elas. Ao saírem do transe, Onilda cambaleia, e Scarlett se joga no chão, simulando derrota.
— A mestra de vocês está louca!
— O que houve?
— Ela me colocou dentro desse poder mágico dos magos e tentou contra minha vida... Minha mente! Assassina!
— Não pode ser...
— É isso que vocês dois também vieram fazer? Matar?
— Não!
— Vocês estão com ela ou comigo?
Onilda não consegue falar, pois está usando o pouco de sua energia para respirar e se concentrar no que está acontecendo. Em sua mente, ainda torce para que Rupert e Meena confiem nela, lembrando que os ensinou que não se pode levar qualquer um para dentro de uma Orbis Absolute.
— Rupert... Meena...
Ambos ficam preocupados e se aproximam de Onilda.
— Mestra, por que a senhora fez isso?
Khan ajuda Scarlett a se levantar e ouve dela, escondido dos outros.
— Já peguei o que eu queria, precisamos eliminar o problema agora.
Onilda se agarra firme em Rupert, e Meena e afirma:
— Infantes! Confiem... Eu vim... Eu vim aqui por vocês, por todos vocês...
Secretamente Khan ativa um pergaminho mágico, que manipula rapidamente o corpo de Onilda. Por ela estar fraca, seu corpo é manipulado sem esforço; no controle, Khan faz com que Onilda avance e ataque Scarlett, que grita.
— Um ataque! Eu falei que ela está louca!
Rupert e Meena seguram e afastam Onilda de Scarlett, Onilda se debate e se livra do encantamento. Assustada, ela olha para Khan e revela brava:
— Você! Khan seu traidor!
— Eu não fiz nada.
Scarlett aproveita e retruca:
— Ela está acusando tudo e todos novamente, tudo há culpa, menos ela. Meninos, ela precisa ser controlada, parem ela a todo custo!
Khan se aproxima para atacar Onilda, mas é parado por Meena.
— Espere!
Onilda está furiosa e, por estar fraca, o seu ódio ganha força e a faz agir impulsivamente. Ela atira uma magia em Khan, jogando-o perto de Scarlett, e se dirige a Rupert e Meena:
— Vamos embora daqui agora! Precisamos sair!
Scarlett se aproxima e usa magia para fazer uma adaga surgir na mão de Onilda.
— Veja! Ela quer matar vocês também.
Meena bate em Onilda e a desarma.
— Desculpe, mestra, mas você precisa parar agora!
Scarlett se vira para Khan e com o olhar diz para ele tentar mais uma vez o plano, Khan ativa o poder de controle mais uma vez. Onilda tentar resistir, mas Scarlett potencializa esse encantamento e se coloca em risco.
Scarlett se coloca na frente do golpe de Onilda, o que faz parecer que ela está protegendo Meena do golpe de Onilda.
— Meena. cuidado!
Scarlett se fere, e Meena empurra Onilda para trás; ela cambaleia e se afasta.
“Eles estão cegos, eu vim confiante, mas... mas... Eu estou fraca... Eu preciso tentar fugir de alguma forma.”
Onilda ativa as penas que vieram com ela, paralisando todos ao redor. Ela adquire a forma de um soldado comum e decide fugir disfarçada; ao se virar, ela vê que suas pernas estão presas e teme.
— O que é isso?
Rupert está livre do encantamento de Onilda e a ataca.
— Rupert, pare!
— Mestra, se renda! Você atentou contra todos aqui e quer ir embora assim?
— Rupert, por favor...
O poder da ilusão de Onilda some e ela gesticula com a mão para fazer seu encantamento novamente, Scarlett vê isso e grita para Rupert.
— Ela vai te atacar, cuidado!
Rupert mira seu ataque, Khan usa seu poder para ajudá-lo, mas, disfarçadamente, faz com que o golpe de Rupert atinja o peito de Onilda para matá-la, ao ver Rupert atacando-a, Onilda abaixa a guarda e não consegue agir contra ele.
“Não posso feri-los, jamais faria isso... Mas eles fizeram isso comigo... O que vocês se tornaram... Foi minha culpa?... Por quê?... Triste...”.
Meena e Rupert se espantam ao ver a lâmina da espada atravessar o corpo, matando na mesma hora. Mas a lâmina não matou Onilda, pois seu corpo foi trocado de lugar pela sua fiel amiga Opofrelse, que se sacrificou por ela. A coruja cai no chão, deixando Meena e Rupert espantados.
— Rupert! O que você fez?
— Eu não sei, não entendo...
Scarlett fica angustiada por saber que Onilda fugiu, mas, antes que perca a moral dos seus novos filhos, ela os abraça e ameniza a situação.
— Se acalmem! Ela estava desorientada, não foi culpa de vocês, e ela está bem, afinal, ela fugiu e está viva.
Rupert e Meena estão tristes por Opofrelse, mas não conseguem chorar.
— Mas eu sinto por Opofrelse.
— Era como uma filha para...
Scarlett os abraça mais forte para confortá-los e amenizar a culpa.
— Era só uma coruja, usada para proteção, assim como vocês também eram, ela não hesitou em usar a “coruja de estimação” dela para se salvar.
Meena e Rupert estranham e comentam.
— Não, não pode ser!
— Se fosse assim, ela teria usado isso antes.
Scarlett tenta usar o poder do seu anel, mas não surte efeito; mesmo assim ela tenta convencê-los com a ajuda de Khan, que revista Opofrelse.
— Já aconteceu e não tem como voltar... Olhem! Eu já disse que todos os lados necessitam de sacrifício e ela fez o dela, cabe a vocês aceitarem isso também.
— Verdade! Ouçam nossa rainha... Rupert e Meena, vejam! Olhem o que essa coruja está usando, uma espécie de equipamento, claramente preparada para o combate, não acredito que Onilda veio aqui só para conversar.
— A mestra não é assim.
— Não era... As pessoas mudam assim como vocês... Vamos entrar! O dia hoje foi muito agitado e com muita informação, vocês precisam descansar.
— Mas e a Opofrelse?
— Não se preocupem. Por conhecê-los bem e pelo apreço que vocês têm por sua antiga mestra, eu mesmo vou encaminhar o corpo para um ritual digno.
— Obrigado...
— Não agradeçam, é um prazer ajudá-los, somos uma família agora, meus filhos... Khan, leve-os e cuide bem do bem-estar deles.
— Sim, senhora.
Khan leva Rupert e Meena para descansar enquanto Scarlett se delicia com a vitória, olhando para o corpo de Opofrelse sendo levado para seu grupo especialista em ocultismo.
— Perfeito, a velha fugiu, mas deixou um presente. Dentro da Orbis, eu adquiri informação para replicar esse poder tão raro e pouco lembrado pelos aliados e inimigos do Império... Tolos, agora nós teremos mais uma vantagem; com o corpo da coruja, eu posso descobrir mais sobre esse poder.
Um dos servos questiona Scarlett:
— Minha senhora, descobriu algo a mais nessa magia de “transportar”?
— Sim, essa coruja usou o poder para trocar de lugar com sua mestra, esse detalhe eu não imaginava, acredito que precise ou se crie um vínculo com o animal ou item.
— Isso é um problema.
— Vamos descobrir e veremos o grau do problema... O que é isso?
Scarlett vê o porquê de não ter conseguido usar mais o poder do seu anel, ele está quebrado.
— Quando isso aconteceu?
Scarlett se lembra do último poder usado por Onilda dentro da Orbis e tem certeza de que ela usou o poder desde o início da batalha para destruir a fonte de seu poder.
— Aquela velha! De onde ela tirou tanto poder para fazer isso?
Scarlett tira o anel com cuidado para levá-lo para ser restaurado. Ao tirá-lo de seu dedo, um encantamento é ativado, Scarlett ouve em sua mente a voz de Onilda.
“— Para os tolos que não conhecem os limites da Orbis Absolute, eu recomendo que voltem às aulas básicas de magias e encantamentos, pois o maior de todos os tolos é aquele que se acha mais inteligente que os outros.”
O anel se desfaz em pó, o cristal dele cai e vira água, a mão de Scarlett fica trêmula, e ela fica paralisada de tanta raiva.
— Ela destruiu meu anel... Eu vou caçá-la, isso não termina aqui... Eu farei de tudo com esse bicho de estimação morto para localizá-la... Ainda ouvirão falar muito de mim, “Mestra Onilda” e seus aliados também...