Volume 3
Capítulo 2: Algo aconteceu com o Clube de Clássicos?
HOUTAROU OREKI
DIZER "GOSTEI MUITO DISSO" PODE PARECER FÁCIL, MAS NA VERDADE É UMA TAREFA BASTANTE difícil. Em vez da possibilidade de diferença no nível de compreensão de alguém, um fator mais importante seria a diferença no nível de interesse de alguém. Ao assistir a uma apresentação de mágica, uma pessoa densa não entenderia nem um centésimo do que estava acontecendo. Por outro lado, se alguém tivesse a habilidade de ver através de um truque de mágica, então não importa quanto entretenimento ele possa ver, embora ele tente desfrutar daquilo do fundo do coração, não há como ele ter desfrutado satisfatoriamente.
Era de manhã e eu estava caminhando para a escola mais cedo do que de costume, pois hoje começa o Festival Cultural da Escola Secundária Kamiyama. Vendo Fukube Satoshi repetindo constantemente "Ahh, estou tão ansioso para aproveitar isso", me senti obrigado a dizer-lhe maliciosamente o que foi dito acima, ao que Satoshi respondeu com um sorriso assustador e balançou a cabeça lentamente.
— Uma excelente ideia, é o que eu queria dizer, mas você é muito inocente, Houtarou.
— Ah? Como assim?
— De uma pessoa como você, que foi criada com nada além de grosseria, a ponto de pensar em me dar um sermão sobre a minha empolgação para o festival, você é muito inocente. — ele disse, enquanto levantava o seu dedo indicador e balançava ele pra direita e para a esquerda, como se atuasse.
— Claro, eu já sabia que era inútil tentar me divertir. O aspecto mais importante do epicurismo é conseguir separar os sentidos uns dos outros. É tão importante quanto o dia em que você finalmente decidir desistir da sua economia de energia e realmente estudar para uma prova.
— Nem ferrando que esse dia iria chegar. De qualquer maneira, qual é a dessa separação de sentidos? O que isso tem a ver com você dizer que vai se divertir?
— Tudo bem, deixe-me esclarecer para você. Primeiramente, eu não diria algo como "Eu vou me divertir muito", apesar de eu ser uma pessoa facilmente agradável. Você sabe no que eu sou bom em ceder? Do ponto de vista do Houtarou, o Grosseiro.
Você sabe? Satoshi gesticulou, finalizando sua fala. Te olhando rapidamente, já que eu não tinha a intenção de descredibilizá-lo, eu não disse nada. Sentindo que não tinha a intenção de responder, ele abaixou a sua voz como se estivesse me contando um segredo e disse, — Mesmo se eu não for bom em me divertir…
…
Ele deu um sorriso de canto a canto.
— Eu ainda posso aguardar que as pessoas me dêem a sua diversão!
Ah, cara.
Ignorando a minha expressão fria, Satoshi continuou a falar como ele ainda iria "se divertir com isso". Eu não podia fazer nada além de ficar quieto e soltar um sorriso amarelo.
Fukube Satoshi. Eu tenho andando por aí com esse cara desde o fundamental. Quanto a sua aparência, Satoshi era uma figura magra com olhos castanhos que podia ser confundida por uma garota quando vista de longe. Por mais que pudesse parecer um fracote, ele desenvolveu alguns músculos incríveis nas pernas devido ao seu hobbie de pedalar.
Apesar disso, suas características reais residem em seu estado mental. Você pode ter percebido isso em nossa conversa agora há pouco; ele pode ser bastante enérgico ao abandonar casualmente os estudos e a vida social. Já membro do Clube de Artesanato e da Comissão Geral, decidiu aderir também ao Clube de Clássicos simplesmente porque "parecia interessante".
Ele nunca foi visto sem seu bornal em mãos, apesar de eu não fazer ideia do conteúdo do mesmo. Tudo o que eu posso dizer é que contém todo tipo de coisa.
Na estrada à frente, pudemos ver o surgimento da Escola Kamiyama. As paredes externas não foram pintadas de rosa por causa do Festival Cultural e, vistas de longe, não pareciam diferentes de qualquer outra escola regular. No entanto, no seu recinto floresciam todo o tipo de actividades relacionadas com o Festival Cultural. Para preparação do festival, as aulas foram suspensas desde ontem.
A aparência dos alunos que se dirigiam para a escola parecia diferente hoje. Embora houvesse muitos em seus uniformes, também havia muitos de outros clubes em roupas casuais. E foram muitos os que não levaram consigo nenhuma mochila, pois não havia necessidade de trazer nenhum material escolar. Devido a tais discrepâncias, até eu podia sentir a expectativa de que algo diferente do habitual estava para começar.
Embora a Kamiyama High School seja uma escola voltada para estudantes que ingressam na universidade, ela não tinha tantas aulas complementares, nem tinha um histórico particularmente alto de estudantes ingressando em universidades famosas. Se você perguntasse aos alunos da Escola Kamiyama qual era sua especialidade, apenas um em cada dez diria que ela é especializada em vestibulares. Os outros nove responderiam "É uma escola conhecida pelas suas vibrantes atividades de clube relacionadas às artes". Existem muitos tipos de clubes relacionados às artes na escola, e suas atividades também são diversas. E o destaque dessas atividades seria, claro, o Festival Cultural, raro entre os colégios pela quantidade de dias, sendo um dia de preparação e três dias inteiros para o evento principal.
Satoshi, de repente, aumentou o tom de sua voz, com animação.
— Além disso… Ei, Houtarou, aquela não é a Mayaka?
Ele apontou para uma garota na nossa frente. Ela estava vestida com uma roupa casual composta por um cardigã vermelho e calças brancas de brocado, mas eu não sabia dizer se ela era Ibara Mayaka por trás. Embora eu a conheça desde o ensino fundamental, raramente a vi com roupas casuais desde aquela época. Mas se Satoshi diz que é ela, então tem que ser.
Por muitas vezes, Ibara confessou seu amor a Satoshi, mas embora Satoshi não caísse na auto-aversão, ele optou por evitar seus avanços várias vezes. Eu não conseguia entender por que ele fazia isso, mesmo que eu quisesse.
— Eu vou na frente — ele virou e disse, antes de sair correndo em direção à garota à nossa frente.
SATOSHI FUKUBE
À medida que avançava, tive certeza de que era realmente a Mayaka. Embora procurar Houtarou no meio da multidão fosse como tentar procurar uma agulha em um palheiro, não havia como eu confundir Mayaka com outra pessoa. Corri e dei um tapinha no ombro dela.
— E aí, Mayaka. Bom dia!
Conhecendo-a, ela teria olhado para mim e dito: "Ei! Isso dói!". Foi por isso que só bati nela suavemente. Embora parecesse que Mayaka não parecia estar com esse humor hoje, quando ela ficou rígida e virou a cabeça lentamente.
— Dia…
Ela murmurou apenas isso e virou-se para frente. Ahh, entendi. Exclamei para mim mesmo e sorri (que é o que faço bem; há muito esqueci como fazer uma cara séria) e respondi à ansiedade de Mayaka.
— Sua fantasia caiu bem em você.
— S-Sério?
— Então, de quem você está fazendo cospla…
Não consegui terminar a frase, pois senti uma pontada no estômago. Boa mira. Devido a esse golpe, meus músculos abdominais perderam rapidamente a força, então seu efeito foi imediato. Mayaka sussurrou com um olhar perigoso em seus olhos. — Não use esse termo na frente de pessoas normais.
Bem, não acho que as palavras "brincar com fantasia" seriam consideradas tabu hoje em dia. Embora eu entenda que Mayaka está se sentindo muito envergonhada com isso, então eu não diria nada. Aliás, eu já sabia que ela estava planejando fazer cosplay hoje. O Clube de Mangá de Mayaka pediu permissão ao Comitê Geral para aparecer com roupas casuais. Como não havia vestiários suficientes na escola, a Comissão Geral concedeu essa permissão.
Mayaka usava calças de brocado esbranquiçadas e um cardigã escarlate. Era um traje pragmático, capaz de resistir aos ventos frios do outono do início de outubro. Alguns acessórios estavam presos ao seu cardigã, e por dentro ela usava uma camisa de colarinho branco e um cinto grosso enrolado em seu abdômen. O ponto principal provavelmente seria esse cinto. Eu olhei para a sua fantasia da cabeça aos pés. Hmm, eu não faço a mínima ideia. Acho que vou perguntar de novo.
— Então, que fantasia é essa?
Como um rato tentando não alertar o gato, escolhi cuidadosamente as palavras certas para que Mayaka aceitasse minha pergunta. Ela rapidamente olhou para frente e disse, de maneira imparcial:
— Frol?
— Frolbericheri Frol? Você está usando a fantasia dela?
— Sim… eu também comprei essa bolsa de mão.
Eu não entenderia o que ela estava se referindo, mesmo que ela dissesse isso. Bem, afinal, era isso que Mayaka queria vestir. Quando ela soube que seu clube exigiria que ela fizesse cosplay, por ser a pessoa tímida que ela é, ela com certeza escolheria um personagem difícil de reconhecer.
Ibara Mayaka. Como eu era um cara, ela era bem mais baixa que eu, mas quando menina, ela era bem mais baixa que os outros. Se ela não estivesse vestida com seu uniforme de marinheiro, sem dúvida seria confundida com uma criança do ensino fundamental. E agora, Mayaka não estava vestida com seu uniforme de marinheiro. E não é apenas sua estatura que é pequena, só de observar as características de seu rosto, pode-se dizer que Mayaka tinha cara de bebê.
No entanto, era difícil descobrir o vigoroso senso de justiça de Mayaka a partir da expressão infantil que emanava de seu rosto. Por exemplo, quando ela está com raiva, ela simplesmente morde os lábios. Naturalmente, nada substitui o sorriso com que ela nasceu. (Por outro lado, pelos anos que passei com ele, Houtarou, com certeza tem olhos ruins por não ser capaz de perceber isso.)
É melhor eu parar de olhar para alguém fazendo cosplay de um personagem que ela não tem vontade de fazer, então comecei a girar meu bornal e disse: — Bem, de qualquer forma, boa sorte com seu papel. Vou aparecer no Clube de Mangá mais tarde.
Mayaka demonstrou uma leve timidez, enquanto concordava suavemente com a cabeça.
— Você tem que contribuir com artigos para o Clube do Mangá também, certo?
— Sim.
— Eu li… deve ser difícil, exercer posições parecidas tanto no Clube de Mangá como no Clube de Clássicos.
— É difícil. Já que mais ninguém estava disposto a colaborar.
Eu estava originalmente planejando parabenizá-la por seu trabalho duro, mas de repente seu olhar ficou afiado. Ops, parece que a conversa está indo na direção errada. Para o manuscrito do Clube de Clássicos chegar tão tarde, não importa como se olhe, eu não poderia oferecer nenhuma desculpa. Então, decidi mudar de assunto.
— Ah… então, Mayaka, você vai ficar no Clube de Mangá o dia inteiro?
Apesar de ela não parecer satisfeita com o fato de o assunto ter mudado, ela concordou.
— Você vai passar pelo Clube dos Clássicos?
— Não, é praticamente impossível para mim sair do Clube de Mangá pela manhã. Além disso, não vale a pena para mim só passar por lá… eu realmente deveria ter levado as coisas até o final.
Eu melhorei o meu sorriso e dei tapinhas nas costas de Mayaka.
— Tente não pensar muito nisso! Não há nada que possa ser feito até que você tire isso da cabeça.
Mayaka deu um sorriso ambíguo e acenou com a cabeça diante das minhas palavras. Não, isso não parece certo. Um sorriso tão desanimado não é o que faz Mayaka parecer ótima.
Mesmo que Mayaka tenha dito que está bem com isso, há ocasiões em que Houtarou expressa dúvidas quanto à minha evasão de seus avanços. Bem, Houtarou nunca foi de bajular as pessoas. Eu poderia contar a ele o motivo, mas não tinha certeza se ele entenderia nem um décimo. Para começar, este é um problema apenas entre mim e Mayaka, então não importa se Houtarou entende ou não.
Antes que percebêssemos, já havíamos chegado aos portões da escola. Virei-me para dar uma olhada nos portões, que tinham flores enormes e coloridas penduradas sobre eles. Este foi o árduo trabalho da Comissão Geral, feito para receber os visitantes do Festival Cultural. Uma faixa pendurada do lado de fora de uma das janelas do prédio da escola dizia "42º Festival Cultural da Escola de ensino médio de Kamiyama".
E então, assim começa.
Eu me pergunto se estou fazendo uma cara de quem está tentando aproveitar tudo isso. Enquanto eu estava em transe olhando para o terreno da escola, Mayaka de repente me cutucou com o cotovelo.
— Fuku-chan, tente não fazer nenhuma bobagem durante o Festival Cultural, ok? Mesmo que você não ache constrangedor, seria constrangedor para mim.
Bom, acho que eu não sou tão confiável assim, né?... Mas isso não significa que eu não vou fazer nada!
HOUTAROU OREKI
Tem um objeto duro dentro do meu bolso, e já faz um tempo que ele está me incomodando.
Era a caneta-tinteiro, ou para ser mais preciso, o lixo conhecido como caneta-tinteiro inutilizável. A tinta havia acabado há muito tempo e minha irmã me confiou para cuidar dela. Ontem à noite, como não queria simplesmente jogá-la no chão, levei-a para o meu quarto, com a intenção de jogá-la lá fora. Mas parece que acabei trazendo junto com meu lenço. Embora seja praticamente inútil agora, quem sabe qual o papel que desempenharia com o passar do tempo.
Brinquei com a caneta, colocando e tirando a tampa, emitindo um estalo, enquanto subia as escadas. Meu destino era a sala do Clube dos Clássicos, no quarto andar.
Vista de cima, a Escola de Kamiyama aparece em forma de H. De um lado, ficava o bloco geral com suas salas de aula regulares, enquanto do outro lado ficava o bloco especial, com suas salas de aula de artes e ciências. Eles são unidos no meio por um corredor. Vista mais de cima, avistava-se o corredor do bloco geral que se estendia em direção ao Ginásio.
A sala de geologia, que é utilizada pelo Clube dos Clássicos como sala do clube, está localizada no bloco especial. Fica no canto, no final do corredor. Se a Escola de Kamiyama fosse o mundo inteiro, então esta seria a sua periferia. Normalmente, amaldiçoamos a distância da sala do clube e, ao mesmo tempo, nos sentíamos gratos por quão serena ela era. No entanto, com o Festival Cultural chegando, tivemos que considerar outro fator, o fato de estarmos localizados em um canto tão remoto da escola significa que é duvidoso que iremos receber visitantes.
Em cada andar, você veria pôsteres, mascotes e painéis publicitários em todos os diferentes tons de cores, embora isso seja apenas até o terceiro andar. No quarto andar, tudo o que você consegue é uma paisagem árida. Você nem verá anúncios de shopping centers ou redes de lojas. Para começar, não há muitos clubes aqui.
Mesmo assim, colocamos alguns cartazes em alguns locais imperdíveis promovendo o Clube dos Clássicos, mas nem isso foi suficiente para animar o clima deste lugar esquecido por Deus. Pessoalmente, prefiro este tipo de tranquilidade, mas é problemático para o Clube dos Clássicos como organização, especialmente para a sua presidente, que o vê como algo bastante preocupante.
Eu deslizo a porta da sala de geologia. A garota sentada no centro dessa pacata sala ficou de pé ao me ver entrar.
— Bom dia, Oreki-san — ela disse, se curvando veementemente, enquanto seus longos cabelos escuros acompanhavam seu movimento. Essa era Chitanda, a presidente do Clube de Clássicos. Eu deduzi que ela foi a primeira a chegar.
Chitanda Eru é uma garota com cabelos pretos que se estendem até as costas e pupilas da mesma cor. Gentil em seu comportamento, ela era bastante alta e tinha boas proporções para uma garota. Seu jeito calmo de falar dá a impressão de que ela é uma senhora elegante e com uma educação de prestígio. De fato, ela é filha única do clã Chitanda, conhecido por ser dono de grandes extensões de terras agrícolas.
Entretanto, se você me perguntar, essa imagem de garota japonesa elegante não é a verdadeira natureza da Chitanda.
Entre suas características maduras, apenas seus grandes olhos traem seu verdadeiro caráter. Possuindo um senso de curiosidade que já explodiu muitas vezes antes e continuará a explodir no futuro, esta era Chitanda Eru. Desde que entrei na escola, eu e o Clube dos Clássicos estivemos envolvidos em muitos eventos incômodos graças à sua curiosidade. O lema da minha vida sempre foi: "Se eu não precisar fazer algo, não farei. Se precisar fazer, farei rapidamente". Mas até agora não consegui aderir a isso e é tudo culpa dela.
Chitanda levantou a cabeça e deu um sorriso suave. Embora suas emoções sejam um livro aberto, ela raramente expressa seus sentimentos de maneira exagerada. Em vez disso, ela faz isso com moderação.
— O dia finalmente chegou.
— Parece que sim.
— Vamos dar o nosso melhor!
— Sim.
Eu concordei com a cabeça. Olhando para a pilha de objetos alinhados entre mim e a Chitanda, eu gemi.
— Você diz para darmos o nosso melhor, mas você tem ideia de como vamos resolver isso?
Estamos falando de nada menos que a antologia de ensaios do Clube dos Clássicos, "Hyouka". Um nome bastante estranho para um título; quanto ao motivo de ter um nome tão estranho, é uma longa história. Cada volume foi lindamente encadernado com um revestimento de vinil que passou por tratamento de superfície adesiva. Em sua capa marrom escura, havia uma ilustração de um cachorro e um coelho mordendo um ao outro. O design da capa foi derivado do primeiro volume de "Hyouka", que foi feito em estilo aquarela, embora este ano Ibara tenha decidido desenhá-lo em um estilo fofo. Objetivamente falando, não parecia nada mal.
As pessoas que trabalharam nesta antologia incluíam a mim e a Chitanda, e embora Satoshi tenha contribuído, ele apenas participou na escrita da sua parte do manuscrito. Claro, mesmo depois que o manuscrito foi concluído, a antologia não seria concluída imediatamente. Ainda haveria trabalho de confirmação do número de páginas, escolha da fonte e do tipo de papel correto, organização dos manuscritos, colocação dos números das páginas, Et cetera, antes de enviá-los à editora para impressão. Tudo isso ficou para Ibara, que também trabalhou nas demais ilustrações.
Embora tenhamos sido consultados sobre questões relativas à concepção da antologia, estávamos apenas confirmando as escolhas de Ibara. Vendo como parecia problemático para ela ter que trabalhar em tantos detalhes, tanto Chitanda quanto eu nos oferecemos para ajudá-la muitas vezes.
Mesmo assim, Ibara recusou nossas ofertas, dizendo que ela está acostumada a fazer essas coisas, então não é grande coisa para ela, e como ela pode facilmente lidar com essa quantidade de trabalho. Além disso, ela disse que seria muito incômodo ensinar um amador do zero. Ao ouvi-la dizer isso, Chitanda decidiu desistir de ajudar.
E assim, a antologia "Hyouka" estava finalmente completa. De fato, foi um trabalho bem feito. Muito bem feito. Ao ver o resultado final, Ibara ficou sem palavras. Quando ela nos trouxe antes de ontem, nós também ficamos mudos.
...A pilha de objetos alinhados entre mim e Chitanda eram as antologias "Hyouka". Em vez de "pilha", "monte" seria uma descrição mais apropriada. Até mesmo "montanha" não soaria errado.
Antes, tínhamos planejado apenas fazer um pedido para imprimir trinta exemplares de "Hyouka". Pegando um para nós, um para nosso supervisor e um para guardar para arquivamento, sobraria vinte e quatro, que era o número que esperávamos vender.
No entanto, o número de cópias, de alguma forma, acabou sendo mais do que esperávamos.
Meio que sete vezes maior.
Eu percebi que mesmo para uma antologia tão fina como essa, duzentas cópias delas empilhadas juntas eram o suficiente para formar uma "montanha".
— Hmm… Mesmo que dar o nosso melhor não possa garantir tudo, nós definitivamente iremos conseguir alguma coisa!
O problema seria quanto esforço deveríamos fazer então, mas…
A porta atrás de nós se abriu; foi Satoshi. Levantando o braço direito, ele nos cumprimentou.
— E aí! Vejo que vocês estão preocupados com o nosso estoque excessivo.
Bem, assim como você.
Mesmo tendo uma variedade de palavras que podem ser usadas para se referir ao dilema em que estamos, Chitanda ainda se curvou profundamente, assim como o fez para mim.
— Bom dia, Fukube-san… Como está Mayaka-san?
— Ah, ela disse que vai tentar vir, mas provavelmente não vai conseguir.
— Entendo — ela sussurrou, arrependida. Era de se esperar. Embora Chitanda e eu não sejamos afiliados a nenhum outro clube, exceto o Clube dos Clássicos, Satoshi está de mãos atadas ao Comitê Geral e ao Clube de Artesanato, enquanto Ibara passa o tempo como bibliotecária e no Clube de Mangá. Durante o Festival Cultural, Satoshi estaria ocupado patrulhando o local como membro do Comitê Geral, enquanto ouvi dizer que Ibara é obrigada a permanecer no Clube de Mangá por algum tempo.
— Então, devemos começar?
Satoshi e eu concordamos. Olhando para nós, um por um, Chitanda começou a falar calmamente.
— Não temos muito tempo até a cerimônia de abertura começar… Então, alguém tem alguma ideia de como conseguiríamos vender tantas cópias de "Hyouka"?
O preço de "Hyouka" foi definido a 200 ienes.
Esse foi o preço decidido por Ibara e Chitanda depois de muito cálculo. Originalmente, queríamos vender 30 cópias a 400 ienes cada. Como esperávamos vender todos eles, os lucros obtidos junto com o financiamento do nosso próprio clube seriam suficientes para cobrir os custos de impressão.
Mas agora temos 200 cópias de "Hyouka". Não é exatamente um erro extremamente trágico, e a impressão de cópias excessivas também significou que pagamos muito menos por cada volume. Se vendêssemos todos os 200 volumes, poderíamos baixar o preço para 120 ienes por cópia e ainda assim conseguir arcar com os custos de impressão.
Mas não era plausível esperar que todos eles fossem vendidos, então, levando isso em consideração, nos contentamos com 200 ienes cada, embora precisaríamos vender 120 cópias para igualar o faturamento ao custo de produção. Chitanda eventualmente decidiu esse preço, embora vender 120 cópias ainda soa bastante otimista... Ainda assim, como fiquei quieto, não planejava reclamar depois, de qualquer maneira. Afinal, 200 ienes é bem barato para uma antologia vendida em um Festival Cultural.
A propósito, mesmo que vendêssemos todos eles, não seríamos capazes de lucrar com isso. Como o Festival Cultural da Escola de Kamiyama proíbe expressamente os clubes de lucrar. Embora eu tenha ouvido histórias de pessoas que ocasionalmente conseguiam embolsar 1.000 ienes para si mesmas, qualquer quantia acima disso acabaria no tesouro nacional, desculpe, quero dizer, no tesouro da escola.
(Zuzu: Parece que nem o Japão tá puro.. kk)
Há cerca de mil alunos na Escola de Kamiyama, então, para atingir o ponto de equilíbrio entre o custo e o faturamento, precisaríamos vender para 12% do corpo discente. Para vender todas as cópias, precisaríamos atingir 20%. Esta foi uma tarefa bastante difícil. Para usar as classificações de TV como analogia, até mesmo um leigo saberia como é difícil para um programa atingir 20% de audiência.
Para começar, nosso mercado não se limita a essas mil pessoas. O Festival Cultural da Escola de Kamiyama é gratuito para todos, por isso até mesmo as pessoas comuns da cidade compareceriam. Como o Festival Cultural acontece de quinta a sábado, a maioria dos visitantes opta por visitar no sábado, terceiro dia. Mas não tenho como adivinhar quanto eles contribuiriam para as vendas.
Além disso…
— O problema está na dificuldade de reconhecer o nome do Clube de Clássicos e em sua péssima localização geográfica.
— Sim, eu concordo que esse é o maior obstáculo.
Eu tenho o mesmo posicionamento quanto a ambas opiniões.
Já mencionei acima o quão desvantajosa era a localização da sala de geologia. Para o reconhecimento do nome do Clube dos Clássicos, é ainda pior. Quase todos os alunos da escola nem sabiam da existência do Clube dos Clássicos. Na verdade, se eu não tivesse me inscrito neste ano, o clube teria sido totalmente abolido. Ao contrário do Clube do Chá, que era conhecido pelas suas cerimônias de chá ao ar livre, ou do Clube de A Capella, conhecido pelas suas capacidades, quem vai comprar a antologia de um clube do qual nunca ouviu falar?
Então, temos o nome e a localização. Eu falei.
— Em outras palavras, nós vamos precisar de um local mais conveniente para vender, assim como uma maneira mais eficiente de promover o nome do nosso clube.
— Bem, óbvio — Satoshi disse, como se dissesse que nós venderíamos tudo se conseguíssemos ambas as coisas. Claro que eu sabia disso, mas é justamente por não conseguirmos alcançá-las que estamos perdidos.
Enquanto isso, Chitanda concordou em admiração.
— Achar um novo local para vender… E todo esse tempo eu estava pensando em como trazer todos os clientes para cá. Oreki-san, essa ideia é realmente inovadora.
— Er… não é exatamente inovadora…
— Mas conseguiremos permissão para mudarmos para um novo local simples assim?
Quem sabe? Isso é o departamento do Satoshi, já que ele faz parte do Comitê Geral. Mas ele balançou a sua cabeça em negação.
— Não tenho certeza. Embora seja possível simplesmente mudar para qualquer espaço, o Clube dos Clássicos receber tal privilégio é relativo. Então você terá que perguntar ao presidente do Comitê Geral, ou mesmo ao próprio presidente do conselho estudantil.
— Quem é o presidente do Comitê Geral?
— Tanabe-senpai, do segundo ano. O Comitê Geral realizará reuniões na sala de conferências de vez em quando, então você poderia tentar ir lá dar uma olhada.
— Por que você não faz isso?
Satoshi mordeu os seus lábios e balançou a cabeça ambiguamente.
— Bem, eu poderia fazer isso… mas eu não sou tão confiante em negociações desse tipo. Chitanda-san, talvez seja melhor você tentar um diálogo com eles, enquanto eu te ajudo.
Entendo, essa poderia ser uma boa maneira de fazer isso. No entanto, Chitanda parecia um tanto desconfortável. Embora ela possa ser uma garota enérgica, como Satoshi, ela provavelmente também não estaria confiante em fazer um pedido tão irracional. No entanto, ela não podia esperar ajuda de minha parte, pois eu também sou péssimo nesse tipo de coisa.
A situação no momento não era motivo de alegria. Mesmo assim, Satoshi parecia muito alegre. Bem, esse é Fukube Satoshi para você, ele pode até estar gostando de tantas dificuldades. Como se estivesse saltando, ele falou.
— Ao invés disso, eu preferiria fazer propaganda.
— Propaganda, né? Então como você vai fazer isso?
— Bom, isso é um segredo.
Eu tenho uma péssima sensação sobre isso. Eu não consigo pensar em um plano secreto do Satoshi que poderia funcionar.
— Que? Você tem uma boa ideia?
Isso deixou a Chitanda interessada, o que fez com que Satoshi estufasse o seu peito.
— Há muitas competições e corridas realizadas durante este Festival Cultural, por isso pensei em juntar-me a elas com o nome de Clube dos Clássicos. Ao conseguir um bom resultado, aumentaríamos a popularidade do clube!
— Isso é uma ótima ideia!
Afinal, como isso é uma ótima ideia? Eu levantei minhas sobrancelhas porque Chitanda estava claramente sendo enganada. Satoshi basicamente queria participar pessoalmente de todas essas competições e corridas. Para começar, ainda estará Satoshi participando, só que o nome da entrada será o do Clube de Clássicos.
Mas ainda assim, não é um método ruim, já que não temos outra forma de divulgar o nosso clube. Era possível que realmente desse certo. Olhei para o relógio e disse: — Então está praticamente decidido? Chitanda irá solicitar um novo local de venda e Satoshi fará a publicidade.
— Sim, então é melhor irmos logo. Mas o que você vai fazer, Oreki-san?
Eu? Na verdade, eu tinha um plano. Um plano para contribuir grandemente para a venda de "Hyouka", enquanto me mantenho fiel ao meu lema. Eu limpei a minha garganta e disse solenemente: — Eu vou…
— Sim?
— Ficar e tomar conta das vendas.
Chitanda piscou seus olhos, enquanto Satoshi murmurou como se tivesse percebido alguma coisa.
— É mesmo… se não, ninguém mais ficará aqui.
— Sim, você está certo. Alguém precisa ficar e tomar conta das vendas.
E então? Nenhuma reclamação.
— Bom, agora que está tudo decidido, nós deveríamos começar a trabalhar. Nós não temos muito tempo — eu disse, enquanto olhava o relógio na parede.
Faltavam apenas dez minutos para o início da Cerimônia de Abertura. Mesmo o Festival Cultural e o Dia do Esporte não estavam isentos de registro de presença, levando em consideração que os alunos ficariam espalhados nas salas de seus clubes supervisionando suas exposições, a presença seria registrada durante a assembleia matinal todos os dias. Em outras palavras, seremos considerados atrasados se não chegarmos à Cerimônia de Abertura a tempo.
Assentindo fortemente, Chitanda tossiu. Respirando fundo, ela disse de uma só vez: — Então vamos prosseguir com nossas tarefas atribuídas. Devemos tentar vender o maior número possível de volumes. Nossa meta é vender todas as 200 cópias de 'Hyouka'! Vamos dar tudo de nós!
…Bem, vamos dizer que eu nem estava pensando se conseguiríamos vender todas as 200 cópias.
(200 CÓPIAS RESTANTES)
ERU CHITANDA
CERCA DE MIL ALUNOS ESTAVAM AMONTOADOS NO ESCURO GINÁSIO, QUE TINHA as janelas cobertas por cortinas, e por ser hoje um dia bastante quente de outubro, o ginásio acabou ficando abafado. Dentro do ginásio havia uma luz que brilhava no palco, mas mesmo agora essa luz estava apagada, então estava escuro como breu lá dentro. Mas durou apenas um momento, pois no momento seguinte um holofote brilhou sobre um estudante; era o presidente do conselho estudantil. Ele era uma pessoa bastante alta e de aparência intrépida, que dizia falar eloquentemente, condizente com um presidente do conselho estudantil.
O presidente caminhou em direção ao microfone e olhou ao redor do salão enquanto respirava fundo. Ele então declarou em voz alta, omitindo completamente qualquer prefixo: "Declaro aberto o 42º Festival de Kanya!" Quando a voz do fundo de seu abdômen fluiu, os mil estudantes da escola de Kami imediatamente explodiram, em alvoroço. A cerimônia de abertura do Festival Cultural da Escola de Kamiyama havia começado.
De acordo com o "Guia do Festival Kanya" publicado pela Comissão Geral, o Clube de Breakdancing conduzirá a cerimônia de abertura com a sua atuação. Tenho vergonha de admitir que nunca vi pessoas dançando break antes. Embora eu saiba que tem algo a ver com dança, não sei exatamente como as danças podem ser quebradas. Eu me pergunto se isso tem algo a ver com os artistas quebrando alguma coisa no palco?
(N/R: A Chitanda interpreta a palavra “break” no literal. O "break" em "breakdance" não se refere a "quebrar" coisas fisicamente, mas está relacionado ao "break" da música — ou seja, a pausa ou batida destacada em uma faixa musical, onde os dançarinos costumam mostrar suas habilidades.)
Enquanto luzes vermelhas, amarelas, azuis e verdes brilhavam no palco, a performance desconcertante começou. Olhei para cima, me perguntando de onde as luzes brilhavam e vi pessoas ocupadas movendo o equipamento de iluminação na passarela acima do palco. Provavelmente é preciso muita prática para poder mover essas luzes tão rapidamente em um padrão ordenado. Se eu tiver oportunidade, devo perguntar como eles dominaram essa habilidade.
Fumaça foi emitida por trás do palco enquanto o estrondo se acalmava brevemente. À medida que a fumaça se dispersava, duas pessoas de cada lado vieram voando da esquerda e da direita, e ao mesmo tempo, uma música de fundo estrondosa foi tocada. Era um som eletrônico vibrante. Será que a imagem que isso transmite era de espaço? Em sintonia com a música, quatro pessoas começaram a dançar.
Então isso é breakdance? Os dançarinos pareciam estar girando uma chave na fechadura e balançavam os braços e batiam as pernas como se estivessem nadando de peito. Dançando em uma variedade de movimentos, eles pareciam realmente muito ativos. Seria rude chamá-los de não-humanos? Como seus movimentos de dança inorgânicos pareciam realmente fascinantes.
Ah, eles pularam!
Ah, eles giraram!
Ah! Eles ficaram de pé pelas mãos!
Desta vez eles começaram a girar em pé sobre as mãos. Mas será que eles ficariam bem com todo o calor causado pela fricção de suas cabeças contra o chão? O cabelo deles não seria arrancado por muita fricção? Estou curiosa sobre isso.
A dança então acelerou o ritmo, tornando-se cada vez mais rápida; Eu não conseguia mais dizer como eles moviam os braços e as pernas. Isso é incrível. A música também explodiu ao máximo... Hmm, esse som alto está começando a machucar meus ouvidos. Não sou muito boa com sons altos. Em pouco tempo, quando o grupo de holofotes convergiu para o centro do palco, os quatro dançarinos pararam em perfeita imobilidade assim que a música terminou. A multidão deu uma resposta em voz alta; Eu também dei ao Clube de Breakdancing minha esmagadora aprovação.
A segunda música começou a tocar, no ritmo de alguma música folclórica africana. Foi bem diferente da música anterior. Eu fiquei bastante curiosa para descobrir como eles dançariam aquela música. Além disso, eu também estaria interessada em assistir a apresentação do Clube de Rakugo depois... Não, não devo me deixar levar.
Tendo recuperado o juízo, notei um grande número de estudantes saindo do corredor. Eles provavelmente são responsáveis por vigiar suas barracas ou se preparar para os eventos do clube. Sem atrapalhar a apresentação do Clube de Breakdancing, saí silenciosamente do salão.
Corri pelo corredor, andando com passos mais longos do que normalmente faço. Vi alguns alunos decorando a porta da sala de aula com papel dourado e prateado, embora parece que não falta muito tempo. Eu me pergunto de que clube eles são. Eles pareciam tão frenéticos que tive vontade de ajudá-los. Não, não devo! O próprio Clube dos Clássicos está em uma situação grave.
Enquanto pensava em como dizer a minha fala, cheguei à sala de conferências. De acordo com o "Guia do Festival Kanya", o Comitê Geral parece estar baseado aqui.
A sala de conferências está situada no segundo andar do bloco geral. Como o ginásio está diretamente ligado ao bloco geral, a caminhada não foi nada longa. Então, em pouco tempo, aqui estava eu, diante da sala de conferências. Era como qualquer outra sala de aula, exceto que tinha uma placa colada na porta de correr que dizia "sala do comitê geral". Bati na porta.
…
Hmm?
— Tem alguém aí?
Sem resposta. Eu tentei abrir a porta, mas estava fechada.
Sim, pensando bem, como havia saído no meio da Cerimônia de Abertura, não era estranho que ninguém da Comissão Geral tivesse retornado ainda. Parece que cheguei muito cedo.
De alguma forma, fiquei um pouco ansiosa porque não queria perder tempo. Em tal situação, eu deveria respirar fundo. Então, inspirei profundamente e expirei lentamente. Mais uma vez, inspire, expire.
Eu olhei à minha volta, e não parecia ter ninguém do Comitê Geral vindo nessa direção.
No quadro de avisos ao lado da porta, havia um cartaz cativante de promoção do Festival Cultural. Já vi muitos outros cartazes de Festivais Culturais nas dependências da escola e na vizinhança, mas esta foi a primeira vez que vi este. Foi desenhado em um estilo mangá, com o qual Mayaka-san deve estar familiarizada. Mostrava dois estudantes, um menino e uma menina, se preparando para o Festival Cultural. Os personagens pareciam fofos enquanto as roupas que usavam pareciam reais, era possível sentir a incrível originalidade que emanava delas.
Se houvesse uma reclamação a fazer, seria o título, "O 42º Festival de Kanya". Seu nome oficial deveria ser Festival Cultural da Escola de Kamiyama, já que "Festival Kanya" não evoca realmente um bom significado. Quanto ao porquê, é bastante difícil de explicar. No canto do pôster estavam escritas as palavras "Comitê Executivo do Conselho Estudantil". Por se tratar de um pôster feito pelo Comitê Executivo, acho que deveriam evitar usar o nome "Festival Kanya".
Afastei meus olhos do pôster e olhei ao meu redor mais uma vez, mas ainda não havia ninguém vindo. Só me faltava essa. Devo continuar esperando aqui? Mas não temos muito tempo.
Não, nessas horas eu deveria me acalmar. Mais uma vez respirei fundo, inspirei, expirei... Ok, mais uma vez…
— Posso te ajudar?
— Waah~
Como acabei de inspirar profundamente, não pude deixar de soltar um grito. Como fiquei surpresa, não consegui suprimir um som tão estranho. Tentei agitar os braços para explicar que não estava fazendo nada suspeito.
Inclinei a cabeça para a pessoa que me chamou e disse: — Bom dia. Você é o Presidente Tanabe, da Comissão Geral? — Eu já vi essa pessoa antes na "Edição Mensal da Escola de Kami" do Clube do Jornal, então ele era definitivamente o Presidente Tanabe do Comitê Geral. Usando pequenos óculos de armação no rosto oval, seu cabelo curto e bem cortado dava a imagem de uma pessoa de aparência séria. Tanabe-san pareceu um pouco surpreso antes de me cumprimentar educadamente.
— Ah, bom dia. Sim, eu sou o Tanabe… posso te ajudar?
— Sim.
Eu concordei e disse as palavras que pratiquei tantas vezes de antemão.
— Por favor, realoque a tenda do Clube dos Clássicos.
— Que?
Os olhos de Tanabe-san se arregalaram. Ah, não, negligenciei minhas maneiras. Prestando atenção às minhas maneiras, repeti meu pedido.
— Sinto muito, esqueci de me apresentar. Sou a presidente do Clube dos Clássicos, Chitanda Eru, da Classe 1-A. Viemos aqui com um pedido; gostaríamos que você, por favor, realocasse uma nova área para o Clube dos Clássicos.
Tanabe-san levantou suas sobrancelhas e sua expressão pareceu confusa. Desconfiado, ele falou.
— Eu não entendi o que está acontecendo, mas…
Ele olhou pra mim como se estivesse prestes a dizer algo difícil.
— Visto que nós já organizamos a maioria das coisas do Festival de Kanya, você vir aqui de repente e solicitar uma nova área é um pedido meio difícil.
— Então não vai ser possível?
— Desculpe.
Entendo. Pode ser problemático, mas não pode ser evitado se não puder ser feito. Sinto muito, Mayaka-san, Fukube-san, Oreki-san. Chitanda Eru não conseguiu cumprir sua tarefa.
— Entendo, obrigada pela sua informação — Eu queria dar meus cumprimentos adequadamente, mas acabei falando essas palavras suavemente. Enquanto eu saía e pensava no que fazer a seguir, Tanabe-san me chamou.
— Não, espere. Isso se enquadra como o procedimento normal. Se você possuir alguma circunstância complicada, nós podemos ouvir o que você tem a dizer, mas eu não consigo prometer que vamos conceder o seu pedido.
Circunstância… Agora que penso nisso, negligenciei completamente a explicação da minha situação. Oreki-san sempre me repreendeu pelo meu péssimo hábito de ir direto ao ponto principal sem me explicar adequadamente. De qualquer forma, eu não deveria desperdiçar a boa vontade de Tanabe-san. Eu me virei e fiquei diante dele.
Eu tentei explicar a minha história. Com detalhes.
Deveríamos fazer um pedido de impressão de 30 exemplares, mas acabamos com 200 exemplares. Para começo de conversa, isso não foi culpa de Mayaka-san, pois eu também dei uma olhada na folha de pedidos, e Mayaka-san também fez questão de fazer o pedido corretamente de 30 cópias. Porém, ao mesmo tempo, ela também fez outro pedido para imprimir 200 exemplares para sua própria antologia. Por que ela faria tal pedido, eu não sabia. Mas o problema surgiu quando descobriu-se que a editora havia confundido o pedido de "Hyouka" com sua própria antologia. Mayaka-san culpou-se por não ter verificado o suficiente, mas ninguém poderia ter previsto tal erro.
Contei a Tanabe-san todo o processo também. Não fui capaz de contar a história brevemente, mas durante todo esse tempo, Tanabe-san simplesmente ficou parado e ouvindo.
— Isso parece difícil.
Depois de muito pensar, ele disse com prudência: — 200 exemplares, hem? Nem o Clube de Mangá conseguiria vender tanto. Entendo o desejo de procurar uma nova barraca para vender mais exemplares, e gostaria muito de ajudar... Mas qualquer outro clube poderia ter enfrentado tal situação, então simplesmente não é possível fazermos uma exceção especial ao Clube dos Clássicos, sabe?
Realmente, não só o Clube dos Clássicos que se depararia com tal situação. Eu já sabia disso de antemão, mas...
— Então não é possível?
Tanabe-san balançou a cabeça, suavemente…
— Desculpe-me.
Mas desta vez, depois de dar os meus cumprimentos e virar-se para sair, Tanabe-san deu alguns conselhos por trás.
— Mas sabe, se você der as suas antologias a outros clubes para que eles vendam em nome do seu clube, nós não nos importarmos com isso.
E-Entendo, eu nunca soube que tal método existia! Como eu poderia não ter pensado nisso antes? Na verdade, se colocássemos as nossas antologias em barracas existentes, não seria considerado que o Clube dos Clássicos recebeu tratamento especial.
— Essa é uma ideia brilhante — Sem perceber, eu me senti aliviada. — Muito obrigada. Eu vou considerar isso! — eu disse, e me curvei profundamente. Parando pra pensar, lá na sala de geologia, o Fukube-san prometeu me acompanhar até o Comitê Geral e me ajudar no nosso pedido. Eu me pergunto o que aconteceu com ele.
SATOSHI FUKUBE
HAHAHAHAHAHAHA.
Ah, cara. Isso é muito hilário, simplesmente não consigo conter o riso. Minha racionalidade me diz que essa piada é um tanto boba, mas mesmo assim acabei rindo alto. Acho que poderia continuar o dia todo.
Eu conhecia os dois caras no palco, eles eram do Clube de Rakugo. (Falando nisso, seu nome é apenas uma fachada oficial, já que ao invés do estudo de Rakugo, o Clube de Rakugo da Escola de Kamiyama estava mais focado em Manzai e comédia stand-up. Não tenho ideia se existe algum clubes que realmente estudaram a arte do Rakugo.
— Uau, com certeza já faz muito tempo que não jantamos sushi em uma sala de tatame. Já passamos um bom tempo lá, é melhor chegarmos em casa rápido ou nos atrasaremos.
— Certo.
— Inclusive, eu não me importo de dar uma carona, mas quando você vai descer? Desde que eu comecei a dirigir, você tem dado risadinhas enquanto me encara por um bom tempo.
— Sabe, você tem um johnny* enorme…
— Sim, sim, sim. Olha, eu estou me preocupando com você. Melhor chegarmos em casa logo… qual é a graça?
— Hihihi… e depois?
— Sabe, você estava chorando de rir enquanto dizia — Minha perna ficou bamba, você acha que eu vou conseguir pisar nos freios? — Seria perigoso você dirigir, não?
— Eu acho.
— Eita, eu acidentalmente pisei no acelerador.
— Você é quem está dirigindo perigosamente!
Hahahahahahahaha.
(N/T: Não consegui entender o humor. Provavelmente é algum trocadilho de teor sexual que só faz sentido em inglês e não faz sentido na tradução, visto que "johnny" é uma gíria pra "camisinha".)
MAYAKA IBARA
SAÍ DO GINÁSIO ASSIM QUE A CERIMÔNIA DE ABERTURA ENTROU NO INTERVALO, quando a apresentação de breakdance terminou. Antes de sair, me virei para olhar para o ginásio escuro e abafado e vi que apenas metade dos alunos havia ficado para trás.
Para ser sincera, tenho vontade de me juntar aos outros do Clube dos Clássicos. Errei em não verificar com a editora, então sinto que tenho que assumir a responsabilidade. Por outro lado, também percebi que isso se devia em parte ao fato de eu não querer ir ao Clube de Mangá.
Não é como se eu não gostasse do Clube de Mangá. Embora minhas expectativas em relação ao clube fossem diferentes de antes de entrar na escola, gosto do Clube de Mangá do jeito que é agora. Já que mangá é algo que você deve gostar do fundo do coração. No entanto, só porque pessoas com os mesmos interesses estão reunidas não significa que não haverá atrito entre elas.
...Essa sensação pesada que tenho sentido desde o início não é tão boa. Provavelmente sou o tipo de pessoa que só vê o lado ruim das situações. Eu deveria estar aproveitando o privilégio que o Festival Cultural me concedeu de usar este cardigã e calças de brocado nas dependências da escola.
A sala Clube de Mangá está localizada na sala de preparação nº 1, no segundo andar do bloco geral. Comparada à sala de geologia do Clube dos Clássicos, sua localização foi uma bênção, pois fica bem ao lado das salas de aula regulares. Do lado de fora, no corredor, havia uma placa nada chamativa que dizia "Clube de Mangá". Foi desenhado pela nossa presidente Yuasa Naoko-senpai.
A porta deslizante foi deixada aberta, já que esperava-se que os clientes logo chegassem para visitar a nossa barraca.
— Bom dia.
Não querendo parecer muito com a maneira educada de Chi-chan cumprimentar as pessoas, tendo a pronunciar isso como "Bom DIA". Não é exatamente especial nem nada parecido, só que ainda não vi ninguém pronunciá-lo dessa forma em mangás e romances.
— Ah, Ibara. Você veio.
Quem estava me cumprimentando de coração aberto era Kouchi Ayako-senpai, do segundo ano. Além de ser muito ativa e experiente, seus trabalhos também são de alto nível, o que a torna uma figura central no Clube de Mangá. Foi ela quem sugeriu que o Clube de Mangá escolhesse aleatoriamente os membros para fazer cosplay. Como foi ela quem propôs isso, ela também estava fazendo cosplay hoje.
Sua fantasia de estilo chinês provavelmente foi feita por ela mesma. Não era nem um cheongsam nem um traje de Mao, mas mais parecido com o de um sacerdote taoísta. Ela usava calças roxas com aparência peluda e um vestido com longas mangas amarelas caindo até o chão. As mangas foram cortadas nas laterais, permitindo que os braços saíssem por dentro. O vestido que ela usava era principalmente vermelho, embora a cor ao redor da área do peito fosse um pouco diferente.
Um vestido chinês original como esse teria sido mais fofo, então era simplesmente uma imitação. Em sua cabeça havia um chapéu largo, do qual pendia um talismã na frente, cobrindo seu olho direito. Enrolada em seu corpo havia uma faixa amarela, embora provavelmente fosse feita de uma grande fita. Como Kouchi-senpai tinha cabelo curto para começar, seu olhar aguçado e constituição mediana significam que ela parecia perfeita para esse personagem.
— Isso é um Jiangshi?
— Oficialmente, deveria ser chamado de um fantasma chinês.
Kouchi-senpai examinou minha fantasia de cima a baixo e, ao ver meus pés calçados com os sapatos habituais usados nas instalações da escola, disse: — Você precisa colocar mais esforço nos sapatos.
E de repente a conversa mudou para mim. Embora eu não pretendesse usar essa fantasia apenas para ficar bonita, eu não queria que ela, entre todas as pessoas, me dissesse isso. Por um momento, a atmosfera ficou tensa… já que fui a única que resistiu a ideia de fazer qualquer cosplay até o fim.
— Ah, bom dia — uma voz soou às nossas costas; era a presidente Yuasa.
Em vez de uma fantasia, a presidente vestia o uniforme escolar de marinheiro da Escola de Kamiyama. Para começar, o objetivo era apenas que os cinco membros encarregados da barraca do clube fizessem cosplay, e a presidente não era um deles. Mesmo eu sendo a única que não fazia cosplay direito, pude sentir a generosidade da presidente Yuasa por ela ser uma pessoa de mente aberta. Em outras palavras, de vez em quando ela podia ser uma pessoa fácil de ler, um pouco como observar um gato sentado na varanda. Em seu rosto macio havia dois grandes olhos com pálpebras duplas. Dando uma olhada na minha fantasia, ela disse: — Você gastou muito fazendo isso?
— Não, eu só paguei pelo cinto.
— Garanta que vai nos mandar o recibo para que possamos pagar pela sua despesa.
— Ah, sem problemas, eu estou bem com isso.
A nossa presidente riu gentilmente, mas eu simplesmente não conseguia me fazer usar os recursos do clube. Mesmo sendo bem mais do que o Clube dos Clássicos tinha, ainda não era muito.
Na verdade, ainda faltava algum tempo até que os clientes chegassem. Eu estava olhando ao redor da Primeira sala de preparação, onde as carteiras estavam alinhadas em forma de C. A peça principal do Clube de Mangá é "Zeamis", a antologia de resenhas de mangá com 100 títulos de mangá do passado e do presente. Quanto ao motivo pelo qual se chama "Zeamis", me disseram que era porque no ano passado se chamava "Kanamis". Quanto ao motivo pelo qual foi chamado de "Kanamis" no ano passado, não me preocupei em perguntar, pois parecia muito bobo. Além disso, os membros podem trazer seus próprios trabalhos publicados, que serão distribuídos gratuitamente aqui para serem vendidos também. Se eles pensam em realmente ganhar dinheiro com isso, eles deveriam só abrir uma barraca de doujinshi.
— E aí.
— Dia.
Conforme o tempo passava, mais e mais membros do Clube de Mangá apareceram.
Parece que havia alguns membros que estavam fazendo cosplay mesmo não precisando. Como nós temos cerca de vinte membros, é natural que panelinhas se formariam.
Os primeiros seriam os meninos. Não sei sobre os outros clubes, mas os meninos na verdade formam uma minoria no Clube do Mangá de Kami. Como resultado, eles se reuniam em torno de pessoas que fossem como eles para descobrir o que deveriam fazer. Eles geralmente são inofensivos.
O outro grupo estava centrado em Kouchi-senpai. Embora não sejam particularmente numerosos, a sua franqueza significa que são considerados a facção dominante. Os membros cosplayers se reuniram em torno de Kouchi-senpai, o proponente da ideia, para discutir como cumprimentar os clientes e, às vezes, o som de algum grito de guerra podia ser ouvido.
— Certo! Vamos começar!
Algo assim.
E depois há o terceiro grupo, que de alguma forma não conseguiu seguir Kouchi-senpai. Pode ser porque eles não gostam de sua natureza turbulenta ou porque sentem que ela é uma hipócrita. E por alguma razão, este grupo...
— Ei, Mayaka, qual é a daquela fantasia?
— Mayaka, posso deixar o troco aqui?
— Mano, me pergunto quando isso vai acabar?
Estava centrado em mim.
Quanto ao porquê, aparentemente eu fui a única que respondeu às provocações da Kouchi-senpai.
A atmosfera não estava exatamente tensa, nem explosiva. Todo mundo está aqui devido ao seu amor por mangá. Mesmo assim, durante todo esse tempo, não tive vontade de vir ao Clube de Mangá. O mínimo que eu poderia fazer pelo Clube dos Clássicos era pelo menos solicitar que o Clube de Mangá vendesse "Hyouka" em nome do Clube dos Clássicos. Se "Hyouka" pudesse ser vendido no Clube de Mangá, então considerando o reconhecimento do nome do Clube de Mangá, poderíamos vender cerca de 20 cópias. No momento está um pouco difícil por causa da atmosfera, então eu esperava que o clima mudasse para melhor o mais rápido possível.
Eu me pergunto o que o Fuku-chan e os outros do Clube dos Clássicos estão fazendo agora. Me pergunto quem está vigiando a barraca.
Argh, eu nem pensei sobre quem deveria vigiar a barraca!
Ninguém iria querer comprar de um clube tão negligente.
— Err, vocês estão abertos?
Uma voz gritou. Parados na entrada aberta, estavam dois estudantes do sexo masculino. Com um sorriso profissional, levantei-me diligentemente e disse com entusiasmo excessivo: — Sim, sejam bem-vindos! Parabéns por se tornarem nossos primeiros clientes!
HOUTAROU OREKI
ESTAVA BEM COMO EU ESPERAVA: NINGUÉM ESTAVA VINDO A SALA DE GEOLOGIA.
É tão quieto, tão pacífico, tão ocioso. Tudo o que se ouvia era o resquício de uma espécie de comoção que emanava do pátio central em direção ao bloco geral. Isso é excelente, viva ao dono da barraca.
… Eu fechei meus olhos e abri novamente, e vi uma "montanha" amarronzada à minha frente. Isso deve ser uma ilusão. A fim de manter a tranquilidade no meu coração, eu pensei que fosse melhor deixar meus olhos fechados.
É claro que eu não tinha intenção de limpar pessoalmente esta montanha. Dentro de "Hyouka", havia um manuscrito escrito por mim. Por alguma razão, como não foi outro senão eu quem conseguiu compilar todas as pistas em relação ao incidente "Hyouka", foi decidido que eu contribuiria com a maior parte do espaço da coluna referente a isso.
Como ninguém sabia exatamente o que o Clube dos Clássicos fazia, o conteúdo de "Hyouka" acabou ficando bastante desordenado. Você nem precisa abri-lo para descobrir o que tem dentro. Chitanda e eu contribuímos para escrever sobre o incidente "Hyouka", Ibara escreveu algo sobre um mangá que ela respeitava, enquanto a coluna de Satoshi era sobre alguma piada sobre um paradoxo clássico.
Como era algo que tinha de ser feito, foi natural que eu quisesse terminá-lo rapidamente, mas isso não significa propriamente que eu não tinha qualquer apego à antologia que escrevi. Se possível, prefiro não jogar fora todos esses 200 exemplares como lixo incômodo quando o Festival Cultural terminar.
Mesmo que eu ignorasse meu apego, ao olhar para a montanha de antologias excêntricas, pensei em como Chitanda e Ibara reagiriam se vissem elas se transformarem em lixo. Não pude deixar de me sentir deprimido com isso.
É por isso que tenho expectativas em relação a Chitanda e Satoshi em suas estratégias. Se eles pudessem, de alguma forma, pensar em alguma campanha publicitária incrível que eu não conseguisse imaginar, eu não iria exatamente invejá-los se isso significasse que o fluxo caótico de clientes atrapalhasse minha tarefa pacífica de vigiar a barraca.
Foi por isso que decidi aproveitar meu momento de paz, por enquanto. Permiti que meu corpo relaxasse, sentindo-me à vontade enquanto fechava os olhos e balançava a cabeça enquanto cedia à sonolência e me inclinava sobre a mesa.
O som da música podia ser ouvido. Era um tom harmonioso e rico.
Comparada com a música techno e tribal do Clube de Breakdancing, prefiro muito mais essa música. Isso significa que a música estava sendo cantada pelo Clube de A Capella no pátio central. Sentei-me suavemente e inclinei-me para a janela. Talvez estivessem acostumados a cantar assim, pois a primeira harmonia foi suficiente para atrair os alunos que vinham assistir de várias janelas do prédio da escola.
Havia cinco estudantes uniformizados, alinhados em fila. Um deles deu um passo à frente e olhou ao redor do pátio central, curvando-se para nós, que viemos observá-los de nossas janelas. Isto foi seguido pelo som de pessoas batendo palmas enquanto ele voltava para a coluna e voltava a cantar.
Então isso foi só um ensaio,hem? Quando ouvi a música deles pela primeira vez, pareceu bastante reconfortante para o ano, o suficiente para "fazer um leão dormir".
Eu dou um longo bocejo.
…Cara, como esperado deles, com seu canto incrível. Meu corpo já sonolento foi lentamente hipnotizado por sua música suave, que parecia uma canção de ninar…
Apoiando-me no parapeito da janela, lutei para ficar acordado, justamente quando pensei que não seria ruim simplesmente adormecer aqui, a música havia terminado. Outra salva de palmas emanou dos blocos geral e especial. Abri os olhos e bati palmas também. Um dos membros do Clube de A Capella avançou para se curvar novamente antes de se juntar aos membros do clube em direção a uma caixa térmica ao lado deles, que foi aberta por outro membro. Eu não conseguia ver claramente daqui, mas parecia que eles estavam bebendo algumas bebidas engarrafadas. Sem dúvida eles estavam se refrescando entre cada música.
Hmm?
Algum tipo de confusão estava acontecendo entre os membros do Clube de A Capella. Eles estavam apontando para a caixa térmica e gritando algo repetidamente. Eles balançaram a cabeça e olharam para a caixa térmica com desconfiança. Aconteceu alguma coisa?
De qualquer forma, parecia que eles não iriam cantar sua segunda música tão cedo, era inútil ficar olhando. Então me afastei da janela e voltei para o meu lugar, bocejando enquanto esperava novamente pelas visitas.
No meio do meu bocejo, eu pude sentir a minha mandíbula doendo.
Alguém apareceu do lado de fora da porta aberta. Uau, isso é uma visita que temos aqui. Ele usava uma camisa esfarrapada presa por alfinetes de segurança e tinha acessórios prateados em todos os dedos e na cabeça. Foi um punk. Por alguma razão, seus olhos pareciam hesitantes, eu me pergunto por que ele veio aqui.
Enquanto eu olhava com desconfiança, o punk perguntou reservadamente: — Err, então, o que está sendo vendido aqui?
— Isso? Ah… estamos vendendo uma antologia.
— Antologia?
O punk passou o seu olhar pela montanha de "Hyouka". Só agora ele percebeu essa montanha amarronzada de antologias empilhadas.
— Com certeza vocês estão vendendo uma quantidade incrível aqui.
— É uma longa história, nós não planejamos vender tantas.
— Eu vou comprar uma.
Uau, um cliente! Minhas maneiras, é melhor eu melhorar as minhas maneiras.
— Isso vai ser 200 ienes.
Droga, eu não pareço educado. Isso é pedir demais de mim.
O punk não pareceu se importar com isso e tirou sua carteira. Por alguma razão, ele abaixou a cabeça como se estivesse se desculpando ao receber de mim a cópia de "Hyouka". Talvez ele estivesse apenas matando o tempo andando por aí? Justamente quando eu estava pensando isso, ele de repente mudou de comportamento.
— Ei, o-o que é isso?!
Hmm? O que? Tem um galo dentro do seu "Hyouka"?
Em vez disso, o punk estava olhando para o pedaço de lixo que coloquei ao lado da montanha de cópias de "Hyouka", a caneta-tinteiro quebrada. Como se encontrasse um tesouro, ele o pegou e olhou para ele com reverência.
— Sim, isso! Isso deve servir!
De repente, ele pareceu encantado, enquanto eu só conseguia olhar com indiferença.
Esquecendo a minha tentativa de ser educado, eu o perguntei sem firulas: — Tem alguma coisa especial nesse pedaço de lixo?
— Que? Ah, me desculpe.
O punk retornou aos seus sentidos.
— Estou no Clube de Moda, então fazemos design de moda, entende? E meio que esqueci de trazer algum acessório de bolso no peito para minha fantasia formal. Mesmo que um lenço normalmente serviria, vai parecer muito normal. Estou ficando sem tempo, então fiquei pensando no que fazer. Então, aqui, o que você acha dessa caneta no bolso do peito? Fica bom, não fica?
O punk sorriu enquanto acariciava e examinava a caneta-tinteiro. Bem, se ele gosta tanto, esse pedaço de lixo talvez tenha alguma utilidade, afinal.
— Você pode ficar.
— S-Sério?
Depois de dizer isso, ele procurou por alguma coisa em seus bolsos.
— Então, pegue isso em compensação.
Ele tirou um distintivo do bolso. Em vez de um distintivo, parecia mais uma etiqueta de plástico numerada com um alfinete de segurança atrás dela. Um design simples.
Enquanto eu estava me perguntando o que era isso, o punk apontou para ele e disse: — Esse é um crachá VIP para o nosso desfile de moda. Basta trazê-lo e vir à sala de moda se estiver interessado. Não se preocupe, nós teremos cuidado ao coordenar sua fantasia. Embora chamemos isso de desfile de moda, você não precisa fazer nenhum movimento especial na passarela. De qualquer forma, vejo você por aí.
Ele disse isso como se estivesse fugindo. Mesmo que você não tenha dito isso tão freneticamente, eu não planejava responder. Então, novamente, mesmo que ele esteja com tanta pressa, aquela fantasia dele seria considerada formal?
Segurei o distintivo na mão e juntei o que o punk havia dito até agora. Basicamente, se eu pegar isso e subir no palco do Clube de Moda, eles vão me transformar em um modelo.
Não, não tenho interesse. Eu o coloquei no meio da mesa.
...De qualquer forma, ele foi nosso primeiro cliente, afinal. À luz dos acontecimentos, cada um de nós, membros do Clube dos Clássicos, levou duas cópias cada, mais uma cópia para o nosso professor supervisor e uma cópia para preservar, o que dá dez cópias. Então isso significa que agora temos 189 cópias restantes.
Isso foi algum progresso. Sentindo-me satisfeito, abri a boca e bocejei novamente enquanto o Clube de A Capella voltava a cantar. Dessa vez, eles estavam cantando uma música pop animada. Hmm, dessa vez não vai ser uma canção de ninar, né?
(189 CÓPIAS RESTANTES)
ERU CHITANDA
Não importa qual das seis músicas eles cantassem, o Clube de A Capella era simplesmente incrível. Eles eram tão bons que bati palmas com tanta força que doeram. Não havia dúvida de que escolher cantar no pátio central permitiu que suas maravilhosas vozes reverberassem pelas dependências da escola. Talvez eles estivessem ensaiando em lugares diferentes antes para descobrir qual lugar tinha a melhor acústica? Estou um pouco curiosa sobre isso.
Sentindo-me satisfeita, afastei-me da janela. Foi então que percebi uma coisa e olhei para o meu relógio de pulso.
…Eh?
Ah não, já é tão tarde? É quase meio-dia! Como o tempo passou tão rápido? Devo realmente parar de me distrair com qualquer coisa que atraia meu interesse, ou não conseguirei terminar minha tarefa.
Mantendo o foco, eu me afastei da janela.
Olhando para trás, em direção ao corredor, vi uma estranha cortina de sinalização da Associação de Feitiços, a placa do Clube de Artesanato que Fukube-san havia se esforçado para fazer e um pôster bastante interessante de uma foto composta do Clube de Fotografia…
Tem algum tipo de vidro que me permita olhar o que está do outro lado sem que eu me distraia?