Volume 1 – Arco 1
Capítulo 26: Lago vazio
Até o final da tarde, houve mais duas discussões que definiram um veredito sobre o assunto do atalho. A persistência do Barão venceu e foi marcado que na manhã seguinte iremos partir pelo caminho mais longo.
— A Ampom é a sua avó mesmo? — perguntei para Selena.
— Esqueceu que sou adotada?
— Quero dizer... Ela é a mãe de algum de seus pais adotivos ou você só chama de avó por afinidade?
— O líder da guilda também passou pelo mesmo processo que eu e quem era a vice-líder na época e mais cuidou dele era a vovó, que o adotou não oficialmente.
— E ele retribuiu esse cuidado ameaçando expulsar ela da própria organização?
— Acima de tudo ele ainda é o líder da guilda e o medo de entrar em conflito contra os Fortuna fez os outros membros o pressionarem para tomar alguma atitude em relação a ela.
— Então aquela advertência foi só para os outros verem?
— Ela também foi enviada para esse lugar isolado, como punição. Com a desculpa que o cargo de cozinheiro do colosso estava vazio.
— Deve ser difícil fazer comida o suficiente para alimentar um ser chamado de colosso. Parece uma punição adequada.
— O nome desse cargo é cozinheiro, mas na verdade a pessoa responsável por isso só tem que jogar alguns adubos e produtos especiais para fazer as algas do lago crescerem mais rápido.
— Esse colosso por acaso é um peixe?
— Não sei, nunca vi.
— Khajilamiv!
— O que foi?
— Sabe aquela história sobre o problema que o Modros não queria lidar, que você falou antes? Era sobre o colosso desse lago, não era?
— Sim.
— Então você deve saber como que o colosso se parece, pelas histórias. Como ele é?
— Um manuscrito de mil anos sofreu várias edições, manutenções e copias até chegar na versão que temos hoje. Algumas versões dizem que era um dragão marinho, outras que era uma tartaruga. Mais fácil perguntar diretamente para quem com certeza já viu ele.
Então fomos perguntar para a Ampom, que estava cuidado de suas plantações, mas antes que pudéssemos dizer uma palavra, ela se virou e começou a bagunçar o cabelo dos dois e puxar suas bochechas.
— Estão com fome? Vamos lá em cima, eu tenho algumas guloseimas para vocês!
Ela agarrou um em cada braço e me convidou para segui-la.
Na grama, eu consegui acompanhar seu ritmo apressado, mas nas escadas coladas na árvore, sem nenhum corrimão para se apoiar, ela voou para cima, enquanto eu pisava cautelosamente de degrau a degrau, quase me abraçando na árvore para não cair.
— Demorou ein...
Subindo os últimos degraus, mais cansado do que deveria... Entrando na casa, eu esperava um tradicional laboratório de uma bruxa, com um caldeirão enorme, potes de vidro repleto de olhos, insetos e caveiras para todos os lados.
Mas o que me deparei, foi uma aconchegante casa cheia de livros, objetos decorativos estranhos e uma lareira extremamente perigosa, visto o tanto de madeira que a rodeava.
“Parecia maior por fora.”
— Vai um chá? — perguntou Ampom. — Esse é perfeito para a fadiga.
— Vou aceitar, obrigado.
Dei um pequeno gole para checar a temperatura. Estava morno para quente, seguro para eu virar tudo de uma vez, já que estava morrendo de sede.
A agradável sensação do calor descendo pelo meu corpo foi seguida de um gosto sutil, que antes julgaria amargo demais para meu gosto, mas depois de tantas comidas e bebidas terríveis, tinha o sabor perfeito para mim.
“Estou começando a ser vencido pela culinária desse mundo?”
Depois de lidar com a minha maior necessidade, percebi que devido a súbita queda de temperatura, acompanhando o pôr do Sol, característica que sempre me acompanhou em todas as vezes que fui para um lugar isolado como esse, a Ampom vestiu e colocou nos dois uma blusa de lã com estampas de flores e animais.
— Isso coça demais... — disse Selena.
— Quer um também? — perguntou Ampom.
— Estou... — Uma forte ventania gelada me trouxe arrepios, o que me fez mudar de ideia. — Se tiver um do meu tamanho, vou aceitar.
— Prefere a do colosso ou de pássaros?
— O colosso é uma tartaruga?...
— Não contei para vocês?
— Dúvida resolvida! — disse Khajilamiv. — Podemos voltar.
— Fiquem mais um pouco... Daqui a pouco começo a fazer uma janta especial para vocês!
A Selena se levantou e começou a fugir, mas foi pega pela Ampom.
— Eu distraio ela, fujam enquanto podem! — gritou Selena.
Olhei para o Khajilamiv, que estava tão confuso quanto eu e perguntei:
— Fugir do que?
— No passado eu era a responsável pelas refeições da Selena.
— Socorro! Alguém me ajuda!
— Ela deve achar que vou colocar veneno na comida dela ou algo assim.
— Estão querendo me sequestrar! Socorro!
“O quão ruim era a comida para ela agir assim...”
— Acabei de lembrar que o Barão pediu para ir conversar um assunto importante no jantar de hoje... Infelizmente vou ter que ir.
— Sobre o que?
— Meu caso... Estratégias para usar no Banquete!
— Eu era a vice-líder da maior guilda do Ducado, lidava com essas coisas o tempo todo, posso te ajudar nisso. Você pode conversar com ele quando quiser, depois.
— O Lírio sumiu, vou ter que procurar ele... — disse Khajilamiv.
— Quem?
— Meu gato, de pelo branco e uma roupa de bolinhas vermelhas.
— Era seu gato? Ele está ali em cima das estantes. Se deu super bem com a minha.
— Seu gato safado, desce daí! — Era para ser só uma desculpa, mas agora ele estava distraído de verdade.
— Olha, ela só está agindo assim porque eu era obrigada a colocar todos os tipos de veneno para aumentar a resistência dela. Não tem motivos para eu fazer isso agora.
— Mesmo?... — disse Selena, em um tom desconfiado.
— Sua dose de hoje já foi naqueles biscoitos que eu te entreguei à tarde.
— Por isso que eu estava vomitando sem parar!?
Que figura imprevisível.
— Lucca... Estou certa?
— Sim?
— Ouvi que você tentou andar na chuva, então coloquei alguns venenos que vão aumentar sua imunidade naquele chá.
Coloquei a mão na minha barriga e me concentrei para ver se sentia algo de errado.
“É uma piada dela?”
— A não ser que você seja alérgico, é bem raro ter sintomas graves, fique tranquilo.
“Isso significa que sintomas leves são comuns?”
Vendo que suas palavras de conforto falharam, enquanto eu me debatia tentando arrumar algum jeito de fazer meu corpo jogar para fora esse veneno, ela abriu um pequeno recipiente de vidro e jogou dentro de uma grande panela, que continha alguns legumes e bastante água.
— Se estiverem tão preocupados, joguei o antidoto para os venenos dos dois na minha sopa!
A esse ponto ela já tinha perdido completamente minha confiança. Preferia lidar com a certeza dos efeitos de só um veneno, que um “antídoto” que poderia ser muito bem mais um veneno caseiro dela.
Mas a Selena, que estava desconfiada até agora, correu para buscar um prato em uma das prateleiras de vidro e tentou pegar o caldo da sopa com a colher usada para misturar os ingredientes.
— Espera até ficar pronto!
Já tinha visto com meus próprios olhos como a força física e a agilidade da Selena eram totalmente desproporcionais para a idade, mas fiquei impressionado ao ver que o mesmo podia ser dito sobre a Ampom.
Ela conseguir subir aquelas escadas assustadoras tão facilmente podia ser explicado como pura confiança, já que era eu que estava lento demais.
Mas bem diante dos meus olhos, estava vendo uma idosa e uma criança lançando armas mortais e realizando com facilidade uma sequência de movimentos acrobáticos dignos de atletas profissionais. Tudo por uma panela com uma sopa que nem estava pronta.
Nessa insanidade, me juntei ao Khajilamiv e fiquei tentando convencer o Lírio a descer da prateleira, até as duas aquietarem.
— Está pronto!
Depois de servir muito bem a todos nós, ela se sentou em uma cadeira de balanço e começou a ler um jornal, que eu reconheci como sendo da mesma editora que estava na sala de espera da enfermaria da prisão.
“Se era uma revista de tanto prestígio, como eles fizeram uma matéria tão ruim!?”
Prometi a mim mesmo que lembraria da logo desse jornal para nunca dar uma entrevista para eles.
— Estamos tão perto, mas tão longe... — disse Selena.
— O que você está resmungando aí baixinha? — perguntou Ampom.
— Queria ver ao menos um colosso antes de morrer. Essa era a minha melhor chance!
— Você ainda tem muitos anos pela frente, outra oportunidade vai surgir.
A Selena saltou da cadeira, agarrou a blusa dela e pediu:
— Por favor, pode me levar para ver o colosso?
— Sabe como é o seu sogro. Por mim, te levaria sem problemas, mas ele descobrir...
— Melhor que todos aqui, você sabe como eu não deixaria nenhum segredo desses escapar!
— Eu confio em você, mas se quisesse ter uma chance, teria que me pedir quando esses dois fossem dormir. — E ela começou a pentear o cabelo da Selena.
— Vou contar tudo para o pai se não me levar junto — disse Khajilamiv.
Os três pararam e me olharam.
— Podem ir... Eu não estou tão curioso assim.
— Agora não tem mais volta! — disse Ampom, colocando uma presilha de borboleta para finalizar o trabalho.
— De verdade, não vou contar para ninguém, podem ir sem mim.
No fim, acabei sendo levado junto deles.
— Estão vendo? Já dá para ver o lago daqui!
Antes de sair, eu e o Khajilamiv colocamos um macacão de segurança enorme e uma máscara que parecia ter sido improvisada em cima de um aquário, enquanto as duas só saíram do jeito de estavam.
— Cadê o colosso?
Fomos caminhando em fila até o lago, passando por uma grade cheia de alarmes e armadilhas, encontrando alguns monstros, imobilizados com facilidade pelo dardo paralisante da Ampom.
— Ele está bem... Ué?
O lago borbulhava e uma leve fumaça voava para o céu, a água possuía uma cor esverdeada por causa das algas e grande parte de sua superfície era ocupada por lixo. Não o lixo comum, descartáveis dos humanos, mas construções inteiras: casas, rochas enormes contendo fósseis, cristais, pedaços que pareciam ter sido arrancados de castelos e estátuas de mármore.
Não havia dúvidas. Esse monstro era como os dragões das histórias e o lago era onde ele guardava o seu tesouro.
“Mas qual era o seu critério?”, alguns brilhavam, outros não, alguns pareciam caros, outros não valiam nada.
— Ele deve estar dormindo no fundo do lago — disse Selena.
— Não... Você só acha isso porque nunca o viu — disse Ampom. — Até mesmo submerso, seu casco poderia ser visto de muito longe.
— Para onde ele foi então? — perguntei.
— Esperem aqui. — Ela correu até o lago e jogou uma pedra.
Cinco minutos se passaram e ela voltou.
— Vamos voltar imediatamente.
Gamaliel, Lagos, 2017 D.C
O Karim se torna imparável quando deseja incondicionalmente algo.
Há dois dias, quando estávamos almoçando no mercadão, ele ficou curioso em saber o que significava aquelas palavras que os golpistas usaram para tentar nos intimidar.
“O que são guardiões contratados?”, ele procurou no navegador padrão que já vinha instalado no celular.
— Para aqueles que não conseguiram se tornar um guardião de forma tradicional, depois de passar por um exame do governo e outro da guilda desejada, você pode se tornar um contratado: alguém que pega emprestado parte da força do líder da guilda ou de seu contratante, por um certo preço — ditou em voz alta para mim, mesmo sem ter pedido. — Esse exame parece divertido, posso fazer?
— Se houver algum aqui por perto.
Ele digitou, fez uma expressão frustrada, digitou novamente com mais raiva, então sorriu.
— Nesse país eu não tenho idade o suficiente, mas em outro eu posso!
— Se for um país próximo...
Desde então, seu interesse cresceu sobre outro assunto.
— Nesse mundo também existem portas!
— Claro que existem.
— Não essa porta... A para outros mundos!
— O que tem?
— Se eu passar no exame, a guilda que estamos indo, permite a entrada de qualquer um na porta deles!
— Parece que vamos cair em outro golpe...
Caçando por algumas horas em lugares mais perigosos, conseguimos o dinheiro suficiente, mas para conseguirmos passaportes e outros papeis chatos, como entramos nesse mundo de maneira irregular, tive que conseguir conexões com alguns especialistas nisso.
Esse esforço se mostrou perda de tempo, já que quando fomos pegos, o Karim só precisou usar uma magia que ele aprendeu aleatoriamente e tudo se resolveu com tranquilidade.
Tal facilidade me despertou curiosidade, pois essa era uma magia simples que qualquer aspirante a aprendiz perceberia imediatamente.
Em meu mundo, dentre as poucas semelhanças que os mitos do surgimento da mana e da capacidade dos humanos em manuseá-la, compartilhavam, era fato de que em um passado distante, toda a humanidade recebeu essa benção de uma só vez, o que se estendeu para todos os seus descendentes que não foram marcados.
Uma das minhas hipóteses, era que esse mundo estava vivenciando o que aconteceu no passado do meu mundo, mas essa foi descartada por diversos motivos óbvios.
Outra, que mantenho até agora, é que a irregularidade não está nesse mundo, mas sim no meu. Dependendo de até onde é possível estender um desses contratos de transferência de força e como, os mitos de origem coincidem para que no momento perto da extinção da humanidade, ali, quando os humanos eram poucos, a magia surgiu.
Essa teoria também parece longe de perfeita, visto que há registros concretos, bem estudados e comprovados, que magos existiram antes desse momento.
Mas isso leva a uma pergunta maior. De onde...
— Gamaliel! O avião vai decolar, coloca o cinto de segurança!
— Nós não precisamos desse equipamento, os artefatos que carregamos...
— Para de inventar uma desculpa só porque é um pouco desconfortável.
— Mas...
— Olha o que aconteceu nesse exemplo! — disse Karim, apontando para o celular grande, preso no banco da frente, que passava um guia para casos emergenciais.
Esses vídeos ilustrativos feitos para persuadirem crianças possuíam um efeito forte no Karim. Quantas coisas já não compramos por culpa daquelas propagandas que passam entre os vídeos de animais que ele adora?
Gostaria de conhecer, um dia, a mente que criou esse meio tão efetivo.
Se usasse essa criatividade para melhorar os meus estudos... São campos bem distintos, então não tenho certeza do quão eficaz seria.
Entre meus devaneios e um filme de comedia pastelão que possuía uma influência e mensagem terrível para o público-alvo, motivo de uma longa discussão entre nós dois, chegamos ao país onde o exame estava marcado.
— Adiado!?
Mas quando chegamos lá, descobrimos o motivo da medida tão duvidosa.
Além dessa porta, existe outra, localizada na Coreia do Sul, que se conecta ao mesmo mundo. Ambas as guildas nesse mundo, que capitalizaram dessas portas, exageraram demais em sua exploração, adotando uma medida agressiva de roubar os moradores e guerreiros do outro mundo, pela empolgação dos altos lucros que estavam recebendo.
E ambos foram derrotados por organizações do outro mundo, rivais.
Em troca de pouparem a extinção da guilda e uma guerra completa contra esse mundo, ambos os líderes cederam seus lugares para membros influentes do outro mundo, que agora usam essas duas guildas para lutarem um contra o outro, até nesse mundo.
A medida de liberar qualquer um para entrar na porta, como esperava, era um esquema gravíssimo que sacrificava vidas das pessoas desse mundo para construírem um exército escondido e realizar um ataque surpresa no inimigo.
Mas essa condição tão gananciosa saiu pela culatra, quando o outro lado enviou espiões disfarçados de iniciantes para checarem o que estavam fazendo com aqueles que passavam naquela porta.
Isso se escalou ao ponto dos dois governos, responsáveis pelas terras em que as duas guildas estão localizadas, intervirem nessa situação, suspendendo a entrada e saída de qualquer um, nas duas portas.
Tentei explicar a gravidade dessa situação de forma mais simplificada para o Karim, mas ele estava irritado demais em ter viajado por nada e invadiu de noite, enquanto eu estava dormindo, o local interditado.
Não tive escolha e segui ele.
Mas quando atravessei a porta, não o encontrei em lugar algum.
— Para onde ele... O que é isso?
No meio de minhas buscas, acabei me distraindo com um monstro extremamente esquisito.
— Uma quimera?
Do tamanho de vinte homens, acabei engajando em uma luta contra o dragão com casco de tartaruga.
Lucca Massaro Monti, 1340 D.M.
— O colosso saiu do lago — disse Ampom, para o Barão. — Envie dois de seus cavaleiros para alertar os vilarejos e cidades próximas.
Ele chamou e fez como ela mandou, apesar de duvidar das ordens:
— Existe alguma chance dele quebrar o muro?
— Os vigias vão ser obrigados a abrirem o portão.
— Senão?
— O acordo que Modros fez com o colosso só é valido se o deixarmos sair para buscar novos brinquedos de vez em quando.
— Então a história era real? — disse Khajilamiv.
— Com que frequência ele faz isso? — perguntei.
— A última vez foi há cinquenta anos.
— Ele não podia ter esperado um pouco mais...
— Não é tão ruim quanto vocês imaginam. Agora o caminho que corta o lago é seguro.
— E se ele mudar de ideia e der meia volta?
— Só esperar mais algumas horas, que algum vigia vem aqui me avisar se ele saiu ou não.
Depois de duas horas, um vigia veio:
— O colosso saiu!
No tempo em que esperávamos, arrumamos tudo, o Trakov informou aos outros sobre o novo caminho e estávamos prontos para partir.
Dentro da carruagem, eu compartilhava o banco com o Barão e no outro estavam a Selena, Ampom e o Khajilamiv, nessa ordem.
— Graças ao atalho, seguiremos sem parar até o final da floresta, onde descansaremos em um dos pontos de parada! — anunciou Trakov, que partiu na frente, seguido dos Grão-mestres.
— Voltamos ao posicionamento antigo?
— Os passeios do colosso são considerados um estado de emergência, onde a regra proibindo a caça é suspendida, para que as pessoas que trombarem com ele não tenham que se preocupar com outros monstros que encontrarem no caminho de fuga.
Com todos esses fatores ao nosso favor, chegamos no lugar que levaria dez dias em dois.
— Tá de brincadeira...
Mas parece que o colosso quis pegar esses dias de volta para si.
— Não tem outra forma de atravessar isso?
— Só se quiser nadar com a carruagem nas costas.
A ponte que atravessava um dos maiores rios da região estava destruída.
— O tempo para contornarmos... Mais dez dias.
E esse foi só o começo.
— Um terremoto? — O chão começou a balançar ritmicamente.
— Não precisam ter medo, ele só vai atrás de coisas brilhantes.
Abri o vidro e coloquei minha cabeça para fora da carruagem.
Uma montanha. Seu casco e seu corpo estavam obscurecidos pela sombra dos inúmeros objetos que carregava. Entre eles, lá estava um pedaço da ponte caída.
A cada passo, um pedaço dele desmoronava e fazia o chão tremer. Cada pedaço esmagaria com facilidade essa carruagem.
Na sombra dos tesouros de carregava, consegui ver o olho do colosso. Não havia dúvidas, ele andava em nossa direção, para tomar algo de nós para si.
— O cristal! Ele está atrás do cristal que sustenta a barreira!
— Que bom que é uma tartaruga. Acho que conseguimos fugir dele.
“Onde que eu vi...”
Quando partimos na direção oposta do colosso, uma batida lançou nossa carruagem para o ar.
Tartarugas são um dos maiores representantes da lentidão.
Mas as vezes, por uma forte motivação, em ocasiões muito raras, elas desmentem esse senso comum e correm.
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