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CAPÍTULO 21: GUERRA DE SUBJUGAÇÃO GLASCAN (4)

AO OUVIR O DECRETO DA PRINCESA, A REAÇÃO NA SALA FOI DIVIDIDA. O CAPITÃO DOS CAVALEIROS, CLER, E o tímido Clevius, junto com outros estudantes mais conservadores, suspiraram profundamente, enquanto os alunos mais ousados sorriram.

— No entanto, nem todos os alunos podem participar desta missão. Se nos apressarmos de forma imprudente, apenas aumentaremos os danos... Somente aqueles que são capazes de se defender devem prosseguir.

O corpo estudantil geral não teria a menor chance contra espíritos de alto nível, quanto mais de nível médio. Não havia necessidade de escalar o perigo envolvendo todos.

— Os membros reunidos aqui, meu cavaleiro Cler, os melhores alunos de cada ano e os alunos da Classe A participarão desta missão. As habilidades de todos já foram verificadas.

— Certamente não é necessário que a própria princesa participe, correto?

— Não, eu também pretendo ir. — O rosto de Cler perdeu a cor visivelmente com a proclamação inesperada, mas a Princesa Penia prontamente respondeu com um firme movimento de cabeça. — Seria ridículo eu emitir ordens em segurança enquanto todos os outros estão na linha de frente.

— Alteza, o seu bem-estar não pertence apenas a você. Como seu protetor, devo expressar minha discordância.

— Não tema, Cler. Não descuidei dos meus estudos de magia. Além disso, Taylee e Ayla me acompanharão. Eles têm patrulhado os arredores do prédio do conselho estudantil enquanto procuram outros estudantes, então devem ter algum conhecimento da situação interna.

Assim, a composição da equipe de expedição foi determinada. Infelizmente, não havia um único aluno veterano entre eles. Além de Cler, o único adulto, todos eram calouros. No entanto, cada membro demonstrava competência excepcional. Esse grupo de calouros possuía um número incomumente alto de indivíduos formidáveis.

Era realmente lamentável que a "Lucy Preguiçosa", cujo paradeiro ainda era desconhecido, não pudesse se juntar, mas apenas esse grupo já representava um desafio significativo para muitos veteranos.

— Começaremos a missão em uma hora. Todos devem completar seus preparativos e acalmar os nervos.

O grupo assentiu coletivamente às palavras da princesa.

— Princesa! Princesa Penia!

De repente, um estudante entrou na sala, rompendo a atmosfera sombria.

— Já localizamos todas as pessoas que estão dentro do prédio dos professores.

Um jovem de cabelos castanho-avermelhados atravessou as barreiras e se aproximou da princesa. Identificar indivíduos chave era de suma importância nesta crise repentina.

Dado o horário, a maioria das pessoas já teria se recolhido aos dormitórios, resultando em um número limitado de pessoas que permaneceram no prédio dos professores e ficaram presas pelas barreiras.

Felizmente, consolidando todas as informações disponíveis, foi possível obter uma estimativa aproximada do número total de pessoas. O estudante responsável por essa investigação estava ofegante, mas rapidamente começou seu relatório.

— Os estudantes do departamento de alquimia, que estavam pesquisando poções no Depósito de Ferramentas Mágicas Thanos, se barricaram lá dentro. Como a maioria deles está no terceiro ano, não há motivo para preocupação.

— Mais alguma coisa?

— Os funcionários responsáveis pela gestão do prédio e das portas se reuniram no Auditório Audrey. No entanto, são funcionários comuns e não têm poder para enfrentar espíritos.

— Eles precisam de ajuda?

— Ouvi dizer que o Professor Cali está cuidando deles. No entanto, parece difícil estabelecer contato.

Embora a maioria dos professores já tivesse retornado aos seus aposentos, alguns ainda permaneciam. Ainda assim, proteger e gerenciar os muitos funcionários não combatentes seria uma tarefa significativa.

A distância entre o Auditório Audrey e a praça dos estudantes era considerável, tornando inviável esperar que eles guiassem o grupo de funcionários até ali. No entanto, deixar os funcionários para trás também não era uma opção.

— Talvez estejam planejando uma resistência também.

— De fato. Acredito que tomarão precauções para minimizar os danos. Não irão expor os funcionários administrativos ao perigo imprudentemente.

— Parece que somos os únicos adequados para avançar em direção ao prédio do conselho estudantil.

A Princesa Penia reafirmou sua determinação. A localização atual, a praça dos estudantes, ficava diretamente em frente ao prédio do conselho estudantil, colocando-os em uma posição única para lidar rapidamente com a situação.

— Ainda não localizamos outros estudantes…

— Sim, localizamos! — Uma voz, forte e clara, reverberou de um lado das barricadas que os cercavam de todos os lados.

Instantaneamente, todos os olhos se voltaram para a origem do som. Uma garota caloura, apertando os punhos contra o peito, com os olhos fechados, exibia uma mistura de medo e determinação.

— Eu... Peço desculpas... A situação era tão grave... Eu não consegui falar antes.

— Por favor, nos dê os detalhes.

— Eu... Eu sou Tishika, uma das aprendizes de bibliotecária responsável pela gestão da biblioteca dos estudantes... na verdade, deixei uma amiga para trás na biblioteca dos estudantes — seu rosto angustiado se contorceu enquanto confessava, cada palavra parecia um esforço monumental. — Deveríamos ter terminado nossos deveres e partido juntas, mas hoje, um dos leitores insistiu em ficar até o horário de fechamento. Minha amiga escolheu ficar para terminar as coisas e me pediu para voltar aos dormitórios... então eu fui.

— Então, uma bibliotecária e um leitor estão presos na biblioteca dos estudantes. Espere... aprendiz de bibliotecária?

Ziggs, que estava observando silenciosamente de um canto, levantou-se. Ele se aproximou da garota, que lutava para articular sua história, e fixou o olhar no dela.

— Qual é o nome de sua amiga, a bibliotecária?

— Elka. Elka Islan.

Ao pronunciar o nome, ela desviou o olhar, gotas de suor surgindo em sua testa.

Ziggs arregalou os olhos brevemente ao ouvir o nome.

— Elka... de verdade? Você tem certeza absoluta?

— Sim... Somos ambas aprendizes de bibliotecária, aprendendo sobre a gestão de livros mágicos...

De repente, Ziggs bateu o punho contra a barricada atrás da garota. Foi um ato tão abrupto que a fez dar um passo para trás, derrubando a barricada improvisada de bancos e itens decorativos.

— Droga! Princesa Penia, devemos resgatá-la imediatamente.

— Ziggs?

Elka possuía uma aptidão excepcional para gerenciar tomos arcanos e se aprofundar no intricado estudo do mana, mas, quando se tratava de autodefesa, ela era completamente vulnerável. Suas aspirações inclinavam-se para a vida acadêmica, um caminho que parecia fadado ao fracasso se a deixássemos se tornar mais uma vítima indefesa dos espíritos descontrolados.

Ziggs, inquieto e agitado, caminhou de volta ao centro do acampamento e se ajoelhou diante da Princesa Penia, sua voz repleta de urgência.

— Sem demora, devemos partir em uma expedição perigosa à biblioteca dos estudantes para resgatar Elka.

— Ziggs Ebelstein, você compreende que suas ações estão sendo guiadas puramente pela emoção neste momento?

No entanto, uma voz inesperada interveio, emergindo das profundezas do acampamento — ninguém menos que "A Filha Dourada" em pessoa, Lortel.

— A biblioteca dos estudantes fica a uma distância considerável daqui. Mesmo correndo a toda velocidade, levaria muito tempo para chegar ao nosso destino, sem mencionar os espíritos traiçoeiros que nos atacariam no caminho. A duração dessa empreitada é indeterminada. Por isso, parece mais sensato confrontar a Senior Yenika primeiro, que é a causa principal desses distúrbios.

A postura de Lortel era fria e precisa, seu plano transbordando sensatez pragmática. Embora ela exibisse uma expressão educada e composta para aqueles em posições de autoridade, não mostrava misericórdia para aqueles que considerava iguais ou inferiores. Essa visão de mundo foi forjada nas duras realidades da associação comercial Elte.

— Entendo sua preocupação por Elka, Ziggs. No entanto, devemos avaliar cuidadosamente a gravidade da nossa situação.

Elka Islan.

Para "Ziggs das Planícies do Norte", que se encontrava à beira da existência, ela representava uma verdadeira salvadora.

Elka foi a única pessoa que compreendeu e apoiou Ziggs — um herdeiro de uma tribo nômade do norte, cuja vida tinha sido marcada pelo derramamento de sangue desde seu rito de passagem. Ela foi a garota que revelou a Ziggs a essência do calor humano quando ele já havia abandonado toda esperança de ter uma vida normal.

A imagem de seu sorriso gentil, enquanto ela se concentrava em um grosso grimório na mesa da biblioteca, surgiu vividamente na mente de Ziggs. Foi por meio dela que Ziggs conseguiu abandonar a vida de um monstro sanguinário.

A mera ideia de perder o sorriso que lhe deu um novo propósito fazia Ziggs tremer de terror, superando até mesmo o medo da morte.

— Uh...

No entanto, as palavras de Lortel possuíam uma racionalidade inquietante e uma praticidade inegável. Seus argumentos eram convincentes demais para serem descartados facilmente.

Embora ela encarnasse uma comerciante astuta e gananciosa, suas palavras sempre carregavam um senso de justiça. Essa era a essência de Lortel.

— Relaxe, Ziggs. Seu turbilhão emocional não condiz com seu comportamento habitual. Lortel tem um ponto válido.

Ziggs das Planícies do Norte geralmente exalava uma aura de serenidade entre os três líderes da Classe A. Ao contrário da excêntrica Lucy ou da duvidosa Lortel, Ziggs encarnava justiça, racionalidade e acessibilidade.

Seu temperamento calmo lhe rendeu tamanha reputação entre os alunos do primeiro ano que a frase "Você pode confiar e contar com Ziggs" tornou-se quase um lema.

O contraste gritante entre sua postura atual e seu comportamento habitual era inegável. Mesmo sem o olhar perceptivo da Princesa, era evidente o quanto Elka significava para Ziggs.

— Além disso, como Tishika apontou sabiamente antes, há outro estudante presente na biblioteca. Por que não confiamos nesse estudante por enquanto?

— Isso é... um...?

De fato, Yenika — a raiz de todos os seus problemas — estava bem diante deles no prédio do conselho estudantil. Abandonar Yenika para correr até a biblioteca seria uma escolha egoísta.

Ziggs estava plenamente ciente disso, o que o impedia de contestar a sugestão da Princesa.

— Tishika, você mencionou outro estudante, não foi?

— É... isso é...

Tishika, evitando contato visual, suava profusamente enquanto recuava, evocando uma sensação inquietante em Princesa Penia. Evitando os olhares deles e recuando nervosamente, Tishika começou a suar frio, dominada por uma sensação esmagadora de desconforto.

Uma sensação desconcertante começou a surgir na mente da Princesa Penia.

— Você está escondendo algo?

— Eu... hum... agh...

Antes que a Princesa pudesse intervir, Ziggs saltou de pé, avançou em direção a Tishika e a agarrou pelo colarinho com um aperto firme.

— Fale!

— Eu... eu... peço desculpas... sinto muito!

Finalmente, Tishika caiu de joelhos, seu rosto tomado pela vergonha, sua confissão saindo de forma desajeitada.

— Foi... Ed Rosetail.

Quando o nome ecoou pela sala, um silêncio opressor, tão pesado e sombrio quanto às profundezas do oceano, desceu sobre eles.

— Ele estava lá, até tarde da noite. Eu não queria interagir com ele; ele é simplesmente irritante demais... Todos sabem que tipo de pessoa Ed Rosetail é! Então, deixei Elka com ele. Elka não dá atenção a fofocas, ela sempre foi assim... Além disso, ela nem sabia quem era Ed Rosetail, então achei que ela estaria segura...

Dominada pela culpa, Tishika afundou ainda mais em seu próprio abismo de miséria. A constatação de que havia abandonado sua amiga em uma situação perigosa pesava profundamente em sua consciência.

— E, como eu temia, Elka não protestou... Ela me deixou ir... E agora... estou consumida pelo arrependimento... agh... uhuh...

Na mente de Ziggs, um estalo ressoou, sua paciência levada ao limite.

Ed Rosetail.

Ziggs, tendo passado pelo exame de admissão da escola, conhecia muito bem o desprezo que esse homem personificava.

"Tire as mãos de mim! Você não sabe quem eu sou?! Eu sou Ed Rosetail, o segundo filho da Família Rosetail! Pare de me tocar, sua miserável! Como ousa encostar em mim?!"

"Por que eu me incomodaria com um fracasso como Taylee ou seja lá quem for? Saia da minha frente! O que esses plebeus imundos e ignorantes sabem, sempre tagarelando sem parar!"

"Taylee? Ha... Um rato de nascença humilde que não sabe nada além de palavras vazias."

Ele personificava a indulgência, o hedonismo, a arrogância, a preguiça e a incompetência.

Ed Rosetail era a personificação da miséria humana, rastejando no fundo do poço sem um pingo de remorso.

Dada a oportunidade, ele trairia facilmente até mesmo seu confidente mais próximo, sem nunca considerar os favores recebidos — o ápice do egoísmo puro.

Os murmúrios que vinham dos alunos reunidos eram completamente previsíveis.

— Ed? Aquele Ed Rosetail? Isso não é um assunto grave?

— Já ouvi inúmeras histórias sobre a natureza desprezível e lamentável daquele indivíduo.

— Isso significa que a bibliotecária está sozinha com uma pessoa tão desprezível em meio a esse caos?

— Maldição...

Espíritos furiosos bloqueavam todos os caminhos possíveis, tornando perigoso aventurar-se fora daquela sala, quanto mais do prédio.

O desprezível Ed Rosetail e Elka estavam presos nessa situação desesperadora.

O otimismo quanto ao resultado era escasso. Se a situação continuasse a piorar, a indefesa Elka poderia ser usada como bode expiatório por Ed Rosetail, ou pior, cair vítima de suas intenções predatórias.

Ziggs possuía uma compreensão inabalável da verdadeira natureza de Ed, reforçada pelos sussurros que chegavam aos seus ouvidos. A simples ideia de que o destino de Elka dependia da misericórdia caprichosa de tal homem despedaçou completamente a racionalidade de Ziggs.

— Eu vou para a biblioteca dos estudantes, agora mesmo.

Sua voz, fervendo de uma fúria que já havia ultrapassado todos os limites, fez uma proclamação inabalável.

O destinatário dessa declaração era ninguém menos que a Princesa Penia, conhecida como a "Princesa da Misericórdia", uma figura a quem até o Diretor Obel tratava com respeito.

Suas palavras desafiavam descaradamente a ordem real.

— Você ultrapassou um limite, Ziggs Ebelstein.

O primeiro a se manifestar foi Cler, o Capitão dos Cavaleiros. No entanto, Ziggs permaneceu impassível.

Na ausência de Lucy Preguiçosa, ninguém poderia domar Ziggs das Planícies do Norte. Nem mesmo Cler, membro da guarda real, poderia garantir alguns golpes bem-sucedidos contra ele.

Ziggs, junto com Lucy Preguiçosa e "A Filha Dourada" Lortel, estavam entre os melhores magos do primeiro ano da Academia Sylvanian, reconhecidos unicamente por sua maestria pelo Professor Glast.

Nas terras de sua tribo nômade do norte, Ziggs já havia provado o sangue de seus semelhantes antes de atingir a idade adulta. Vivendo perpetuamente no limiar entre a vida e a morte, ninguém poderia rivalizar com seu "senso de combate real."

Se Lucy Preguiçosa representava um tanque impenetrável ou um caça imbatível, Ziggs das Planícies do Norte era um agente especial altamente treinado. Embora ele pudesse ser superado em termos de força bruta e escala, ele utilizava seu poder ao máximo em seu domínio especializado. Esse domínio, sem dúvida, era o campo dos duelos desenfreados, livres de interferências externas.

— Qualquer um que se atreva a me impedir de sair será subjugado.

— Não podemos permitir isso.

Lortel entoou um feitiço. Instantaneamente, o ar se encheu de umidade gélida, conjurando uma colossal lança de gelo do nada. Era a magia intermediária conhecida como "Lança de Gelo", que já havia destruído o teto do Salão de Ferro.

Ziggs e Lortel, os dois alunos excepcionais do primeiro ano do Departamento de Magia de Sylvanian, se encararam. A cena era simplesmente extraordinária.

A tensão reverberava pelos alunos reunidos, que engoliam em seco nervosamente à medida que a situação escalava dramaticamente.

— Vou te dar isso, Ziggs. Entre todos aqui nesse posto avançado, você possui uma parcela significativa do poder total. Se você abandonar a força punitiva, nossas chances de sucesso nesta operação vão despencar. Sinto muito, mas você simplesmente não pode ir.

— Hilário, Lortel. Você realmente acredita que me deter à força aqui vai me fazer obedecer?

— Seu raciocínio falhou, Ziggs. Eu entendo o quanto você se importa com Elka, mas você precisa diferenciar assuntos públicos de pessoais. Olhe para lá.

Lortel direcionou a atenção de Ziggs para a cerimônia de invocação de Glaskan, cujas cores vibrantes estavam se tornando um vermelho profundo, enquanto uma miríade de espíritos ocupava o prédio do conselho estudantil.

— Com isso acontecendo, onde exatamente você pensa que está indo?

Lortel fixou seu olhar em Ziggs, seus olhos em chamas com paixão e determinação, provocando um sorriso debochado dele. Paixão, zelo, espírito de luta, lealdade, audácia, vitalidade, resiliência — essas eram palavras que Lortel desprezava quando surgiam em momentos de urgência.

Aos olhos dela, esses atributos não passavam de justificativas fracas, invocadas por aqueles influenciados por emoções, em vez de pensamentos claros.

De fato, a humanidade deveria ser racional e composta. Não importa quão terríveis sejam as circunstâncias, não se deve sucumbir a emoções equivocadas. As decisões devem ser tomadas com o máximo discernimento. Aqueles que possuíam uma determinação inabalável eram verdadeiramente confiáveis.

Independentemente de quão extraordinárias fossem as habilidades mágicas ou quão imensa fosse a força de alguém, sem um coração resoluto, essa pessoa não merecia confiança. Esse princípio era o farol que guiava Lortel em seu caminho pelo mundo.

— Eu posso não te superar em um confronto um a um, Ziggs. No entanto, se eu resistir com cada fibra do meu ser, você não sairá ileso.

— Heh…

Em termos de habilidades de combate individual, Ziggs tinha vantagem sobre Lortel. No entanto, ela não era alguém fácil de derrotar. Uma batalha prolongada, marcada por confrontos incessantes, parecia inevitável. Nem o tempo, nem os corpos sairiam ilesos.

Para Ziggs, que precisava afastar os espíritos e chegar à biblioteca, a pressão era imensa. Mesmo assim, ele balançou a cabeça.

— Se é isso que você acredita, então eu não tenho intenções de recuar.

Assim, uma tensão desconfortável pairava no ar—um momento prestes a desencadear uma batalha, um precipício antes de um confronto intenso.

— Por que estamos nos dividindo em um momento tão crucial?

Finalmente, levada ao seu limite, a Princesa Penia gritou.

— Mas, Princesa Penia! É o Ed Rosetail…!

Ziggs respondeu com desespero crescente. Sua voz, quase aguda, assumiu uma suavidade peculiar ao finalizar suas palavras.

Com um olhar de puro desespero, sua voz sufocada, ele continuou. O confiável e respeitado "Ziggs das Planícies do Norte", familiar aos estudantes do primeiro ano, estava irreconhecível.

— Se algo acontecer com Elka, eu... eu não sei como vou continuar...

Seu espectro emocional havia passado da raiva para a tristeza, e agora para o desespero. A Princesa Penia não havia previsto tal resposta. Sua intenção era repreender um Ziggs enfurecido e retomar o controle da situação. Mas o desespero dele a atingiu profundamente, perceptível em seu olhar atento.

Seu desespero superava o de um homem enfrentando a própria mortalidade. Para Ziggs, Elka era verdadeiramente sua família.

— Mas…

A voz desesperada de Ziggs fez a Princesa Penia vacilar. Sua boca se abriu, mas nenhuma palavra saiu.

— Você conhece bem Ed Rosetail, não é, Princesa?

Não é, Princesa.

Diante dessas palavras, a Princesa Penia se viu incapaz de assentir.

Na verdade, ela compreendia muito pouco.

Sempre que pensava em Ed Rosetail, seus pensamentos ficavam confusos, e até mesmo fatos aparentemente claros se dissipavam em uma névoa enigmática.

As complexidades das emoções humanas, normalmente tão compreensíveis para ela, tornavam-se insondáveis na presença dele.

Mas e quanto às circunstâncias?

Uma crise iminente, sem garantia de segurança. Uma realidade onde cada segundo era valioso. O círculo de invocação de Yenika tornava-se cada vez mais sombrio, envolto em uma tonalidade carmesim.

O bem-estar dos estudantes não podia ser assegurado. A multidão reunida olhava para ela com expectativa, implorando por uma decisão. A responsável pela decisão e a responsabilidade recaíam sobre ela. Sentia intensamente o peso de sua posição.

Mesmo assim, ela cerrou os dentes e tentou manter uma aparência de compostura. Logo, no entanto, a precariedade da situação a levou ao limite.

— Ainda assim…

O posto avançado caiu em silêncio enquanto todos os olhares se fixavam na Princesa Penia e em Ziggs. A urgência da situação, a complexidade de seus pensamentos, aqueles que aguardavam seu julgamento, o peso da responsabilidade, as consequências de uma escolha errada — tudo pendia na balança.

O crepitar da lenha ecoava no ar. O garoto, distraidamente mexendo no fogo, de costas para todos. Seu olhar, desprovido de qualquer emoção, encontrou os olhos da princesa.

Suas palavras cortaram os pensamentos dela enquanto ele saía pela porta do campo de treinamento.

A humilhante visão de seu exame de entrada, sua expressão apática passando por ela para seguir Taylee. Ele não revelou a menor pista de suas intenções.

Encurralada, a racionalidade da Princesa Penia finalmente foi provocada a agir. Apesar da crescente pressão, seus instintos a apontavam para uma direção específica.

— Ainda assim… Vamos… confiar nele?

O silêncio envolveu a assembleia.

Por um longo tempo, ficaram ali, sem palavras, sem dizer nada.

Suas expressões refletiam aquelas de quem havia testemunhado o sol nascer no oeste — uma visão inacreditável.

— Por quê…

Mas Ziggs lamentou.

— Por que você diria palavras tão cruéis? A Princesa da Misericórdia que eu conheço… jamais diria palavras tão irresponsáveis…

Para Ziggs, a proposta de confiar em Ed parecia nada mais que uma desculpa para silenciar sua opinião.

— Eu… vou embora.

Ziggs balançou a cabeça e se virou em direção à saída.

— Onde diabos…!

— Lortel.

Surpreendentemente, foi a própria Princesa Penia que impediu Lortel de perseguir Ziggs enquanto ele saía. A mesma princesa que acabara de propor a ideia absurda de confiar em Ed.

Na verdade, nem mesmo a Princesa Penia conseguia entender por que havia dito aquelas palavras.

— Apenas... deixe-o ir.

— Vossa Alteza.

— Lembre-se apenas, Ziggs, você será responsabilizado pelas consequências.

O posto avançado testemunhava inúmeras preocupações. A mente da Princesa Penia se estendia ao máximo.

— Eu assumirei as consequências ao retornar.

Finalmente compreendendo, Ziggs se virou e fez uma reverência respeitosa. Ele reconhecia plenamente o egoísmo de sua decisão. No entanto, como a Princesa da Misericórdia, ela não podia impedi-lo de seguir suas convicções se ele buscava salvar Elka.

Com o coração pesado de arrependimento, Ziggs ergueu a cabeça lentamente e saiu do posto avançado.

— Princesa Penia — Lortel chamou a Princesa Penia, com o olhar fixo em Ziggs se afastando à distância. A Princesa Penia se virou, encontrando Lortel olhando para ela com uma expressão calma e serena. Mesmo sem sua percepção especial, a Princesa Penia conseguia discernir os pensamentos de Lortel.

Como uma realista pragmática, Lortel certamente questionaria a decisão da Princesa Penia. Independentemente dos danos ou sofrimentos que pudesse causar, Lortel argumentaria contra permitir que Ziggs fosse embora.

Com essa percepção e um coração resignado, a Princesa Penia se preparou para enfrentar Lortel.

Para sua surpresa, Lortel sorriu calorosamente.

— Sabe, em retrospectiva, talvez honrar a perspectiva dele fosse realmente necessário.

— Lortel…

— Considerando que foi uma decisão que você tomou após muita reflexão, Princesa. A determinação de Ziggs era nobre, então não podemos simplesmente rotular as coisas como certas ou erradas sem uma consideração cuidadosa.

O tom de Lortel permaneceu composto e controlado, afirmando a decisão da Princesa Penia como se o recente encontro tenso não tivesse grandes consequências.

— De qualquer forma, se formos seguir o plano de infiltrar o prédio do conselho estudantil dentro de uma hora, devemos começar os preparativos. Vou tirar um breve descanso e avaliar minha condição. Sugiro que faça o mesmo, Princesa.

Com um sorriso caloroso e uma reverência respeitosa, Lortel Keherun passou pela Princesa Penia.

Embora a situação tenha saído do curso de seu plano inicial, as palavras reconfortantes de Lortel para a princesa e sua graciosa saída foram, de fato, lições de nobreza.

Mas a princesa enxergou através de tudo.

Por trás daquele sorriso genuíno e das palavras encorajadoras, uma profunda desilusão se enraizava.

Enquanto Lortel se afastava, a Princesa Penia sentiu um abismo intransponível se formando entre elas. Ela tinha certeza de que, não importava como o mundo girasse, Lortel jamais ficaria ao seu lado.

O peso dessa convicção a atingiu em cheio.

— Eu também preciso de um descanso, Cler.

Ela declarou ao seu leal guarda-costas e encostou-se em uma barricada próxima no posto avançado. Cler a reconheceu com um aceno solene e ficou de guarda com uma expressão sombria.

E assim, a atmosfera tensa no posto avançado encontrou um breve alívio.

A mais poderosa entre eles, "Lucy Preguiçosa", estava desaparecida.

"Ziggs das Planícies do Norte", um recurso crucial, havia partido por completo.

E "A Filha Dourada", Lortel, que era tipicamente pragmática e sensata, agora parecia nutrir um profundo ressentimento em relação a ela.

Ainda assim, apesar de tudo, ela era a única capaz de manter aquele grupo de estudantes unidos.



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