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Capítulo 9: Um Dia Antes do Início das Aulas (2)
Graças à maneira como meus pais me educaram desde pequeno, só de ouvir a palavra "garantia" um arrepio já percorria minha espinha, e minha pressão sanguínea subia instantaneamente.
Mas isso era só eu.
De qualquer forma, o desespero de alguém encurralado era mais sufocante do que se pode imaginar.
— Depois de ser deserdado e ficar sem um tostão… acho que precisei de um fundo de emergência.
Ouvir algo assim de um colega com quem mal tinha intimidade só poderia ser desconfortável.
Mas não era como se eu não soubesse disso.
Na verdade, esse era exatamente o motivo pelo qual eu disse isso.
— Ou… poderia me emprestar um pouco de dinheiro?
Perguntei sem rodeios.
— Ah, entendi…!
Mas a bondade de Yennekar era ainda mais impressionante do que eu imaginava.
— Deve ter sido muito difícil…!
Desde sua gentileza até sua empatia, eu não podia deixar de me surpreender.
— Você deve ter passado por dificuldades que eu nem imagino… Não sei bem o que dizer para te animar, mas… espero que consiga superar isso!
A pureza em sua compaixão, sem uma gota de falsidade, chegava a ser suspeita.
Ela não sabia quem Ed Rothstaylor era?
Ele era alguém indigno até de receber palavras vazias de consolo.
E, no entanto, a bondade de Yennekar superava até isso.
— Mas… eu também não estou em uma posição muito boa… Se pudesse, com certeza te ajudaria, mas minha família não está em uma situação financeira confortável…
Yennekar era filha de um pequeno rancho no leste do Reino de Sparde.
Ela não nasceu rica, muito pelo contrário, cresceu como uma camponesa, brincando nos campos.
O único motivo pelo qual conseguiu estudar na prestigiada Academia Silvenia foi sua extraordinária ressonância espiritual.
Graças ao seu talento, sempre teve boas notas e recebeu bolsas de estudo.
— Mas anime-se! Eu estarei torcendo por você!
Seu sorriso radiante era sua marca registrada.
E vê-lo realmente aquecia o coração.
Mas sabendo o que a aguardava no futuro… não era algo agradável de se testemunhar.
No lugar onde Ed Rothstaylor acabara de sair, uma garota ainda estendia a mão no vazio.
— É exatamente como você disse, Merilda… Ele é uma pessoa estranha.
Havia apenas três pessoas na Academia Silvenia cuja ressonância espiritual era forte o suficiente para ver o espírito do vento de alto escalão, Merilda.
Yennekar Palerover, aluna do segundo ano.
"Lazy Lucy", um prodígio natural em diversas áreas da magia.
E Melina, professora sênior de Estudos Espirituais.
— No ano passado, ele não parecia assim.
Um vento soprou suavemente, enquanto Yennekar estendia os braços.
E então, um lobo gigante, envolto pelo vento, surgiu diante dela.
Com um olhar penetrante, o lobo abriu a boca, exalando uma pressão intensa, e esfregou o focinho no braço de Yennekar, emitindo um ronronar profundo.
Yennekar sorriu, acariciando o maxilar do lobo, que era várias vezes maior do que ela mesma.
— Eu espero que um dia possa assinar um contrato com você, Merilda.
Embora já fossem como família, a quantidade de poder mágico de Yennekar ainda era insuficiente para firmar um contrato oficial com Merilda.
Ela recentemente conseguiu assinar um contrato com Takan, um espírito de fogo de alto escalão, mas passou dez dias e dez noites de cama, ardendo em febre, logo depois.
— E agora você resolveu ser um lobo… Está parecendo cada vez mais a dona desta floresta.
Como espírito do vento de alto escalão, a forma de Merilda mudava constantemente.
Às vezes, aparecia como uma águia gigantesca.
Outras vezes, como um crocodilo assustador.
E ocasionalmente, até como um javali selvagem e grotesco.
Merilda já assumiu várias formas, mas essa era a primeira vez que Yennekar a via como um lobo.
Enterrando o rosto na pelagem felpuda, Yennekar soltou um risinho e afundou ainda mais o rosto no pelo.
— Não importa o quanto eu pense nisso… não acho que ele conseguia te ver.
Apertando-se contra Merilda, Yennekar começou a refletir.
Ela se lembrou de Ed Rothstaylor, o nobre deserdado, acusado de trapaça e traição.
Alguém sem muito talento ou poder mágico.
E, no entanto… Algo que ele disse a incomodava.
'Acho que, no fim, até um lobo gigante e assustador pode ter um coração gentil.'
Ele disse isso.
Com um tom casual e despreocupado, como se fosse óbvio.
Ele se referia à forma lupina de Merilda, a qual Yennekar só viu pela primeira vez depois de voltar das férias.
Então… Como ele sabia?
— Quem é ele?
E mais, o tom e a intenção das palavras seguintes eram evidentes.
Se passando por um homem desesperado, implorando por dinheiro, e ainda assim… falando de maneira tão calma e meticulosa.
Não era nada parecido com alguém realmente encurralado.
Por mais que Yennekar tivesse uma personalidade amigável e boba, ela não era ingênua.
Quando tentou se aproximar, ele deu um jeito de evitá-la.
— Bem… Existem pessoas assim também, mas… Eu sou só humana.
Frustrada, ela desferiu um chute em Merilda, que não tinha feito nada de errado.
Obviamente, um chute de uma garota não faria nem cócegas na pele dura como aço de Merilda.
— Eu te tratei tão bem, e agora você me dá um fora desses? Poxa, isso machuca, sabia…
Ela não sentia exatamente como se tivesse se confessado, mas ainda assim…
Parecia que havia sido rejeitada do nada.
Isso a deixava mal-humorada.
— Bom… Vamos continuar nos vendo de qualquer forma. Mais cedo ou mais tarde, ficaremos mais próximos.
Apertando ainda mais o abraço no pelo macio de Merilda, Yennekar sorriu brilhantemente.
Porque, no fim das contas…
Relações humanas são sempre imprevisíveis.
E agora, um novo estudante interessante havia aparecido.
Merilda até o chamou de "divertido".
Para Yennekar, o mundo sempre foi um lugar gentil, como um campo florido onde a brisa carrega o aroma das flores.
Ela acreditava que, com seu sorriso radiante, poderia derreter qualquer coração.
— Amanhã começam as aulas. Preciso estudar muito de novo.
E só o fato de um estudante interessante ter chamado sua atenção já era suficiente para animá-la.
'Ela deve parar de prestar atenção em mim agora, certo?'
Sentei-me diante da fogueira e comecei a arrumar minha aparência, fazendo um esforço de última hora para parecer arrumado, mas discreto.
A primeira coisa que fiz foi puxar meu cabelo dourado para trás, penteando-o o máximo possível para deixá-lo mais alinhado.
Em seguida, removi todos os acessórios desnecessários das minhas roupas.
Por fim, aparar a barba rala que vinha crescendo fez uma diferença enorme na minha aparência.
O problema das mensalidades se tornaria uma realidade no fim deste semestre.
Se eu não conseguisse uma bolsa, teria que deixar a academia imediatamente.
Isso significava que eu precisava treinar o máximo possível neste semestre.
O currículo do Departamento de Magia oferecia mais tempo livre do que se imaginaria, mas o treinamento ainda ocuparia grande parte do meu dia.
Minha ressonância mágica e proficiência em magia elemental direta progrediram consideravelmente nos últimos dias.
Afinal, eu as usava todos os dias para cortar árvores, acender fogueiras…
Eu as utilizava constantemente, por pura necessidade de sobrevivência, aumentando minha maestria através da repetição.
[Habilidades Mágicas]
Grau: Mago de Baixo Nível
Especialização: Elementos
Magia Comum:
- Lançamento Rápido Nível 2
- Percepção de Mana Nível 5
Magia de Fogo:
- Ignição Nível 5
Magia de Vento:
- Lâmina de Vento Nível 4
Meu nível em magia principal subiu bastante.
Embora não fosse tão difícil subir até o nível 10, esse progresso ainda era bem rápido.
No entanto, aprender magia sozinho tinha seus limites.
Com o início das aulas, os tipos de magia que eu poderia aprender e usar se tornariam mais variados.
Minha proeficiência nas habilidades de produção também aumentaria naturalmente, o que afetaria significativamente minha Destreza.
Mas o meu problema era o combate.
Minha força física e resistência muscular eram lamentavelmente baixas.
Eu vinha realizando todo tipo de trabalho físico nos últimos dias, mas…
Meus status continuavam os mesmos.
Esse corpo maldito parecia simplesmente não ter talento nenhum para habilidades físicas.
Mas eu não sou do tipo que desiste quando as coisas ficam difíceis.
— Não há nada melhor do que exercícios aeróbicos para treinar a resistência física.
Embora… a essa altura, onde todos os dias já eram como uma sessão infinita de exercício aeróbico, talvez fosse besteira marcar um horário específico para treinar.
Mas essa era a minha realidade agora.
A Floresta do Norte, onde eu morava, ficava bem longe do distrito acadêmico, localizado ao sul da ilha.
No dia em que fui deserdado, vaguei sem rumo por meio dia até chegar à floresta.
Naquela época, caminhei perdido em pensamentos, descansei no meio do caminho, andei por diversas ruas…
Mesmo assim, a distância entre aqui e o distrito acadêmico era enorme.
E, pior ainda, eu teria que ir para a escola todos os dias.
Ou seja… Eu teria que correr até a academia todas as manhãs.
— Vou encarar isso como um treino físico.
Força física era a base de todas as ações.
Não importava o quanto alguém fosse talentoso tecnicamente, ou o quanto treinasse sua magia, no fim das contas, era necessário ter resistência para sustentar tudo isso.
Ouvi dizer que os alunos do Departamento de Combate corriam essa mesma distância todas as manhãs.
Então, não deveria ser impossível para mim.
Mesmo sendo um aluno do Departamento de Magia, não teria escolha a não ser agir como um aluno do Departamento de Combate.
Nem tempo para reclamar disso eu tinha.
Correr até a academia todas as manhãs.
Melhorar minhas habilidades de combate caçando, cortando madeira e sobrevivendo.
Treinar minha Percepção de Mana e Magia Elemental constantemente.
Aprimorar minhas habilidades de produção, fabricando tudo o que fosse necessário para minha sobrevivência.
Se tudo corresse bem, minha Destreza aumentaria bastante, e minhas habilidades de produção se tornariam extremamente úteis no futuro.
Já minha Alquimia… Ainda não sabia o que fazer com ela.
No momento, não tinha ferramentas mágicas nem suprimentos alquímicos à disposição.
— De qualquer forma, preciso me focar no treinamento durante este semestre.
Por favor! Se eu puder evitar chamar atenção desnecessária, já seria uma bênção.
Mesmo sem isso, eu já tinha muito trabalho a fazer…
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