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Capítulo 63: A Guerra de Subjugação de Glast (12)
— Precisamos continuar indo nessa direção. Se andarmos só mais um pouco, deve estar lá, certo?
— Uhum. Quanto mais a gente avança, mais isolado fica.
Lortel já estava com as mãos cheias, tendo que manter Elte contido e ainda vigiá-lo com atenção.
Apesar de ter sido informado de que poderia retornar à companhia mercantil, Lortel insistiu em seguir com o grupo, como se estivesse possuído.
Uma leve inquietação não era novidade, mas desta vez havia algo diferente no ar.
Ao contrário dos olhares de fúria que ele normalmente dirigia a Yennekar, hoje o olhar estranho de Lortel parecia fixado em Lucy.
Lucy agarrava-se à minha manga e seguia logo atrás, o que deixava Lortel visivelmente desconfortável, tanto que preferiu não voltar para a companhia. Bem, mesmo que Elte conseguisse escapar neste ponto, não havia mais tropas mercenárias para ajudá-lo. Provavelmente não conseguiria sair da ilha antes de ser recapturado, então não havia muito com o que se preocupar...
Eventualmente, Yennekar continuou liderando o caminho com uma expressão quase iluminada.
O círculo de magia celestial que os espíritos superiores encontraram na floresta ao norte. Sem conhecer o método para desativá-lo e sem saber, a princípio, qual era sua finalidade, eles apenas o mantinham sob observação. Não houve reação durante vários dias e noites, então ele não foi considerado particularmente perigoso.
Se alguém desejasse construir diversas torres mágicas, fazia sentido que círculos celestiais estivessem desenhados aqui e ali pela academia. Ninguém deu muita importância, pensando que fosse algum tipo de preparação antecipada de Glast... O problema era que nenhuma torre de poder havia surgido na parte mais interna da floresta ao norte.
Se era um círculo destinado a algo além da construção de torres mágicas... Isso poderia significar que o Professor Glast ainda tinha outro plano em mente.
Ao olhar para cima, as várias torres mágicas estavam rachando e desmoronando.
Neste ponto, a subjugação de Glast já deveria estar se encerrando, e o grupo de Taylee provavelmente estaria realizando a fuga final da torre mágica junto com Ayla.
Não havia necessidade real de se aprofundar ainda mais nas intenções de Glast agora, mas ser minucioso não faria mal...
Ao adentrarmos as profundezas da floresta ao norte, um círculo celestial estava desenhado, modesto em tamanho, mas de forma inconfundível.
— Parece que foi ativado recentemente. Os espíritos devem ter deixado passar com toda a confusão que ocorreu na academia.
Yennekar disse isso enquanto começava a examinar a área ao redor do círculo.
Apesar de tudo, seria improvável que alguém conseguisse decifrar com facilidade um círculo celestial tão enigmático.
— Isso é uma magia de transporte. Usa poder celestial para maximizar a eficiência do consumo de mana durante a gravação. A eficiência é até melhor do que a aplicada por fórmulas elementais, o que a torna ideal para fugas de emergência.
Lucy explicou isso com a voz calma. Olhei para ela, que ainda segurava minha manga, e inclinei a cabeça.
— Sério?
— Sim.
Em seguida, ela soltou um enorme bocejo.
Com isso... bem na hora em que eu ia perguntar por que ela estava agarrada na manga e sugerir que falasse com calma...
— Tem marcas de sangue.
Yennekar havia encontrado um rastro curioso.
Um trilho espesso de sangue levava da borda externa do círculo até a periferia da floresta.
Parecia que alguém gravemente ferido havia saído do círculo de transporte e se dirigido para o interior da mata.
Trocamos olhares e assentimos.
Nem era preciso dizer de quem era a assinatura mágica naquele círculo celestial.
Fechei os olhos, visualizando em minha mente a cena final do Ato 2.
Os momentos finais do Professor Glast, que quebrou tabus em sua tentativa de reviver um grande indivíduo que pudesse realizar seus ideais de avanço para o mundo.
Sua forma final, uma pilha ensanguentada, saltando e deixando para trás uma vontade indecifrável. Achei que aquele era o fim do Professor Glast, mas ele havia deixado essa rota de fuga preparada.
Simulando um mergulho, ele deve ter invocado o círculo celestial com o restante de seu poder mágico e escapado. Foi uma escolha inteligente, já que uma fuga aberta atrairia perseguição imediata.
Embora eu me perguntasse se ele causaria mais problemas após essa fuga... considerando que não houve relatos de novas perturbações, talvez não fosse necessário intervir... mas ainda assim valia a pena verificar...
Seguindo o rastro de sangue em silêncio, encontramos o Professor Glast, e então entendi por que não houve mais incidentes.
Sob a luz de uma lua brilhante numa noite tardia.
O Professor Glast, encostado contra uma árvore antiga e respirando com dificuldade, já estava à beira da morte.
Seu manto de professor estava rasgado. Os cabelos, grudados de sangue. Seu rosto, abatido. O sangue vermelho escuro se infiltrava no solo ao redor.
Os ferimentos em seu corpo... iam além de simples cortes, era um estado de destruição total. A essa altura, tentar transportá-lo seria inútil; seu destino já estava selado. Ele apenas prolongava a vida com o pouco de mana que ainda usava para estancar o sangue, mas não havia mais nada que pudesse salvá-lo.
— Hoo.
Com a voz fervendo em sangue, o Professor Glast curvou os lábios num sorriso intrigado.
— Já passou do toque de recolher nos dormitórios. O que os alunos estão fazendo aqui?
— Em uma situação dessas… ainda diz isso?
Com as mãos cobrindo a boca e as pupilas trêmulas, Yennekar estava em choque. Lortel aparentava calma à primeira vista, mas seus olhos estavam semicerrados. Naturalmente, Lucy parecia alheia a tudo. Continuava sem soltar a manga.
Com a voz trêmula, Yennekar perguntou:
— Aqui... O que...
— Eu estava olhando a lua.
A sombra da grande árvore antiga impedia a vegetação ao redor de receber luz solar.
Por isso, o chão ao redor de árvores tão colossais costumava ser limpo, sem vegetação rasteira.
E é por isso que se podia ver tão claramente o céu noturno entre as folhas.
— Lutou até acabar assim, mesmo tendo preparado uma rota de fuga como essa?
— Hehe... Tentei fugir quando pareceu impossível, mas as coisas não saíram como o planejado. No fim, lutei até acabar assim... Isso mostra que a gente nunca conhece mesmo as pessoas.
O ferido Professor Glast baixou os olhos e soltou uma risada amarga.
— Está achando graça?
— Não, não tem graça nenhuma.
— Que curioso. Eu achei minha situação bem divertida.
O Professor Glast voltou a olhar para o céu noturno e continuou com um tom de autodepreciação.
— De certo modo, acho que já sabia que meus planos terminariam assim, de uma forma ou de outra. Era ousado demais, no fim das contas. Não esperava ser subjugado por um grupo de estudantes...
— Sabia? Quem disse isso?
— Quem sabe.
O Professor Glast deixou as palavras se perderem, mas eu já tinha entendido bem o suficiente.
A silhueta do diretor da academia, Obel Forcius, observando o prédio da faculdade da Torre de Pesquisas, piscou diante dos meus olhos.
Ao ver minha expressão, o Professor Glast suspirou suavemente. Talvez tenha percebido que eu já tinha entendido a extensão da situação, e então falou com franqueza.
— Passei mais de uma década na Academia de Sylvania, e sair sem nenhuma compensação... Um pequeno deslize momentâneo parecia um preço justo por uma compensação, não parecia?
— Não acho que isso esteja certo. E também não estou em posição de julgar as ações dos outros como certas ou erradas.
— Bem, os longos anos entre Obel e eu são... algo estritamente pessoal. Ainda assim, se eu tivesse passado do limite, ele teria vindo me impedir. De qualquer forma, é um homem sentimental demais. Não serve bem ao papel de diretor.
O Professor Glast havia sido um jovem professor desde o início de sua carreira
Enquanto Obel, que atuava como diretor, assistia à cena que se desenrolava... só se podia especular o que lhe passava pela cabeça, tamanha profundidade estava além da minha imaginação. E tampouco senti necessidade de pressionar Glast, coberto de sangue.
— Me aproveitei da hesitação do Diretor Obel, e estranhamente, não sinto culpa alguma por isso, comentou Glast com a mesma naturalidade de quem corrige um aluno que respondeu certo em aula.
— Isso porque chegamos a esse ponto, no fim das contas, acrescentei, pontualmente.
— De fato, respondeu Glast com aquele tom provocador e suave, você é um aluno melhor do que eu imaginava. Nada típico de mim perceber isso tão tarde.
— ...Por que me sequestrar, afinal? Eu nem parecia ser essencial para seus planos, Professor Glast.
Embora houvesse pequenas anomalias, o curso principal dos eventos ocorreu conforme o previsto. O que significava que, mesmo sem me sequestrar, os planos de Glast não teriam sido prejudicados.
— O tempo era curto. A ressonância empática estava iminente, e com uma montanha de tarefas pela frente, eu simplesmente não tive tempo de persuadi-lo e recrutá-lo. Por isso, meus métodos acabaram se tornando... brutais.
— Do que está falando?
— Lembra da vez que tentei encontrá-lo e enviei uma carta, mas você desabou de exaustão antes de responder?
De fato, no dia em que recebi as cartas de Lortel e da Princesa Pheonia, uma também havia vindo do Professor Glast. No entanto, após uma marcha incansável e exaustiva, desmaiei e nunca tive a chance de me sentar e conversar com ele.
— Tive essa premonição... Depois desse incidente, com sucesso ou fracasso, eu não poderia mais pisar nesta escola.
Enquanto falava, Glast, coberto de sangue, esforçou-se para alcançar o interior do manto e retirou uma chave manchada de sangue.
— Receio que já não consigo mais facilitar o selamento do recipiente. Como o deixei para trás, ele acabará voltando às mãos da Academia. Bem, é inevitável. Afinal, você escapou primeiro.
— Essa chave é...
— Você deve ter se divertido bastante na Biblioteca da Alma que estabeleci, considerando a bagunça que causou.
Com sua última força, Glast arremessou a chave para dentro dos arbustos próximos.
— Achou mesmo que alguns encantamentos lendários eram os itens mais valiosos daquela biblioteca?
— Há algo mais valioso lá?
— Debaixo da escrivaninha guardada pela Banshee Reyna existe um cofre secreto. Vá com calma e abra depois. Afinal, aquela biblioteca agora é sua. Depois de causar tanto alvoroço, terá que limpar a bagunça, uma consequência justa.
Olhei para Glast, atônito. Suas instalações de pesquisa secretas eram não oficiais e nunca haviam sido divulgadas dentro da Academia. Embora fossem voltadas principalmente para experimentos com criaturas demoníacas e não houvesse muito material útil para mim, a Biblioteca da Alma era uma história completamente diferente.
Se eu conseguisse montar uma escada simples e disfarçar a entrada que Lucy havia explodido, teria acesso ao meu próprio esconderijo secreto e tesouro particular. Olhar através da biblioteca destruída revelaria uma vasta coleção de artefatos mágicos e fórmulas, tudo isso poderia muito bem se tornar minha propriedade.
— Só certifique-se de passar pelas inspeções da Academia sem levantar suspeitas.
A destruição causada por Lucy, ironicamente, trabalhava a meu favor, deixando para trás tesouros escondidos que o corpo docente da Academia desconhecia. Aproximei-me de Glast com cuidado e, hesitante, peguei a chave.
— Por que me dar isso?
— Tem algum problema em receber?
— Você não era do tipo que valorizava mais os alunos talentosos?
Diante disso, Glast fez uma careta amarga e retrucou:
— Alunos talentosos são o que não falta nesta Sylvania.
Essas eram palavras que eu nunca esperei ouvir dele.
— Acho que levaria uma bronca se encontrasse minha filha falecida nesse estado.
— …
— Sim… levei uma vida bastante implacável. Quando era mais jovem, pregava arrogantemente que talento e habilidade não deveriam definir o valor de um aluno. Só de lembrar desses discursos românticos, sinto arrepios... embora já faça bastante tempo. Pensar no passado me dá certa vergonha.
Limpando o sangue, Glast murmurou mais uma vez com cinismo.
— Ainda assim, eu não estava errado. Pelo menos, tinha certeza disso enquanto minha filha ainda estava viva.
Eu achava que perder sangue faria o corpo esfriar, mas… é quente.
Após dizer essas palavras com um tom surpreendentemente leve, Glast relaxou o corpo.
— Mas... dezessete anos com minha filha... não foram tão ruins...
— Ela tinha dezessete?
— Sim... Dezessete anos... longos, se pensar bem. Curtos, se não pensar.
Glast tentou continuar, mas só conseguiu cuspir sangue. Yennekar começou a tremer de choque, sem encontrar palavras de conforto para dizer.
Seu poder para estancar o sangue havia se esgotado. Seu corpo já não podia ser salvo nem com primeiros socorros, havia ultrapassado todos os limites ao sobrecarregá-lo com poder heróico.
Agora, lhe restava apenas vitalidade suficiente para falar. Apesar disso, os cantos de sua boca insistiam em não cair, o que, francamente, era bastante irritante.
Após algumas tosses e o som borbulhante do sangue fervendo em sua garganta, ele forçou um sorriso fraco.
— Se considerar morrer sozinho como uma forma de expiação... então os pecados que cometi não parecem um preço tão alto.
Glast fechou os olhos com suavidade.
Encostado ao carvalho, refletia lentamente sobre a própria vida. Sozinho.
No fim, ele colocara a vida de uma aluna em risco. Havia se desviado do caminho, isso era um fato irrefutável.
— Visitei a Professora Assistente Claire. Apesar de todas as reclamações, ela te valorizava muito. Me surpreendeu o quanto chorou, dizendo que você era verdadeiramente o mais erudito de todos.
Sem resposta. Nenhum sinal de reação de Glast.
— Seu relacionamento com Claire não foi tão curto, né? Foram quatro anos como aluna de pós-graduação, mais cinco para completar a qualificação docente... Se tivesse permanecido até sua aposentadoria, isso daria quase dezessete anos.
Silêncio.
Olhando entre as folhas do carvalho, a lua parecia gentil.
— Dezessete anos... longos, se pensar bem. Curtos, se não pensar...
Ao ouvir essas palavras, os olhos de Glast se abriram de repente. Tentou erguer a voz, como se quisesse dizer algo, mas já não restava força dentro dele.
Ele parecia lamentar morrer sozinho, mas isso era apenas sua visão limitada. Glast não precisava se sentir solitário; sua morte não seria um fim frio e esquecido. Os humanos, por natureza, não têm visão completa além do próprio alcance. Nem mesmo um estudioso consagrado, versado em inúmeros tomos mágicos, consegue compreender a alma humana, nem mesmo a própria.
Lutando contra o peso das pálpebras, a última figura a entrar em seu campo de visão foi Lucy.
Enquanto Lucy agarrava meu antebraço e o observava, me perguntei qual seria sua expressão. Infelizmente, de onde eu estava, não conseguia ver.
— Isso é... sábio...
Murmurando como quem mergulha no sono, Glast fechou os olhos pela última vez, por inferência apenas.
O segundo ato chegava ao fim, e o mundo lentamente mergulhava no sono.
Sob a luz da lua, repousando tranquilamente ao pé do carvalho, seu corpo parecia apenas ter se rendido a um sono profundo.
E nós apenas ficamos ali, observando por um tempo.
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