Light Novel
Capítulo 61: A Guerra de Subjugação de Glast (10)
A ladeira que levava à Galeria Triss era íngreme.
Mesmo tendo condicionado meu corpo com exercícios matinais e noturnos, achando que uma subida dessas seria trivial, parece que subestimei o quanto já estava exausto.
Ao alcançar o ponto médio da ladeira e olhar para trás, pude ver toda a metade leste da ilha num só relance. Bem ao longe, próximo aos penhascos, dava para enxergar a fumaça usada por Yennekar como sinal.
— Todos os cinquenta e sete membros foram confirmados a bordo dos barcos. Parece que todo o grupo conseguiu recuar com sucesso. Com a confirmação feita, a senhorita Yennekar provavelmente retornará em breve.
Um morcego feito de chamas voou das bordas do penhasco e pousou em meu ombro. Lá longe, os barcos deslizavam pelas águas, uma visão magnífica de ondas quebrando contra os penhascos abaixo.
Na noite já escura, será que realmente atravessaram ondas daquelas, subindo pela área do penhasco? Mesmo com o desejo de agir em segredo, evitando a vigilância dos acadêmicos, parecia um plano incrivelmente imprudente.
Ainda assim, o julgamento dos mercenários foi frio. Eles sabiam muito bem o quanto deixar um cliente para trás prejudicaria sua reputação. No entanto, a decisão de abandonar Elte Kehelland provavelmente veio de uma percepção clara da diferença de poder. Não existe tolice maior do que insistir em um contrato impossível.
Mesmo que isso significasse sofrer por um tempo devido ao abalo na confiabilidade de seu nome, nada disso era mais importante do que as próprias vidas naquele momento. Certamente, foi esse tipo de tomada de decisão direta que os permitiu sobreviver como veteranos por tanto tempo.
Ao me virar de volta para o interior da ilha, vi que o número de torres de mana erguidas pelo Professor Glast já havia ultrapassado uma dúzia. Construídas com base nos círculos mágicos celestes previamente gravados por toda a Ilha Elka, as torres agora se estendiam a tal altura que parecia possível vê-las até do continente do outro lado do mar.
Boom! Boom!
Squeeeeek!
Gritos agudos perfuraram o céu noturno da Ilha Acken. O último chefe do laboratório secreto, o 'Demônio Reanimado da Passagem Subterrânea', urrava em agonia.
Era natural que o progresso do grupo de Taylee já tivesse avançado significativamente com o passar do tempo. Finalmente era hora de entrar nos estágios finais da Conquista de Glast e encerrar o segundo ato.
A decisão sobre o que fazer com Elte após sua rendição ainda estava pendente. Por ora, entreguei sua custódia à própria companhia Elte, decidindo que esse assunto podia esperar até o fim da conquista. Os detalhes seriam provavelmente resolvidos por Lortel, que também encerraria sua rixa pessoal com a situação.
Depois de subjugar Elte e os mercenários, e negociar com o líder do grupo para que se retirassem, confirmei que todos haviam deixado a ilha. Apesar da corrida, levei um bom tempo até alcançar os arredores da Galeria Triss.
O segundo ato também estava se aproximando do fim.
O palco da minha reviravolta, que começou no laboratório secreto, estava chegando à conclusão. A Galeria Triss, onde todos os eventos deste episódio se iniciaram, era meu destino final. Tudo o que restava era verificar se os chefes nomeados haviam sido devidamente derrotados e se havia qualquer problema em aberto.
Na verdade, a Galeria Triss não tinha problemas, já era esperado. Era apenas uma visita de confirmação. Ser minucioso não faria mal algum.
Taylee havia chegado à passagem subterrânea conforme planejado e, tendo confirmado que seu nível era suficiente, agora bastava esperar sem interferir.
Mais importante, Lucy, a maior variável, havia sido resolvida de algum modo.
Huff… Huff…
Recuperando o fôlego, levantei o olhar para toda a extensão da Galeria Triss. Os funcionários da academia estavam ocupados avaliando os danos sem descanso.
A confusão finalmente começava a se dissipar, e a evacuação dos estudantes parecia concluída, com movimentações indicando que logo dariam início à perseguição ao Professor Glast. Como sempre, a academia deve priorizar a minimização dos danos e a segurança dos estudantes, por isso sua postura tão conservadora e o processo tão lento.
É por isso que Taylee tomou a iniciativa, mas mesmo assim, parecia excessivamente demorado. Quase dava a impressão de que os diretores estavam deliberadamente enrolando.
— Claro… A Galeria Triss está exatamente como eu esperava.
Com isso, eu havia percorrido todos os palcos da história. Não esperava estar fazendo esse caminho de trás para frente, mas felizmente, Taylee parece ter resolvido a maioria das coisas muito bem.
Não só acumulei bastante experiência de combate, como também obtive uma infinidade de fórmulas raras de engenharia mágica. Dependendo de como as utilizasse, era possível fabricar itens mágicos absurdamente acima do esperado, uma raridade verdadeiramente bem-vinda.
E eu já havia me preparado até certo ponto para os desafios que estavam por vir; não perfeitamente, mas o suficiente.
Entrei na Galeria Triss sem ser notado pelos funcionários frenéticos. Assumiram que eu era apenas mais um estudante ferido, com base nas minhas roupas rasgadas.
Subindo a escadaria em meio aos destroços do prédio, logo me encontrei no último andar, o terraço. Erguida no alto dessa colina, ao abrir a porta, revelou-se diante de mim o céu noturno que se estendia em todas as direções.
Corri desde o laboratório secreto até finalmente chegar aqui. Foi uma jornada curta, porém longa.
Ali estava uma garota, balançando as pernas de maneira infantil sobre o corrimão. Suas costas me eram familiares, vim esperando encontrá-la e, de fato, ela estava ali.
Eu sabia que ela gostava de tirar cochilos no telhado da Galeria Triss. Era comum vê-la em outros telhados também, mas era nesse prédio que ela aparecia com mais frequência, provavelmente por causa da paisagem aberta e da vista panorâmica da ilha.
— O que está fazendo aqui?
— Estava olhando aquilo.
Ela observava as torres de mana do Professor Glast.
A fileira de torres decorava o céu noturno como belos pilares de luz. Enquanto estudantes que não sabiam de toda a situação as viam como símbolos ameaçadores, para quem estava levemente deslocado do incidente, pareciam auroras de um romantismo melancólico.
Logo, tudo chegaria ao fim. A cerimônia da espada de Taylee já estava em andamento. A derrota estava longe de ser uma possibilidade.
— Só estava lembrando dos velhos tempos.
Sob o brilho radiante do céu, a garota deu um tapinha no espaço ao seu lado no corrimão, indicando que eu me sentasse com ela.
Cuidadosamente, me sentei ao lado dela, ofegando na beirada perigosa. Embora Lucy provavelmente sobrevivesse a uma queda, eu morreria instantaneamente. Claro, se isso acontecesse, ela me salvaria, mas o risco ainda era real.
— Que foi?
— Por quê?
Embora fosse previsível que Lucy puxasse conversa, respondi mesmo assim.
— Ainda tem carne seca?
— Já te disse que acabou.
— Ugh…
Nossa troca de palavras já havia se tornado tão rotineira que não causava mais nenhuma alteração emocional.
Apenas sentei ao lado de Lucy, observando as torres de mana no céu.
Não havia mais nada que eu pudesse fazer. Eu apenas assistia como espectador, como personagem secundário, como vilão, enquanto a peça chegava ao fim. E não havia lugar melhor para ver o palco do que este.
— Lembra daquela vez em que chorei muito?
Olhando para o céu iluminado,
Lucy soltou aquelas palavras sem qualquer introdução.
— Chorei muito porque algo incrivelmente triste aconteceu, mas em algum momento, isso deixou de parecer tão triste assim.
— Por quê?
— Só… com o tempo, deixou de parecer tão triste. Fiquei me perguntando o porquê. Será que meu coração mudou de repente para se sentir assim?… No fim, era por um motivo surpreendentemente trivial.
Virando a cabeça para olhar o rosto de Lucy, ele permanecia inexpressivo e distante. Mesmo com a intensa luz da Torre de Mana incidindo sobre ela, não se percebia nenhuma emoção.
— Foi só porque passou muito tempo.
Lucy chegou a essa conclusão por conta própria. Uma percepção precisa e perfeita.
— Muito tempo se passou; só um tolo rasgaria antigas feridas… Mesmo que tente reviver o vovô com magia sagrada, no fim ele teria que partir de novo.
— Tem certeza de que não vai se arrepender?
A pergunta foi feita sem um motivo específico.
Eu vi todos os cenários pelo menos uma vez. Naturalmente, também vi o final ruim em que Lucy destrói completamente Taylee.
Mas o rosto de Lucy, desaparecendo calmamente dentro da passagem subterrânea após esmagar o jogador… não podia ser descrito como minimamente satisfeito.
No fim, Lucy, com o olhar voltado para baixo, não teve escolha senão responder em voz baixa.
— Não.
A razão pela qual o Professor Glast conseguiu persuadir Lucy foi porque prometeu usar o poder da magia sagrada para ressuscitar o grande mago Glockt Elderbane.
Se as ações de Lucy fossem atrapalhar esse plano, então, em vez de reviver Sylvenia, bastaria trazer de volta Glockt, o mentor de Lucy.
Com o grito de Taylee, o Professor Glast se levantou e se virou.
Seu rosto, mal mantendo os traços de alguém vivo, estava esgotado de vitalidade. Pela aparência, parecia que ele já estava à beira da morte após várias noites sem dormir.
Mas o poder sagrado que emanava de seu corpo não era algo a ser subestimado.
Fitando diretamente a força punitiva, o Professor Glast murmurou algo inaudível.
Não era possível saber a quem essas últimas palavras eram dirigidas. Mas, ao alcançar o limite de suas forças, um pensamento lhe ocorreu.
Aquela podia ser sua última declaração. E com essa intuição, o Professor Glast saboreou cuidadosamente suas palavras.
— Estou com saudade… Muri.
O Professor Glast repetiu o nome uma vez, depois fechou suavemente os olhos. A batalha final do segundo ato havia começado.
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