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Capítulo 36: A Ocupação do Salão Ophelis (6)
— Sabe, Elris? Eu levei um fora.
O corredor do quinto andar do Salão Ophelis abrigava o depósito de equipamentos e o salão das empregadas.
Além disso, havia apenas um quarto de utilidades.
Apesar dos eventos que ocorriam nos andares inferiores, o quinto andar continuava tão silencioso como sempre.
Desde o começo, os estudantes não tinham motivos para subir até lá.
Todos os quartos ficavam nos andares abaixo, e a maioria das empregadas estava presa na sala de conferências do quarto andar.
Por isso, os espaçosos corredores do quinto andar permaneciam totalmente vazios.
Mesmo assim, um tumulto podia ser ouvido vindo do andar inferior.
Parecia que Ed Rothstaylor tinha causado uma bagunça ainda maior do que Lortel havia previsto.
Quanto maior o caos, melhor para Lortel.
Eventualmente, os gritos assustados de Clevius podiam ser ouvidos, e os estudantes presos em seus quartos ficavam cada vez mais ansiosos.
Se a situação se agravasse ainda mais, era apenas uma questão de tempo até que quebrassem as paredes para fugir.
No escuro, Elris manteve uma postura modesta, observando a garota que falava com ela.
— Elris, você também o conhece. Aquele que parece um pouco cruel e impiedoso à primeira vista.
— O Jovem Mestre Ed? Aquele que conhecemos no acampamento naquela vez?
— Sim, ele mesmo.
— Então esse é o tipo de pessoa que lhe agrada? Não fazia ideia.
— Ele é bem bonito, mas não é isso…
Lortel Kehelland estava sentada no topo de um armário de madeira, dentro do depósito de equipamentos, enquanto secava o cabelo.
Ela havia acabado de verificar a situação para garantir que tudo estava correndo conforme o planejado.
— O cheiro que sinto de você, Elris… Eu achei que também o sentia vindo dele.
Mas ele acabou dizendo um monte de coisas emocionais, e isso não estava certo.
— É mesmo?
— Ele simplesmente jogou tudo fora sem hesitação. Disse que eu deveria ser responsável pelas minhas próprias escolhas.
Lortel levantou o cabelo, afastando-o do rosto com um sorriso frio.
— Pessoas como nós vivem ouvindo essas palavras.
Elris não reagiu.
Ela não concordou e nem negou.
Elris era a governanta-chefe do Salão Ophelis, servindo como empregada veterana há mais de 20 anos.
Ainda jovem, aos 15 anos, começou a carreira como aprendiz de empregada, sem saber nada sobre o mundo.
Ao longo dos anos, sua habilidade e competência a fizeram ascender rapidamente, até se tornar a responsável pela administração do Salão Ophelis.
Por isso, todas as empregadas veteranas, incluindo Elris, eram mulheres de grande sabedoria.
E é exatamente por isso que elas não podiam ser compradas facilmente com dinheiro.
Se alguém quisesse que fizessem algo contra seus princípios, teria que pagar uma quantia absurda.
Algo grande o suficiente para destruir suas crenças e fazer com que ignorassem tudo o que acreditavam.
Por isso, o maior investimento feito para a ocupação do Salão Ophelis foi justamente para comprá-la.
Ela abandonaria o trabalho que serviu por toda a vida...
Aumentaria a escala da ocupação...
E levaria toda a culpa pelos crimes cometidos.
Para que Elris fosse convencida a fazer isso, o pagamento precisava ser suficiente para garantir uma vida sem preocupações.
O investimento foi tão grande que um buraco gigantesco foi aberto nas finanças da filial de Silvenia da Loja Elte.
Afinal, convencer uma simples governanta veterana da academia por um preço tão alto…
Não foi um prejuízo pequeno.
Recuperar essa quantia não seria fácil.
Mas Lortel não considerava aquilo um desperdício.
Para ela, não era apenas um investimento ou uma aposta em lucros futuros.
Era mais um passo, um movimento estratégico dentro de seu próprio teatro…
Na busca incessante por pessoas como ela.
Ao longo de sua vida, Lortel havia visto inúmeras pessoas destruírem suas próprias convicções…
Apenas pelo brilho de algumas moedas de ouro.
Eram aqueles que estavam à beira do precipício…
Ou aqueles que passavam a vida inteira dedicados a crenças insignificantes…
Pessoas assim não valiam nada para Lortel.
Para ser como ela, não bastava simplesmente trair seus valores.
Era preciso jogá-los fora sem hesitação, depois de terem dedicado uma vida inteira a eles.
Quanto mais nobre e precioso fosse o ideal que estavam abandonando…
Mais o coração de Lortel acelerava em excitação.
Era o único remédio para aliviar sua eterna solidão.
— Estou feliz que você esteja aqui, Elris.
Até mesmo a governanta-chefe, que serviu o Salão Ophelis por mais de 20 anos, se rendeu à ganância.
Diante de uma torre de moedas de ouro, os valores que defendeu desmoronaram.
Lortel sabia que tudo isso era um mero autoengano.
Ela era bem consciente disso.
Mas…
Ainda assim, nunca parou de procurar por outros como ela.
— Sem você, como eu poderia ter elaborado um plano tão perfeito?
Não havia como minimizar a importância da participação de Elris no plano.
Se a governanta-chefe não tivesse se vendido, nada disso teria sido possível.
— Agora só falta o último passo.
Lortel saltou do armário de madeira e ajeitou sua saia com leveza.
— Se cronometrarmos tudo corretamente, e permitirmos que o representante dos estudantes inferiores, Willain, tome posse da magia defensiva de Ophelis Hall…
— De uma forma ou de outra, este lugar será destruído.
A destruição do Salão Ophelis já estava selada.
Pouco importava o que acontecesse a partir daqui.
Para Lortel Kehelland, tudo isso não passava de um mero capricho.
Depois de tudo que ela já havia feito para sobreviver…
Enganar um punhado de estudantes privilegiados e destruir um simples prédio parecia quase infantil.
Nos becos das favelas, sobre esteiras de palha sujas, onde comer um pedaço de pão era uma luta diária…
Nas tendas dos mercadores, onde homens arriscavam a vida por uma única moeda de ouro…
Foi neste mundo que Lortel cresceu.
Se você não apunhalasse primeiro, então seria apunhalado até a morte.
Assim era a vida.
Mas…
Mesmo sendo apenas um meio de sobrevivência…
Isso não a justificava.
Ela sabia.
Dizer que era necessário para sobreviver… não tornava isso certo.
— O plano está indo conforme o esperado.
— Vou me esconder aqui no depósito.
Ela penteou seus cabelos molhados, enquanto arrumava seu vestido com um sorriso despreocupado.
— Preciso manter minha imagem de boa aluna.
— Apenas uma estudante frágil que não sabe o que está acontecendo… que fugiu e se escondeu, assustada.
— Essa é a Lortel Kehelland para o mundo.
— Sim, Senhorita Lortel.
Uma garota abandonada pela nobreza.
Uma alma que se tornou um fantasma da alta sociedade.
Uma mercadora cruel e calculista.
Uma vilã.
Um "véu negro" que se esgueirava pelas sombras.
Se existisse um inferno…
Ela queimaria nele para sempre.
Ela sabia disso melhor do que ninguém.
Não merecia ser compreendida, nem ser perdoada.
Por isso…
Se existisse alguém que pudesse acompanhá-la nesse caminho imundo…
Alguém que, como ela, já estivesse afundado no fundo do pântano…
Alguém exatamente igual a ela…
Talvez… Ela não precisasse mais se sentir tão sozinha.
Mas Lortel sabia…
Que esse alguém… não existia.
‘Você é tão patética.’
‘Você morrerá na solidão… sozinha para o resto da vida, sem jamais amar alguém como uma garota da sua idade deveria.’
‘Ou encontrará alguém como uma família… alguém a quem possa abrir seu coração?’
Elris suspirou em lamento.
Ela então sacou sua rapieira e apontou para Lortel.
— Srta. Lortel… pensando bem, deixe-me dizer algo.
Neste momento, uma maga sendo confrontada por uma lâmina à queima-roupa…
Isso já não era mais uma luta.
— Eu não sou como você.
Lortel sorriu levemente.
— Hm… isso não foi tão difícil quanto pensei.
◇ ◇ ◇
Salão Ophelis, terceiro andar.
A chuva continuava a cair forte do lado de fora.
Taylee, Ayla, Elvira e Clevius caminhavam pelo longo corredor.
Depois de capturar Clevius, que tentava fugir pelo segundo andar, conseguiram forçá-lo a se juntar ao grupo.
Logo em seguida, encontraram Kelly, a encarregada da lavagem de roupas, bloqueando seu caminho.
Porém… ela não foi grande coisa.
— Me desculpe, Srta. Elris…
Kelly murmurava sozinha, enquanto ficava amarrada e jogada num canto do corredor.
Mas… e a irmã dela?
Kelly e Shaney eram inseparáveis. No entanto, Shaney estava desaparecida.
Claro… Taylee não percebeu isso imediatamente.
— Se continuarmos assim, chegaremos lá num instante…
E como esperado, eles chegaram ao quarto andar.
A essa altura, ninguém parecia estar mais tão nervoso.
As coisas estavam indo bem rápido.
Se comparado com o primeiro andar, onde tudo foi tão estranhamente difícil, o caminho agora estava tranquilo demais.
Ninguém tentou explorar a fraqueza de Taylee, nem usar estratégias elaboradas.
Mas… por quê?
— ……
Elvira tinha um olhar distante.
Ela não conseguia parar de pensar em Ed Rothstaylor.
Aquele mago do segundo ano, que parou diante deles no meio das chamas, coberto de ferimentos e sangue…
Os movimentos experientes que ele demonstrou eram completamente diferentes da sua desastrosa performance no exame de admissão.
E isso a incomodava profundamente.
Elvira era uma mulher cheia de orgulho.
O fato de Ed ter perdido de propósito deixava uma marca no seu ego.
Porém, em vez de explodir de raiva… ela ficou curiosa.
‘Ele estava escondendo suas verdadeiras habilidades…’
Elvira precisava confirmar isso.
Uma vez que ela ficava curiosa com algo…
Não pararia até descobrir a verdade.
‘Ed Rothstaylor tem um lado oculto… algo que eu não conheço.’
Mas seus pensamentos duraram pouco.
— C-Corram!
— Kaaaaaaaaaaaaaghk!
O terror tomou conta do corredor do quarto andar.
Estudantes inferiores surgiram de repente, gritando e fugindo desesperados.
Passavam pelo grupo de Taylee sem nem olhá-los… correndo na direção da saída do Salão Ophelis.
— A magia defensiva enlouqueceu!
— Willain é um imbecil! Eu disse para ele não mexer naquilo!
— Droga! Cadê as governantas que deviam estar gerenciando a magia defensiva?!
— Tanto faz, só precisamos sair daqui!
— Eu não sabia! Eu juro que não sabia que isso aconteceria!
Os estudantes correndo e gritando transformaram o corredor do quarto andar em um verdadeiro caos em questão de segundos.
— E-Espera! O que?! O que tá acontecendo com vocês?!
Taylee tentou parar os estudantes, mas era impossível.
O chão começou a tremer. O Salão Ophelis vibrava… aos poucos… algo estava muito errado.
Na entrada da sala de gestão do quarto andar, o desastre se revelou.
Willain, o representante dos estudantes inferiores, estava fora de controle.
Magias defensivas estavam se contorcendo ao redor do seu corpo.
Eram feitiços incrivelmente complexos, delicados até para magos experientes.
Normalmente, apenas quatro ou cinco governantas altamente treinadas seriam capazes de manipular esse sistema de defesa.
Mas agora… Willain, um estudante do terceiro ano, estava sendo dominado por eles.
Tudo era um plano de Elris e Lortel.
Elas deixaram a conta de cristal que ativava o sistema de defesa no meio da sala de gestão.
Uma armadilha perfeita.
— Aaaaaaaghh! M-Me ajudem!
Willain tentava desesperadamente se libertar, mas cada movimento apenas ativava mais círculos mágicos.
Ele moveu o braço para o lado…
BOOOOOOM!
A parede externa do corredor explodiu.
A chuva começou a entrar, e a poeira subiu com os destroços.
— Eu não consigo controlar isso! Ajudem-me!
Willain escorregou e caiu de cara no chão…
Mas isso apenas ativou outro círculo mágico.
Desta vez, o teto começou a desmoronar.
O Salão Ophelis estava se autodestruindo.
Os sistemas de defesa do dormitório, projetados para proteger os nobres estudantes de invasores, estavam agora voltados contra seus próprios moradores.
Era como dar uma espada a uma criança…
E, sem saber os perigos dela, a criança acabou se ferindo sozinha.
— Primeiro, temos que nocautear Willain!
Ayla gritou rapidamente.
— Com ele nesse estado, é impossível desativar os círculos mágicos um por um!
Embora sua magia prática não fosse tão forte, Ayla era uma excelente teórica.
Ela compreendeu a situação num instante.
Taylee concordou com a cabeça e correu para atacar Willain.
Seu plano era golpeá-lo com o lado não cortante da lâmina para derrubá-lo sem feri-lo gravemente.
Mas…
— KAAAAAGH!
Willain, em pânico, ativou outro círculo mágico.
BAAAAAAM!
Uma onda de magia explodiu do banheiro e das janelas.
Taylee foi lançado para trás, caindo com força no chão.
Ele rapidamente se levantou, assumindo sua posição de luta…
Mas o desastre já estava em curso.
Círculos mágicos se acenderam por todo o corredor.
— Wind Bomb!
— Ignite!
— Earth Wall!
— Shadow Blade!
— Earthquake!
Toda a defesa mágica de Ophelis Hall estava fora de controle.
O corredor se tornou um campo de batalha, bloqueando qualquer chance de acesso a Willain.
Não era preciso dizer que todos os diversos murais, os armários de madeira alinhados contra as paredes, e até mesmo as próprias paredes e o chão acabaram quebrados e destruídos.
Enquanto isso, os alunos que estavam presos em seus quartos já tremiam desde o momento em que o lustre caiu mais cedo. Sua paciência acabaria atingindo o limite.
— Que diabos está acontecendo lá fora?!
— Se eu ficar aqui assim, algo realmente ruim não vai acontecer?! Vou derrubar essa parede e sair daqui!
— O que diabos as empregadas estão fazendo?
Boom!
Em um quarto no canto do segundo andar, uma garota rompeu a parede enquanto começava a evacuar.
Desta vez, era claramente diferente da ocasião em que Clevius fez isso. Agora, o prédio realmente estava prestes a desabar. Se continuassem sentados dentro de seus quartos, acabariam morrendo.
Crash!
Boom!
Conforme várias pessoas começaram a romper as paredes, os alunos foram rapidamente arrastados pela multidão e começaram a fugir de seus quartos de diferentes formas.
Os estudantes do primeiro andar quebraram as janelas e correram para a chuva. Nos andares superiores, aqueles que podiam usar magia de voo ou tinham habilidades para aterrissar com segurança após um salto daquela altura quebraram as janelas e saíram.
Os alunos que não podiam fazer isso derrubaram a parede externa do corredor ou usaram seu poder mágico para lançar uma breve magia espacial que destruiu o chão, caindo em segurança no primeiro andar.
BOOOOOM!
Bang! Bang! Pwooosh!
Screeeech! Pssskt! Pssskt!
O som de destruição ecoando pelo Salão Ophelis parecia interminável. Todos os alunos continuavam evacuando de todas as maneiras possíveis para salvar suas vidas.
O grupo de Taylee sentia que as coisas estavam indo bem, mas, apesar disso, a violência do círculo mágico de defesa sob o controle de Willian não parava e continuava seu ataque destrutivo.
— Elvira! Ainda tem algum reagente de flor de castanheiro?!
— Não diga algo tão idiota, Taylee! Esse reagente só distorce o poder mágico de um mago, não funciona contra círculos mágicos previamente esculpidos!
Elvira estalou a língua enquanto abaixava o corpo. Em seguida, pulverizou ao redor de seus pés um reagente feito pela mistura e fusão dos ovos de um peixe-demônio com a casca triturada de moluscos imperiais. No centro disso, a energia do poder mágico começou a se erguer, bloqueando temporariamente todos os tipos de magia elementar básica vindos dos círculos mágicos defensivos.
Não era muito prático devido ao seu curto alcance, mas em um corredor estreito como aquele, cumpria bem sua função.
— De qualquer forma, esse círculo mágico de defesa é apenas um tipo secundário de magia! A quantidade dele é impressionante, mas o poder em si é suportável! Avancem e derrubem Willian!
Dizendo isso, Elvira rapidamente agarrou Clevius, que estava escondido silenciosamente atrás dos destroços de um armário, pelo colarinho.
— Agggghk! Kaaaagkh! O que é isso?! Eu pensei que ninguém sabia!
— Seu idiota, Clevius! É porque você sempre tenta se esconder sempre que tem a chance!
Elvira deu um chute na bunda de Clevius e gritou para Taylee.
— Com vocês dois avançando juntos, devem ser suficientes para derrotá-lo! Vou dar suporte pela retaguarda, então derrotem Willian antes que os danos piorem ainda mais!
Taylee assentiu diante da ordem, enquanto Clevius permanecia completamente atordoado.
Crumble!
Boom!
As paredes externas do Salão Ophelis estavam desmoronando. A batalha contra o chefe do quarto andar havia começado.
◇ ◇ ◇
Considerando o fato de que, exceto pelo chefe do quinto andar, Elris, a dificuldade não era tão alta... não demoraria muito para que a ocupação do Salão Ophelis chegasse ao fim.
— Ed, para onde você está indo?! Seus ferimentos vão abrir!
— Não é tão ruim assim! A maior parte disso nem é meu sangue!
Corri pelo Salão Ophelis sob a chuva, enquanto Yennekar me seguia rapidamente.
Pouco tempo depois, encontrei uma grande carruagem estacionada em frente a uma passagem para funcionários nos fundos do Salão Ophelis.
A carruagem, com suas bordas douradas ornamentadas, parecia cara e deslumbrante à primeira vista. Mas considerando quem estava dentro dela, não poderia ser mais frugal do que isso.
Originalmente, quando aquele homem viajava para algum lugar, costumava trazer pelo menos dez dessas carruagens. O fato de ter vindo com apenas uma significava que algo urgente havia acontecido, fazendo com que ele partisse como uma flecha.
Olhando para a carruagem, parecia que ela estava parada ali há bastante tempo. Quase como se... estivesse esperando o Salão Ophelis ser destruído.
Eventualmente, pela saída de serviço, uma mulher vestida com um uniforme de empregada saiu segurando um guarda-chuva.
Shaney, responsável pela louça.
Ela era uma das órfãs criadas pela chefe das empregadas, Elris. Deveria estar no terceiro andar do Salão Ophelis com sua irmã, Kelly, impedindo o grupo de Taylee.
No entanto, diferente da linha do tempo original, Shaney havia fugido da cena e agora estava batendo na porta da carruagem.
A história estava saindo dos trilhos. E isso era uma prova clara disso.
Assim que Shaney deu um passo para trás e fez uma reverência, um cavalheiro magro abriu a porta da carruagem e saiu. Era Victor, um antigo executivo da Elte.
Victor abriu a porta e levantou o guarda-chuva educadamente, preparando o palco para que o dono da carruagem descesse.
Eventualmente, ele saiu daquela magnífica carruagem.
Vestia uma camisa branca justa e calças de couro presas por um cinto vermelho escuro. Honestamente, isso lhe dava uma aparência relativamente modesta. No entanto, seu casaco estava repleto de ornamentos dourados e joias, e cada um de seus dedos carregava anéis cravejados que valiam o equivalente a uma casa.
Ele não era nem jovem nem velho. Sua barba bem cuidada se destacava. Sua imponência era como uma extensão de seu próprio corpo.
O Chefe da Loja Elte, O Rei Dourado, Elte.
Tive um pressentimento.
Aqui, neste momento, era o ponto de partida para todos os eventos inesperados.
Se eu me lembrava corretamente, o Rei Dourado Elte só visitava Silvenia muito tempo depois da Ocupação do Salão Ophelis. Isso acontecia durante o evento da 'Batalha pelo Selo do Sábio'.
A posição de Elte dentro da empresa estava ameaçada. Por isso, ele tentou reverter a situação com a compra do Selo do Sábio. Isso porque o chefe da família Rothstaylor, Krepin Rothstaylor, havia solicitado o livro por um preço absurdo.
No entanto, ele acabou sendo traído por Lortel e expulso. Depois disso, sua carreira como comerciante chegou ao fim.
E ainda assim, ele estava no Salão Ophelis.
Eu não sabia o processo, apenas me restava o resultado final.
O que havia acontecido? Onde isso ocorreu? Como tudo chegou a esse ponto estava completamente fora do meu entendimento. Tentar desvendar tudo naquele momento seria pura arrogância.
Porém, era possível inferir o que aconteceria no futuro.
Empregada Shaney e Empregada Kelly, as gêmeas completamente leais à chefe das empregadas, Elris.
Entre elas, o fato de Shaney já estar em contato com o Rei Dourado Elte tão cedo significava... que a chefe das empregadas, Elris, e o Rei Dourado Elte estavam secretamente em contato um com o outro.
Mas, na linha do tempo original, estava claro que a chefe das empregadas, Elris, havia sido completamente comprada por Lortel.
Ela recebeu uma enorme quantia de dinheiro e assumiu toda a responsabilidade por não ter gerenciado corretamente o círculo mágico de defesa do Salão Ophelis.
Após sofrer diversas sanções disciplinares e ser punida pelo local de trabalho ao qual foi leal por décadas, ela abandonou completamente sua carreira.
Ela não era alguém que poderia ser comprada com um simples punhado de dinheiro. Elris era uma pessoa que possuía crenças e valores inabaláveis.
No entanto, como Lortel conseguiu comprar uma pessoa como ela apenas com dinheiro nunca foi explicado em muitos detalhes. Eu simplesmente presumi que ela devia ter oferecido uma quantia ridiculamente alta.
Para começo de conversa, Lortel tinha a capacidade de seduzir até os homens mais nobres e honrados a quebrarem sua fé diante do dinheiro.
Porém, a cena diante dos meus olhos era claramente diferente da linha do tempo original. Aquilo definitivamente parecia…
— Ed… Você vai pegar um resfriado…! Sua temperatura corporal também está caindo porque você perdeu muito sangue!
Yennekar, que vinha logo atrás de mim, tirou o xale que estava sob sua túnica e se aproximou, rapidamente envolvendo-o ao meu redor.
— Você está me deixando tão preocupada! Sério!
— Yennekar.
— Hm?
Essa não era uma situação em que eu poderia simplesmente ficar parado. Ainda não havia entendido tudo, mas conseguia prever o que aconteceria a seguir.
— Preciso te pedir um favor. É urgente e talvez seja difícil lidar com isso sozinho.
Com os braços estendidos, ainda ajustando o xale sobre mim, Yennekar continuou ouvindo distraidamente… então inclinou a cabeça.
Era óbvio qual seria sua resposta. Ao ouvir algo assim do nada, a maioria das pessoas perguntaria primeiro sobre a situação, dizendo coisas como: "O que houve? É sério? No que você se meteu? Explique primeiro."
Como eu poderia explicar para que Yennekar concordasse em ajudar…? Como poderia resumir a situação de maneira clara e detalhada no menor tempo possível…? Enquanto pensava na melhor forma de explicar, Yennekar imediatamente respondeu.
— Tudo bem.
Ela disse isso por consideração, já que mencionei que era urgente? Ou simplesmente nunca se importou com essas coisas desde o início?
— O que eu preciso fazer?
Ela ignorou todas as perguntas usuais e foi direto ao ponto, perguntando exatamente o que deveria fazer. Naquele momento, pensei comigo mesmo que realmente havia feito uma grande amiga.
[Carta enviada para Elte Kehelland]
Saudações, honorável chefe da Loja Elte, o Rei Dourado, Elte Kehelland.
Meu nome é Elris, sou a chefe das empregadas do prestigiado Salão Ophelis, da Academia Silvenia.
Assim que terminar de ler esta carta, ela será reduzida a cinzas por um círculo mágico de ignição impresso nela. Tenha cuidado para não se queimar.
Embora ainda não tenhamos nos encontrado, a razão pela qual estou lhe escrevendo, mesmo sabendo que deve estar extremamente ocupado, é sua filha adotiva, Srta. Lortel Kehelland.
Para adquirir o “Selo do Sábio”, conforme suas ordens, ela está induzindo uma crise financeira no departamento acadêmico de Silvenia ao provocar a destruição do Salão Ophelis.
O plano está progredindo rapidamente. Em breve, é certo que eu, Elris, chefe das empregadas deste salão, cumprirei meu dever.
Se o plano for bem-sucedido, as finanças acadêmicas de Silvenia ficarão em uma posição crítica. Assim, a Loja Elte terá uma vantagem esmagadora na negociação pela compra do ‘Selo do Sábio’.
No entanto, “por um certo motivo”, tomei conhecimento das verdadeiras intenções dela.
Sr. Elte. Sua filha adotiva, Srta. Lortel Kehelland, não é sua aliada. Você nunca deve confiar nela.
Ela sabe a verdade. Ela sabe que você matou seus pais biológicos. Eu também sei que você reconheceu o talento dela, mas a forçou a aceitar sua mão ao empurrá-la para uma situação sem saída.
Ela está planejando persuadir os seis principais comerciantes e executivos da Elte sem que você perceba, para forçá-lo a renunciar ao cargo de chefe da Loja Elte.
A negociação para a compra do Selo do Sábio também é apenas uma isca para atrair sua atenção para a Academia Silvenia, impedindo-o de lidar com qualquer evento inesperado que possa ocorrer na sede da Elte a qualquer momento.
Estou guardando as cartas secretas do quarto dela, pois elas podem servir como prova no futuro.
Embora ela acredite ter queimado tudo no incinerador antes de se livrar delas, acender o incinerador é trabalho das empregadas.
Não importa o quão meticulosa tenha sido, ela jamais imaginaria que as empregadas do Salão Ophelis vasculhariam cada pedaço de papel descartado ali.
Estou sempre preparada para ela.
Independentemente do desfecho desta situação, serei punida por minha falha em administrar corretamente o Salão Ophelis.
Se eu revelar o nome de Lortel, não serei a única a cair no inferno.
Porém, não existe trabalho gratuito neste mundo.
Para que eu permaneça em silêncio sobre o assunto, ela me prometeu uma enorme quantia em moedas de ouro.
E a única coisa que pode superar uma enorme quantia de moedas de ouro… é uma quantia ainda maior.
Anexado a esta carta, listei os nomes das ‘organizações’ que gerencio em segredo e regularmente. O número de moedas de ouro entregues a essas organizações determinará minhas ações.
Estou perdendo a visão e, por algum motivo, quase perdi completamente minha audição. Não há necessidade de explicar os detalhes, mas este provavelmente será o último ano em que poderei atuar como chefe das empregadas.
Sou a única pessoa que conhece todos os fatos dessa situação e estou em uma posição delicada, sem ninguém para me apoiar. Dependendo de qual lado eu escolher apoiar, a situação pode se tornar mais complicada ou mais simples.
Espero que seja misericordioso e julgue com sabedoria.
— Atenciosamente, Chefe das Empregadas do Salão Ophelis, Elris.
[Anexo]
Região de Seren, Orfanato de Crook
Abrigo para Órfãos de Kohelton
Abrigo para Órfãos de Athens Crocell
Região de Odell, Orfanato de Alton
Região de Temil, Abrigo Público para Órfãos
— Ed…! Você está ferido! Se se mover muito rápido, seus ferimentos vão abrir…!
O que eu havia percebido era que as variáveis do mundo eram complexas demais para serem completamente controladas.
Tudo o que eu podia fazer era dar o meu melhor. O que eu estava tentando era apenas lidar com as maiores variáveis, garantindo que não houvesse grandes problemas.
Enquanto avançava pela chuva ao lado de Yennekar, eu organizava meus pensamentos.
Eu não sabia o porquê, mas… Se Elris realmente havia traído Lortel, então era seguro dizer que a queda de Lortel era inevitável.
O quão importante Lortel Kehelland era para a linha do tempo original?
No Ato 3, ela precisava confrontar a Princesa Penia e liderar uma batalha política dentro da escola. Ela tinha um papel crucial na missão de exploração da Montanha da Direita. E atuava ativamente como uma das representantes das forças superiores durante a Subjugação de Lucy… Ela era alguém com um nível de importância tremendo.
No Ato 4, ela se tornava uma das aliadas do protagonista, evoluindo para uma poderosa força de apoio que confrontaria diretamente a família Rothstaylor… Além disso, sua influência se estendia a diversos outros episódios menores. Seria impossível listar todos.
A queda de Lortel.
Apenas essa sentença seria suficiente para desmontar completamente todos esses cenários.
Lortel Kehelland desaparecendo da história… significaria um mundo sombrio sobre o qual eu não teria informações. Meu conhecimento do futuro e minha vantagem informacional desmoronariam completamente, e eu não teria mais nenhuma carta na manga.
Mas se eu pudesse preencher completamente o papel de Lortel… Talvez fosse possível, mas seria um caminho extremamente difícil e árduo. Eu já dizia isso como se fosse um hábito, mas já estava tendo trabalho o suficiente apenas para sobreviver. Adicionar mais esse fardo era algo que eu definitivamente recusava.
A menos que eu planejasse desistir do meu diploma nesta escola e sair para viver uma vida em um mundo de fantasia desconhecido… A saída de Lortel Kehelland da história era absolutamente inaceitável.
— Yennekar, você por acaso sabe onde fica o quarto de Ziggs? Acho que vou precisar da ajuda dele também.
— Hm? Bem… Não somos tão próximos… Então não tenho certeza.
— Tudo bem… vamos ter que procurar em todos os lugares então. Ele pode já ter fugido do prédio.
Enxugando a chuva que escorria pelo meu rosto, voltamos para a entrada principal do Salão Ophelis. Os alunos evacuados corriam de um lado para o outro, gritando, sem saber o que fazer.
A ocupação do Salão Ophelis estava chegando ao fim.
Com a ativação da magia defensiva, o corpo docente chegaria em poucos minutos.
Lortel Kehelland não era alguém com quem se podia simpatizar ou compreender apenas porque havia caído. Por mais dramática que sua situação fosse, ela era uma verdadeira vilã.
Incentivar o bem e punir o mal, o universo corrigindo todas as injustiças, a justiça sempre triunfando.
Todas essas eram frases verdadeiras, mas, por agora, precisávamos ignorar as lições desses contos populares.
A existência de uma cortina negra que ocultava a verdade nos bastidores era indispensável.
Ninguém sabia para onde iria a história com o desaparecimento da vilã, ou como a bola de neve rolaria. Poderia acabar destruindo o mundo.
Sob a chuva que caía, na entrada principal do Salão Ophelis.
Pensando em como lidar com a situação da melhor forma possível, olhei para o Salão Ophelis, meio destruído, ao lado de Yennekar.
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